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Parte II – Apresentação e Desenvolvimento do Estudo

Capítulo 3 Descrição, Análise e Interpretação dos Resultados

3.2 Descrição e Análise de Documentos

3.2.2 Documentos de Reflexão

Os documentos de reflexão Reflexões sobre a Evolução do Sistema de Educação de Angola ao Longo dos 35 anos de Independência e Balanço da Implementação da 2.ª Reforma Educativa

em Angola28, tal como os nomes indicam, apresentam, o primeiro, um olhar sobre as mudanças

ocorridas no sistema de educação, desde 1975 e, o segundo, uma reflexão sobre a implementação da segunda reforma educativa. A Reforma Educativa teve início em 2004 e tem

28 Ambos os documentos se encontram disponíveis na página do Ministério da Educação de Angola, em http://www.med.gov.ao/.

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como objetivos: expandir a rede escolar, melhorar a qualidade de ensino, reforçar a eficácia do sistema educativo e garantir a equidade de acesso ao sistema de educação (CAARE, 2010).

A Reforma Educativa é composta por cinco fases de implementação: preparação; experimentação; avaliação e correção; generalização e avaliação global (MED/CAARE, 2010),encontrando-se neste momento na fase de generalização.

Reflexões sobre a Evolução do Sistema de Educação de Angola ao Longo dos 35 anos de Independência

O documento Reflexões sobre a Evolução do Sistema de Educação de Angola ao Longo

dos 35 anos de Independência tem como objetivo principal refletir sobre o desenvolvimento do

sistema de educação desde 1975, ano da independência, até 2009 (MED, s/dc). e está organizado

do seguinte modo:

introdução;

estrutura e organização do sistema de educação;

evolução do sistema de educação: ao longo de quatro períodos significativos; gestão;

inspeção da educação; educação especial; educação de adultos;

cobertura do sistema de educação; rendimento escolar, reforma educativa; êxitos e constrangimentos;

perspetivas: identificação por níveis de ensino.

De um modo geral, é possível constatar que foram empreendidos esforços para melhorar a qualidade de ensino, proporcionando melhor formação de professores e de alunos, e para melhorar as infraestruturas e equipamentos de ensino, muitos deles deteriorados ou destruídos, devido ao período bélico pelo qual o país passou. A nível internacional, Angola assinou a Declaração do Milénio, assumindo cumprir os oito objetivos estabelecidos, até 2015, e respondendo ao grande desafio interno: “universalizar a educação e ao mesmo tempo garantir a

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formação do cidadão que o mundo actual requer” (MED, s/dc: 2).

A fim de alcançar o objetivo a que se propunha, o Ministério da Educação definiu uma nova Lei de Bases da Educação em 2001 e começou a implementar a segunda reforma educativa em 2004 (a primeira havia ocorrido em 1978). Esta Reforma, para além de outras mudanças, trouxe uma nova divisão do sistema de educação. Isto significa que, até à implementação da segunda Reforma Educativa, o sistema era dividido em três subsistemas: ensino geral, ensino técnico-profissional e ensino superior. A partir de 2004, passou a dividir-se em três níveis: primário, secundário e superior, que por sua vez integram os subsistemas da educação pré- escolar, ensino geral, técnico-profissional, formação de professores, educação de adultos e superior, os quais contemplam ainda três modalidades: educação extraescolar, educação especial

e educação à distância (MED, s/dc).

No entanto, antes de descrever em pormenor estas mudanças, o documento aponta as evoluções ocorridas no sistema de educação a nível dos discentes, dos docentes e das infraestruturas e equipamentos, ao longo de quatro períodos:

1. período colonial; 2. de 1975 a 1990; 3. de 1991 a 2001; 4. de 2002 a 2009.

Relativamente à evolução do subsistema de formação de professores, fica-se a saber que:

aumentou o número de alunos, devido ao alargamento do acesso à educação;

aumentou do número de professores, ainda que não tenham as qualificações ideais para o nível de ensino que lecionam;

aumentou a recuperação de infraestruturas escolares.

Balanço da Implementação da 2.ª Reforma Educativa em Angola

Este documento reflexivo tem como objetivo “descrever e explicitar as acções realizadas

para a implementação do Novo Sistema de Educação no período de 2004-2010” (MED, s/db: 7) e

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1. Contexto do desenvolvimento do novo sistema de educação;

2. Execução do plano de implementação progressiva do novo sistema de educação; 3. Reforma do ensino técnico-profissional;

4. Síntese dos resultados da implementação da reforma educativa; 5. Êxitos e constrangimentos;

6. Perspetivas.

Neste relatório, sob o subsistema de formação de professores, fica-se a saber que

de 1978 até 2004 tinha início na 9.ª classe e terminava na 12.ª;

a fase de experimentação da reforma educativa teve início em 2004 e terminou em 2007, o que significa que atingiu nesse ano a 13.ª classe;

a fase de generalização dos novos materiais pedagógicos “teve início em 2006, nas primeiras classes de cada nível de ensino, nomeadamente 1.ª, 7.ª e 10.ª classes” (MED,

s/db: 4) e terminou em 2009;

o rendimento escolar dos alunos na fase experimentação resultou da seguinte forma: “em cada 1000 alunos que ingressaram na 10.ª classe, 554 concluíram a 13.ª classe, dos quais 454 alunos sem repetição de classes que representa 45,4%, 110 alunos concluíram com uma repetição de classe ou seja 11% e por último 65 alunos concluíram o 2.º Ciclo do Ensino Secundário com duas repetições de classes ou seja 6,5%, 140 alunos

abandonaram o ciclo sem sucesso, o que representa 14%” (MED, s/db: 5);

foram produzidos e experimentados materiais, nomeadamente os programas e o currículo; foram formados professores, em formações e em seminários metodológicos.

Em ambos os documentos de reflexão são apontados os mesmos êxitos e os mesmos

constrangimentos das mudanças educativas implementadas. Assim, é, apenas, destacado como êxito o facto de se terem integrado todos os planos de estudo, correspondentes às oito especialidades do subsistema de formação de professores do 1.º ciclo do ensino secundário. Já a lista de constrangimentos é bem mais extensa, a qual, de forma remissiva, se centra em: escassez de recursos humanos, financeiros e materiais; infraestruturas inexistentes ou em condições

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precárias; a diversidade linguística que dificulta a comunicação entre professores e alunos, o que

resulta numa qualidade de ensino abaixo do esperado (MED, s/db).

Face aos constrangimentos identificados, os documentos em análise perspetivam a:

conceção, edição e distribuição de materiais pedagógicos a professores e a alunos; capacitação e monitorização dos professores das EFP, em articulação com os ISCED

(Institutos Superiores de Ciências das Educação);

adequação das infraestruturas das EFP às necessidades apontadas pelo novo sistema de

educação (MED, s/dc; MED, s/db).

Uma vez que as atividades acima enunciadas são de caráter moroso, os citados

documentos não apontam datas para a execução. No entanto, o documento que faz o Balanço da Implementação da 2.ª Reforma Educativa afirma que os resultados alcançados na implementação da referida reforma estão próximos das metas definidas para a expansão da rede escolar, para o reforço da eficácia do sistema de educação e para a equidade de acesso à educação. Fica, deste modo, para verificar, na fase de avaliação global, a meta relativa à “melhoria da qualidade de ensino” (MED, s/db: 62).