• Nenhum resultado encontrado

A EA nasce da necessidade de aliar conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural com uma nova consciência de valores de respeito para com os seres humanos e os recursos naturais, numa perspetiva de formar uma mentalidade impulsionadora da construção de um novo paradigma emancipador (Soares et al., s/a).

Segundo Bittar (2007), o modelo de educação tem a vocação de despertar consciências, intrinsecamente associadas aos modos pelos quais se pratica o poder na sociedade. O exercício desse poder é o maior desafio na educação, considerando a necessidade de um exercício de aprendizagem para uma cultura democrática (Bittar, 2007). Esta tem sido a estratégia usada para conduzir as populações à mudança de atitudes

23 e comportamentos, constituindo para Schmidt et al., (2011), uma ideia mais abrangente e global de educação para sustentar o DS, de acordo com a definição de Jacobi (2003), Meira (2005) e Meira & Ramos Pinto (2008).

Leff (2003) acentua que a crise ambiental é sobretudo num problema de conhecimento que implica a necessidade de desconstruir e reconstruir o pensamento, procurando entender as origens, as causas e desvendar as certezas embasadas em falsos fundamentos. Esta compreensão ultrapassa o âmbito da educação e remete-nos para uma gestão associada à participação dos atores sociais locais, na procura aliada à equidade social, à preservação do meio ambiente e à utilização racional dos recursos naturais (Oliveira et al., 2010).

A EA deve encaminhar-nos da teoria à prática, dos saberes às competências, introduzir alterações nos comportamentos, conduzir à ação, através do comprometimento das populações e dos seus líderes nas decisões de maior impacto para o seu futuro coletivo. Esta teve os seus primeiros desenvolvimentos a nível Mundial em 1972, quando a ONU organiza a 1.ª Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente em Estocolmo orientando no Princípio 19: “É indispensável um esforço para a educação em

questões ambientais, dirigida tanto às gerações jovens como aos adultos e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada, e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada no sentido de sua responsabilidade sobre a proteção e melhoramento do meio ambiente em toda sua dimensão humana.” (Declaração de

Estocolmo, 1972), e foi desenvolvida na Conferência de Belgrado, em 1975 na Carta de Belgrado sobre EA.

A definição de EA compreende um processo de formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os seus problemas, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de compromisso que lhe permitam trabalhar individual e coletivamente na resolução dos problemas atuais e impedir que eles se repitam. A EA para a sustentabilidade deve ser alimentada em todas as formas de pensamento, em busca de um bem comum. Preparar o indivíduo para que ele perceba que as relações sociais e económicas, socialmente construídas pela humanidade, devem ser justas e considerar a Terra a partir da finitude dos seus recursos naturais existentes (Moreira et al., s/a).

A Conferência Intergovernamental de EA em Moscovo em 1987 apela para as modificações comportamentais no campo cognitivo e afetivo, formalizando em 1988, através da Resolução do Conselho Europeu e dos Ministros da Educação, a Resolução

24 88/C 177/03, publicada no Jornal Oficial das Comunidades Europeias, que enumera várias ações de EA adequadas no domínio da educação. A evolução ao longo dos últimos anos tem melhorado no ensino e aprendizagem e Portugal acompanhou esta preocupação mundial, criando em 1971 a Comissão Nacional do Ambiente e em 1975 introduzindo o Programa Escolar “O Homem e o Ambiente”. Este despoletou, em 1986, a Lei de Bases do Sistema Educativo que integra a EA nos currículos escolares (restruturada em 1996), a criação do Instituto Nacional do Ambiente (INAmb em 1987) e leis de Associações de Defesa do Ambiente, emergindo as primeiras Jornadas de EA em 1995; em 1997 inicia- se a criação da Rede Nacional de Ecotecas pelo IPAMB.

A Estratégia Nacional de Educação Ambiental para a Sustentabilidade (ENEAS), surge em 2003, com as expectativas de desenvolver de forma coordenada e participada uma política de EA tão esperada em Portugal.

A EA deve procurar valores que orientem a uma convivência harmoniosa das espécies que habitam o planeta com o ambiente. Considerando que a natureza não é fonte inesgotável de recursos e que as reservas são finitas, devendo ser utilizadas de maneira racional, sendo que as gerações futuras merecem o nosso respeito e a manutenção da biodiversidade é fundamental para a nossa sobrevivência (Philippi, 2001).

Os objetivos globais a atingir em 2030 necessitam de estar alicerçados numa perspetiva de sustentabilidade visando o DS. A sensibilização e EA ativa e contínua é uma ferramenta importante na medida em que o ser humano não nasce com conhecimento adquirido; a transmissão de conhecimentos é crucial para o desenvolvimento de práticas sustentáveis, para a construção de atitudes, valores e comportamentos ambientalmente responsáveis (Silva, 2014). Para que exista uma integração de todos os objetivos, visto que os recursos naturais não são estáticos, torna-se necessário uma educação constantemente atualizada.

Neste sentido, é necessário promover ferramentas pedagógicas para uma EA acessível a todos os públicos, tendo em conta que é importante que os cidadãos adquiram uma visão global mas também local dos objetivos, para que estes possam ser debatidos com proximidade, e que os cidadãos sejam capazes de elaborar críticas construtivas e viáveis para a preservação dos recursos naturais, fortalecendo a participação pública efetiva, de modo a integrar a comunidade na estratégia a seguir (Santos, 2010). Os objectivos de sustentabilidade só podem ser alcançados se for assegurada a “participação

dos cidadãos nos processos de tomada de decisão, simultaneamente com a desburocratização dos procedimentos administrativos que permita agilizar e credibilizar a própria função institucional” (ENDS 2015,109).

25 Assim, as Nações Unidas na definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), orientada nos pressupostos de um “ Caminho para a Dignidade em

2030” propõem 17 objetivos de DS e 169 metas um legado dos objetivos de

desenvolvimento do Milênio para os próximos 15 anos, em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta, integrando, o equilíbrio das três dimensões do DS: a económica, a social e a ambiental, patente do objetivo 6 ao 17. Constata-se um reforço da preocupação em assegurar que todo o desenvolvimento de é acessível, confiável e que as políticas de crescimento económico asseguram uma gestão sustentável e para o DS.11

Em resumo a EA (e posteriormente a Educação para o Desenvolvimento Sustentável) evoluiu desde a Conferência de Estocolmo e alerta para a necessidade interdisciplinar do ser humano em harmonia com o ambiente, estabelecendo metas e novas relações ecológicas. Todavia, enfrentamos um paradigma em que não basta proteger, sendo também necessário mudar comportamentos e atitudes. A melhor maneira de conservar é educar, divulgar para a importância do ambiente, participar ativamente nas questões ambientais e da sustentabilidade e garantir que a população mundial toma consciência da importância e do interesse na procura de soluções dos problemas atuais e para prevenir problemas futuros.

11 https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/

26

3 - Metodologias/Descrição Detalhada