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As rádios universitárias brasileiras estão inseridas nas instituições de ensino superior de formas diversas e apresentam variadas experiências de gestão.

Metade das emissoras informou contar com uma gestão institucional, ou seja, uma administração profissionalizada, com equipe própria. Já 18,2% se apoiam

que os estudantes desempenham papel-chave. As demais 31,8% adotam modelos mistos, com estruturas que combinam administração profissional e estruturas autogestionárias, em que estudantes das IES a que estão vinculadas respondem por programas ou horários específicos.

A vinculação às IES se dá de múltiplas formas. A maioria se subordina diretamente à Reitoria, às estruturas de Assessoria de Comunicação Social das universidades ou a fundações mantenedoras. Raras são as emissoras que se inserem em núcleos com posição de destaque nos organogramas das IES. É o caso, por exemplo, da mais antiga rádio universitária em operação, a Rádio da Universidade5,

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, subordinada ao Centro de Teledifusão Educativa da UFRGS, e também das Rádios Universitária AM e FM, da Universidade Federal de Pernambuco, que integram o Núcleo de Televisão e Rádios Universitárias da UFPE6.

Apenas nove rádios universitárias que responderam ao questionário estão vinculadas diretamente a unidades acadêmicas, como faculdades de Comunicação, ou a departamentos, especificamente de Comunicação, Jornalismo ou Produção Multimídia. Destas, a maioria é de web rádios. Só duas – Rádio FURB, da Universidade de Blumenau, de Blumenau (SC), e Rádio FAG FM, da Faculdade Sul Brasil, de Toledo (PR) – operam em FM.

Ainda que não estejam vinculadas a unidades acadêmicas, as emissoras que responderam ao questionário informaram contar com a supervisão de professores nas atividades desenvolvidas – a maioria da área de Comunicação (em geral, Jornalismo, e ocasionalmente Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet e Produção Multimídia), mas também foram relatadas interfaces com docentes de

5 A Rádio da Universidade AM informa ter iniciado suas operações oficialmente em 1957, mas já transmitia, em ondas curtas, desde 1951, sem autorização governamental, tendo passado um período de mais de três anos fora do ar. A Rádio Gazeta, vinculada hoje à Fundação Cásper Líbero, é mais antiga, de 1947, mas operava como emissora comercial até os anos 2000, quando passou a ser subordinada à pioneira escola paulistana de Jornalismo.

6 No fim de 2018, a Universitária AM foi rebatizada como Rádio Paulo Freire, em homenagem ao educador que foi um de seus idealizadores, passando a ser gerida pelo Departamento de Comunicação. Disponível em: https://www.ufpe.br/agencia/noticias/-/asset_publisher/ VQX2pzmP0mP4/content/id/1801079. Último acesso: 10/12/2018.

cursos de Administração, Ciências da Computação, Direito, Engenharia Eletrônica, História, Letras, Música, Pedagogia e Química, responsáveis por programetes, boletins ou comentários. Em muitos casos, no entanto, há um único professor com dedicação integral às atividades, geralmente o coordenador da emissora. Raras são as que envolvem diversos professores supervisionando profissionais e estagiários, com ou sem bolsa.

Uma exceção é a Rádio UFMG Educativa, da Universidade Federal de Minas Gerais, de Belo Horizonte (MG), onde há 30 programetes produzidos sob responsabilidade de professores de diferentes áreas de conhecimento, além da participação de professores do Departamento de Comunicação Social (cursos de Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas) na orientação de atividades desenvolvidas pelos estudantes bolsistas.

A maioria apresenta equipe insuficiente para dar conta de um mínimo de produção própria de conteúdo. Poucas têm quadro de funcionários estáveis para desempenhar as diversas funções características de uma emissora. Entre elas, destacam-se:

• A Rádio Universidade FM, vinculada à Fundação Sousândrade, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA, campus São Luís), que emprega 30 pessoas;

• A Rádio Unesp FM, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp, campus Bauru), que conta com 23 servidores concursados (cinco operadores de áudio, cinco jornalistas, quatro locutores, três produtores, dois discotecários-programadores, dois técnicos em manutenção eletrônica e dois funcionários administrativos);

• A UEL FM, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), com 20 servidores concursados;

• A UFMG Educativa, com 18 funcionários (incluindo oito jornalistas, três locutores, três técnicos de áudio e dois programadores musicais),

• A Rádio Universidade AM, vinculada à Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), de Santa Maria (RS), com 17 estatutários (quatro jornalistas, um diretor de programa, um diretor de som, três programadores, seis sonoplastas, um técnico em audiovisual e um locutor – equipe compartilhada com a recém-instalada UniFM, inaugurada em dezembro de 2017);

• A UCS FM, da Fundação Universidade Caxias do Sul, com 16 funcionários (que respondem, contudo, por três frequências em diferentes cidades gaúchas – Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Vacaria);

• E a Rádio Educativa UFMS, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, em Campo Grande (MS), com 15 funcionários (quase todos terceirizados, exceto um locutor e um técnico cedidos pelo governo estadual).

Chama a atenção o grande número de emissoras que têm apenas um ou dois funcionários, geralmente técnicos de áudio e, às vezes, programadores musicais. Na maioria das web rádios, de gestão voluntarista, não há um único funcionário ou a equipe se limita aos técnicos de áudio dos laboratórios que já auxiliam as atividades didáticas relacionadas às disciplinas de rádio dos cursos de Comunicação. Estas emissoras só se mantêm graças a softwares de automação, que permitem a veiculação de programação pré-gravada e/ou formada por playlists editadas em computador, com janelas para ocasionais entradas ao vivo.

A remuneração média das equipes fica entre quatro e cinco salários mínimos em 39,5% das emissoras que responderam ao questionário e entre dois e três salários em 36,8%. Em apenas 13,2% – curiosamente, todas vinculadas a universidades públicas estaduais –, a média salarial fica acima de seis salários mínimos. Na outra ponta, em 10,5% (quatro emissoras, de controle privado ou confessional), a média é de até dois salários mínimos.

Na maioria das emissoras, não há um processo de escolha dos gestores, e sim uma indicação pelas Reitorias ou pela direção das unidades a que estão vinculadas.

Em muitas, há mandatos de três ou quatro anos para o gestor, coincidindo com os dos reitores, o que explicita que o comando de rádios universitárias tem um caráter de cargo de estrita confiança. Em web rádios vinculadas a cursos ou departamentos, em geral a escolha é feita pela diretoria da unidade ou consiste em sistema de rodízio, envolvendo os docentes diretamente vinculados às disciplinas de rádio. Apenas duas emissoras, a UCS FM e a Rádio UPF – da Universidade de Passo Fundo, instituição comunitária da cidade gaúcha de mesmo nome –, relataram que a escolha dos gestores ocorre por meio de processos seletivos comandados pelo setor de Recursos Humanos, com análise de currículos e projetos dos candidatos.

Não há clareza, também, em relação à dotação orçamentária das emissoras, já que os repasses são, em geral, feitos através de fundações ou núcleos que respondem por outras atividades (TV universitária, assessoria de imprensa, jornal, comunicação interna). Além disso, na maioria dos casos, os respondentes desconsideraram folha de pagamento como um dos itens orçamentários, limitando-se a informar as verbas para custeio, recolhimento de direitos autorais ao Escritório Central de Arrecadação de Direitos (Ecad) ou aquisição de equipamentos. Ainda que os dados sejam pouco transparentes, cabe assinalar que os maiores orçamentos anuais foram reportados pela Rádio UPF (entre R$ 500 mil e R$ 550 mil – valores referentes às cinco emissoras mantidas pela Universidade de Passo Fundo nos municípios gaúchos de Passo Fundo, Carazinho, Soledade, Palmeira das Missões e Sarandi), pela Rádio Unesp (R$ 168 mil), pela Rádio Unidavi FM, da Universidade do Alto do Vale do Itajaí (R$ 160 mil) e pela Rádio Universitária FM, da UFPE (R$ 100 mil). A maioria das web rádios instaladas em unidades acadêmicas não tem qualquer orçamento, dependendo às vezes de recursos próprios de professores para custeio, desde itens básicos de papelaria até provedor de acesso à internet.

Quase todas as emissoras AM/FM são outorgas de radiodifusão educativa e, portanto, não têm autorização legal para captar publicidade. A única forma alternativa de financiamento é o chamado apoio cultural. Ainda assim, a maioria

essa fonte de receita é vedada pelas procuradorias ou departamentos jurídicos das instituições. Uma notável exceção é a Rádio Educadora UESC FM, da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus (BA), que reportou uma arrecadação de aproximadamente R$ 150 mil em apoios culturais ao longo do ano de 2016, fruto de iniciativas inovadoras envolvendo a realização de eventos. Apenas outras quatro emissoras relataram ter percentuais expressivos – de 60% (Rádio UPF) e 70% (Rádio FAG FM) até 100% (Rádio UCS FM e Rádio Universidade FM, da UFMA) – de seus orçamentos custeados por publicidade (caso das emissoras que não têm outorga educativa, e sim comercial) ou apoio cultural.

Considerando as dificuldades em termos de infraestrutura, detectadas durante a análise das respostas ao questionário, não surpreende que poucas emissoras tenham relatado a existência de planejamento estratégico. Apenas a Rádio da Universidade, da UFRGS, a Rádio USP, a Rádio UEL, a Rádio Unisinos, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS), a Rádio UESC, a UCS FM e a Frispitrádio, web rádio do curso de Comunicação Social da UCS, informaram contar com planejamentos estratégicos, formulados anualmente – ou a cada seis meses, no caso da Frispitrádio.

Na Rádio da Universidade, da UFRGS, os principais pontos do planejamento vigente por ocasião da resposta ao questionário envolviam a migração para FM, a acessibilidade do prédio dos estúdios e a reforma da casa que abriga os transmissores. Na Rádio UEL, o Plano de Ações anuais e plurianuais, elaborado pelo diretor geral e pelo diretor de programação, e aprovado pelo Conselho Diretor e Editorial, abrangia a modernização da estrutura e equipamentos, aumento do número de colaboradores e participação da comunidade na programação, bem como o aperfeiçoamento da qualidade dos programas e dos serviços prestados aos ouvintes. Na Rádio Unisinos, vinculada a uma IES confessional, o planejamento se dividia em três eixos: conteúdo, tecnologia e relacionamento com o mercado. O foco era aumentar a presença digital, com novos produtos – a emissora lançou aplicativo nas lojas Apple Store e Google

Play –, e a promoção de eventos, próprios ou de parceiros. Já na Rádio UESC, as metas envolvem:

Atualizar a grade de programação criando novos produtos; vincular-se mais estreitamente aos movimentos sociais e grupos culturais e artistas da região; promover oficinas de formação de público e de produção alternativa em rádio para comunidades e grupos e movimentos intra e extra-universidade; promover e realizar oficinas para instalação de emissoras comunitárias em comunidades e de rádio-corredor nas escolas de segundo grau da região; realizar o Programa Rádio UESC nas Quebradas mensalmente e em comunidades regionais; realizar o 2º Festival Universitário de Música da Rádio UESC, em dezembro.

A UFMG Educativa e a Rádio Mackenzie informaram estar preparando seus documentos. Num movimento para discutir o planejamento estratégico da UFMG Educativa, o Centro de Comunicação (Cedecom, ao qual a emissora está vincula- da) promoveu, em dezembro de 2017, o I Colóquio Universidade e Comunicação Pública: Mídias Sonoras, com a participação de representantes de diversas rádios universitárias. O evento possibilitou o debate de temas como os critérios de formu- lação de programação, a importância de chamadas públicas periódicas para propo- sição de programas, a interlocução entre universidade e sociedade, a participação da audiência e o papel da radiodifusão universitária – entendida como integrante do campo público – na oferta de alternativas de comunicação e na divulgação científica e tecnológica.

Na Rádio Educativa UFMS, a discussão sobre planejamento estratégico, infelizmente, foi paralisada após mudança na administração da universidade.

Os principais desafios apontados pelos respondentes do questionário podem ser resumidos à demanda por mais recursos humanos e investimentos e à busca por sustentabilidade. Com as políticas de restrição orçamentária enfrentadas pela maioria das universidades, sobretudo nas públicas estaduais, há dificuldades para modernizar equipamentos de estúdios e transmissores e até para repor funcionários

• A necessidade de maior aproximação com as comunidades com as quais as emissoras se relacionam e com a própria universidade,

• A atração de mais estudantes colaboradores,

• A constituição de um espaço de incentivo ao aprendizado, para a divulgação científica e para promoção de eventos nas áreas de cultura e cidadania,

• O aumento da presença em plataformas digitais e

• A ampliação da audiência, para que as rádios universitárias se tornem atores relevantes em nível local e regional.

As rádios universitárias lutam também por maior institucionalização. Poucas são as que contam com conselho curador, deliberativo ou consultivo e, quando eles existem, suas estruturas são as mais diversas, mas nem sempre funcionais.

Muitos conselhos são inspirados pela Lei 11.652, de 7 de abril de 2008, que criou a EBC e previa a existência de uma diretoria executiva e de conselhos de administração, fiscal e curador para gerir a holding de comunicação pública. Diversas emissoras universitárias copiaram o modelo, até para atender a contratos de parceria, que impunham a existência de conselho curador e ouvidoria.

O cenário mudou quando o conselho curador da EBC foi sumariamente dissolvido pela Medida Provisória 744, de 2016, uma das primeiras assinadas pelo então presidente Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff – uma evidência do incômodo que um órgão independente, com forte participação da sociedade civil organizada, causava aos grupos políticos que articularam a deposição da ex-presidente. Posteriormente, através da Lei 13.417, de 2017, parte ínfima das atribuições do conselho curador foi restabelecida, mas com nova roupagem: a de comitê editorial e de programação. Contudo, funções como “deliberar sobre as diretrizes educativas, artísticas, culturais e informativas integrantes da política de comunicação propostas pela Diretoria Executiva da EBC” e “deliberar sobre a linha editorial de produção e programação proposta pela Diretoria Executiva da EBC e

manifestar-se sobre sua aplicação prática” permaneceram revogadas no novo marco regulatório7.

Na Rádio Unesp, o conselho é composto por 19 membros, mas não há periodicidade estabelecida para os encontros. Na Rádio Unisinos, há um Conselho Curador e um Conselho de Programação, formados por integrantes da reitoria, professores e membros externos, que se reúnem duas vezes por ano, além de um Conselho Fiscal, que se reúne trimestralmente. Na Rádio Universitária FM, da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa (MG), existem um Conselho Fiscal e um Conselho Deliberativo, ambos com reuniões semestrais. Na Rádio UFSCar, da Universidade Federal de São Carlos (SP), o Conselho Consultivo é composto por membros da fundação mantenedora da emissora e da UFSCar, reunindo-se pelo menos duas vezes a cada semestre. Na Rádio Unoesc, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, em Joaçaba (SC), há apenas um Conselho de Programação, composto pelo reitor, pelo diretor executivo da emissora, pelo vice-diretor, pelo coordenador de programação e por um técnico.

Já na Rádio UEL, o Conselho Diretor e Editorial tem caráter deliberativo e é formado por 17 integrantes: reitora (eleita pela comunidade universitária); diretor geral da emissora (nomeado pela reitora); diretora (eleita pela comunidade) do Centro de Estudos de Educação, Comunicação e Artes (CECA, ao qual a emissora é ligada); seis professores representantes dos seis departamentos de todos os cursos de graduação do CECA; dois representantes (um estudante e um professor) do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE); um estudante representante dos discentes do CECA; um representante da Coordenadoria de Comunicação Social da Universidade; um representante dos funcionários da rádio; e três representantes da comunidade londrinense – um da Secretaria Municipal de Cultura; um do Núcleo Regional de Educação; e um do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. A reunião ordinária (para discussão e aprovação do Relatório de Atividades e Plano de Ações) é anual; mas outras extraordinárias podem ocorrer.

Em algumas instituições, a formação de conselhos está em andamento. A Universitária FM, da UFPE, aguardava a aprovação de proposta de criação de um Conselho Curador entregue à Reitoria e formulada por um comitê com maioria da sociedade civil, que atuou entre 2014 e 2015.

Houve, contudo, retrocessos em alguns casos. Na Rádio Educativa UFMS, o grupo de trabalho constituído para se converter em Conselho Consultivo foi desarticulado seis meses após a implantação da emissora, quando um novo reitor assumiu e mudou todos os cargos administrativos. A última reunião do GT ocorreu em novembro de 2016.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos dados ainda está em andamento e esperamos ampliar ainda mais o universo de respondentes. Mesmo assim, já é possível identificar alguns traços característicos da radiofonia universitária no Brasil em termos de gestão.

As rádios vinculadas a instituições de ensino superior carecem de infraestrutura em todos os níveis – estúdios, equipamentos de gravação, salas de redação e produção, transmissores – e de mão de obra qualificada. A interface com unidades acadêmicas, sobretudo da área de Comunicação, é fundamental para a dinâmica produtiva destas emissoras, mas não elimina ou minimiza a necessidade de profissionais de locução, programação, técnicos de áudio, de manutenção eletrônica, web designers etc. O processo de ensino-aprendizagem envolve a prática e, quando esta ocorre em estúdios de emissoras universitárias, os estudantes se capacitam mais, responsabilizando-se pelo resultado do trabalho desenvolvido, que repercute não só no ambiente acadêmico, mas também extramuros. Há, no entanto, uma forte sazonalidade na produção discente, geralmente atrelada ao calendário acadêmico, o que coloca um desafio para a manutenção das emissoras durante as férias e o início dos períodos letivos, quando os estudantes ainda estão em processo de capacitação.

Além disso, muitas emissoras, paradoxalmente, apresentam interlocução limitada com unidades acadêmicas, mesmo na área de Comunicação. A interface entre rádio universitária e produção laboratorial realizada no âmbito de disciplinas das grades curriculares depende, em larga medida, das relações interpessoais e das estruturas administrativas.

Causa preocupação a existência de emissoras em instituições públicas ou em fundações a elas vinculadas que dependem fortemente de funcionários terceirizados. Situações de restrição orçamentária podem, com isso, levar à descontinuidade de projetos, com prejuízos à comunicação entre as universidades e seus públicos de interesse, além de afetar toda a comunidade em que estão inseridas, na medida em que as rádios universitárias, potencialmente, oferecem alternativas de informação e promovem as culturas e as cenas artísticas locais e regionais.

Emissoras com equipes reduzidas ou geridas de forma voluntarista podem ter apelo junto ao corpo discente, convocado a ocupar espaços, mas correm o risco de não atingir seus propósitos educativos e de comunicação institucional das universidades. Com pouca programação ao vivo e altos índices de automação, as rádios universitárias concorrem não apenas com as demais emissoras, mas também com as playlists disponíveis nos muitos serviços de streaming. É preciso explorar mais as possibilidades da radiodifusão universitária como espaço híbrido, que atende tanto ao processo de ensino-aprendizagem na área de Comunicação quanto à divulgação científica e tecnológica, à interlocução entre as instituições de ensino superior e a sociedade e à democratização da comunicação.

Os dados levantados através deste questionário online reforçam a importância de uma articulação para o reconhecimento legal do campo da radiodifusão universitária, contemplando sua diversidade e fomentando o intercâmbio de experiências e o compartilhamento de conteúdos de caráter educativo e informativo, potencializando sua circulação.

em Curitiba (PR), em setembro de 2017, foi realizado o Fórum de Rádios e TVs Universitárias, ao fim do qual foi lançado um manifesto para criação da Rede de Rádios Universitárias do Brasil (RUBRA). A iniciativa contou com a adesão imediata de 35 emissoras AM e FM, web rádios e núcleos universitários de produção radiofônica, além de 23 pesquisadores de rádio e mídia sonora. Uma das frentes de organização da RUBRA é justamente o levantamento de informações sobre o campo do rádio universitário no país, o que possibilitará balizar futuras políticas públicas, como políticas de incentivo fiscal e de fomento à produção radiofônica informativa de caráter qualificado.

Ao final do II Fórum de Rádios e TVs Universitárias, também promovido pela Intercom e realizado em Joinville (SC), em setembro de 2018, foi divulgada uma carta – apoiada por dezenas de entidades8 e grupos de pesquisa – abordando “a

necessidade de uma nova regulação da radiodifusão, atendendo às especificidades das emissoras de rádio e TV de caráter universitário, considerando seu papel na democratização da informação, bem como na formação profissional, sobretudo nas áreas de Comunicação, Educação e Engenharia”.

Segundo o documento, esta regulação deveria contemplar “incentivos fiscais e linhas de financiamento (por meio de editais de fomento, entre outras modalidades) de modo a viabilizar a modernização de equipamentos de produção