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3.5 Economia circular

3.5.1 Economia Circular e o Resíduo Sólido

A gestão de RS possui um forte vínculo com a economia circular. A adoção de modelos econômicos circulares se traduz em estratégia para lidar com a

problemática de resíduo sólido, ao mesmo tempo em que as abordagens para resíduo sólido vão ao encontro dos princípios da economia circular, mesclando os assuntos. No âmbito Europeu, diversas propostas para modernização de sua política de resíduo sólido têm sido implantadas, adotando princípios de economia circular para direcionar os produtos a novos ciclos de vida, de modo a buscar o fechamento destes ciclos. A introdução do Plano de Ação em Economia Circular visa amentar a competitividade nos setores econômicos europeus, inclusive o de resíduo sólido. Este plano propõe a mudança no padrão de tratamento das atividades em economia circular, as quais, segundo levantamento do ano de 2016 eram voltadas predominantemente para ações no estágio de gestão de resíduo. Desta forma, o pensamento de gestão do ciclo de vida tem o potencial de direcionar as ações para a prevenção de resíduo sólido (EUROPEAN ENVIRONMENTAL AGENCY, 2018).

A intenção da governança europeia é incluir a economia circular nas oito Diretivas Europeias relacionadas ao resíduo sólido, de forma a abranger: Incentivos à melhoria do projeto (design) dos produtos, incentivos a outras etapas preventivas da geração na hierarquia de gestão, criação de demanda por “recursos secundários”, redução da geração de resíduo sólido de alimentos, facilitar investimentos em novos negócios, estabelecimento de padrões/critérios mínimos para coleta seletiva nos municípios, melhoria e padronização dos sistemas de responsabilidade estendida, reformulação de taxas de coleta, aterro, incineração e reciclagem, estabelecimento de metas de eficiência de recursos, melhoria na qualidade dos dados e disponibilização da informação e, uso das compras públicas como indutor da política. A Comissão Europeia defende que a implantação destas estratégias deve trazer benefícios econômicos e ambientais como redução de custos na indústria, aumento do PIB em função da criação de novos mercados e redução do consumo de recursos naturais (RIBEIRO; KRUGLIANSKAS, 2014). No Brasil, apesar dos casos isolados que ocorrem na abordagem de RS com EC, e, do estabelecimento da logística reversa pela PNRS, percebe-se que não há mecanismos para torná-la uma prática eficaz, considerando que no ano de 2012 apenas 2% dos materiais retornaram à cadeia produtiva no país. Em comparação com o estabelecido na Europa, a legislação nacional não deixa expressa a responsabilidade direcionada pelo ciclo de vida do produto. Desta forma, há a necessidade de regulamentação das políticas públicas,

além da participação efetiva do poder público nas iniciativas de EC e envolvimento dos demais setores da sociedade brasileira (AZEVEDO, 2015)

Em função da crescente atenção recebida pelo resíduo plástico e seus impactos ambientais, a Fundação Ellen MacArthur formulou relatórios com o objetivo de melhorar e superar as atuais iniciativas direcionadas ao resíduo plástico, através da economia circular. O relatório denominado “New Plastics Economy – Rethinking

the Future of Plastics” traz uma visão geral dos fluxos globais de embalagens

plásticas, dos quais 92% são perdidos pela economia após um curtíssimo período de uso. Existem iniciativas fragmentadas para lidar de forma circular com o resíduo plástico, assim como oportunidades mercadológicas para iniciativas econômicas circulares com esse material. Pensando em uma economia circular global voltada para as embalagens plásticas, foram estabelecidas algumas estratégias: (a) Criar uma economia efetiva para plásticos pós consumo – aumentando drasticamente a absorção e qualidade da reciclagem, a escala de reuso das embalagens e a adoção de plásticos compostáveis nos mercados adequados; (b) Reduzir drasticamente a disposição de plástico nos ambientes naturais – melhorando as estruturas de coleta, armazenamento e processamento nos países mais impactantes, aumentando a atratividade econômica para os materiais que se mantem no sistema e, direcionando os investimentos para a criação de materiais plásticos de menor impacto ambiental; (c) Evitar a fabricação de plásticos provenientes de fontes fósseis (Figura 21) (EMF, 2016).

Para viabilizar estas estratégias deverão ser implantadas iniciativas acordadas globalmente, de forma sistêmica e colaborativa. Uma das iniciativas propostas é um “Protocolo Global para o Plástico”, no qual haja projetos-pilotos e demonstrativos em escala global. Outra iniciativa proposta é “Mobilizar Inovações Eficientes em Larga-escala”, que pode ser dada por iniciativas práticas com resultados significativos em proporções significativas. “Desenvolver Ideias e Construir Economias Baseadas em Evidências Científicas” é outra proposta, evitando iniciativas não fundamentadas e melhorando a eficiência dos ciclos de vida. Outras iniciativas fundamentais para viabilizar o proposto são “Engajar os Atores Políticos” e “Investir em Comunicação Eficiente” (EMF, 2016).

Figura 21: Aspiração para uma Nova Economia do Plástico

Fonte: Adaptado de EMF (2016)

Voltada para a indústria e economia das embalagens plásticas, a EMF propôs mais recentemente, uma forma de estimular a adoção das propostas anteriores, envolvendo grandes atores das embalagens plásticas como a Coca Cola Company®, Danone® e Unilever®. Trata-se de um projeto relatado no documento

intitulado “THE NEW PLASTICS ECONOMY: CATALYSING ACTION”, em que três objetivos principais foram traçados pelos envolvidos visando fortalecer a cadeia de valor para o material plástico circular, baseados no relatório anterior: Inovações nos projetos das embalagens, reuso e reciclagem de qualidade. Neste relatório foram novamente mencionadas as iniciativas através das quais é possível viabilizar a implantação dos sistemas em escala global, divididos em cinco blocos, conforme a Figura 22 (EMF, 2016).

Figura 22: Visão geral dos blocos de catalisação para uma nova economia de plásticos

Fonte: Adaptado de EMF (2016).