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DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA, A ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA E PRÁTICAS ESCOLARES EM

2 “ESTADO DA ARTE” SOBRE A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA E A ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA

2.2 DISSERTAÇÕES E TESES SOBRE A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA, A ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA E PRÁTICAS ESCOLARES EM

CONTEXTOS CAMPONESES NO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Os estudos acerca do diálogo com a produção acadêmica que abordam o objeto desta pesquisa admitem, num recorte temporal definido, sistematizar determinadas áreas de conhecimento, reconhecer os principais resultados das investigações, identificar temáticas e abordagens dominantes e emergentes, bem como lacunas e campos inexplorados abertos às futuras pesquisas.

Assim, este subcapítulo se propõe identificar e discutir os temas emergentes das pesquisas e as indicações do conjunto de estudos que compuseram o “Estado da Arte”, abordando a Pedagogia da Alternância, a Escola Família Agrícola de Olivânia e das práticas pedagógicas nas escolas do campo no Programa de Pós-Graduação em Educação na Ufes:

a) A produção acadêmica no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo sobre a Pedagogia da Alternância Na definição de quais trabalhos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufes seriam analisados mais detalhadamente, foram utilizadas, como palavras indexadoras: Pedagogia da Alternância, Escola Família Agrícola de Olivânia, Centro Familiar de Formação em Alternância de Olivânia e família camponesa, por estarem relacionadas com o tema central deste trabalho e compor um quadro de aproximações entre esses temas. As informações foram obtidas no “Catálogo de dissertações e teses do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Espírito Santo” e no acervo da Biblioteca Setorial do Centro de Educação/Ufes, em análises realizadas nas fichas de catalogação das dissertações e teses. De forma particular, sobre a Pedagogia da Alternância, no inventário da produção do PPGE, observamos que, entre 2000 e 2009, houve a conclusão de três dissertações de mestrado e duas teses de doutorado conforme observaremos a seguir.

O trabalho pioneiro, no PPGE, sobre a sistemática de funcionamento da Pedagogia da Alternância foi o de Moreira (2000), intitulado “Formação e práxis dos professores

em Escolas Comunitárias Rurais: por uma pedagogia da alternância”. Os dados foram coletados em duas Escolas Comunitárias Rurais instaladas no município de Jaguaré, no norte do Espírito Santo.

O autor adotou, como base metodológica, para suas pesquisas de campo, aspectos qualitativos da pesquisa etnográfica e aspectos da pesquisa quantitativa. O trabalho procura analisar como as dimensões da cultura e do imaginário social rural no espaço/tempo estão presentes na comunidade escolar e como interferem na práxis dos professores no âmbito da Pedagogia da Alternância. Desenvolve análises na perspectiva sócio-histórica para os dados coletados nas pesquisas de campo. Para o desenvolvimento de seu trabalho, Moreira (2000): focaliza, ao longo de suas reflexões, uma análise sociopolítica e pedagógica da comunidade escolar em correlação com a proposta pedagógica da Pedagogia da Alternância; verifica, no projeto político-pedagógico dessas escolas, a práxis de seus protagonistas; pontua as concepções que têm a comunidade escolar sobre a cultura e a educação para o meio rural; e extrai desse movimento implicações para a formação de professores para o campo. Apropria-se de conceitos formulados por Cornelius Castoriadis34 sobre como se institui o imaginário social de uma sociedade e, a partir daí, situa o imaginário rural brasileiro, fundamentando-se, principalmente nos estudos de Maria Yedda Leite Linhares e Francisco Carlos Teixeira da Silva.35

Como categoria de análise,utiliza a Identidade Cultural e a Alteridade como meios para expressar a necessidade de considerar os valores culturais próprios do homem/meio rural, tomando por base os valores e os conhecimentos de caráter éticos/universal, considerando que essas categorias devem ser apropriadas no processo de formação de professores para o campo, por se constituir de uma formação que foi pensada e praticada a partir das realidades dos povos e

34

CASTORIADIS, Cornelius. Feito e a ser feito: as encruzilhadas do labirinto V. Tradução de Lílian do Valle. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

______. O futuro deve pertencer à sociedade autônoma. In: SILVA, Juremir Machado da et al. O pensamento do fim do século. Porto Alegre: L& PM, 1993.

______. O mundo fragmentado: as encruzilhadas do labirinto III. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992a. ______. A criação histórica e a instituição da sociedade. In: CASTORIADIS, Cornélius et al. A criação histórica. São Paulo: Artes e Ofício, 1992b.

______. A instituição imaginária da sociedade. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

35

LINHARES, Maria Yeda Linhares; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Terra prometida: uma história da questão agrária no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

educadores do campo. Conclui argumentando sobre a necessidade de se reconsiderar a proposta pedagógica da Pedagogia da Alternância praticada nas Escolas Comunitárias Rurais, no que tange aos conteúdos escolares e conhecimentos das realidades camponesas.

Quatro anos após a primeira defesa, no PPGE, de trabalho sobre a Pedagogia da Alternância, foram apresentadas mais duas dissertações. Primeiro, tivemos o trabalho de Cruz (2004) com o título: “Pedagogia da Alternância: (re)significando a relação pais-monitores no cotidiano da Escola Comunitária Rural Municipal de Jaguaré-ES”. O autor desenvolve análise sobre o papel sociopolítico e pedagógico das famílias camponesas, vinculadas à escola, focalizando a formação e também a prática cotidiana escolar dos monitores da Escola Comunitária Rural Municipal da Japira – Jaguaré/ES.

O trabalho caracteriza a prática pedagógica desenvolvida pelos monitores em relação à utilização dos instrumentos pedagógicos da Pedagogia da Alternância. Para isso, o autor utiliza-se da pesquisa-ação, da observação participante e de entrevistas semiestruturadas. Enfoca o espaço/tempo escolar, refletindo sobre a estrutura administrativa e suas implicações nos princípios e metodologia da Pedagogia da Alternância, identificando os papéis e funções das várias instâncias que compõem a comunidade escolar pesquisada.

Logo em seguida, temos o trabalho de Magalhães (2004) e, passados três anos, ocorre a defesa do trabalho de Jesus (2007). Retomaremos as discussões sobre esses trabalhos posteriormente. Eles serão objetos de uma análise detalhada por trazerem, nas suas reflexões, os espaços da Escola Família Agrícola de Olivânia, objeto de pesquisa do nosso trabalho.

Nos dois anos seguintes, foram apresentadas duas teses que debatem densamente a Pedagogia da Alternância. Primeiro temos o trabalho de Rodrigues (2008) intitulado: “Práticas discursivas de reprodução e diferenciação na Pedagogia da Alternância”. Nesse trabalho, o autor analisa, por meio de um “Estudo de Caso”, as práticas discursivas de um grupo de 13 monitores atuantes em 12 escolas que praticam o ensino em Alternância nas regiões norte e sul do Espírito Santo.

O enfoque de sua pesquisa baseia-se em estudar “[...] as experiências de ensino em alternância no/do meio rural, mais especificamente, em instituições situadas no Estado do Espírito Santo [...]” (RODRIGUES, 2008, p. 21). O principal objetivo das pesquisas foi averiguar e analisar as práticas discursivas de reprodução e diferenciação na Pedagogia da Alternância desenvolvidas por monitores que atuam em Escolas Famílias Agrícolas em dois níveis de formação: Ensino Fundamental e Médio Profissionalizante. Essas instituições de ensino, de caráter não governamental, são denominadas pelo autor de Centros Educativos e/ou Formativos em Alternância (CEAs).

Nos procedimentos das pesquisas de campo, utilizou, inicialmente, uma pesquisa exploratória com entrevistas semiestruturadas gravadas. No segundo encontro, foi empregado procedimento semelhante, alterando a forma de registro das informações, com as entrevistas registradas diretamente das falas dos entrevistados. O autor complementa os procedimentos com uma detalhada pesquisa documental nos acervo da Mepes.

Ao sustentar que a Pedagogia da Alternância se constitui de uma Pedagogia edificante de base crítica, contrária as verdades objetivas com uma prática edificada a partir do mundo. Ao explicar o significado do conceito da prática discursiva, das dinâmicas de poder e a maneira como se tecem as relações sociais, o autor parte das premissas de Michel Foucault.36 Ao discutir sobre o significado da Pedagogia da Alternância e a práxis dos monitores, ele utiliza uma fundamentação teórica baseada em Pedro Puig-Calvó37 e Daniel Chartier.38

36

FOUCAULT, Michel. A microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

______. O sujeito e poder. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 231-249. ______. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

______. A ordem do discurso. 15. ed. São Paulo: Loyola, 2007.

37 PUIG-

CALVÓ, Pedro. Definiciones de alternancia. Colóquio na sessão de avaliação de Monitores, Unefab, Brasília, 2001. (apostila, texto de circulação interna).

______. “Centros Familiares de Formação por Alternância”. In: UNIÃO NACIONAL DAS ESCOLAS FAMÍLIAS AGRÍCOLAS DO BRASIL. Pedagogia da alternância: alternância e desenvolvimento. I Seminário Internacional. Salvador, 3 a 5 de novembro de 1999. p. 15-24.

38

CHARTIER, Daniel. Naissance d’une pédagogie de l’alternance. Maurécourt: Mésonance, 1978. v. IV, n° 1.

______. A l’aube des formations par alternance: histoire d’une pédagogie associative dans le monde agricole et rural. Maurécourt: Editions Universitaires-UNMFREO, 1986. Collection Mésonance. ______. Soixante ans d’histoire de créations en Maison Familiale Rurale Edition UNMFREO, 1997.

Na metade do ano seguinte, Moreira (2009a) conclui seu doutorado com a tese denominada: “O religioso e o político no processo de implantação e permanência da Pedagogia da Alternância: uma análise histórica dessas relações nas Escolas Famílias Agrícolas do MEPES no norte do Espírito Santo”. Uma pesquisa oportuna decorrente dos momentos e movimentos vividos nas relações entre determinadas Escolas Famílias Agrícolas e a Direção Central do Mepes, entidade mantenedora dessas instituições de ensino.

As colocações do autor, ao longo de uma produção teórica consistente, procuram compreender, tomando por base um conflito explícito manifestado a partir dos meados de 1994, as aproximações e estranhamentos entre as Escolas Famílias Agrícolas do norte do Espírito Santo com o Mepes. O trabalho do autor toma como

questão central de investigação a seguinte inquietação: como a atual crise entre as escolas do norte com o MEPES central pode nos ajudar a compreender as relações entre Estado, religião e movimentos sociais no processo de implantação, sustentação e expansão da Pedagogia da Alternância no norte capixaba?

Como pressuposto teórico e metodológico resgata a dimensão sócio-histórica e filosófica das Escolas Famílias Agrícolas no Espírito Santo. Ancorado numa análise de perspectiva histórica-crítica, o autor nos proporciona uma trajetória histórica da escola rural à Educação do Campo atual. Teoricamente a tese se sustenta em dois eixos centrais de análise: primeiro, a perspectiva teórica em Espinosa, a partir da filósofa Marilena Chauí,39 que reflete sobre o poder e política na Pedagogia da Alternância e suas possibilidades emancipatórias; segundo, debate sobre religião e educação no contexto atual, religião e religiosidade entre camponeses, e a abordagem religiosa nas Escolas Famílias na atualidade.

Nos procedimentos metodológicos para a coleta de dados, Moreira (2009a) utiliza a Historia Oral, pesquisa documental, fontes imagéticas, questionários e entrevistas

39

CHAUÍ, Marilena. O que é política. Palestra proferida em 23-08-2006. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/foruns_de_cultura/cultura_e_pensamento/2006/debates/index.php?p=1954 5&more=1>. Acesso em: 23 maio 2008.

______. Convite a filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2008.

______. Política em Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

______. A nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 2 v.

______. Espinosa: uma filosofia da liberdade. São Paulo: Moderna, 1995.

______. Da realidade sem mistérios ao mistério do mundo: Espinosa, Voltaire, Merleau-Ponty. São Paulo: Brasiliense, 1981.

semiestruturadas. Na análise dos documentos, emprega considerações de Marc Bloch,40 Paul Thompson41 e Carlo Ginzburg.42 Como espaço de pesquisa, coletou dados no Escritório Central do Mepes, no Centro de Formação e Reflexão do Mepes e no Regional das Associações dos Centros Familiares de Formação em Alternância do Espírito Santo (Raceffaes).

Suas considerações indicam, ao final, que a intenção não foi identificar o causador, mas produzir um estudo com argumentação teórica sobre as causas dos estranhamentos entre determinadas Escolas Famílias Agrícolas e o Mepes, em complexas “relações de forças”, que limitaram o exercício da exata democracia participativa, um dos fundamentos basilares da Pedagogia da Alternância.

No ano seguinte, Ferreira (2010) defende sua dissertação com o título: “Educação Ambiental e Educação do Campo na fronteira de novas racionalidades diante da cultura globalizada”.

Mesmo que não sejam destacadas, no título do trabalho, as palavras indexadoras utilizadas como critério de seleção neste levantamento, os termos estão indicados nas análises realizadas pelo autor. Essa pesquisa consiste de uma pesquisa desenvolvida nesses espaços e com famílias e comunidades camponesas. O autor trabalha com o objetivo de investigar os momentos e movimentos de aproximações tecidos entre a Educação Ambiental e a Educação do Campo na cotidianidade de uma Escola Família Agrícola, bem como os desdobramentos motivados dessas relações, nas ações dos monitores e alunos com as famílias e comunidades camponesas. Emprega, para suas pesquisas de campo, roteiros de entrevistas semiestruturadas gravadas, realizadas com monitores, alunos e famílias camponesas. Complementa a coleta de informações com o uso de registros imagéticos e de anotações de campo, fruto dos tempos de convivência na companhia dos grupos pesquisados.

40

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

41

THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. 42

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

______. Relações de força: história, retórica e prova. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. ______. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

Constitui-se de uma pesquisa qualitativa, com influência da Fenomenologia, para descrever o fenômeno da hermenêutica e para interpretar esse fenômeno. Foram entrevistados monitores, alunos e famílias camponesas. O autor encontra, no conceito de “Comunidade Aprendente”, de Carlos Rodrigues Brandão,43 um reforço para sustentar a escolha desses espaços para suas pesquisas.

O autor parte da afirmação de que, para interpretar os fenômenos, é essencial tecer a junção da Fenomenologia com a Hermenêutica. Em suas reflexões sobre a Hermenêutica, utiliza as referências de Nadja Hermann.44 Sobre a Fenomenologia, encontra, nas observações de Edmund Husserl,45 Joel Martins,46 Yolanda Cyntrão Forghieri47 e Edgar Morin,48 os fundamentos para suas análises. Defende que a adoção de uma abordagem fenomenológico-hermenêutica para as suas pesquisas de campo foi decorrente de que essa abordagem enfatiza estudos teóricos, análise de documentos e textos na busca da relação entre o fenômeno pesquisado e a sua essência, e a hermenêutica assume a incumbência de explicar o fenômeno pesquisado.

Desenvolve uma análise de perspectiva histórico-crítica da Educação do Campo, adotando como referência as alterações da legislação educacional brasileira. Incorpora às suas abordagens a história da Escola Família Agrícola de Jaguaré e os momentos da ocupação da região norte do Espírito Santo e desse município.

Partindo das “Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo”, elaborada, em 2004, pelo Grupo Permanente de Trabalho de Educação do

43

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Comunidades aprendentes. In: FERRARO Júnior, Luiz Antonio (Org.). Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. p. 85-91.

44

HERMANN, Nadja. Hermenêutica e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

45

HUSSERL, Edmund. A ideia de fenomenologia. Lisboa: Edições 70, 1986.

46

MARTINS, Joel. Psicologia da cognição: como fazer fenomenologia. In: MARTINS, Joel e DICHTCHEKENIAN, M. F. S. F. B. (Org.). Temas fundamentais de fenomenologia. São Paulo: Moraes, 1984.

47

FORGHIERI, Yolanda Cyntrão. Psicologia fenomenológica: fundamentos, métodos e pesquisa. São Paulo: Pioneira, 1993.

48

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 13. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

______. O método 1: a natureza da natureza. 3. ed. Lisboa: Publicações Europa-América Ltda., 1997.

______. Educação e complexidade: os setes saberes e outros ensaios. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

Campo/Secretaria de Educação Média e Tecnológica,49 destaca os princípios pedagógicos da Educação do Campo. O primeiro trata do “papel da escola como formadora de sujeitos articulada a um projeto de emancipação humana”; o segundo princípio aborda a “valorização dos diferentes saberes no processo educativo”; o terceiro trata dos “espaços e tempos de formação dos sujeitos da aprendizagem”; o quarto princípio focaliza o “lugar da escola vinculado à realidade dos sujeitos”; o quinto princípio refere-se a “educação como estratégia para o desenvolvimento sustentável”; e o sexto princípio trata da “autonomia e colaboração entre os sujeitos do campo e o sistema nacional de ensino” (FERREIRA, 2010).

O autor finaliza suas reflexões apontando para a possibilidade de se reforçar a articulação entre a Educação do Campo e a Educação Ambiental por intermédio da agroecologia. Nos espaços da escola, o trabalho de formação dos alunos e de suas famílias deve ser orientado para os fundamentos de uma produção que seja o embrião de um novo jeito de se relacionar com a natureza, onde se protege a vida toda e toda a vida, estabelecendo uma ética ecológica que implique o abandono de atividades agrícolas predatórias. A rigor, podemos dizer que a consolidação dessa articulação impulsionará a adoção de uma agricultura agroecológica de base científico-tecnológica. O Quadro 2 sintetiza as dissertações e teses sobre a Pedagogia da Alternância defendidas no Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufes.

Quadro 2 – Produção acadêmica no PPGE/UFES sobre a Pedagogia da Alternância (continua)

49

RAMOS, Marise Nogueira; MOREIRA, Telma Maria; SANTOS, Clarice Aparecida dos. Referências para uma política nacional de educação do campo: caderno de subsídios. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo, 2004.

Autor Titulo de dissertação e tese Data Modalidade

1

Flávio Moreira Formação e práxis dos professores em escolas comunitárias rurais: por uma

Pedagogia da Alternância

2000 dissertação

02 Nelbi Alves da Cruz

Pedagogia da Alternância: (re)significando a relação pais-monitores no cotidiano da

Escola Comunitária Rural Municipal de Jaguaré-ES

2004 dissertação

03 João Assis Rodrigues

Práticas discursivas de reprodução e diferenciação na Pedagogia da

Alternância

Quadro 2 – Produção acadêmica no PPGE/UFES sobre a Pedagogia da Alternância (conclusão)

Fonte: Acervo de teses e dissertações da Biblioteca Setorial do Centro de Educação/UFES. Elaborada pelo autor.

b) A produção acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo sobre a Escola Família Agrícola de Olivânia

O que aproxima esses trabalhos acadêmicos para comporem o arcabouço desta escolha? O que têm em comum entre si? Todos adotam, como espaço de suas pesquisas e objeto de análise, a Escola Família Agrícola de Olivânia em seus mais detalhados aspectos, trazendo à luz uma diversidade enorme de informações sobre a primeira Escola Família fundada no Brasil. O período dessa produção aconteceu entre 1993 e 2007.

No inventário realizado, foram identificadas duas pesquisas relacionadas com o objeto deste estudo e um relatório de pesquisa. Como citado, realizamos este recorte visto que eles têm, como lugar comum de pesquisa, a Escola Família Agrícola de Olivânia.

Ao iniciar as análises, com uma maior riqueza de detalhes, nas pesquisas identificadas, destacamos inicialmente o trabalho defendido por Magalhães (2004), que traz o título: “Escola Família Agrícola: uma escola-movimento”. O trabalho é pioneiro em apresentar a primeira Escola Família Agrícola implantada no Brasil, na pauta das reflexões acadêmicas no PPGE. A autora nos proporciona, ao longo de suas ponderações, a análise de uma metodologia pedagógica, diferenciada, específica e adequada aos coletivos camponeses, praticada pelas Escolas Família Agrícolas no Espírito Santo e descreve como essas escolas motivam reflexões e

Autor Titulo de dissertação e tese Data Modalidade

04

Flávio Moreira O religioso e o político no processo de implantação e permanência da Pedagogia

da Alternância: uma análise histórica dessas relações nas Escolas Famílias Agrícolas do MEPES no norte do Espírito

Santo

2009 Tese

05 Sebastião Ferreira

Educação Ambiental e Educação do Campo na fronteira de novas racionalidades diante da cultura

globalizada

ações de valorização da Educação do Campo e dos espaços vividos pelo campesinato capixaba.

Para proceder à análise da metodologia das Escolas Famílias Agrícolas, realiza uma