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Discussão dos resultados

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 115-119)

4 Realização da prática profissional

4.4 Estudo comparativo do comportamento do Professor de

4.4.4 Discussão dos resultados

De acordo com os resultados apresentados, torna-se importante realizar uma reflexão crítica sobre alguns valores obtidos, visto que estes apresentam determinadas particularidades que merecem uma especial atenção.

Importa antes de mais salientar que o comportamento do professor na sala de aula, varia consoante as características pessoais, profissionais, bem como pelos princípios e conceções que regem a sua forma e de estar e intervir pedagogicamente sobre a disciplina de EF:

Inicialmente, realizo uma análise dos dados que dizem respeito ao

objetivo geral do estudo, ou seja, os valores que comparam os

comportamentos dos professores nos diferentes anos de escolaridade observados.

Neste sentido, relativamente à categoria observada “instrução”, verifica- se que no 5º e 7º ano os valores obtidos são demasiado baixos,1min23s e

1min52s, respetivamente, explicados pela preocupação dos professores em

evitar desordem e o fácil poder de desconcentração que caracteriza os alunos destas idades. Conclui-se, em relação a este a categoria, que a imaturidade dos alunos condiciona o comportamento dos professores. Por sua vez, no 9º e 12º ano de escolaridade, os valores obtidos referentes ao tempo que o professor aplica em tarefas de instrução, 2min55s e 1min42s, respetivamente, demonstram já um padrão de normalidade.

Fazendo a ponte para a categoria do “feedback”, aqui surge uma das questões mais relevantes do estudo, na minha perspetiva. Existe uma grande discrepância entre a aplicação de feedbacks por parte de um professor do ensino secundário (no caso, 12º ano - 222 segundos / 3min42s) e os professores do ensino básico, situando-se os valores destes anos em cerca de metade do valor acima referido. Isto indica claramente uma despreocupação em corrigir os alunos numa fase precoce do percurso escolar, nomeadamente no ensino básico. Se aprofundar ainda mais o assunto, parece-me logico que se os professores não corrigirem os alunos desde o ensino básico, eles chegam ao ensino secundário com os conteúdos por consolidar, apresentando

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grandes deficiências tático-técnicas. Esta situação conduzirá os professores a adaptações dos programas curriculares, fruto dos resultados das avaliações diagnósticas, que irão evidenciar as conclusões que acima menciono.

Ainda, acerca desta categoria de observação, importa salientar que os baixos índices de maturidade que visualizei nas turmas observadas serão certamente uma condicionante para a aceitação dos feedbacks que o professor aplica e ainda mais, para colocar em prática as correções e tentar melhorar a execução.

Neste sentido, faço questão de destacar uma curiosidade, descoberta no diálogo que estabeleci com os professores que observei, mencionando estes que o facto de as notas de EF do ensino secundário contarem para a média de acesso ao ensino superior, condiciona em grande escala a participação e interesse com que os alunos encaram a aula de EF, aumento proporcionalmente a vontade de serem corrigidos e obterem melhores performances.

No que respeita à categoria da “organização”, os professores que lecionam ao 5º e 9º ano utilizam mais esta tarefa, apresentado como resultados, (213 segundos / 3min33s) e (217 segundos / 3min37s), respetivamente. Estes resultados, como em qualquer outra categoria, estão intimamente relacionados com as características do professor, que por sua vez depende dos alunos para definir a sua forma de atuar. Contudo, os resultados obtidos nesta categoria indicam que os professores do 5º e 9º optam por insistir em tarefas de organização, mantendo sempre os seus alunos focados nas tarefas num clima de aula bem estruturado. Nos professores do 7º ano, a média da aplicação deste tipo de tarefas é manifestamente baixa, (93

segundos / 1min33s), resultante das características imaturas que os alunos

evidenciam, obrigando os professores a realizar poucas transições entre situações de aprendizagem, verificando-se muitas vezes a aplicação do mesmo exercício durante muito tempo, mudando apenas algumas variáveis. Esta situação pode desmotivar os alunos mas evita tempos de espera que podem, de um momento para o outro, proporcionar oportunidade para que os alunos revelem os seus maus índices comportamentais. Para os professores do 12º ano, o resultado é igualmente baixo (133 segundos/ 2min13s), mas por

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razões completamente diferentes. No ensino secundário optam por atribuir responsabilidades aos alunos na gestão do material, sendo que por até são os alunos a organizar determinadas tarefas de aprendizagem, fruto da maior maturidade que já possuem, facilitando a organização da aula.

A questão da afetividade e das relações humanas, assume segundo (Sêco, 1997, p. 59) “uma das mais sérias questões que atualmente se colocam no campo educativo”. Ainda, Minicucci (1968) cit. por (Sêco, 1997, p. 59) destaca que “hoje, a escola tem de considerar mais amplos interesses, o que importará em favorecer atitudes, sentimentos e atributos que preparem os educandos para bem conviver”.

No que concerne à categoria da “afetividade positiva”, importa fazer a referência à diferença de valores evidenciados pelos professores do 2º ciclo, nomeadamente do 5º ano, comparativamente com os restantes anos observados. Foi possível verificar que os professores do 5º ano dedicam em média (103 segundos/ 1min43s), muito acima dos valores obtidos para os outros professores. Na realidade, isto tem uma lógica clara, nomeadamente o carinho e especial atenção com que os professores lidam com alunos chegados ao 2º ciclo de ensino, totalmente diferentes dos hábitos a que estavam habituados no 1º ciclo.

Relativamente à “afetividade negativa”, os valores obtidos variam consoante as características dos alunos e a necessidade de repreensão por parte dos professores, aquando de comportamentos inadequados na sala de aula.

No que diz respeito às” intervenções verbais dos alunos”, de salientar que as razões pelas quais os valores são altos no 5º ou 7º ano e no 12º ano de escolaridade derivam de situações claramente diferentes.

Neste sentido, no ensino secundário os alunos intervêm no sentido do questionamento, pelo próprio interesse na matéria. Por sua vez, nos restantes anos observados, foi possível analisar que os alunos manifestam o seu desagrado perante as solicitações dos professores para realizarem determinado tipo de tarefas.

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Os tempos que os professores dedicam à categoria de “observação”, parecem-me demasiado altos para a amostra que eu apliquei nas observações, nomeadamente vinte minutos de aula. Os resultados obtidos não revelam valores diferenciais significativos entre os vários anos de escolaridade observados.

Categoria analisada: “Observação”

5º Ano 10 Minutos e 45 segundos

7º Ano 12 Minutos e 45 segundos

9º Ano 9 Minutos e 33 segundos

12º Ano 10 Minutos e 3 segundos

Tabela 11 - Dados relativos ao comportamento dos professores relativamente à categoria "observação

Estes valores indicam que os professores dedicam cerca de metade da aula em observação, valores notoriamente altíssimos, representando pouca intervenção na aula de EF.

No que se refere à categoria “outros comportamentos”, nomeadamente os momentos professores realizam alguma ação alheia à aula em si, os valores apresentados variam de acordo com alguns imprevistos que surgem nas aulas.

Por fim, relativamente à identificação de estratégias utilizadas pelos

professores para controlar comportamentos desviantes/ indisciplina dos

alunos de diferentes idades, de salientar que variam consoante as características do professor e a sua forma de lidar com a indisciplina dos alunos.

Durante as aulas observadas, aquilo que posso constatar é que os professores que mantem uma liderança regida pelo diálogo, estabelecendo um equilíbrio entre as pretensões dos alunos e a necessidade de cumprir

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comparativamente aos professores que optam por uma liderança extremamente rígida, impondo castigos físicos, expulsões da sala de aula e

muitos conflitos verbais com os alunos. Contudo, não é minha intenção

julgar as melhores metodologias de intervenção perante estes casos, mas apenas identificar as estratégias.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 115-119)