• Nenhum resultado encontrado

DO DOMÍNIO RESERVADO DOS ESTADOS

No documento MAJ Duarte da Costa (páginas 189-193)

Como domínio reservado dos estados entenda-se um conjunto de atributos, abstractos ou não, que enformam a capacidade mais ou menos conceptual de uma estado se afirmar nas suas relações internas e com outros estados ou poliarquias. Não se veja aqui uma visão redutora da capacidade de um estado se afirmar simplesmente através do seu domínio reservado ou do que ele enforma. No entanto pode ser considerado como que o alicerce de um edifício político jurídico que sustenta a projecção de poder estatal bem como também o cimento agregador da coesão do mesmo. Para uma perfeita análise destes conceitos, importa definir, mais ou menos pragmaticamente, quais são os atributos essenciais do estado, para a partir daí se poder melhor analisar os poderes decorrentes. A generalidade dos politólogos considera que o conjunto de atributos que enformam o estado são:

• Território • Governo próprio • Independência • Identidade nacional • Soberania

O território é o elemento constitutivo do estado e corresponde ao espaço em que este exerce a sua soberania. As várias dimensões do território são realidades universalmente aceites e preenchidas por regras estabelecidas na lei e no direito convencional internacional Normalmente é definido como um espaço geográfico onde o estado pode fazer valer os

seus direitos sem se importar com a comunidade internacional, e os critérios a seu respeito vêm estabelecidos nas constituições dos estados. No entanto esta vontade soberana pode, e tem sido, muitas vezes diminuída, por imposição internacional, quando esta comunidade, considera que as acções do estado põem em perigo a integridade da segurança colectiva. Atente-se por exemplo nos casos de agressão ambiental, sujeitos mais ou menos veementemente a protestos, sanções ou outras formas demonstrativas de repúdio por parte da comunidade internacional.

O governo próprio incorpora o órgão de soberania ao qual cabe a condução da política geral de um estado, e detém o estatuto superior da administração pública. É o conjunto de pessoas que exercem o poder político que determinam a orientação política de uma determinada sociedade. Acresce a este conjunto de pessoas uma complexa estrutura de órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder, e neste sentido constitui um atributo do estado

A independência constitui a não sujeição da entidade do estado a pressões ou coacção exteriores da comunidade e utopicamente pretenderia uma inexistência de sujeição legal, política ou económica entre estados, consubstanciando uma direcção com plena autonomia quer dos negócios internos de um estado, quer da sua política de relação com os outros estados. Percebe-se facilmente que esta independência se revela nalguns pontos de grande fragilidade pois numa actual era de imperativos poliárquicos e globalizantes deter, por exemplo, independência económica é algo que se afigura de difícil concretização.

A identidade, que para muitos não é considerada com um dos atributos do estado mas sim das nações e dos movimentos nacionalistas, mas que em sentido lato converge com o conceito de identidade do estado, representa a sua capacidade de se auto projectar no meio

da comunidade internacional como um ente diferenciado dos restantes estados, acervo de cultura, história e identidade ou identidades étnicas. A identidade de um estado resulta de, e plagiando Renan que o afirmou em relação à nação, um plebiscito diário não aqui dos cidadãos, mas sim dos entes constituintes do estado, das pessoas às organizações internas do mesmo.

Por fim a soberania é a capacidade de decisão autónoma quanto aos objectivos e valores fundamentais de um estado através dos órgãos superiores do mesmo e afirma-se dentro dele e face à comunidade internacional. Em sentido restrito, na sua significação moderna, o termo soberania aparece, no final do século XVI, juntamente com o de Estado, para indicar em toda sua plenitude, o poder estatal, sujeito único e exclusivo da política. Trata-se do conceito político-jurídico que possibilita ao Estado moderno mediante sua lógica absolutista interna, impor-se à organização medieval do poder, baseada, por um lado, nas categorias e nos Estados, e, por outro, nas duas grandes coordenadas universalistas representadas pelo papado e pelo império: isto ocorre em decorrência de uma notável necessidade de unificação e concentração de poder, cuja finalidade seria reunir numa única instância o monopólio da força num determinado território e sobre uma determinada população, e, com isso, realizar no Estado a máxima unidade e coesão política. O termo soberania torna-se, assim o ponto de referência necessário para teorias políticas e jurídicas muitas vezes bastante diferentes de acordo com as diferentes situações históricas, bem como a base de estruturações estatais muitas vezes bastante diversas, segundo a maior ou menor resistência da herança medieval mas é constante o esforço por conciliar o poder supremo de fato com o de direito.

sustentados pelo conceito de soberania, sendo através desta que se faz sentir a projecção do poder de um estado. E ao mesmo tempo causa e efeito: Causa por dela resultar o reconhecimento de um estado e a sua capacidade como actor na cena internacional. Efeito por resultar de um conjunto de características só a ela devidas e que são caracterizadores do estado que nela se apoia.

BIBLIOGRAFIA

GOODIN and KLINGMANN; A New Handbook of Political Science; Oxford University Press HELLER Herman; La Soberania-; Universidad Nacional Autónoma de México

OUTHWAIT, William; Dicionário do Pensamento Social do Século XX; Dinalivro ROUGEMONT, Denis de; Dictionaire International du Federalisme; Bruylant Bruxelles RUPNIK, Jaques; Le Déchirement des Natons; Édition du Seuil

SALCEDO, Juan; Soberania de los Estados e Derechos Humanos en Derecho Internacional Contemporáneo; Editorial Tecnos

FONTES DA INTERNET

http:\\europa.eu.int http:\\lcweb.loc.gov

ANEXO L

No documento MAJ Duarte da Costa (páginas 189-193)