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9. Realização de visitas domiciliárias: 1 participante; 10 Gestão das emoções dos profissionais:1 participante.

4.1. Competências Comuns do Enfermeiro Especialista em Saúde Infantil e Pediátrica

4.1.3. Domínio da gestão dos cuidados

O exercício de funções de gestão por parte do enfermeiro para melhorar a qualidade e a segurança dos cuidados é determinante (Ordem dos Enfermeiros, 2015; Diário da República, 2018c).

122 É definido que para o enfermeiro deter o domínio da competência acrescida avançada em gestão necessita ver desenvolvidas competências como: prática ética e legal, gestão pela qualidade e segurança, gestão da mudança, desenvolvimento profissional e organizacional, planeamento, organização, direção e controlo, e prática profissional baseada na evidência e direcionada aos ganhos em saúde (Diário da República, 2018c). Todas estas competências vão ao encontro das competências do enfermeiro especialista, que para o exercício da sua atividade profissional deve apoiar a gestão dos cuidados, tendo por base o enquadramento concetual da sua área de especialidade (Diário da República, 2015a).

O domínio da gestão dos cuidados divide-se em duas grandes competências: a gestão dos cuidados de enfermagem, otimizando a resposta da equipa e promovendo a articulação na equipa de saúde; e a liderança e gestão dos recursos às situações e ao contexto (Diário da República, 2019).

Atualmente, o cerne da questão que envolve a gestão dos cuidados de enfermagem, prende- se com a necessidade crescente de manter os rácios de enfermeiros face ao número e necessidades das crianças com necessidade de cuidados de enfermagem – dotações seguras - garantindo a qualidade dos cuidados. A dotação adequada de enfermeiros é fundamental para garantir segurança e qualidade elevadas nos cuidados de saúde, tanto a nível populacional como organizacional (Diário da República, 2014a).

Os enfermeiros responsáveis pela gestão dos cuidados desempenham um papel fundamental no cumprimento das dotações seguras, e devem avaliar e planificar as necessidades de cuidados da população assim como as dos profissionais, tendo por base o atingimento de objetivos de qualidade para determinado contexto (Diário da República, 2018c).

Em saúde infantil e pediátrica para uma gestão efetiva dos cuidados o método de trabalho por ‘enfermeiro de referência’ é o preferido, pois permite um acompanhamento personalizado da criança e família, centrado numa parceria de cuidados, que responde a um nível de complexidade elevado face à prestação de cuidados, com garantia de cuidados de qualidade e seguros (Diário da República, 2015a).

123 4.1.3.1. Desenvolvimento do domínio da gestão dos cuidados nos diferentes contextos

Para o desenvolvimento desta competência comum do enfermeiro especialista realizámos um dia de observação com um enfermeiro chefe, o que permitiu desenvolver particularmente a competência da adaptação da liderança e da gestão dos recursos conforme as situações e os contextos.

O enfermeiro chefe inicia o seu dia pelas 8h da manhã presenciando a transmissão do turno da noite para a manhã, e tomando nota das ocorrências relevantes. Delega no chefe de equipa a distribuição dos elementos da equipa tendo em consideração a classificação dos doentes. Posteriormente realiza uma visita breve ao serviço e questiona os enfermeiros sobre eventuais necessidades, materiais e pessoais. No seu gabinete confirma o horário para o presente dia e verifica a necessidade de contactar algum enfermeiro em regime extraordinário para colmatar falhas relativas a dotações seguras para o turno da tarde ou, por outro lado, se existe possibilidade de permitir o gozo de horas/feriados a um dos elementos da tarde.

Consideramos que esta preocupação por parte do enfermeiro chefe é de extrema importância para uma coordenação eficaz da equipa, assim como para a sua satisfação e motivação, indo ao encontro dos critérios de avaliação “implementa métodos de organização de trabalho adequados”, “coordena a equipa de prestação de cuidados”, “negoceia recursos adequados à prestação de cuidados de qualidade” e “utiliza os recursos de forma eficiente para promover a qualidade”, ponderando os recursos humanos disponíveis (Diário da República, 2019, p. 4748).

Em resposta à unidade de competência “adapta o estilo de liderança, do local de trabalho, adequando-o ao clima organizacional e favorecendo a melhor resposta do grupo e dos indivíduos” (Diário da República, 2019, p. 4749), o enfermeiro chefe organizou a equipa por diversas equipas, tendo como critério os grupos de trabalho a que pertencem, juntando numa mesma equipa os elementos pertencentes ao grupo de trabalho da qualidade, da amamentação, do tratamento de feridas e viabilidade tecidular, entre outros. Ao questionarmos a equipa sobre esta divisão, os enfermeiros demonstraram grande agrado pois facilita o desenvolvimento de projetos.

Uma das dificuldades sentidas pelo enfermeiro chefe respeitou o critério de avaliação “adapta o estilo de liderança à maturidade dos colaboradores e às contingências” (Diário da República, 2019, p. 4749), sobretudo da equipa. A equipa de enfermagem, sendo constituída por diversas

124 pessoas, de sexos, idades, convicções, vivências pessoais, e percurso profissional diferentes torna- se uma condicionante para a qual o enfermeiro chefe necessita estar desperto. Para uma boa liderança e organização da equipa é fundamental conhecer os elementos da equipa, a nível pessoal e profissional, por forma a formar equipas consistentes.

Não obstante, a liderança e organização de equipas não se encontra apenas dependente do enfermeiro chefe, que geralmente é um enfermeiro especialista em determinada área, mas também do enfermeiro especialista que assume funções de chefia de equipa.

Durante o percurso formativo tivemos oportunidade de ter como enfermeiros orientadores dois enfermeiros a desempenhar funções de chefia de equipa, e EEESIP. Encontra-se descrito nas competências comuns do enfermeiro especialista que este deve disponibilizar assessoria aos colegas de equipa, colaborar nas tomadas de decisão, delegar e supervisionar as tarefas delegadas (Diário da República, 2019).

Das duas vezes os enfermeiros com funções de chefia de equipa, organizaram o trabalho da equipa, assumiram responsabilidade face ao controlo e reposição de medicação e material de consumo clínico, orientaram decisões relativas à equipa e à prestação de cuidados. O último contexto de estágio, por ser o mais longo a nível de tempo, permitiu-nos desenvolver atividades na área da gestão dos cuidados, respeitante à chefia de equipa: delegação de tarefas e distribuição dos elementos da equipa pelos diferentes postos de trabalho; verificação e reposição da medicação e do consumo clínico; pedido de medicação extra à farmácia institucional; comunicação de incidentes à equipa e à chefia; e participação na integração de novos elementos na equipa.

Ao acompanhar o desempenho de funções dos enfermeiros chefes de equipa podemos constatar que ter presente as competências do enfermeiro especialista, é preponderante para um desempenho eficaz das funções, ora na gestão dos cuidados como na própria prestação dos cuidados.