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Em 1990, a Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP – American Academy of Orofacial Pain) estabeleceu a primeira classificação diagnóstica para DTM, que foi revisada em 1993. Ao mesmo tempo, um grupo de estudo multicêntrico estabeleceu um critério mais específico de pesquisa diagnóstica, englobando questionários e exame físico do paciente com DTM. Este critério de diagnóstico (RDC – Research Diagnostic Criteria) usou uma classificação similar à criada em 1990. Segundo esta classificação da AAOP, a DTM pode ser dividida em desordens da articulação e desordens da musculatura da mastigação, possuindo cada um desses grupos, subitens de classificação. Assim, dentro de desordens da articulação tem-se: desordens congênitas ou de desenvolvimento (aplasia, hipoplasia, hiperplasia e neoplasia), desordens do disco articular (deslocamento de disco com e sem redução), deslocamentos da articulação, condições inflamatórias (capsulites/sinovites, poliartridites), condições não inflamatórias (osteoartrite primária e secundária), anquilose (fibrosa e óssea) e fratura do processo condilar. Dentro das desordens musculares, tem-se: dor miofascial, miosite, mioespasmo, mialgia local não classificada, contratura miofibrótica e neoplasma 43,44.

Entretanto, o RDC traz um protocolo similar a esta classificação, porém mais objetivo e confere os seguintes diagnósticos ao final do exame: dor miofascial, dor miofascial com limitação de abertura, deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução, deslocamento de disco sem redução com limitação de abertura bucal,osteoartrite, osteoartrose e artralgia 39.

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A dor miofascial 43,44 é tida como uma dor localizada ou regional, caracterizada pela presença de pontos-gatilho em músculos, tendões ou fáscia durante a palpação. As características de sensação dolorosa localizada e dor referida regional durante a palpação diferenciam a dor miofascial de outras dores generalizadas, tais como a fibromialgia. A dor muscular pode estar associada à isquemia localizada, mudanças histoquímicas na terminação periférica de um nervo nociceptivo ou a mudanças no Sistema Nervoso Central, incluindo aumento da atividade do Sistema Nervoso Simpático ou alterações psicológicas. A dor miofascial com limitação de abertura é a mesma da descrita anteriormente, com a diferença de que nesta ocorre contração involuntária da musculatura levando a uma redução da amplitude de abertura bucal normal, existindo, portanto, um comprometimento maior.

O deslocamento de disco corresponde a um desalinhamento do complexo disco- côndilo que pode ser com redução ou sem redução43. O deslocamento com redução é caracterizado pelo desalinhamento abrupto e temporário do disco, que sai de posição durante a translação mandibular, gerando um som durante a abertura bucal, conhecido por estalido. Esse som também pode ocorrer durante o fechamento, porém é geralmente de menor magnitude, e se deve novamente ao desalinhamento do disco, freqüentemente para uma posição mais anterior ou ântero-medial. No deslocamento com redução, este desalinhamento é passageiro, pois o disco retorna à posição inicial. No deslocamento sem redução o desalinhamento do disco é mantido durante a translação mandibular e pode gerar diversos sons e limitação dos movimentos mandibulares. Se gerar tais limitações, será considerado um deslocamento de disco sem redução, com limitação de abertura. Após um episódio agudo de deslocamento sem redução, que pode ser bastante doloroso, estabelece-se uma condição crônica, geralmente sem dor. McNeill44 cita o estudo de Leeuw et al, que após 30 anos de acompanhamento, observou que pouquíssimos casos de deslocamento de disco com redução evoluíram para um estágio sem redução, mas que quase todos os deslocamentos sem redução desenvolveram alterações ósseas estruturais.

A osteoartrite é uma condição degenerativa não- inflamatória da ATM, caracterizada por alterações estruturais da superfície da articulação em conseqüência a uma força excessiva durante o mecanismo de remodelação óssea4. É caracterizada clinicamente por dor durante a função, crepitação (ruído articular semelhante à areia), evidência radiográfica de alterações ósseas estruturais e geralmente por uma moderada

limitação dos movimentos mandibulares, além de desvio para o lado afetado durante a abertura bucal. Quando se torna mais dolorosa é devido a uma inflamação secundária ao processo.

A osteoartrose ou artrite é uma condição inflamatória, bem como a sinovite e capsulite, e pode ocorrer devido a um trauma ou doença sistêmica (artrite reumatóide, artrite reumatóide juvenil, lúpus eritematoso sistêmico, entre outras)4. Além disso, a osteoartrose pode ser uma condição decorrente de uma osteoartrite, como resultado de uma sobrecarga na ATM, representando uma fase adaptativa estável. Este processo ocorre da seguinte forma: a osteoartrite provoca alterações estruturais nas superfícies da articulação, levando a remodelação óssea, identificada em exames de imagem. A condição é indolor, com presença de crepitação49.

Já a artralgia, nada mais é que a dor na ATM devido à inflamação, relacionada à ansiedade, hábitos parafuncionais, má oclusão e traumatismo direto ou indireto na mandíbula. Deve-se lembrar que as modificações de caráter restaurador, feitas ao longo de um tempo nas superfícies oclusais dos dentes, podem gerar contatos prematuros e/ou interferência oclusal, que funcionam como microtraumas. Dependendo da adaptação fisiológica do indivíduo, pode haver artralgia das ATM como resultado de microtrauma repetitivo4.

“Quem conduz e arrasta o mundo não são as máquinas, mas as idéias”. (Victor Hugo)

3. Proposição

O presente trabalho se propôs a avaliar a associação entre indicadores de qualidade de

vida, de saúde geral (distúrbios psiquiátricos menores) e de ansiedade em pacientes

diagnosticados como portadores de variadas formas de Disfunção Temporomandibular (DTM), em variados graus de severidade (leve, moderada e severa), a partir das seguintes análises:

• Tipos de DTM e Qualidade de vida / Saúde Geral / Tipos de Ansiedade;

• Graus de DTM e Qualidade de vida / Saúde Geral / Tipos de Ansiedade;

“A única coisa de que tenho certeza é da singularidade do indivíduo.” (Albert Einstein)

4. Metodologia

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