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5 HETEROGENEIDADE E ENSINO NO CICLO DE

5.3 Diversidade de atividades e atividades diferenciadas

Um segundo elemento para lidar com a heterogeneidade que se fez presente nas pesquisas diz respeito à diversidade de atividades. Entendemos por diversidade de atividades os diferentes meios didáticos dos quais o docente pode/lançar mão para promover a aprendizagem de um conteúdo.

As professoras realizam outros tipos de atividades como a ―aula passeio‖ e a aula ―extraclasse‖. Atividades que são desenvolvidas nos arredores da escola ou em outros locais a fim de atingir alguns dos objetivos propostos por um determinado conteúdo de ensino naquele momento (ANDRADE, 2016, p. 181).

apresentamos o quadro (Tratamento da heterogeneidade no ensino de LP em turma multisseriada referente a presença de atividades diversificadas), que nos dá uma ideia geral a respeito da presença de atividades diversificadas nas aulas observadas e algumas de suas características, assim como os critérios de diversificação adotados pela professora. (SÁ, 2015, p. 98)

Como fica evidente na passagem de Andrade, as docentes investigadas se valem, também, dos arredores da escola para explorar os conteúdos. Na sequência, a pesquisadora relata que as professoras fazem aulas passeio, levam para os estudantes materiais concretos, desenvolvem atividades na área externa da escola, trazem pessoas para dialogar sobre determinado assunto. Quanto a essas situações, relata que ―as professoras consideram-nas importantes por se caracterizarem como uma ajuda extra ao estímulo dos alunos no que diz respeito ao desenvolvimento de conhecimentos mais sistematizados sobre o assunto‖ (ANDRADE, 2016, p. 84).

Vemos que as professoras diversificam as atividades a partir do momento em que diversificam as situações, os contextos de aprendizagem. A diversificação de atividades possibilita que diferentes conhecimentos possam ser apropriados pelos estudantes, por meio de diferentes estratégias, o que é relevante pois nem todos aprendem das mesmas formas, por meio das mesmas atividades.

Andrade (2016) salienta que as professoras, ao realizarem tais atividades, levam em consideração o nível de desenvolvimento dos estudantes, o que mostra sua atenção no trato da heterogeneidade.

Sá (2015) também identifica tal tipo de estratégia. No quadro exposto pela autora, verifica-se que em todas as aulas a professora acompanhada realizou atividades diversificadas. A autora observa ainda que essa era uma característica da professora, uma vez que a diversificação não ocorreu em momentos pontuais. Salienta que a diversificação atendia ou tinha como critério os níveis de aprendizagem dos estudantes acerca do sistema de escrita.

Como se vê no quadro 06, em apenas duas pesquisas essa estratégia não se fez presente. A pesquisa de Milanésio (2013) buscou, de forma geral, perceber as concepções e formas de lidar com a heterogeneidade em sala de aula segundo entrevistas com professores. Nas respostas apresentadas à entrevista, não

percebemos menção direta ao trabalho com diversidade de atividades. De igual modo a pesquisa de Gomes (2011) não se remeteu a esse aspecto.

Além de diversificar os tipos de atividades, alguns estudos também citam a estratégia de realização de atividades diferenciadas. Normalmente, se fez menção a essa estratégia no desenvolvimento de trabalhos com estudantes que precisam de um suporte maior para construir determinado conhecimento. Entendemos por atividade diferenciada todo o qualquer suporte extra, ofertado ao estudante ou a um grupo de estudantes e que vise auxiliá-los na construção de um determinado conhecimento e que não esteja sendo realizada por outros estudantes em sala de aula.

Ao analisarem as estratégias de diferenciação de atividades, foram encontradas situações em que, além de diversificar as atividades, algumas docentes diferenciam as atividades que são realizadas simultaneamente na turma, de modo que alguns estudantes podem estar fazendo determinada atividade e outros, outras atividades. Em relação a tal estratégia, Silveira (2013) constata que,

o discurso [das professoras investigadas] não diferiu muito de suas práticas em sala de aula e isso mostra que há professores que têm se esforçado bastante para buscar caminhos que motivem os alunos à aprendizagem e, sobretudo, que, se há alunos que apresentam maiores dificuldades e não se encontram no nível de desenvolvimento da turma é possível, sim, incluí-los em atividades coletivas e é fundamental proporcionar-lhes subsídios extras através das tarefas diferenciadas. (p. 92).

Vemos como esses momentos são, também, mecanismos que os decentes podem lançar mão a fim de promover um ensino mais inclusivo, não apenas no sentido de incluir pessoas com deficiência, mas no sentido de dar suporte diferenciado aos estudantes para que alcancem o aprendizado esperado. Dessa forma, propor ações para o trato da heterogeneidade de conhecimentos em sala de aula é, também, desenvolver ações que buscam a equidade entre os estudantes.

Também com o intuito de perceber como os professores lidam com a heterogeneidade, a pesquisa de Guimarães (2013) apontou que,

A parcela mais expressiva da amostra, com 42% das professoras se dirigiu para a ação em direção a lidar com a situação de heterogeneidade, apontando a mobilização de recursos internos da professora ao proporem estratégias pedagógicas que poderiam ser utilizados com a classe, como sondagens, agrupamentos, atividades diferenciadas. (p. 170-171).

Guimarães (ibidem) identificou quatro categorias de análise dos resultados de sua pesquisa, a partir da mobilização de recursos internos, externos, passivas e internos e externos. Dentro dessas quatro categorias, as atividades diferenciadas se

mostraram presentes na fala das professoras e da equipe escolar como sendo um recurso que partiria da própria professora propor, se caracterizando como um recurso interno. Sua pesquisa revela percentual significativo de docentes que ao serem questionados sobre as ações para o trato com a heterogeneidade em sala de aula, lembram tanto do uso de atividades diferenciadas, quanto o uso de agrupamentos de estudantes. Podemos supor que tal elevação de percentual em relação a esses mecanismos de intervenção se deva ao fato de o mecanismo já estar validado na prática docente.