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Distribuição espacial dos resultados das análises químicas Na maioria dos pontos de sondagem com equipamento Geoprobe, os

Foto 24 – Frascos plásticos (liners)

4.2.6. Distribuição espacial dos resultados das análises químicas Na maioria dos pontos de sondagem com equipamento Geoprobe, os

intervalos amostrados refletiram o comprimento dos liners (1,2m), mas foram separados em dois intervalos de 0,6m cada, para aumentar o detalhamento das análises. Nos casos em que havia horizontes diferentes, denotados principalmente pela variação de cor ou aspecto, estes também foram separados, como foi o caso dos pontos SG-5, SG-8, SG-10, SG-12, SG-13, SG-14 e SG-16.

Este procedimento permitiu a individualização de verdadeiros níveis mais contaminados, sendo que, em alguns casos, havia nítida presença de resíduos industriais, de coloração lilás ou acinzentada, daí a denominação de “corpo lilás” e “corpo cinza”.

Quanto às sondagens a trado, as amostragens também refletiram variações de horizontes (aspecto, cor etc.), mas sendo necessariamente amostrados os intervalos mais superficiais, de 0 a 0,3m e 0,3m a 0,6m. Abaixo, foram amostrados intervalos de 0,6m, ou em maior detalhe, quando havia variação do aspecto ou cor.

De forma geral, as amostragens avançaram em profundidade até encontrar o pacote mais resistente, de rochas pelíticas da Formação Corumbataí. No caso daquelas efetuadas com equipamento Geoprobe, foi possível penetrar inclusive nestas rochas, centimétrica a decimetricamente, para se verificar se houve migração vertical dos contaminantes a partir do pacote de solo/sedimentos sobrejacente.

A distribuição espacial dos resultados das análises de solo foi efetuada através de representações 2D (mapas de isoteores; perfis de solo com a variação de teores dos contaminantes etc.) e 3D.

Os teores foram inicialmente analisados quanto a sua distribuição espacial através de uma visualização expedita, efetuada com a construção de mapas

de isoteores com o software SURFER versão 7.0, da Golden Software, usado na empresa GEO-INF.

Utilizou-se o método de ponderação pelo inverso do quadrado da distância - IQD, dado pela fórmula:

= = = n i i n i i i d d g g teor 1 2 1 2 1 ) ( (1) onde: i

g = teor médio de determinado elemento, em mg/kg, no ponto i;

i

d = distância entre os pontos i e i+n.

Na confecção dos mapas de isoteores, foram utilizados como condição de contorno dos arredores da área de detalhe, os Valores de Referência de Qualidade da CETESB para o caso do Pb, Cd e Zn, à época pela listagem de CETESB (2001a), ou seja, 17mg/kg, <0,5mg/kg (neste caso, utilizou-se 0,5mg/kg) e 60mg/kg, respectivamente.

Para entrada de dados dos mapas de isoteores médios, foi efetuada a média ponderada de cada um dos elementos (Pb, Cd, Zn, B) em relação aos intervalos amostrados em cada um dos pontos de sondagem (Geoprobe ou trado), ou seja, uma composição de teores, dada pela seguinte fórmula:

i n i i i l g l g

= = 1 (2) onde: i

g = teor de determinado elemento, em mg/kg, do trecho amostrado;

i

l = comprimento do trecho amostrado.

Na confecção de mapas de isoteores máximos, considerou-se apenas o teor mais elevado encontrado em cada um dos pontos de sondagem, para cada

um dos elementos analisados. Independentemente à espessura dos horizontes ou intervalos amostrados, estes mapas são indicativos da localização das situações mais críticas, considerando-se as concentrações mais elevadas dos contaminantes na área de detalhe.

Para se efetuar a visualização espacial e a estimativa de volumes dos corpos contaminados, para fins de tomada de decisão sobre intervenções de remoção na área de detalhe, foi realizada cubagem dos teores dos contaminantes com uso do software de mineração GEMS, versão 6.0. Esta atividade foi realizada com auxílio da equipe técnica do escritório Brasileiro da GEMCOM Software International.

O software GEMS é uma suíte compartimentada em módulos, que proporcionam suporte para informações espaciais em ambiente 3D e modelagem computacional. As etapas de modelagem de superfícies e de tratamento tridimensional dos dados foram efetuadas com a utilização dos modelos gerados por DTM (Digital Terrane Model) e pela intersecção de

wireframes (corpos digitais triangularizados) (HOULDING, 1988).

A partir desses procedimentos e da inserção de limites arbitrários da área de estudos (área de detalhe e arredores), iniciou-se a análise e interpretação tridimensional dos resultados, com o uso das informações de superfície topográfica levantada, das sondagens (Geoprobe e trado) e do levantamento geofísico. Foram então separados dois pacotes principais: solo/sedimentos, potencialmente contaminados, e, abaixo, a camada de rocha pelítica (Formação Corumbataí).

Com a representação espacial dos dados de análises químicas (Pb, Cd, Zn e B), observou-se que o chumbo é principal contaminante da RLSG, possibilitando ser considerado como “contaminante guia” em amostragens e análises complementares.

Tendo em vista aplicações práticas de interesse, optou-se por individualizar as porções com teores mais elevados de chumbo em camadas espacialmente definidas, de modo a se quantificar seus volumes, áreas que

ocupam em subsuperfície (m2) e o volume de capeamento (solo e sedimentos não contaminados) existente por sobre elas.

A parametrização foi efetuada em função dos teores de chumbo e dos cenários de intervenção mais restritivos (APMáx e uso agrícola), segundo valores orientadores da CETESB vigentes à época das investigações, ou seja, porções com teores de chumbo acima de 200 mg/kg (CETESB, 2001a). 4.2.7. Demais levantamentos efetuados previamente à remoção Em complemento aos estudos de BONACIN SILVA (2001) e visando ao entendimento dos condicionantes hidrogeoquímico-ambientais da área de detalhe, previamente às obras de remoção, foram efetuadas as seguintes atividades:

• recuperação de parte da malha de poços de monitoramento de BONACIN SILVA (2001), leituras de profundidade de nível d’água e coleta de amostras de águas subterrâneas;

• execução de ensaios hidrogeológicos in situ e em laboratório;

• instalação de um conjunto de três lisímetros de sucção e cápsula porosa, para coleta de amostras de águas intersticiais da zona não saturada; • amostragem e análises químicas das amostras de água subterrânea; • sondagens e análises químicas complementares de solo;

• experimentos de extração seqüencial seletiva; e • testes toxicológicos.

Poços de monitoramento e avaliação hidrogeológica

Parte das investigações na área de detalhe, notadamente aquelas relacionadas às águas subterrâneas, foi interrompida ou teve que ser alterada devido à escavação de um canal provisório cortando a área de detalhe (Foto 6 – pág. 19) e desviando, temporariamente o curso do córrego Fazenda Itaqui. Essa intervenção não planejada foi efetuada erroneamente,

dentro das obras de alargamento e alteamento das margens do córrego Fazenda Itaqui (Foto 25), na época em andamento nas áreas I e II da RLSG (Figura 3 – pág. 8), e destruiu parte dos poços de monitoramento para fins de pesquisa, descontinuando esses estudos. Por outro lado, possibilitou a visualização de verdadeiros “horizontes” de resíduos coloridos no solo, nas margens deste canal (Fotos 26 a 29), que deram nome aos corpos 1 (lilás) e 2 (cinza).