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9. Realização de visitas domiciliárias: 1 participante; 10 Gestão das emoções dos profissionais:1 participante.

4.1. Competências Comuns do Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica

4.1.2. Domínio da melhoria contínua da qualidade

Neste segundo domínio existem três competências que se interrelacionam entre si. Na primeira o enfermeiro especialista deve colaborar na conceção e realização de projetos institucionais com vista à melhoria da qualidade; na segunda há uma vertente de avaliação das práticas em função da melhoria contínua; e na terceira a gestão de um ambiente terapêutico e seguro com vista a fomentar um ambiente de segurança para as pessoas (Diário da República, 2019).

A qualidade em saúde é definida como “a prestação de cuidados acessíveis e equitativos, com um nível profissional ótimo”, tendo em conta os recursos disponíveis assim como a satisfação das necessidades das pessoas (Diário da República, 2015b, p. 13551).

A qualidade e a segurança dos cuidados são consideradas uma “obrigação ética” (Diário da República, 2015b, p. 13551) porque reduzem riscos evitáveis, permitem melhorar o acesso aos cuidados de saúde e a equidade.

A enfermagem sempre se regeu por padrões de qualidade, fundamentados no Código Deontológico, particularmente pelo princípio orientador da excelência do exercício (Ordem dos

119 Enfermeiros, 2015) e no Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem que são uma garantia para as pessoas da qualidade dos cuidados de enfermagem, e para os enfermeiros uma referência e orientação comum para a prática profissional de excelência (Diário da República, 2015a).

Atualmente, qualquer intervenção em saúde é alvo de questionamento acerca da sua qualidade, tornando-se esta uma preocupação dos profissionais que tendem a assumir uma responsabilidade acrescida perante os cuidados que prestam. Por isso, a qualidade em saúde é de tal modo marcante que pode ser vista como uma nova “filosofia de gestão” (Decreto-Lei nº166-A, 1999, p. 2564(2)) permitindo a melhoria eficiente de procedimentos, assim como o aumento da satisfação por parte dos doentes e a motivação por parte dos profissionais.

Melhorar a eficiência e a efetividade da prestação de cuidados são bases fundamentais da qualidade em saúde, estando por isso qualidade e segurança dos cuidados diretamente relacionadas (Diário da República, 2015b, p. 13551).

A segurança dos doentes, definida como “(…) a redução dos riscos de danos desnecessários ocasionados pelo cuidado em saúde por meio de medidas que ofereçam melhores resultados” (Souza et al., 2015, p. 15), é um aspeto primordial a valorar na qualidade em saúde, sendo uma prioridade para várias organizações, internacionais e nacionais (Ramos & Trindade, 2011).

Como a segurança “(…) não se pode centrar numa pessoa, num equipamento ou num serviço” (Caldeira, 2012, p. 1), torna-se necessária a conceção de uma cultura de segurança, com práticas baseadas na evidência, e a gestão eficaz do risco através de sistemas de gestão eficazes (Caldeira, 2012).

A equipa de saúde, especificamente os profissionais de enfermagem, assumem uma enorme responsabilidade no que concerne à gestão de risco, prevenção de incidentes e promoção de segurança (Ramos & Trindade, 2011), garantindo cuidados de qualidade; pois um cuidado em saúde seguro e um desenvolvimento de melhores práticas em saúde, permitem desenvolver uma cultura de segurança (Ramos & Trindade, 2011; Alves & Guirardello, 2016).

As três competências inscritas neste domínio vão ao encontro das prioridades estratégicas definidas na Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde 2015-2020, particularmente: melhoria

120 da qualidade clínica e organizacional, aumento da adesão a normas de orientação clínica, reforço da investigação clínica e monitorização permanente da qualidade e segurança (Diário da República, 2015b).

Indo ao encontro da unidade de competência referente à mobilização de conhecimentos que garantam a melhoria contínua da qualidade (Diário da República, 2019), é competência do EEESIP a prestação de cuidados diferenciados e especializados que individualizem o cuidar à criança e família, assim como divulgar informação atualizada, reconhecida cientificamente, a realização de diretrizes que fomentem as boas práticas em enfermagem e a promoção de um ambiente terapêutico e seguro proporcionadores de cuidados de enfermagem de qualidade.

4.1.2.1. Desenvolvimento do domínio da melhoria contínua da qualidade nos diferentes contextos

No percurso formativo desenvolvemos diversas atividades que permitiram o desenvolvimento do domínio da melhoria contínua da qualidade.

A sessão formativa sobre administração de terapêutica por via IM permitiu responder à unidade de competência que evidencia o dever do enfermeiro especialista em mobilizar conhecimentos, divulgando-os e aplicando-os na sua prática profissional. A partir de um trabalho académico realizado no decorrer da formação teórica procedemos a uma explanação sobre a evidência mais atual acerca da temática em questão, contribuindo para a melhoria da técnica de administração de terapêutica por via IM, resultando na prestação de cuidados atraumáticos à criança.

Em resposta à unidade de competência “orienta projetos institucionais na área da qualidade” (Diário da República, 2019, p. 4747), a criação de condições para a implementação de uma EIHSCPPP no último contexto de estágio, é uma evidência da participação ativa no desenvolvimento de programas que permitem a melhoria da qualidade dos cuidados, a nível organizacional. Este projeto foi desenvolvido em colaboração com a equipa multidisciplinar, permitiu aferir principais necessidades da equipa, e colaborar no desenvolvimento de um plano estratégico para o seu progresso.

121 O desenvolvimento de práticas de qualidade requer uma avaliação contínua da qualidade das práticas clínicas, assentes na evidência científica (Diário da República, 2019). Para responder à unidade de competência “avalia a qualidade das práticas clínicas” (Diário da República, 2019, p. 4747), realizámos um procedimento de enfermagem face a uma necessidade identificada no decorrer de todo o percurso formativo: ‘Comunicação de más notícias’. Este tema suscita nos enfermeiros dúvidas em relação ao que comunicar e a quem comunicar, contribuindo, em algumas situações, para uma má prática de enfermagem relacionada com o silêncio e a omissão de informação importante. Com este procedimento pretendemos melhorar a prática clínica referente a este tema, propondo um instrumento orientador da comunicação.

A participação em programas de melhoria contínua foi evidente no decorrer do percurso formativo, onde tivemos preocupação em identificar e participar ativamente em projetos institucionais, como no desenvolvimento da EIHSCPP e neonatais, onde através de uma sessão formativa sobre a importância dos cuidados paliativos neonatais e critérios de referenciação, a equipa demonstrou motivação para evoluir no projeto institucional.

No que concerne à competência da garantia de um ambiente terapêutico, em todos os contextos considerámos o estabelecimento de uma relação terapêutica fomentada na confiança. Relativamente à garantia de um ambiente seguro esta teve por base os objetivos estratégicos descritos no Plano Nacional para a Segurança dos Doentes, particularmente: aumentar a segurança da comunicação (transmissão de informação clara, concisa e adaptada à situação, idade e desenvolvimento da criança e família), na utilização da medicação (preparação com base nos 9 certos), na identificação inequívoca das crianças (questionamento à criança, quando oportuno, e pais do nome e data de nascimento), na prevenção de quedas (otimização das medidas de segurança em contexto de internamento ou em consulta, realização de ensinos para prevenção de quedas no domicílio adaptados ao estadio de desenvolvimento), e na prevenção e controlo de infeções e resistências aos antimicrobianos (aplicabilidade das medidas de controlo de infeção) (Diário da República, 2015c).