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2. PERCURSO ATÉ À AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

2.3 Domínio da gestão de cuidados

A gestão de cuidados está descrita como um domínio comum a todos os EE, apresentando as seguintes competências, gerir os cuidados, otimizando a resposta da equipa de Enfermagem e seus colaboradores e a articulação na equipa multiprofissional e adaptar a liderança e a gestão dos recursos às situações e ao contexto, visando a otimização da qualidade dos cuidados (OE, 2011 b).

De forma a desenvolver competências na área da gestão de cuidados, foram estabelecidos como objetivos, “realizar a gestão dos cuidados na área e liderar equipas de prestação de cuidados especializados” pelo que foram desenvolvidas as atividades que passo descrever. O bom acolhimento por parte das equipas de Enfermagem, especialmente pelas tutoras, permitiu desenvolver uma metodologia de trabalho eficaz na assistência ao doente, possibilitando-me uma integração com sucesso, contribuindo para um estímulo e interesse em querer aprofundar conhecimentos e aproveitar todas as oportunidades de aprendizagem. Ao longo das primeiras semanas, procurei integrar-me nos diferentes serviços, inteirando- me de todos os procedimentos realizados, protocolos adotados, rotinas, e sistemas de

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informação/registos de modo a gerir e interpretar, de forma adequada, informação proveniente da formação inicial, da experiência profissional e de vida, e da formação pós- graduada, o que me permitiu adequar os meus cuidados ao que era preconizado e adotar uma metodologia eficaz. Mostrei sempre disponibilidade para a aprendizagem de novos conhecimentos e participação nas diferentes atividades.

Tanto no SU como na UCI acompanhava a minha tutora na coordenação da equipa, pelo que tínhamos de realizar a gestão de cuidados através das taxas de adesão ao serviço, admissões e altas. A gestão de material, onde eram realizados pedidos de material, medicação e dietas. Realizava-se também a gestão de situações problema do serviço e/ou equipa, tomando-se decisões com assertividade para garantir a qualidade dos cuidados prestados.

Outra atividade realizada foram a gestão dos recursos humanos, através da dispensa de colaboradores e planeamento das escalas de trabalho, assumindo-se um papel de liderança. Estas foram as competências, que mais trabalhei e refleti durante estes módulos do Estágio. Assim, aprofundei conhecimentos sobre as competências de gestão do EE, com o objetivo de melhor “compreender a metodologia de gestão e a sua adequação ao contexto de atuação”.

Ainda dentro deste domínio e com o objetivo “desenvolver um projeto de implementação na área da EEMC”, desenvolvi na UCI um projeto relacionado com a gestão dos recursos humanos.

Verifiquei que na UCI não existia um método sistematizado para avaliar a carga de trabalho dos Enfermeiros e assim executarem o planeamento no que diz respeito à distribuição dos doentes pelos Enfermeiros. Assim, planeei um projeto onde pretendia sensibilizar os Enfermeiros da UCI para a existência de instrumentos de gestão que permitem mensurar a carga de trabalho dos Enfermeiros, bem como a importância deste para a qualidade dos cuidados prestados. Assim, o instrumento escolhido para apresentar e propor a sua implementação no serviço foi o Nursing Activities Score (NAS).

O NAS permitirá sistematizar o planeamento de trabalho dos Enfermeiros, no que diz respeito à distribuição dos doentes pelos Enfermeiros em cada turno de trabalho, avaliando a sua carga de trabalho.

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Para tal, foi pedida colaboração para cedência do NAS validado para os cuidados intensivos em Portugal, mas como tal resposta até ao módulo não foi obtida, e não se encontrando este disponível, foi utilizada a versão validada para Português (Anexo), comprometi-me, caso obtenha esta resposta, a ceder este instrumento à Enfermeira chefe do serviço que se mostrou disponível para a implementação à posteriori deste projeto.

Após dar conhecimento à equipa deste instrumento, implementar-se-á este no serviço em causa, de modo a uniformizar o plano de trabalho dos Enfermeiros.

No contexto atual da Gestão em Enfermagem, o uso de indicadores que avaliem objetivamente a condição clínica do doente, bem como a necessidade de cuidados que requerem, tornou-se o instrumento indispensável quando se procura melhorar a relação custo-benefício na assistência à saúde. Os indicadores de cuidados executados pelos Enfermeiros são cada vez mais necessários como requisitos para assegurar qualidade da assistência e subsidiar a quantificação de pessoal nos diferentes serviços das instituições Hospitalares, bem como no que se refere à Unidade de Cuidados Intensivos (Queijo e Padilha, 2009).

Portugal não fugiu à preocupação internacional e verificou-se um crescente desenvolvimento de modelos de gestão e fórmulas capazes para o cálculo do número de Enfermeiros necessário em determinado serviço, os objetivos primordiais são assegurar níveis de segurança e de qualidade em saúde e diminuir de forma sustentável os custos (Macedo et al., 2016).

Vários são os instrumentos existentes com o objetivo de avaliar a carga de trabalho de Enfermagem, contudo foram criados numa perspetiva abrangente e não tendo em conta a especificidade de uma UCI. O precursor dos instrumentos criados com esse objetivo foi o TISS (Therapeutic Intervention Scoring System) (Queijo e Padilha, 2009).

O TISS foi originalmente idealizado por Cullen e colaboradores em Boston, no ano de 1974, com o duplo objetivo de mensurar a gravidade dos doentes e calcular a correspondente carga de trabalho de Enfermagem em UCI’s. Na primeira versão, era composto por um total de 57 intervenções terapêuticas determinadas por um grupo de especialistas que conferiam classificações de um a quatro, de acordo com o tempo e esforço necessários para o desempenho das intervenções de Enfermagem (Queijo e Padilha, 2009).

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Após a sua aplicação os Enfermeiros verificaram que o instrumento não contemplava o conjunto total das intervenções desenvolvidas pela Enfermagem, faltavam as intervenções de assistência ao doente crítico, as intervenções tendo por alvo a família que vivenciava este processo de transição saúde-doença e ainda as intervenções de índole administrativa (Gonçalves, 2011).

Assim, e adaptando o TISS 28 surge o Nurging Activities Score. Este trabalho foi realizado por peritos da área e para a validação do instrumento foi realizado uma amostra tendo sido incluídos quinze países. O que atribui a este, significado e significância. O NAS assim fica concluído apresentando sete categorias e um total de vinte e três itens (Queijo e Padilha, 2009).

Estudos comparativos mostram que o NAS apresenta vantagens em confronto com outros instrumentos por serem mais abrangentes os itens que contempla (Ferreira et al., 2017). O NAS constitui-se num importante instrumento de avaliação da carga de trabalho dos Enfermeiros em UCI, sendo que os seus resultados psicométricos demonstram coerência e robustez, de acordo com os resultados dos estudos originais consultados (Macedo et al., 2016).

O instrumento referido tem a especificidade de avaliar a carga de trabalho em unidades de cuidados intensivos de adultos (Gonçalves, 2011). Em Portugal, o instrumento foi validado para as unidades de cuidados intensivos de instituições nacionais por um grupo de trabalho da Universidade do Minho.

A carga de trabalho dos Enfermeiros em Portugal reflete os estudos realizados no âmbito internacional, fortalecendo a homogeneidade no que diz respeito à comparação de resultados com o uso da NAS. Conclui ainda que os Enfermeiros portugueses apresentam sobrecarga de trabalho (Macedo et al., 2016).

O instrumento atribui a cada um dos itens, agrupados nos grupos, que traduzem as atividades básicas, um valor. No final deve ser realizado o somatório de todos os itens que são intervenções executados naquele doente num determinado turno e este somatório, representa a carga de trabalho do Enfermeiro (Queijo e Padilha, 2009).

O planeamento é realizado para ser executado em 3 fases. Sendo na fase I realizada uma ação de formação informativa no serviço sobre a NAS. Para a fase II pretendo a inclusão

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desta escala no sistema informático B-ICU. E na fase III fica implementado no serviço o instrumento em causa e assim nesta fase, pretendo avaliar a carga de trabalho existente nesta unidade e comparar os resultados estatísticos com o trabalho desenvolvido já anteriormente em Portugal (Apêndice V).

Com o aprofundamento dos conhecimentos neste domínio foram desenvolvidas as seguintes competências:

Adapta a liderança e a gestão dos recursos às situações e ao contexto visando a otimização da qualidade dos cuidados.

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