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Capítulo III: Anatomia foliar de espécies de Dyckia (Bromeliaceae): complexos D macedoi e D saxatilis

TRATAMENTO TAXONÔMICO

7. Dyckia saxatilis Mez in C DC., Monogr phan 9: 518 1896.

Tipo: Brasil, Minas Gerais, Ouro Preto, Serra de Cachoeira do Campo, Schwacke 8948 (Isótopo: Bi!; BGBMi!, RB!).

= Dyckia macropoda L.B.Sm., Phytologia 14: 485. 1967.

Figuras 11 M/N, 19 C/C‘, 20 e 21.

Terrestre ou saxícola, (15,6) 24,8-93,6 cm de alt. quando florida, geralmente formando touceira; rosetas simétricas, 6,1-21,7 cm de alt., 13-46,1 cm diâm.; propagação clonal tipo falange, com ramificações laterais desenvolvidas. FOLHAS 10-44 (53), rígidas, coriáceas, basais patentes, medianas arqueadas, apicais suberetas; bainha suborbicular, 1,2-1,4 x 2,4-3,1 cm, branca a branca com região superior esverdeada, indumento lepidoto branco denso no terço superior abaxial, inconspicuamente serrada no ápice; lâmina estreito-triangular, 7,2-34,9 x 0,4-1 cm, suculenta, levemente canaliculada, verde, indumento lepidoto branco denso no terço inferior da face abaxial, glabra na face adaxial, aguda, terminando num espinho, margem aculeada, acúleos castanhos, antrorsos no terço inferior, acima irregularmente curvos, 1,3-3,6 (4,2) mm compr., (5) 10-32 mm distantes entre si. INFLORESCÊNCIA simples ou composta, (9,7) 20,1-56,1 cm compr.; pedúnculo verde, tornando-se avermelhado na parte distal, 22,6-88,2 cm compr.; indumento tomentoso branco, glabro ou subglabro após a antese; estrenós (8,3) 11,5-37,3 mm entre si; brácteas do pedúnculo inferiores mais longas ou iguais aos entrenós, verdes, terço inferior castanho na face abaxial, (1,3) 1,8-5,6 x (0,2) 0,6-1 cm, metade superior mais curtas que os entrenós, verdes a estramíneas, 0,9-1,9 x 0,2-0,9 cm, elípticas a obovadas, acuminada, terminando num espinho, carenadas, indumento

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lepidoto branco denso na face abaxial, margem serrilhada; raque verde-avermelhada, indumento tomentoso branco denso. BRÁCTEAS FLORAIS igualando as sépalas ou ligeiramente mais curtas, ovado-triangulares a levemente elípticas, 0,6-1,4 x 0,2-1 cm, laranja a laranja-avermelhadas, patentes na antese, com carena convexas, indumento tomentoso cinéreo denso, ápice agudo-apiculado margens fimbriadas. FLORES (7) 15- 38, subdensas na metade superior, tubuliformes, reflexas a patentes, 1-2,1 cm compr.; pedicelo laranja, robusto, 1-3,6 (7,8) mm compr., indumento tomentoso branco; sépalas simétricas, laranja, elípticas a levemente ovadas, 5,5-10,1 x 3,6-7,9 mm, obtusas a agudas, muitas vezes terminando num apículo inconspícuo, densamente fimbriadas, indumento lepidoto alvo, esparso na face abaxial, convexas; pétalas assimétricas, laranja, obovadas a rômbicas, 6-13,7 x (4,5) 5-13,4 mm, obtusas, adnatas 1,4-3,4 mm a conação dos filetes, margem inconspicuamente fimbriada no terço superior; estames inclusos; filetes amarelos, lineares, (3,4) 5,1-10 mm compr., conatos 1,3-3,8 mm acima do anel pétalo-estamínico; anteras dorsifixas próximo a base, elípticas, 3-4 mm compr, agudas, sagitada na base; pistilo com ovário amarelo, 3,4-8,5 mm compr., oblongo; estilete amarelo a amarelo-acastanhado, (0,5) 0,8-1,8 (3,2) mm compr.; estigma espiral- conduplicado, 1-2 mm compr., amarelo. FRUTOS suberetos, castanho-escuros, ovados, 8,2-14 mm compr., 5,4-11 mm diâm.

MATERIAL EXAMINADO: BRASIL, ESPÍRITO SANTO, Água doce do Norte,

estr. para o morro das torres, 18º34‘25‖S – 40º59‘35‖W, 12.III.2010, fl., Forzza et al.

5818 (RB). MINAS GERAIS, Belo Horizonte, 21.XII.1958, fl., Heringer s.n.º (HB 32879). Brumadinho, Serra da Calçada, Retiro das Pedras, 20º8‘S – 44º13‘W, 23.XI.1989, fl., Martens s.n. (SPF 87256); Caeté, Serra da Piedade, 9.X.1998, fl., Marques s.n. & Formiga (BHCB 43.756); idem, 15.X.2000, fl., Mota 267 & Marques (BHCB). Itabirito, Serra de Itabirito, 13.VI.1978, fl., Badini s.n. & Zurlo (OUPR 24666). Lima Duarte P.E. de Ibitipoca, 25.X.1997, fl., Figueredo 15 (R); Conceição do Ibitipoca, P.E. do Ibitipoca, mata de candeia ao lado da entrada do Parque, 26.X.2004, fl., Monteiro et al. 36 (RB); P.E. do Ibitipoca, Cachoeira dos Macacos, 21º42‘59‖S –

43º53‘38‖W, 26.X.2004, fl., Silva et al. 1357 (RB). Moeda, Marinho da Serra, 20º19‘56‖S - 43º56‘15‖W, 9.V.2007, fl., Carmo 572 (BHCB). Nova Lima, Serra da Calçada, PESRM, 20º03‘24‖S & 44º00‘20‖W, 8.V.1859, fl., Guarçoni 1859. Ouro

Preto, Serra de Capanema, 20º11'50‖S – 43º35‘08‖W, 7.XII.2011, fl., Guarçoni 1730 (VIC); idem, 23.II.2012, fl., Guarçoni 1763 & Basílio (VIC); Serra de Ouro Preto,

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II.1892, fl., Ule s.n. (R 46.478); idem, VII.1894, fl., Schwacke s.n. (RB 112241);

Cachoeira do Campo, Serra do Siqueira, 20º21‘20‖S – 43º35‘49‖, 3.X.2007, fl.,

Guarçoni et. al. 1317 (VIC); PEI, trilha do Tesoureiro, 9.XII.2007, fl., Coser 118 & de Almeida (VIC); Serra de Ouro Preto, Serra do Chafariz, Caminho Velho da Estrada

Real, 20º21‘S - 43º34‘O, 19.I.2010, fl., Guarçoni 1457 et. al. (VIC); idem, 20º21‘45‖S

- 43º33‘48‖O, 04.II.2011, fl., Guarçoni 1512 & Paula (VIC). Santa Bárbara, Serra da

Gandarela/C2, 20º03‘24‖S – 43º41‘28‖W, s.d., fl., Carmo 1279 (SP). Santa Rita do

Ibitipoca, P.E. Ibitipoca, 30.VIII.1987, fl., Stehmann 1008 & Oliveira (BHBC). São Thomé das Letras, Serra de São Thomé, 30.X.1984, fr. e fl., Pirani et al. s.n. (SPF

35537); Sobradinho, Mineração Roma, 21º39‘46‖S – 44º55‘65‖W, 22.XII.2007. fr.,

Trindade-Lima 249 & Leme (SP).

Hábitat, altitude e hábito: Espécie com ampla distribuição pelo Quadrilátero Ferrífero, podendo ocorrer tanto no Campo Rupestre Ferruginoso quanto no Quartzítico. Também existem registros da espécie para os Campos Rupestres Quartzíticos do sul de Minas e nos inselbergs do Espírito Santo (ES). Ocorre nos afloramentos rochosos, entre 1.120 e 1562 m alt.; no ES foi encontrada a 578 m alt.

Floração: Ano todo.

Estado de conservação: Menos Preocupante (LC). Ocorre em Unidade de Conservação. A espécie ocorre em grandes populações e apresenta ampla distribuição até o momento (ES e MG)

Comentários: Espécie definida pelo porte mediano, presença de indumento alvo no pedúnculo da inflorescência, brácteas superiores do pedúnculo mais curtas que os entrenós, flores tubuliformes, reflexas a patentes, brácteas florais do mesmo tamanho das sépalas ou próximo e filetes conatos acima do anel pétalo-estamínico.

Espécie descrita por Mez em 1896 através da coleta Schwacke 8948 realizada na Serra da Cachoeira do Campo (= Serra do Chafariz) em Ouro Preto.

Smith & Downs (1974) ampliam a circunscrição e a área de ocorrência da espécie em Minas Gerais. Além disso, também registram a espécie para Goiás e Mato Grosso. Analisando as coletas citadas por Smith & Downs (1974) para circunscrever D. saxatilis, concluí-se que somente Schwacke s.n (RB) e Strang 709 (HB) se enquadram na circunscrição de D. saxatilis. As coletas Mello-Barreto 4085 (R) e E. Pereira 1623 (RB) correspondem a D. tenebrosa. Já as coletas Irwing 10308 e 24665 (NY) e Hoehne 3545-3547 e 4545-4550 (R) não correspondem a D. saxatilis devido a pouca distância

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entre os acúleos, seu menor porte e pela presença de brácteas florais menores que a metade da sépala.

Forzza & Wanderley (1998) sinonimizaram D. hilaireana e D. oligantha sob D. saxatilis alegando tratar-se da mesma espécie. Em suas argumentações usam dados extraídos das descrições originais, como tamanho da folha, tamanho dos acúleos, intensidade de indumento no pedúnculo, tamanho das brácteas do pedúnculo da inflorescência, forma e tamanho da bráctea floral, tamanho do pedicelo, disposição das flores, forma e tamanho das sépalas, forma e tamanho das pétalas e tamanho do estilete. Entretanto, as descrições constantes nos protólogos das espécies, além de incompletas, foram realizadas com base em apenas um espécime. Em relação às espécies citadas por Smith & Downs (1974) para o Brasil central, as autoras informaram que não foi possível analisar os materiais citados, e assim, não confirmaram a ocorrência da espécie para esta região. Recentemente, Forzza et. al. (2014) também sinonimizaram D. macropoda e D. oligantha var. cristalina sob D. saxatilis ampliando ainda mais a circunscrição da espécie.

Versieux (2005) cita a afinidade existente entre D. saxatilis e D. mello-barretoi, sem entrar em maiores detalhes. Já Guarçoni et al. (2010) citam a semelhança de D. saxatilis com D. consimilis e D. schwackeana. A discussão sobre as diferenças entre estas espécie podem ser vistas no comentário das mesmas.

No presente trabalho, D. hilaireana e D. oligantha foram reestabelecidas. D. oligantha var. cristalina foi reconhecida como afim de D. machrisiana e D. macropoda não foi localizada, persistindo aqui como sinônimo de D. saxatilis. As revalidações das espécies podem ser vistas nos comentários das mesmas.