2 “ESTADO DA ARTE” SOBRE A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA E A ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA
2.3 MONOGRAFIAS, DISSERTAÇOES E TESES PRODUZIDAS EM OUTRAS
INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR SOBRE A PEDAGOGIA DA
ALTERNÂNCIA E A ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA
As mobilizações, nos contextos camponeses, têm impulsionado avanços em torno de discussões sobre inúmeras questões. Provocam inquietações intelectuais e motivam pesquisadores, com um intransigente compromisso com o rigor científico, a multiplicar os processos de investigação e análises sobre temáticas relacionadas com os contextos educacionais camponeses. Produzem, então, estímulos para um intercâmbio permanente de informações e conhecimentos sobre as realidades dos povos do campo.
Daí surge a expectativa entre os pesquisadores da consolidação de um campo fértil de estudos sobre esses coletivos com suas peculiaridades étnicas e culturais multifacetadas, motivadas por múltiplos fatores durante o transcurso da história desses povos e recriadas e legitimadas na prática do dia a dia, em sua oralidade, em seus exercícios de ludicidade, em suas memórias, em suas relações geracionais, em sua musicalidade, em seus momentos de afinidade com a terra, em seus relatos, em sua naturalidade e simplicidade, em sua escrita e leitura e em suas utopias. Desse modo, a produção de conhecimento sobre a Pedagogia da Alternância e a Escola Família Agrícola de Olivânia se encontra imbricada em inúmeros momentos,
ora nos espaços acadêmicos, ora junto aos povos do campo. Pela sua abrangência comunitária, suas implicações sociais e por se constituir de espaços inquietantes para pesquisas, não pode se permitir gerar produções isoladas, desconexas. Há que se superar os desencontros constantes entre essas produções.
Logo, precisa ser considerada a necessidade da realização de levantamentos e avaliações sobre o que foi produzido em determinados espaços-tempos sobre essa área de conhecimento. O exercício de inventariar e de recuperar a produção acadêmica, sempre que possível, permite estabelecer parâmetros entre as produções, bem como averiguar suas inflexões, regressões e/ou progressos nos aprofundamentos temáticos, nos aportes teóricos e procedimentos metodológicos nas pesquisas relacionadas com a Pedagogia da Alternância e a Escola Família Agrícola de Olivânia. Por sua vez, surgem, a partir da identificação desse estado atual do conhecimento dos espaços pesquisados ou o que se convencionou chamar de “Estado da Arte”, novas abordagens nas análises e novas vertentes de investigação para os temas nas pesquisas científicas.
Toda essa inquietação intelectual não passou despercebida. Faz com que a produção científica acadêmica, ao se conservar ora próxima, ora distante desses debates, gerasse, nesses últimos anos, inúmeros artigos científicos, monografias, dissertações e teses que se propõem a analisar a Pedagogia da Alternância, as especificidades das Escolas Famílias Agrícolas, das Casas Familiares Rurais ou outros Centros Familiares de Formação em Alternância, ao ressaltar suas diversidades e especificidades pedagógicas e regionais.
A pesquisa, em andamento, desenvolvida pelo professor João Batista Pereira de Queiroz (Universidade de Brasília – Campus Planaltina), à qual tivemos acesso no decorrer dos levantamentos de dados, comprova que, até o presente momento, nos Programas de Pós-Graduação em Instituições de Ensino Superior no Brasil, foram identificados inúmeros trabalhos desenvolvidos sobre a Pedagogia da Alternância. Foram confirmadas as informações contidas nesse levantamento por intermédio de buscas realizadas no Portal de Periódicos da Capes,61 na sessão do Banco de dissertações e teses. Para isso, foram utilizadas, como palavras indexadoras:
61
Pedagogia da Alternância; Escola Família Agrícola; Centros Familiares de Formação em Alternância.
A utilização de palavras indexadoras expressou a maneira encontrada para identificar, de forma mais produtiva e aberta, na pesquisa da produção acadêmica, o objeto da pesquisa. Foi no andar da escolha e na procura dos principais elementos indexadores que o objeto da pesquisa foi manifestado e materializado, em diferentes momentos, resultando no retorno esperado nas buscas. Nos Quadros 4 e 5, podemos observar essa produção atualizada até 2010.
Quadro 4 – Dissertações de Mestrado sobre a Pedagogia da Alternância no Brasil, no período 1977-2010
(continua)
Nº Autor Título Ano Instituição
1
Paolo Nosella
Uma nova educação para o meio rural. Sistematização e problematização da experiência educacional das Escolas da Família Agrícola do Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo
1977 PUC-SP
2 Alda Luiza Pessoti
Escola da Família Agrícola: uma alternativa para o ensino rural
1978 FGV-RJ
3 Regina Lúcia Gianordoli
Nova perspectiva para a educação rural: Pedagogia da Alternância
1980 FE/PUC-RJ 4 Rosa Cristina
Porcaro Alves
Análise de uma Escola Família Agrícola como proposta pedagógica para o meio rural
1994 UFV- MG
5 Airton Carlos Batistela
Filosofia e posicionamentos para a educação no meio rural – Pedagogia da Alternância
1997 PUC-RS
6 João Batista Pereira de
Queiroz
O processo de implantação da Escola Família Agrícola de Goiás
1997 UFG-GO
7 Joaquim Dias Nogueira
Casa Familiar Rural no Paraná: organização e implementação de um programa 1998 UFV - MG 8 José Amiraldo Ferreira da Silva
Alternância no currículo: uma proposta para a inclusão escolar e social: um estudo da Escola Família Agrícola da Perimetral Norte/AP
1998 PUC-SP
09 Jaider Batista da
Silva
Da efetividade da educação ambiental nas Escolas Família Agrícola: o caso da EFA Chico Mendes
1999 UNIMEP-SP
10 Almir Antônio Gnoato
A Casa Familiar Rural e a Pedagogia da Alternância.
2000 UNESP- Marília 11 Beatriz
Machado
A Pedagogia da Alternância como modalidade de educação: alguns desafios para a extensão rural 2000 UEPG-PR 12 Celso Eduardo Pereira Ramos
Reforma do Ensino Agrícola: ensino médio profissionalizante ou pós-médio profissionalizante?
Quadro 4 – Dissertações de Mestrado sobre a Pedagogia da Alternância no Brasil, no período 1977-2010
(continuação)
Nº Autor Título Ano Instituição
13 Elzimar Pereira Nascimento
O espaço escolar na elaboração do conhecimento pelo aluno camponês: o caso da Escola Família Agrícola de Porto Nacional, Tocantins
2000 UCB-Brasília
14 Flávio Moreira
Formação e práxis dos professores em Escolas Comunitárias Rurais: por uma Pedagogia da Alternância
2000 UFES
15 Milton Nunes Toledo
Processo de gestão das Escolas Agrotécnicas Federais e das Escolas Famílias Agrícolas: uma análise sistêmica
2000 UCB-Brasília
16 Maria Lúcia Lemos Haygert
De pai para filho: tecendo um novo território familiar
2000 UFSC
17 João Maria de Andrades
Casa Familiar Rural de Barracão e Santo Antônio do Sudoeste no contexto dos movimentos sociais do sudoeste do Paraná
2000 UFPel-RS
18 Diogo Joel Demarco
Uma análise do projeto escola do campo: Casa Familiar Rural como iniciativa de profissionalização e escolarização de jovens rurais do Estado do Paraná
2001 USP
19 Rogério Caliari
Pedagogia da Alternância e desenvolvimento local
2002 UFLavras-MG 20 Rosemary
Trabold Nicácio
A Pedagogia da Alternância na visão dos alunos de assentamentos: um estudo da Pedagogia da Alternância implantada em uma Escola Agrícola do Estado de São Paulo
2002 PUC-SP
21 Deisy Maria Radichewski
da Luz
Casa Familiar Rural em Santa Catarina: contribuições no encaminhamento da proposta
2002 UFSC
22 Ana Pereira Negri Muta
Agricultor Técnico X Técnico Agrícola: os desafios da educação rural na Escola Família Agrícola de Porto Nacional
2002 UFG
23 Sandra Raimundo de
Moura Amaral
A Escola Família Agrícola e o desenvolvimento comunitário profissional: um estudo da Escola de Olivânia, Anchieta/ES (1979-2000)
2002 UNB
24 Dimas de Oliveira Estevam
Casa Familiar Rural: a formação com base na Pedagogia da Alternância
2002 UFSC
25 Marizete Fonseca da
Silva
Pensar o trabalho é pensar a vida: as dimensões da formação na Pedagogia da Alternância da Escola Família Agrícola de Marabá 2003 UFPA 26 Rosimere Peruzzo Morel Minussi
A educação de jovens e adultos através da Pedagogia de Alternância no extremo sul catarinense
2003 UFSM
27 Terezinha Sandri
Pedagogia da Alternância e desenvolvimento rural: um estudo sobre a Casa Familiar Rural de Reserva – Paraná
Quadro 4 – Dissertações de Mestrado sobre a Pedagogia da Alternância no Brasil, no período 1977-2010
(conclusão)
Nº Autor Título Ano Instituição
29 Claudir José Rubenich
Avaliação da eficiência da Escola Família Agrícola – COAAMS no desenvolvimento da comunidade rural
2004 UCDB/MS
28 Elianeide Nascimento
Lima
A participação dos pais na Pedagogia da Alternância: a Escola-Família Agrícola Bontempo
2004 UF-São Carlos
30 Nelbi Alves da Cruz
Pedagogia da Alternância: (re)significando a relação pais-monitores no cotidiano da Escola Comunitária Municipal de Jaguaré/ES
2004 UFES
31 Marinely Santos Magalhães
Escola Família Agrícola: uma escola em movimento 2004 UFES 32 Sandra Regina Magalhães de Araújo
Escola para o trabalho, escola para a vida: o caso da Escola Família Agrícola de Angical - Bahia
2005 UNEB
33 Ana Lídia Cardoso do Nascimento
Escolas – Família Agrícola e Agroextrativista do Estado do Amapá: práticas e significados 2005 UFPA 34 Sonilda Sampaio Santos Pereira
Relações educacionais entre famílias rurais e escola: um estudo na Escola Estadual Taylor- Egídio em Jaguaquara - Bahia
2005 UCSalvador
35 Claudemiro Godoy do Nascimento
A educação camponesa como espaço de resistência e recriação da cultura: um estudo sobre as concepções e práticas educativas da Escola Família Agrícola de Goiás – EFAGO
2005 Unicamp
36 Janinha Gerke de
Jesus
Saberes e formação de professores na Pedagogia da Alternância
2007 UFES
37 Sebastião Ferreira
Educação ambiental e Educação do Campo na produção de novas racionalidades diante da cultura globalizada
2010 UFES
Fonte: Queiroz (2009). Documento eletrônico enviado após solicitação. Atualizado pelo autor.
Quadro 5 – Teses de Doutorado sobre a Pedagogia da Alternância no Brasil, no período 1998-2009
(continua)
Nº Autor Título Ano Instituição
01
Antúlio José de Azevedo
A Formação de Técnicos Agropecuários em Alternância no Estado de São Paulo: uma proposta educacional inovadora 1998 UEP Júlio de Mesquita 02 Lourdes Helena da Silva
As representações sociais da relação educativa escola-família no universo das experiências brasileiras de formação em alternância
2000 PUC-SP
03 Cláudia de Souza Passador
Um estudo do projeto escola do campo – Casa Familiar Rural (1900-2002) do Estado do Paraná
Quadro 5 – Teses de Doutorado sobre a Pedagogia da Alternância no Brasil, no período 1998-2009
(conclusão)
Nº Autor Título Ano Instituição
04 Ana Paula Pacheco
Chaves
Educação e desenvolvimento social: uma análise de sua relação em três experiências de Pedagogia da Alternância 2004 UNESP Marília 05 João Batista Pereira de Queiroz
Construção das Escolas Famílias Agrícolas no Brasil: Ensino Médio e Educação Profissional
2004 UnB
06 Neila Reis Correia Santos
Educação do Campo e Alternância: Reflexões sobre uma experiência na Transamazônica - Pará
2006 UFRN
07 Paulo Lucas Silva
Mínima Moralia e Educação: reflexões sobre a formação humana na educação rural
2006 UFMG
08 Ludmila Oliveira Holanda Cavalcante
A Escola Família Agrícola do Sertão: entre os percursos sociais, trajetórias pessoais e implicações
ambientais
2007 UFBa
09 João Assis Rodrigues
Práticas discursivas de reprodução e diferenciação na Pedagogia da Alternância
2008 UFES
10 Flávio Moreira
O religioso e o político no processo de implantação e permanência da Pedagogia da Alternância: uma análise histórica dessas relações nas Escolas Famílias Agrícolas do MEPES no norte do Espírito Santo
2009 UFES
11 Dimas de Oliveira Estevam
Os significados sociais e políticos da formação por Alternância: um “Estudo de Caso” em duas experiências no Estado de Santa Catarina
2009 UFSC
Fonte: Queiroz (2009). Documento eletrônico enviado após solicitação. Atualizado pelo autor.
No levantamento realizado no Portal de teses e dissertações da Capes e em informações obtidas no Centro de Formação e Reflexão do Mepes, encontramos, entre 2002 a 2004, uma tese de Doutorado e três dissertações de Mestrado, produzidas fora do âmbito do Programa de Pós-Graduação da Ufes, abordando especificamente a temática: Escola Família Agrícola de Olivânia. Nesse levantamento, identificamos a dissertação de Amaral (2002), intitulada: “A Escola Família Agrícola e o desenvolvimento comunitário profissional: um estudo da Escola de Olivânia, Anchieta, ES. (1979-2000)”; e a de Zamberlan (2004) com o título: “O lugar da família na vida institucional da escola-família: participação e relação do poder”. Este trabalho constrói uma trajetória de encontro a uma análise sobre a importância da participação da família camponesa na dinâmica da Pedagogia da Alternância. Relacionamos a dissertação de Martins (2004), que tem como título: “La meta-avaliación: proceso de la avaliación institucional de la Escuela Família Agrícola”, defendida no Instituto Pedagogico Latinoamericano Y Caribeño/Havana, e
a tese de Queiroz (2004), intitulada: “Construção das Escolas Famílias Agrícolas no Brasil: Ensino Médio e Educação Profissional”.
O trabalho defendido por Amaral (2002), intitulado: “A Escola Família Agrícola e o desenvolvimento comunitário profissional: um estudo da Escola de Olivânia, Anchieta, ES (1979-2000)”, foi pioneiro em apresentar um estudo detalhado sobre a Escola Família Agrícola de Olivânia no âmbito acadêmico.
Parte de uma questão de fundo: “Em que medida as Escolas Famílias Agrícolas influenciaram e/ou influenciam a atuação profissional comunitária de seus egressos?”. Responde a essa questão nos quatro capítulos de sua dissertação. Para obter essa resposta, a autora, inicialmente, investigou a organização didática pedagógica, os projetos de pesquisa e influência da escola no desenvolvimento comunitário e profissional das comunidades camponesas por intermédio dos egressos do Curso Técnico em Agropecuária, residentes no município de Anchieta. Reconstrói, por meio de suas pesquisas, a trajetória histórica da escola, a partir de estudos realizados, da recuperação das memórias dos coletivos associados ao exercício da pesquisa documental. Constatou transformações nas relações de trabalho dos egressos, bem como em suas comunidades de origem.
Inicia suas reflexões teóricas apresentando o contexto histórico da Educação do Campo no Brasil e no Estado do Espírito Santo. Para analisar essa conjuntura histórica, utiliza, como referencial, os trabalhos de Maria Julieta Costa Calazans,62 João Batista Pereira Queiroz63 e Maria Luisa Ribeiro.64 Em seguida, utilizando o trabalho de José Maria Coutinho,65 recupera a história da educação jesuítica em terras capixabas, finalizando com uma análise sobre o significado das experiências em alternância que surgem no Estado com uma proposta de se constituir em uma ação transformadora de hábitos e do nível de consciência das populações camponesas.
62
CALAZANS, Maria Julieta Costa. In: Therrier, Jaques; Damasceno, Maria Nobre (Coord.) Educação e escola no campo. Campinas: Papirus, 1993.
63
QUEIROZ, João Batista Pereira. O processo de implantação da Escola Família Agrícola de Goiás. 1997. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1997.
64
RIBEIRO, Maria Luisa. História da educação brasileira. 15. ed. Campinas: Autores Associados, 1998.
65
COUTINHO, José Maria. Uma história da educação no Espírito Santo. Vitória: Departamento Estadual de Cultura, 1993.
Prosseguindo, apresenta as origens históricas da Pedagogia da Alternância na França e a sua chegada ao Brasil. É nos trabalhos de Paulo Nosella,66 Regina Lúcia Gianordoli67 e Lourdes Helena da Silva68 que a autora encontra a argumentação para apresentar o percurso histórico da Pedagogia da Alternância, focalizando seu surgimento na França, em 1935, sua expansão por diferentes países até a sua chegada ao Brasil, em 1969, no ápice de uma conjuntura política de restrição violenta às liberdades organizacionais e individuais.
Ao descrever a situação do campesinato capixaba nesse momento de comprovada expansão de um modelo de desenvolvimento que privilegiava o grande capital, o latifúndio e a produção agroexportadora, a autora nos remete a um projeto que surge da sensibilidade social de religiosos jesuíticos sensíveis com as aspirações populares que se manifestam contrárias ao modelo de desenvolvimento excludente vigente no Estado militar brasileiro.
Situa a ação do Mepes como espaço organizacional e com o objetivo principal de possibilitar a promoção do homem. Para isso, utiliza a pesquisa documental, a história oral e as análises socio-históricas para expor as ações do Mepes e a importância das Escolas Famílias Agrícolas para o desenvolvimento do modo de produção camponês simultâneo à preservação da sua cultura.
A pesquisa se caracteriza como qualitativa e, em vista dessa metodologia, a autora trata os dados coletados de maneira descritiva, quando caracteriza os sujeitos de sua pesquisa; e interpretativa quando analisa suas respostas, relacionando-as com o objeto de sua investigação. Para os procedimentos de coleta de dados, a autora utilizou: levantamento documental, entrevistas, questionários e relatos de história de vida.
66
NOSELLA, Paolo. A escola em Gramsci. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1992.
______. Uma nova escola para o meio rural. 1977. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1977.
67
GIANORDOLI, Regina Lúcia. Nova perspectiva para a educação rural: pedagogia da alternância. 1980. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1980.
68
SILVA, Lourdes Helena. As representações sociais da relação educativa escola-família no universo das experiências brasileiras de formação em alternância. 2000. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2000.
As análises documentais colaboraram para identificar as questões sobre o objeto em estudo, definir as demais fontes de coleta de dados e se constituíram em complementação das informações obtidas pelas demais técnicas utilizadas.
As entrevistas nesse trabalho assumiram uma forma semiestruturada, realizadas com o Secretário Executivo da Unefab. No Mepes, foram entrevistados o secretário executivo e geral, a coordenadora e assessora do Departamento de Administração Escolar e o coordenador do Departamento de Ação Social. Na Escola Família Agrícola de Olivânia, foram entrevistados o coordenador-geral, os monitores, a secretária e os alternates. Foram entrevistados também alunos egressos do Curso Técnico em Agropecuária. Pais dos educandos egressos completam o número de entrevistados. Totalizaram 21 entrevistas realizadas.
Os questionários com 26 perguntas foram divididas em quatro segmentos: dados pessoais, formação escolar, vida escolar e vida profissional. Foram distribuídos para os egressos da Escola Família Agrícola de Olivânia do período delimitado entre 1979 e 2000 e que habitavam no município de Anchieta.
Os resultados obtidos com as pesquisas das histórias de vida dos entrevistados estão presentes nesse trabalho e podem ser percebidos pela riqueza dos detalhes nos depoimentos e pela fidelidade com que a autora se apropriou das informações e as transformou em um relato que privilegia experiências, referências e interpretações de um mundo vivido pelos entrevistados.
As conclusões a que a autora chegou mostram um campesinato consciente de sua importância no processo de compreender, organizar-se e transformar a realidade em que vive, quando assim lhe convier. Finaliza apresentando seis temas com que a Escola Família Agrícola de Olivânia tem colaborado para a conscientização e valorização da lógica camponesa: a escola representa uma alternativa viável e comprometida com a escolarização da juventude camponesa; a escola é vista como agente gerador de mudanças na família e na comunidade camponesa; a escola demonstra um permanente compromisso com o desenvolvimento sustentável comunitário e do meio; a escola desenvolve ações de valorização da família e das relações familiares; a escola tem uma preocupação marcante com a promoção integral do jovem camponês; e a escola investe na importância histórica do Mepes.
A dissertação de Zamberlan (2004), que tem como espaço de pesquisa a Escola Família Agrícola de Olivânia, é intitulada: “O lugar da família na vida institucional da Escola-Família: participação e relações de poder”. Suas análises objetivam trazer à tona resposta para algumas questões: quais são os obstáculos e motivações que interferem na participação das famílias na Escola Família e na Associação? Que tipo de relações de poder interagem entre as duas instâncias e com a entidade mantenedora da Escola Família Agrícola de Olivânia?
Em pesquisa concluída em 2003, parte da questão participativa e das relações de poder na Escola Família Agrícola de Olivânia. Essas relações foram analisadas à luz das teorias de Pedro Demo,69 Juan E. Díaz Bordenave70 e Michel Malivernay.71
Na questão metodológica, adota uma abordagem qualitativa e desenvolve pesquisas documentais, com aplicação de questionários as 29 famílias selecionadas para uma melhor coleta dos dados. Assim, o trabalho constitui-se em um “Estudo de Caso”. Para a análise dos dados, adota uma abordagem sócio-histórico-antropológica,