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O levantamento bibliográfico, por meio da revisão sistemática, teve como objetivo compreender os estilos parentais presentes no contexto esportivo, identificar o comportamento dos pais e/ou do estilo parental sobre a motivação de crianças e adolescentes em diferentes fases de desenvolvimento esportivo e o efeito de programas de intervenção com os pais sobre a motivação de crianças e adolescentes. Essa preocupação é caracterizada pelos níveis de abandono na prática esportiva que estão correlacionados com as atitudes dos pais que promovem a desmotivação de crianças e adolescentes (Sánchez-Miguel et al., 2015).

Nessa perspectiva, foram encontrados os estilos parentais e os comportamentos dos pais que influenciam a motivação no contexto esportivo por meio de sete diferentes características, porém, não foi encontrado nenhum programa de intervenção no qual os pais influenciavam a motivação de crianças e adolescentes no contexto esportivo.

Dessa forma a primeira linha de investigação com a influência dos pais na promoção da motivação: é verificado que de acordo com Liu, Wang and Ryan (2015), os pais são os principais agentes de socialização na vida das crianças. Dessa forma, o envolvimento dos pais facilita as percepções de competência e controle, vinculadas à necessidade de competência, a auto-regulação autônoma, vinculada à necessidade de autonomia e os sentimentos de conexão, ligados à necessidade de relacionamento (Liu, Wang & Ryan, 2015).

Para alcançar essas consequências positivas, os pais desempenham um papel decisivo, estando alinhado com o estabelecido pela teoria da autodeterminação, que demonstra as consequências positivas de satisfazer as três necessidades psicológicas básicas, autonomia, competência e relação social (Deci & Ryan, 2000).

Dentre as três necessidades psicológicas básicas, o constructo motivacional observado é a autonomia, que vem de encontro com os estudos de Liu, Wang and Ryan (2015), salientando que existem evidências de pesquisas de campo, de que o envolvimento dos pais tem efeitos mais positivos quando transmitidos em um estilo de apoio à autonomia.

Tudo isso é verificado como sendo crucial para o desenvolvimento saudável das crianças com a promoção dos pais de apoio à autonomia, que representa a nutrição ativa das capacidades das crianças de se auto-regularem (Ryan & Deci, 2017).

Além disso, quando os pais se preocupam com a criação de um clima motivacional adequado, Duda, Cumming, and Balaguer, (2005) salientam que esse clima favorece o desenvolvimento das necessidades psicológicas e também facilita as pessoas a serem mais intrínsecas e autodeterminadas em suas tarefas, favorecendo o seu bem-estar.

Essa necessidade vem de encontro com Deci and Ryan (1985), quando afirmam que as pessoas quando interagem com seu ambiente, precisam se sentir competentes (desejo de interagir efetivamente com o ambiente), autônomas (desejo de escolha e sentimento de ser é o iniciador de ações próprias) e relacionadas aos outros (desejo de se sentir conectado com os outros e respeitado por eles), e que a satisfação dessas necessidades é essencial para o desenvolvimento de motivação autodeterminada.

Uma outra discussão está relacionada na linha de investigação que contempla: à influência dos pais na motivação de atletas com deficiências, um estudo realizado por Bond et al. (2007), salienta sobre os níveis de atividade física de estudantes com deficiência, e também identificou a influência dos pais como um dos fatores que limita a participação esportiva entre os deficientes. Para Teodoro (2007), o atleta com deficiência que inicia no esporte é de grande importância a presença da família, com assistência e respaldo financeiro e também psicológico, auxiliando inclusive para se locomover até os centros de práticas esportivas.

Já para Palla & Mauerberg-Decastro (2004) é verificado que os pais de atletas com deficiências, além do apoio, normalmente ficam orgulhosos com seus filhos ao iniciar e continuar no esporte.

Na sequência, a linha de pesquisa relacionada: as diferenças motivacionais promovidas entre crianças e adolescentes pelos pais, com a variável idade manifestando em diferentes formas de motivação, inclusive relatado no estudo de Januário, Colaço, Rosado, Ferreira and Gil (2012) onde os nadadores mais novos face aos mais velhos, é verificado que os mais novos atribuem valores significativamente mais altos à afiliação geral e à afiliação específica. Contudo, Fonseca, Freitas, and Frade (1998), numa amostra de 183 sujeitos, concluíram que os atletas de futebol mais velhos com equipes juvenis e juniores, atribuíam maior importância aos motivos relacionados com a afiliação geral ao passo que os mais novos

em categorias infantis e iniciantes, valoravam mais a afiliação específica, no caso os próprios pais.

Na próxima linha de investigação: a influência dos pais ativos na promoção da motivação do esporte juvenil, nesse contexto, a família apresenta um importante papel, principalmente no auxílio, decisão, crença e atitudes sobre a atividade física dos filhos (Júnior, 2000). Um outro resultado apontado por Júnior (2000), salienta que o apoio social dos pais e dos amigos se associa direta e indiretamente, mediada pela percepção de autoeficácia, com o nível de atividade física dos adolescentes. Essa influência é explicada por Trost and Loprinzi (2011), com a modelação do comportamento humano sendo um dos construtos da Teoria da Aprendizagem Social, o qual, pressupõe que o comportamento humano é adquirido e modificado a partir da observação do comportamento e de experiências de aprendizagem com pessoas socialmente importantes, no caso os pais.

Na linha de investigação que apresentam: o resultado negativo do excesso de cobranças e pressão gerando a desmotivação, Liu, Wang and Ryan (2015) apontam que os resultados mostraram em seus estudos que quanto mais pais controladores eram, mais crianças relatavam perfeccionismo e depressão. Um outro estudo envolvendo a pressão por vitórias no esporte, verificou um aumento do estresse, que possui como uma de suas principais consequências a desistência da atividade competitiva, atitude conhecida como dropout, ou seja, o abandono do esporte em virtude da falta de prazer (Schmidt & Stein, 1991). Dessa forma, o super envolvimento dos pais que ocorre quando eles excedem em sua participação na vida esportiva dos filhos, não sabendo separar seus próprios desejos, fantasias e necessidades daquelas dos seus filhos, esses altos níveis de pressão indicam reações negativas (Hellstedt, 1990).

Uma outra linha de influência foi verificada com: as diferenças motivacionais promovidas entre mães e pais, Liu, Wang and Ryan (2015), verificou que quando as crianças mostraram sinais de desamparo, as mães na condição de entidade, se envolveram em um envolvimento mais construtivo. Entretanto, para Vasquez, Patall, Fong, Corringan and Pine (2016), quando ambos os pais apoiam a autonomia, as consequências para os filhos são ainda mais positivas do que quando o apoio é forte de apenas um.

E por fim, a linha de investigação com a relação do estilo parental na motivação dos atletas, é identificado como sendo particularmente crucial para o desenvolvimento saudável das crianças a promoção por meio da educação dos pais com a promoção de apoio à autonomia, que representa a nutrição ativa das capacidades das crianças de se auto-regularem (Deci & Ryan, 2012). Nesse sentido, Baumrind (2005), define como estilo parental autoritativo ou democrático, composto por demonstrações de afeto, satisfação e incentivo às realizações das tarefas e apoio emocional, com relação direta ao fomento da autonomia. Dessa forma Arrindell et al., (1994) propõem que o estilo parental de suporte emocional, seja definido como uma série de comportamentos parentais que geram nos filhos a sensação de conforto e a certeza de ser aprovado como pessoa pelos pais.

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