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A doutrina majoritária e o STF entendem que não existe hierarquia jurídica

No documento Material de Apoio Direito Constitucional (páginas 45-48)

entre a lei ordinária e a lei complementar e alegam que a diferença entre elas

não passa por uma relação de hierarquia, mas simplesmente por uma questão de campos de incidência distintos, vez que a Constituição estabelece, de maneira

taxativa, quais matérias estão reservadas às leis complementares.

2) Apesar de não haver essa hierarquia, regra geral, a lei ordinária (aprovada por maioria simples) não pode tratar de matéria que a Constituição reservou à lei complementar (aprovada por maioria absoluta), sob pena de incorrer em vício de inconstitucionalidade formal.

Leis ordinárias

As leis ordinárias são os atos normativos mais produzidos pelo Poder Legislativo.

Seu processo legislativo (o processo legislativo ordinário) já foi amplamente estudado nos tópicos anteriores em suas três fases: introdutória, constitutiva e complementar.

Quanto ao âmbito de incidência, apenas destaco que as leis ordinárias podem versar sobre quaisquer matérias, desde que não reservadas à lei complementar, aos decretos legislativos ou às resoluções (arts. 49, 51 e 52 da CF/88).

Leis delegadas

A lei delegada é um ato normativo primário (e, portanto, no mesmo nível hierárquico da lei complementar e da lei ordinária) elaborado e editado pelo presidente da República, nos termos do art. 68 da CF.

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O processo legislativo da lei delegada começa com a solicitação do presidente da República ao Congresso Nacional para que este lhe delegue poderes de editar uma lei sobre determinada matéria.

Para autorizar essa delegação, o Legislativo Federal deve aprovar uma resolução do Congresso Nacional. Essa resolução especificará o conteúdo da lei delegada a ser elaborada, bem como os termos de seu exercício (CF, art. 68, § 2.º).

Encaminhada a resolução do Congresso ao chefe do Executivo, este elaborará o texto legal, promulgando-o e determinando a sua publicação.

Ressalta-se que, se a Resolução do Congresso não exigir manifestação parlamentar posterior, todo o restante do processo legislativo será realizado pelo presidente da República (o que é chamado de delegação típica ou própria).

Ocorre que, nos termos do art. 68, § 3.º, da CF/88, a resolução pode determinar que o Congresso Nacional aprecie o projeto de lei delegada antes de ele ser publicado (é a chamada delegação

atípica ou imprópria).

Nesse caso, a apreciação do Congresso é feita em votação

única, vedada qualquer emenda parlamentar. Ou seja, o

Congresso aprova ou rejeita o texto elaborado pelo presidente da República (PR), sem possibilidade de propor qualquer emenda ao projeto.

Duas últimas observações para concursos:

1.ª) O art. 49, V, da CF possibilita ao Congresso Nacional sustar, mediante decreto legislativo, a lei delegada que ultrapasse os limites da delegação legislativa.

Assim, se o PR elabora a lei delegada, extrapolando os limites da delegação concedida, o Congresso Nacional poderá, mediante

decreto legislativo, sustar com efeitos ex nunc os efeitos dessa lei.

2.ª) O Congresso Nacional pode disciplinar por meio de lei ordinária a mesma matéria objeto da delegação (assim como pode revogá-la), mesmo durante o prazo concedido ao presidente da República.

Isso é porque a delegação ao Executivo não retira do Legislativo seu poder de legislar sobre a matéria delegada!

Limites materiais às leis delegadas

As leis delegadas assemelham-se às medidas provisórias pelo fato de ambas serem elaboradas pelo presidente da República.

Outro ponto em comum é que a Constituição previu limitações

materiais à edição desses atos normativos (isto é, proibiu que a lei

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O art. 68, § 1.º, da CF/88 traz as matérias que não podem ser objeto de lei delegada. São elas:

a) os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49), da Câmara dos Deputados (art. 51) ou do Senado

Federal (art. 52);

b) a matéria reservada à lei complementar; c) a legislação sobre:

c.1) organização do Poder Judiciário e do Ministério

Público, a carreira e a garantia de seus membros;

c.2) nacionalidade, cidadania, direitos individuais,

políticos e eleitorais;

c.3) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Observe que essas “limitações materiais” à edição das leis delegadas são apenas semelhantes, mas não coincidentes com as matérias que não podem ser objeto de medida provisória, previstas no art. 62, § 1.º, da CF/88 (as quais estudaremos em breve).

Exemplificando, o art. 68, § 1.º, proíbe que lei delegada verse sobre direitos individuais (que são os direitos do art. 5.º da CF/88), nacionalidade, cidadania, direitos políticos e eleitorais, enquanto o art. art. 62, § 1.º, impede que medida provisória disponha sobre nacionalidade, cidadania, direitos políticos e eleitorais, mas não impede que a MP verse sobre direitos individuais!

Perceba também que, nos arts. 68, § 1.º, e 62, § 1.º, não consta a matéria "direito tributário”, razão pela qual pode haver lei delegada e MP para instituir ou majorar tributo.

Decretos legislativos

Os decretos legislativos são atos normativos primários que regulam as matérias de competência exclusiva do Congresso

Nacional (CF, arts. 49 e 62, § 3.º).

A CF/88 não regulou o processo de elaboração dos decretos legislativos. Tal tarefa deve ser realizada pelos regimentos internos das Casas do Congresso Nacional.

Por ser um ato do Congresso, os decretos legislativos tramitam necessariamente pelas duas Casas Legislativas e devem ser promulgados e publicados pelo presidente do Senado Federal, na qualidade de presidente do Congresso Nacional (CF, art. 57, § 5.º).

Observe, amigo concurseiro, que, por tratarem de matérias exclusivas do Congresso Nacional, os decretos legislativos não se

submetem à sanção ou veto presidencial.

Na clássica lição da doutrina, o decreto legislativo é uma “lei

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mesma estatura de uma lei, mas que se completa sem a intervenção do presidente da República, manifestando uma competência exclusiva do Congresso Nacional.

Por fim, a doutrina afirma que os decretos legislativos caracterizam-se pela produção de efeitos externos, isto é, tratam de assuntos que produzirão efeitos “para fora” das casas do Congresso Nacional (ex.: CF, art. 49, II – autorizar o presidente da República a declarar a guerra e celebrar a paz).

Importante para concursos!

No documento Material de Apoio Direito Constitucional (páginas 45-48)