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Alguns estudos (Matsudo et al., 2000; Matsudo, 2009; Nelson et al., 2007; Shephard, 2008) salientam os benefícios da prática de exercícios físicos como forma de prevenir doenças e atenuar a incapacidade funcional. Contudo, a intensidade, frequência e o tipo de exercícios ideais são necessários para produzir efeitos na aptidão funcional e para minimizar o risco de queda e de traumas associados (Tinetti, 2003). No entanto, há uma persistente falta de provas sobre a viabilidade e efetividade das frequências e intensidades prescritas para os exercícios de força, aeróbios e de equilíbrio simultaneamente, para melhorar a função física e a qualidade de vida (Baker et al., 2007). A literatura consultada como referência sobre os efeitos de programas de múltiplos componentes (força, equilíbrio e capacidade aeróbia) enfatiza benefícios na capacidade funcional (Bird et al., 2011; Cao et al., 2003; Karinkanta et al., 2007; Taguchi et al., 2010), perfil lipídico e capacidade oxidativa (Carvalho et al., 2010; Marques et al., 2009), IMC (Carvalho et al., 2010) e massa óssea (Karinkanta et al., 2007) em indivíduos idosos.

O presente estudo caracterizou e comparou 3 grupos de idosas em que 2 deles realizavam diferentes programas de exercícios físicos envolvendo aulas de grupo, atividades aquáticas (hidroginástica) e treino da força e 1 servindo de grupo de controlo. Todos os estudos que analisamos (Cao et al. 2003;Carvalho et al., 2010; Karinkanta et al., 2007; Marques et al., 2009) envolveram apenas mulheres idosas, embora dois deles tenham incluído homens (Bird et al., 2011; Taguchi et al., 2010). Nossos resultados demonstram que as idosas do presente estudo possuem média de idade (67,02±6,08anos) semelhantes à de alguns (Bird et al., 2011; Cao et

al. 2003; Carvalho et al., 2010; Karinkanta et al., 2007; Marques et al., 2009) e mais

baixa que as verificadas em outros (Taguchi et al., 2010). Quanto à altura, a nossa amostra apresentou uma média (154,71±5,67cm) sem diferenças significativas com as encontradas nos estudos de Carvalho et al. (2010) e Karinkanta et al. (2007), contudo mais alta que a dos idosos do estudo de Cao et al. (2003) e Taguchi et al. (2010), e mais baixa que no estudo de Bird et al. (2011). Marques et al. (2009) não a referiram.

Na Tabela 9 apresenta-se os resultados das diferenças de médias, bem como o valor de significância, verificando-se diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes momentos de avaliação na massa corporal apenas no GEC. O GC e o GF, entre o 1º e 2º momento de avaliação não apresentaram diferenças na variável massa corporal. O GEC apresentou diferença entre o 1º e 2º momento de avaliação, não havendo, porém, entre o 1º e 3º momento. No GEC, verificou-se uma diminuição nas primeiras doze semanas, seguido de um aumento da massa corporal nas outras doze semanas, que resultou em não haver diferenças entre o inicio e o final das vinte e quatro semanas, como se observa na Tabela 9.

O IMC observado em nosso estudo caracterizou as idosas como inseridas na zona de sobremassa corporal em concordância com Bird et al. (2011), Carvalho et

al. (2010), Karinkanta et al. (2007) e Marques et al. (2009), entretanto diferente da

verificada por Cao et al. (2003) e Taguchi et al. (2010), situada na zona considerada normal segundo a OMS (1998). A percentagem de MG da amostra em nosso estudo foi alta e similar com o estudo de Marques et al. (2009), embora os outros estudos que comparámos com o nosso não a tenham considerado.

Relativamente ao IMC, as idosas dos três grupos apresentaram sobremassa corporal (IMC= 31,12±4,33Kg/m²) com tendência para obesidade grau 1 (IMC entre 30,0 e 34,9 Kg/m²) segundo a OMS (1998), sendo estes valores mais elevados que os verificados em alguns estudos (Cao et al., 2003; Carvalho et al., 2010; Marques

et al., 2009; Karinkanta et al., 2007; Taguchi et al., 2010).

A % MG (36,82±5,89%) apresentou níveis médios de acordo com valores de percentil estabelecidos para idosas (Zoico et al., 2004), e superiores aos encontrados nos estudos de Cao et al. (2003), Carvalho et al. (2010) e Marques et

al. (2009). Como os idosos obesos possuem baixa performance física e VO2máx, demonstrando deficits na força, na velocidade da marcha, equilíbrio, saúde e qualidade de vida (Villareal et al., 2004), e embora as idosas dos grupos de exercício do nosso estudo revelarem níveis médios de força muscular de acordo com Baptista e Sardinha (2005), verificaram-se deficits na agilidade (Levantar, percorrer 2,44m e sentar). Atribui-se tal fato ao elevado IMC e à elevada %MG (as correlações entre o IMC e a % MG com os testes funcionais sugerem tal fato) provavelmente influenciarem a marcha, a agilidade e o tempo de reação em função da localização

da gordura corporal, como cita Teixeira (2008), ou pelas mudanças estruturais na coluna vertebral decorrentes do envelhecimento que fazem com que o idoso utilize estratégias (anca, pescoço e ombros) para manter seu equilíbrio e estabilidade, principalmente durante a marcha, mas que desalinham o centro de gravidade do corpo (Gabbard, 2004; Rose, 2003). A hipotensão postural, claudicação intermitente, problemas nos pés, doenças crónicas e a utilização de determinados medicamentos (Rose, 2003) também influenciam a estabilidade postural e o equilíbrio no envelhecimento. No entanto estes fatores não foram considerados em nosso estudo. Todos os estudos que referiram a %MG (Cao et al., 2003; Taguchi et al., 2010) tinham a intensidade do treino estipulada. Outra questão é que nos estudos de Cao

et al. (2003) e Taguchi et al. (2010), o IMC (Taguchi et al., 2010) foi menor que o

observado em nosso estudo, e a % MG (Cao et al., 2003; Taguchi et al., 2010) foram menores que nas idosas do nosso estudo. Primeiro pelo fato dos indivíduos apresentarem idades mais avançadas (Gabbard, 2004; Nieman, 2011) e incluírem homens no estudo de Taguchi et al. (2010), e segundo por serem de etnia asiática e terem um IMC similar ao de mulheres caucasianas, entretanto com diferenças de localização da gordura corporal, o que gera discrepâncias na análise da mesma por diferenças étnicas (Lim et al., 2011). No entanto não analisamos a circunferência de cintura, pois asiáticas tendem a ter valores inferiores quando comparadas com caucasianas, apesar de poderem apresentar uma % MG maior, como sugerem Lim

et al. (2011).

6.1. Efeitos dos diferentes programas de exercício nos testes funcionais

McAuley (2006) no seu estudo analisou o papel da Aptidão Física, sua relação com a atividade física e limitações funcionais e concluiu com particular relevância, o facto da atividade física e a percepção da eficácia representarem um importante e modificável fator que melhora a Aptidão Física e consequentemente a funcionalidade.

Observamos diferenças significativas em ambos os grupos no teste de sentar e levantar (p= 0,000) nos 3 momentos de avaliação, como Bird et al. (2011), Cao et

médias no teste de “sentar e levantar”, evidenciando bons níveis de força muscular dos membros inferiores. Em adição, diversos estudos (Earles et al., 2000; Reid et

al., 2008; Katula et al., 2008; Izquierdo et al., 2001) investigaram o treino da força

muscular em idosos e verificaram melhorias concretas no pico de potência, força muscular, qualidade muscular, hormonas séricas, performance física, velocidade da marcha e qualidade de vida.

Os autores Guimarães e Farinatti, (2005), no estudo sobre as variáveis teoricamente associadas ao risco de quedas em mulheres idosas, afirmaram que há fortes evidências, de que a associação entre os níveis da força e flexibilidade com o padrão da marcha do indivíduo e, consequentemente, com a possibilidade de quedas. A força muscular – essencial para a saúde e função fisiológica – assume para o idoso um destaque especial, tendo em vista a sua relação com o equilíbrio, resistência muscular, locomoção, execução de tarefas quotidianas básicas (subir escadas, sentar e levantar-se, etc.) e finalmente com a diminuição do risco de quedas.

Outro fator que analisamos foi a influência da idade nos parâmetros funcionais, e os resultados das correlações demonstraram que quanto mais idade o indivíduo possui, menor a sua capacidade funcional, nomeadamente na força, equilíbrio, agilidade e capacidade aeróbia máxima, corroborando as afirmações da literatura (Doherty, 2003; Nieman, 2011; Shephard, 2008; Spirduso, 1995).

Analisando os valores obtidos referentes aos testes funcionais, podemos constatar que o GF apresenta médias superiores quando comparado com o GEC e o GC. Estes resultados ficaram evidenciados no teste levantar e sentar em 30s, onde este grupo apresentou sempre uma diferença média superior.

Relativamente à analise do teste levantar e sentar em 30s, todos os grupos ativos apresentaram diferenças significativas, já o grupo de controlo apresentou ineficiência progressiva no decorrer das 24 semanas.

No que se refere à análise do exercício sentar e levantar, observamos que no GC não houve diferença, no GF houve diferença como também no GEC. O GF revelou diferença nos testes sentar e levantar, flexibilidade de membros inferiores, agilidade e no teste de flexão do antebraço, notou-se diferença nas primeiras doze semanas e continuou apresentando diferenças nas restantes doze semanas,

havendo uma evolução em todos os testes exceto no teste de flexibilidade dos membros superiores.

No GEC, verificou-se progresso nos scores dos testes “sentar e levantar” e no teste de “agilidade” ao longo das vinte e quatro semanas, havendo diferenças nas primeiras doze e nas ultimas doze semanas.

Nos testes de “flexibilidade dos membros superiores” e “flexibilidade de membros inferiores”, os resultados foram semelhantes entre si, isto é, ao fim das primeiras doze semanas não se notaram grandes diferenças, aumentando positivamente estes scores nas últimas doze semanas. No teste de “flexão de antebraço” não houve diferença ao longo de todo o tempo avaliado. Teixeira (2002) no estudo sobre avaliação da aptidão física de mulheres e homens com idades compreendidas entre os 58 e 84 anos, amostra constituída por 212 sujeitos, utilizou para a medição dos níveis de aptidão física a bateria de testes de Rikli e Jones (1999), concluiu que os níveis de aptidão física melhoraram com a prática de atividade física regular e que as capacidades motoras resistência cardiovascular e força foram aquelas que atingiram melhorias mais significativas com o tempo de prática. Enquanto as capacidades motoras relacionadas com a flexibilidade foram aquelas que mais decresceram ao longo do estudo.

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