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Mapa 2 – Municípios atingidos pela Construção da Usina de Irapé

4. O CASO: A INTERAÇÃO COMUNICATIVA DA CEMIG COM AS COMUNIDADES

4.2. Duas das comunidades interlocutoras da Cemig: Peixe Crú e Santa Maria

Já foi dito que, para a realização da presente pesquisa, foram selecionadas para um estudo em profundidade de sua situação de sujeito interlocutor, duas das comunidades diretamente atingidas, uma em cada margem do rio. Na escolha das comunidades foram consideradas as condições de acesso, as suas características, além do grau de resistência dos moradores das comunidades durante o processo de negociação pela implementação do empreendimento. As comunidades escolhidas representam casos opostos; uma das comunidades -Peixe Cru- , tem características urbanas e é a que recebeu maior atenção por parte da empresa, devido às condições impostas por lei que obrigaram a empresa a realizar a sua relocação total respeitando integralmente os padrões urbanos vigentes. A outra

comunidade, Santa Maria, tem características rurais e é das que teve menos atenção por parte da empresa, seja por representar a tendência na maioria das comunidades que foram reassentadas, seja pelo fato de ser a comunidade que teve condições de ser reassentada o mais próximo possível de seu local original.

A comunidade reassentada de Santa Maria, situada na margem esquerda do rio e localizada no município de Botumirim, é vizinha da Vila Santa Cruz, onde originalmente morava a maioria das famílias reassentadas que foram atingidas nas suas terras de cultivo e produção. A dinâmica de cultivo familiar faz com que muitas das famílias, antes do reassentamento, tivessem moradias na Vila Santa Cruz e moradias na margem do rio que foi atingida pelo reservatório. Assim, na hora da negociação com a CEMIG, a maioria de suas famílias escolheu ficar no reassentamento a ser constituído na Fazenda Santa Maria, aproveitando a sua proximidade da vila de Santa Cruz.

Foto 6 – Vista da Vila Santa Cruz. Foto 7 – Vista da Vila Santa Cruz

A comunidade de Santa Maria ocupa a segunda maior fazenda que a CEMIG adquiriu e, como já foi dito, é a mais próxima à comunidade de origem. São no total 34 lotes de 50 hectares para cada uma das 22 famílias reassentadas, num espaço total de 3474 hectares. As

famílias tiveram o processo de mudança para as novas residências no segundo semestre de 2005. Cada família obteve, além da terra, uma casa com abastecimento de água e eletricidade (coisa inexistente anteriormente); sementes e mudas para dar início a uma nova plantação (já que a antiga estava perdida); acesso à escola (antes não garantido) e ao posto de Saúde da Vila Santa Cruz (onde também foram instalados telefones públicos), além de ter obtido a viabilização de um acesso, pela estrada, ligando Santa Cruz a Boutimirim com linha de ônibus regular.

Foto 8 – Casa construída pela CEMIG na Fazenda de Santa Maria, reassentamento.

Adicionalmente, as famílias reassentadas foram atendidas e apoiadas por psicólogos, através de convênio específico realizado entre a CEMIG e a SEDESE (Secretaria de Desenvolvimento Social e Esporte de Minas Gerais), como parte do processo de mudança e reassentamento. Hoje as famílias reassentadas de Santa Maria contam com uma associação da comunidade constituída para dialogar com a Cemig durante o processo de negociação para

construção da Usina e que tem, entre outros, o objetivo de dar seguimento à assistência técnica que é prestada pela EMATER que vai ser mantida por oito anos na região como parte dos benefícios previstos no Termo de Acordo da Usina de Irapé.

A segunda comunidade escolhida para a realização da pesquisa está localizada na margem direita do rio Jequitinhonha, no município de Turmalina. A comunidade de Peixe Crú é a única comunidade totalmente deslocada e reassentada na sua estrutura de comunidade, por ser completamente atingida pelo reassentamento na localidade original. O Novo Peixe Crú, como é conhecida a comunidade reassentada, é o único reassentamento que teve planejamento urbanístico com calçamento, jardins, casas divididas por muros, pavimentação e lotes para extensão do povoado. Foram construídas 21 moradias em lotes com entrada de acesso, todas com água encanada e tratada; pistas de rolamento das vias públicas pavimentadas em pré- moldados de concreto; calçadas em concreto; sistema de captação e drenagem de águas pluviais; sistema de distribuição de água para os 40 lotes; sistema de esgoto sanitário; rede elétrica e iluminação pública; casa paroquial; escola; creche; centro comunitário; posto de saúde; posto telefônico; bar; mercearia; cemitério; campo de futebol; piscina; praça com coreto; arborização urbana e tratamento paisagístico. De especial destaque, a relocação da Igreja Bom Jesus, reconstruída mantendo características originais, com utilização parcial do material original e preservação de alguns elementos construtivos.

Foto 10 – Vista do reassentamento do Novo Peixe Cru, estrutura de povoado construído pela CEMIG.

A composição de reassentamento diferenciada de Peixe Crú se dá para respeitar a estrutura comunitária na localidade de origem, na margem do rio Jequitinhonha, que atualmente está sendo cheia pelo reservatório. O processo de mudança aconteceu no primeiro semestre de 2005, sendo inaugurada em setembro do mesmo ano. Novo Peixe Crú contou com uma maior presença física da direção do projeto de Irapé da CEMIG em função do delicado processo de reassentamento que representou; no Termo de Acordo foram negociadas condições especiais para esta comunidade.

Foto 12- Moradia construída pela CEMIG, de D. Luisa, Peixe Cru Novo.

Foto 13 – Igreja Bom Jesus, reconstruída no Novo Peixe Cru a partir no modelo original, com os mesmo materiais.

Foto 14 – Placa de inauguração da Comunidade Peixe Cru.