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Dualidade entre Esfor¸cos Internos e Taxas de Deforma¸c˜ao

No documento Calculo Variacional (páginas 197-200)

r´ıgida, n˜ao podemos estabelecer esta tens˜ao, mas se provoca uma deforma¸c˜ao, a medida da potˆencia dispendida neste processo nos dir´a o valor da tens˜ao na correia.

Assim, conclu´ımos que a introdu¸c˜ao de a¸c˜oes de movimento para evaluar as for¸cas externas e internas que atuam sobre um corpo numa configura¸c˜ao dada assume um sig- nificado f´ısico incontest´avel.

A fim de formalizar a id´eia anterior, consideremos o corpo numa configura¸c˜ao Bt livre

de restri¸c˜oes, logo Kinu ≡ U e o conjunto de todas as a¸c˜oes de movimento cinematicamente

admiss´ıveis Kinv ≡ V. O sistema de for¸cas externas f que no instante t atua sobre o corpo

B est´a caracterizado pelo funcional linear e cont´ınuo em V, cujo valor em < para cada v ∈ V, ´e a potˆencia virtual do sistema de for¸cas f para esta a¸c˜ao de movimento v, Pe = hf, vi. O conjunto de todos os sistemas de for¸cas f , isto ´e, de todos os funcionais

lineares e cont´ınuos de V, define o espa¸co vetorial V0 chamado espa¸co vetorial de for¸cas

externas.

Notamos ent˜ao, que nesta apresenta¸c˜ao dos fundamentos da mecˆanica, dois aspectos surgem como fundamentais

Dado o problema mecˆanico, a primeira atitude a tomar ´e definir o espa¸co de a¸c˜oes de movimento V e seu correspondente conceito de a¸c˜oes r´ıgidas.

O segundo conceito fundamental ´e o da dualidade entre o espa¸co V e o espa¸co de for¸cas V0. Em outras palavras, dado o modelo cinem´atico, o sistema de for¸cas que

s˜ao compat´ıveis com este modelo fica totalmente definido por dualidade atrav´es da forma bilinear

h·, ·i : V0× V 7→ <

f, v 7→ Pe= hf, vi

O anterior tamb´em nos mostra que, quanto mais rico for nosso espa¸co V, isto ´e, quanto mais ampla for a defini¸c˜ao de a¸c˜ao de movimento, mais refinada ser´a nossa defini¸c˜ao de for¸cas.

6.4

Dualidade entre Esfor¸cos Internos e Taxas de De-

forma¸c˜ao

Outro conceito introduzido na Mecˆanica do Cont´ınuo ´e o de esfor¸cos internos. Para defin´ı-lo, recorremos ao exemplo da correia. Ali vimos que era necess´ario introduzir uma a¸c˜ao de movimento e esta a¸c˜ao de movimento devia implicar em uma a¸c˜ao de deforma¸c˜ao n˜ao r´ıgida, para podermos evaluar sua tens˜ao.

O anterior nos leva a estabelecer como hip´otese para a Mecˆanica do Cont´ınuo que os esfor¸cos interiores est˜ao dados por um funcional linear e cont´ınuo sobre as a¸c˜oes de movimento e seu gradiente. Seu valor ´e chamado potˆencia virtual interna Pi. Das hip´oteses

de continuidade estabelecidas na Mecˆanica do Cont´ınuo, Pi pode expressar-se atrav´es do produto escalar Pi = Z Bt pidV = − Z Bt (` · v + T · grad v) dV, (6.70)

onde o sinal negativo resultar´a evidente mais adiante. Por sua vez, da observa¸c˜ao de que toda a¸c˜ao r´ıgida n˜ao nos permite avaliar o esfor¸co interior teremos que

Pi = 0 ∀v ∈ N (D). (6.71)

Seja ent˜ao

v uma transla¸c˜ao, logo v = conste. ∀x ∈ Bt. Temos que grad v = 0 ⇒ D = W = 0.

Temos assim que

Pi = −

Z

Bt

` · v dV = 0 (6.72)

para toda transla¸c˜ao v, o que implica em

` · v = 0 ∀v ∈ V e x ∈ Bt. (6.73)

Portanto teremos

` = 0 em todo x ∈ Bt. (6.74)

v uma a¸c˜ao r´ıgida, logo v = vo + W (x − o) onde vo e W s˜ao constantes. Temos

assim que

grad v = W (6.75)

onde W ´e constante e antisim´etrico e portanto

Pi = −

Z

Bt

T · W dV = 0 (6.76)

para todo W antisim´etrico e constante. Isto nos leva a concluir que

T ∈ Sym (6.77)

em todo x ∈ Bt.

Os resultados anteriores nos levam a concluir que

Pi = Z Bt pidV = − Z Bt T · D dV, (6.78)

isto ´e, o esfor¸co interno est´a caracterizado por um funcional linear e cont´ınuo sobre o espa¸co de a¸c˜oes de deforma¸c˜ao W. O conjunto de todos estes funcionais lineares constitui o espa¸co de esfor¸cos interiores W0, dual de W e cujos elementos est˜ao dados por campos

tensoriais sim´etricos T chamados campos de tens˜oes de Cauchy.

Resumindo temos que, para estabelecer um determinado modelo mecˆanico, procede- mos segundo o esquema abaixo

6.4. Dualidade entre Esfor¸cos Internos e Taxas de Deforma¸c˜ao 189

1. Consideramos nosso corpo B ocupando no instante t a configura¸c˜ao Bt (ou ut) de

E. Suporemos tamb´em nossa fronteira bem definida e regular 4.

2. Em cada configura¸c˜ao Bt, hemos definido o espa¸co vetorial V cujos elementos hemos

designado por a¸c˜oes de movimento. Para sua constru¸c˜ao ser´a necess´ario levar em considera¸c˜ao as hip´oteses cinem´aticas do modelo.

3. Definido V, construimos o espa¸co de taxas de deforma¸c˜ao W.

4. Atrav´es do operador taxa de deforma¸c˜ao D, que para o caso de corpos tridimensonais est´a dado (grad ·)s, definimos as a¸c˜oes r´ıgidas, isto ´e o espa¸co N (D).

5. Conhecidas as restri¸c˜oes cinem´aticas ao movimento estabelecemos tamb´em Kinv e

Varv.

6. Com estes elementos e defini¸c˜oes introduzimos as hip´oteses

O esfor¸co externo f que atua sobre nosso corpo na configura¸c˜ao Bt ´e um fun-

cional linear e cont´ınuo sobre V, isto ´e, f ∈ V0, V0 dual de V e seu valor em

v ∈ V ´e a potˆencia externa virtual

Pe= hf, vi (6.79)

onde h·, ·i : V0× V 7→ < ´e uma forma bilinear, por enquanto n˜ao especificada,

que p˜oe em dualidade os espa¸cos V0 e V.

O esfor¸co interno T ´e tamb´em um funcional linear e cont´ınuo sobre W, isto ´e,

T ∈ W0, W0 dual de W e seu valor em D ∈ W ´e a potˆencia interna virtual

Pi = −(T, D) = − Z Bt T · D dV = − Z Bt pidV. (6.80)

Pi = 0 para toda a¸c˜ao de movimento r´ıgida.

As express˜oes 6.79 e 6.80 surgem como consequˆencia da continuidade admitida no nosso modelo. Matematicamente, s˜ao consequˆencias do teorema de Riesz (ver [Rek75, p´ag. 111]) que nos diz que todo funcional linear e limitado pode ser expresso atrav´es de um produto interno.

´

E importante ressaltar que, a partir de express˜ao da Potˆencia Interna Pi e do Princ´ıpio

das Potˆencias Virtuais, que veremos `a seguir, ser´a poss´ıvel estabelecer uma representa¸c˜ao para f . Isto ser´a feito nos exemplos que nos prestaremos a resolver, mais especificamente: tor¸c˜ao, e condu¸c˜ao.

Os conceitos anteriores est˜ao representados graficamente na Figura 6.4.

Os espa¸cos V0 e W0 s˜ao os espa¸cos duais (topol´ogicos) de V e W e h·, ·i, (·, ·) re-

presentam os pares em dualidade em V0 × V e W0 × W logo, podemos definir um novo

Figura 6.4: Formula¸c˜ao Variacional: principais elementos.

operador D∗: W0 7→ V0, chamado operador adjunto por uns ou operador transposto por

outros, aqui iremos cham´a-lo de adjunto ou de equil´ıbrio (j´a que este ser´a seu significado mecˆanico, como veremos mais adiante) e satisfar´a

(T, Dv) = hD∗T, vi ∀v ∈ V. (6.81)

´

E a partir desta defini¸c˜ao, conjuntamente com o Princ´ıpio das Potˆencias Virtuais, que iremos encontrar as chamadas Equa¸c˜oes de Euler, ou seja, as equa¸c˜oes de equil´ıbrio escritas na forma local.

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