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Educação ambiental para efetivar a gestão e o gerenciamento

PARTE II – GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 32 

2. A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA POLÍTICA NACIONAL DE

2.2  Instrumentos de implementação da gestão integrada dos resíduos sólidos 64 

2.2.2   Educação ambiental: mudança de valores e paradigmas para transformar

2.2.2.2   Educação ambiental para efetivar a gestão e o gerenciamento

A educação ambiental na gestão dos resíduos sólidos é parte integrante da Política Nacional de Resíduos Sólidos e tem como objetivo o aprimoramento do

conhecimento, dos valores, dos comportamentos e do estilo de vida relacionados com a gestão e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos, de acordo com o art. 77 do Decreto n. 7.404/2010.

O aprimoramento do conhecimento é focado nas informações sobre a constituição, o volume e como deve ser realizada a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos, segundo a Lei da PNRS.

Os valores estão sob a perspectiva da importância que a sociedade atribui aos resíduos sólidos que deve ser modificada de “algo que não presta” para algo que “presta”, devendo ser cuidado, gerido, em razão principalmente das suas implicações ambientais, sociais e econômicas.

123 “Princípio 10: A melhor maneira de tartar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadão interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.”

A educação ambiental para que a segregação dos resíduos sólidos pela população faça parte do seu comportamento habitual efetivando a coleta seletiva e a logística reversa.

O aprimoramento do estilo de vida buscando padrões de consumo sustentáveis.

A gestão dos resíduos sólidos positivada pela Lei da PNRS regulamenta todo o ciclo de vida dos produtos, incluindo a produção e o consumo, assim como responsabiliza todos os geradores de resíduos sólidos.

A atual sociedade de consumo já foi apontada como uma das principais causas dos problemas ambientais mundiais, conforme disposto no Capítulo 4 da Agenda 21:

[…] as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios.

A Lei da PNRS institui como um dos seus objetivos o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens, definidos no art. 3.º da Lei da PNRS, como: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras.124 Tal definição segue o enunciado de consumo sustentável, inserido nas Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor em 26 de julho de 1999, que dispõe: “consumo sustentável inclui atender as necessidades de bens e serviços das gerações presentes e futuras de modo tal que sejam sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental”.

O documento continua estipulando:

124 A definição proposta pela Lei segue o conceito de que “consumo sustentável inclui atender as necessidades de bens e serviços das gerações presentes e futuras de modo tal que sejam sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental”. Inserida em 26 de julho de 1999, nas Diretrizes das Nações Unidas para a Proteção do Consumidor.

A responsabilidade pelo consumo sustentável é compartilhada entre todos os membros e organizações da sociedade incluídos os consumidores informados, governos, empresas, organizações laborais, consumeristas e ambientais, que desempenham funções particularmente importantes. Os consumidores informados têm uma função essencial na promoção do consumo que é sustentável do ponto de vista ambiental, econômico e social, inclusive pelos efeitos de suas escolhas sobre os produtores. Os governos devem promover o desenvolvimento e a implementação de políticas para o consumo sustentável e a integração dessas políticas com outras políticas. As políticas públicas governamentais devem ser formuladas com consultas às organizações, empresariais, ambientais e de consumidores, bem como a outros grupos interessados. As empresas têm responsabilidade na promoção de consumo sustentável mediante design, produção e distribuição de bens e serviços. As organizações de defesa do meio ambiente e de consumidores têm a responsabilidade de promover a participação e o debate públicos no que diz respeito ao consumo sustentável, informar os consumidores e trabalhar com o governo e com as empresas em prol do consumo sustentável.

Destaca-se a qualificação do consumidor informado. Em fevereiro de 2008, o Ministério do Meio Ambiente elaborou o Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS) e em um dos seus manuais consta o conteúdo dos “5Rs” para ser disseminado entre os consumidores:

1.º refletir (antes de consumir);

2.º recusar (consumo predatório);

3.º reduzir (consumir somente o necessário);

4.º reutilizar (alongando a vida útil de produtos);

5.º reciclar (contribuir para programas da escola, da comunidade, ou mesmo em casa).

Essa ordem estabelecida segue a prioridade da Lei de PNRS, que impõe primeiro a “não geração” de resíduos, que para os consumidores pode ser traduzida como o “não consumo”, o dever de parcimônia.125

Optando por consumir, o consumidor deverá ser informado sobre o ciclo de vida do produto. Nas palavras de Marcelo Sodré:

A escolha consciente do consumidor abrange os aspectos socioambientais dos produtos e serviços dispostos no mercado, quais sejam, a opção de compra daqueles que verdadeiramente revelem menor potencialidade de geração de danos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e à sadia qualidade de vida.126

O consumidor educado do ponto de vista ambiental deverá ter uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos, para após, diante das informações relativas aos produtos, poder efetuar o consumo sustentável.

Cabe ao Poder Público desenvolver ações educativas voltadas à conscientização dos consumidores com relação ao consumo sustentável e às suas responsabilidades no âmbito da responsabilidade compartilhada, de que trata a Lei da PNRS (art. 77, § 2.º, IV, Decreto n. 7.404/2010).

A educação também deve ser direcionada aos segmentos produtivos que devem conhecer os conceitos de sustentabilidade para incorporá-los nos processos de produção, adotando tecnologias limpas e ecoeficiência.127