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CAPÍTULO IV – EDUCAÇÃO E TRABALHO

4.2 EDUCAÇÃO E TRABALHO EM SANTA CATARINA 9

A imigração alemã para o Brasil atingiu seu auge entre 1880 e 1890. Isso ocorreu porque haviam crises conjunturais na Alemanha, decorrentes da violenta mudança econômica, de estado agrário para estado industrial. “… são grandes mudanças tecnológicas, econômicas e sociais, que abalaram as antigas estruturas da sociedade européia, e que levam o consentimento de mães, esposas e filhos em acompanhar os chefes de família rumo à América. (HERING, 1995, p. 16).

As primeiras levas de imigrantes eram provenientes do sudoeste da Alemanha. Posteriormente, do centro e do norte do país vieram os camponeses que se identificaram com muitos distritos têxteis. Os trabalhadores alemães esperavam encontrar no Brasil, além do progresso material, condições para o desenvolvimento de suas capacidades. Assim, o imigrante alemão adquiriu terras e extraiu delas os produtos necessários à sua sobrevivência e a da família.

A maior predominância de alemães, no Brasil, encontra-se na Região Sul, mais especificamente em Blumenau, Santa Catarina. Breve resumo da vida colonial mostrará no que culminaram os esforços de homens e mulheres nos primeiros anos de colonização no Vale do Itajaí. Do ponto de vista econômico o que caracterizou a região foi a policultura de subsistência.Este conhecimento da terra foi adquirido com os nativos, que depois foram excluídos pelos imigrantes durante todo o desenvolvimento da região.

A lavoura que garantiu essa subsistência foi basicamente a do milho e do aipim - das suas safras dependem a classificação do ano agrícola. Os produtos agrícolas destinavam-se a três finalidades: a alimentação, o trato dos animais e a indústria de transformação, que

incluirá bovinos para o leite, suínos para carne, e aves para carne e ovos. Criavam- se também eqüinos para tração.

A c r i a ç ã o d e a n i ma i s d o mé s t i c o s c o n s u mi a 1 / 3 ( u m t e r ç o ) d a s a t i v i d a d e s d i á r i a s d o a g r i c u l t o r , o r e s t o s e n d o a b s o r v i d o p e l a s p l a n t a ç õ e s d e a i p i m, mi l h o , b a t a t a - d o c e , fe i j ã o , e d a s fo r r a g e i r a s c o mo a b ó b o r a , a me n d o i m, a v e i a e t c . O s a fa z e r e s d o mé s t i c o s , a s t r a n s a ç õ e s c o me r c i a i s , o s r e p a r o s d o c e r c a d o , n a s c a r r o ç a s e n o s r a n c h o s e r a m fe i t o s n o s i n t e r v a l o s d o t r a b a l h o n a l a v o u r a . ( H E R I N G , 1 9 9 5 , p . 1 1 7 ) .

O trabalho na colônia era diversificado e todos participavam dos afazeres, tanto agrícolas quanto domésticos. Segundo MARX (1984, p. 884), “Nas colônias, a coisa era diferente. Nelas o regime capitalista esbarra no obstáculo do produtor que, possuindo suas próprias condições de trabalho enriquece com seu trabalho a si mesmo e não o capitalista”.

O trabalho na terra era executado por seu proprietário, esposa e filhos, que começavam a atividade na agricultura na mais tenra idade. “Toda a economia familiar do pequeno agricultor pode ser regulada através da orientação pela tarefa; mas na família pode existir uma divisão do trabalho, uma distribuição de tarefas, e relações disciplinares de empresários/trabalhador entre o agricultor e os filhos. Até neste caso o tempo começa a transformar-se em dinheiro – dinheiro do empresário” (THOMPSON, 1991, p. 49).

Havia, portanto, a participação da mão-de-obra infantil nos trabalhos de agricultura, e também da mulher.

D o g r ã o - d u c a d o d e E s s e , p o r e x e mp l o , s a b e mo s a t r a v é s d e d e p o i me n t o s d e K a r l K a u t s k y e E u g e n K a t z , q u e s o b r e t u d o n a s p r o p r i e d a d e s c a mp e s i n a s o t r a b a l h o i n fa n t i l a l c a n ç a v a e x a t a me n t e o g r a u d e i n t e n s i d a d e q u e h o j e c a r a c t e r i z a a s c o mu n i d a d e s t e u t o - b r a s i l e i r a s . A p o s s i b i l i d a d e d e u s a r a c r i a n ç a p a r a t r a b a l h o s a g r í c o l a s o u p a s t o r i s d e t e r mi n a v a , a l i c o mo a q u i , a a t i t u d e d o c a mp o n ê s p a r a c o m a e s c o l a : t o d a s a s t e n t a t i v a s d e v i g á r i o s e p r o fe s s o r e s n o s e n t i d o d e l i mi t a r o t r a b a l h o i n fa n t i l s ã o ma l

s u c e d i d a s , p o i s o s c a mp o n e s e s e n c a r a m c o m h o s t i l i d a d e a e s c o l a q u e l h e s s u b t r a i u ma p a r t e d o s b r a ç o s i n fa n t i s ( W I L L E M S , 1 9 8 0 , p . 2 4 4 ) .

As jornadas de trabalho eram longas: iniciavam às 6 da manhã durante o inverno e às 5 no verão, prolongando-se até o pôr-do-sol; algumas vezes trabalhavam sob a luz dos lampiões. O trabalho, de maneira geral, pouco diferenciava do que estavam acostumados a executar em seu país de origem.

Na colônia não havia divisão de classes; a organização de trabalho era interfamiliar. Sendo assim, além dos trabalhos domésticos e na lavoura, a mulher auxiliava o marido na venda de seus produtos. “… a esposa detinha importantes encargos econômicos. Cabia-lhes, por exemplo, a venda dos produtos artesanais feitos na oficina integrada à casa e, com freqüência, a compra de matéria-prima, o que a obrigava, no mínimo, caso quisesse dar bom destino à produção do negócio familiar, a ter noções de qualidade e das regras do mercado.” (HERING, 1995, p. 13)

Naquela época, já havia preocupação com o produto e com as regras de mercado. Essa noção de qualidade do produto era transmitida de geração a geração, juntamente com os conhecimentos básicos dos ofícios paternos, a preservação da cultura germânica e da religião. “O estrato artesanal se destacava dentro da sociedade alemã por princípios rígidos e pela exigência de uma conduta irrepreensível. As regras a que os artesãos eram submetidos asseguravam-lhes sua própria identidade, cuja transmissão pode exatamente ser entendida como ‘missão especial da mulher’ ” (HERING, 1995, p. 13).

O papel da mulher durante esse período era transmitir os hábitos e atitudes aos seus filhos e aos demais membros da colônia, para posteriormente trabalharem nas indústrias. Isto ocorria também através

da escola. Havia uma preocupação muito grande com a introdução de escolas no período de colonização. “Nas zonas coloniais de Santa Catarina predominavam as escolas particulares, que se caracterizavam por transmitir valores culturais básicos das comunidades a que serviam e ministravam o ensino em língua não vernácula – geralmente alemão ou italiano” (FIORI, 1991, p. 68). O objetivo era preparar os filhos dos imigrantes para ocupar futuras posições na colônia e manter vivas as tradições de seu país de origem.

“Esta assimilação incompleta dos alemães no padrão cultural do Novo Mundo era caracterizada pelo uso exclusivo ou parcial da língua alemã no falar cotidiano, e por um estado de afinidade cultural, política e sentimental à terra paterna o que freqüentemente antagonizava e deslocava sentimentos semelhantes para com o país de residência” (DALBEY, 1971, p. 125).

Ante tais circunstâncias, para a transmissão desses valores os dirigentes da colônia de Blumenau implantaram escolas particulares, com recursos financeiros provenientes da Alemanha.

D e s l i g a d o s d o p a í s p a t e r n o , o s a l e mã e s e s t a b e l e c e r a m e s c o l a s a fi m d e p r e s e r v a r o me l h o r d e s u a s c a r a c t e r í s t i c a s r a c i a i s e fo l c l ó r i c a s . C o m u ma e v i d e n t e a j u d a p e c u n i á r i a d a A l e ma n h a , e s t a s e s c o l a s p a r t i c u l a r e s , s o b i n s t r u t o r e s a l e mã e s t o r n a r - s e - i a m o ma r c o c u l t u r a l ma i s i mp o r t a n t e n a p r e s e r v a ç ã o d o D E U T S C H T U M . D e fa t o , n a mu d a n ç a d e s é c u l o e s t a s e s c o l a s t i n h a m- s e i n fi l t r a d o t a n t o n o s E s t a d o s d o S u l , q u e o g o v e r n o b r a s i l e i r o , a s s e d i a d o p e l o s s e u s p r ó p r i o s p r o b l e ma s o r ç a me n t á r i o s c r ô n i c o s e n c o r a j o u a s e s c o l a s a l e mã e s a c o n t i n u a r e m s u a s a t i v i d a d e s n a a u s ê n c i a d e u m s i s t e ma e s c o l a r n a c i o n a l c o n c r e t o ( D A L B E Y , 1 9 7 1 , p . 1 2 6 ) .

Estes recursos vieram a favorecer a instalação de escolas particulares alemães, predominando os valores e tradições desses imigrantes. Essas escolas eram destinadas aos filhos dos imigrantes,

sendo que aos filhos dos demais membros da colônia, havia uma certa restrição.

A colônia começa a prosperar, seja na produção de produtos em oficinas artesanais, seja na agricultura. “Nas colônias, não havendo ainda a dissociação entre o trabalhador e suas condições de trabalho inclusive a raiz destas, a terra, ou ocorrendo ela apenas esporadicamente ou em escala limitada, também não há a separação entre a agricultura e indústria, nem se verifica a destruição da indústria doméstica rural” (MARX, 1984, p. 888).

A agricultura, portanto, possibilitou a Blumenau a indústria de

beneficiamento, fazendo surgir aos poucos fábricas de laticínios e salsicharias que ficariam conhecidas em todo o País. Ocorreu, então, o crescimento do comércio, com a venda dos produtos rurais, acumulando, capital, que seria aplicado nas experiências artesanais e fabris dos imigrantes alemães, surgindo a indústria têxtil.

Não há dúvidas de que, com a transmissão dos valores germânicos, a educação veio a ter uma grande influência no desenvolvimento econômico da região, possibilitando assim a efetivação da indústria.

… a p a s s a g e m d o fe u d a l i s mo p a r a o s i s t e ma c a p i t a l i s t a n ã o r e p r e s e n t o u a s u p e r a ç ã o d e u ma s o c i e d a d e ma r c a d a p e l a o p r e s s ã o , s e r v i l i s mo e d e d e s i g u a l d a d e d e c l a s s e s p o r u ma s o c i e d a d e l i v r e e i g u a l i t á r i a . A s u p e r a ç ã o d o s e r v i l i s mo e d a e s c r a v i d ã o n ã o fo r a m p r e s s u p o s t o s p a r a a a b o l i ç ã o d a s o c i e d a d e c l a s s i s t a , ma s c o n d i ç ã o n e c e s s á r i a p a r a q u e a n o v a s o c i e d a d e c a p i t a l i s t a p u d e s s e , s o b u ma i g u a l d a d e j u r í d i c a , fo r ma l e , p o r t a n t o , l e g a l ( c e r t a me n t e n ã o l e g í t i ma ) , i n s t a u r a r a s b a s e s d a s r e l a ç õ e s e c o n ô mi c a s , p o l í t i c a s e i d e o l ó g i c a s d e u ma s o c i e d a d e d e c l a s s e s ( F R I G O T T O , 1 9 9 6 , p . 2 7 )

Sendo assim, com a indústria surge uma sociedade de classes, pois não é somente a família que participa na produção dos produtos; outros trabalhadores se agregam ao processo, tendo como conseqüência a sociedade de classes. N o p r i n c í p i o , b a s t a v a m a s fo r ç a s d o s me mb r o s d a fa mí l i a p a r a t r a n s fo r ma r o q u e s e p r o d u z i r i a n o t e a r c i r c u l a r e m t e c i d o s a p r o v e i t á v e i s . M a s , a o s e r e m a d q u i r i d o s o s e g u n d o e o t e r c e i r o t e a r e s , t e v e d e p r o c u r a r n o v o s o p e r á r i o s . J á n ã o b a s t a v a m o s e s p a ç o s e s t r e i t o s . F o i c o n s t r u í d o u m s i mp l e s r a n c h o d e ma d e i r a n o p á t i o , a q u e s e c h a mo u c a s a d a s má q u i n a s ( M a s c h i n e n h a u s ) , e m c u j o i n t e r i o r e s t a v a m t r ê s t e a r e s c i r c u l a r e s , a l g u ma s má q u i n a s d e c o s t u r a , u ma p r e n s a , a l g u ma s má q u i n a s d e t e c e r me i a s e a me s a d e c o r t e . M a s e m b r e v e n e m i s t o e r a ma i s s u fi c i e n t e , n e m o t e r r e n o a t e n d i a à s e x i g ê n c i a s d o c r e s c i me n t o . ( H E R I N G , 1 9 8 0 , p . 2 5 ) .

Na família, cada membro participava da produção, cada um ajudou a construir os pilares da indústria. De acordo com o depoimento de Minna Hering, ancestral dos primeiros fabricantes de malha do Brasil (1883), que foi extraído do livro “O papel da mulher no Vale do Itajaí 1850-1950” de Maria Luiza Renaux HERING (1995, P. 148):

. . . H e r ma n n g i r a a má q u i n a c i r c u l a r ; o q u e e x i g e , d e v i d o à t e r r í v e l p a r a d a , mu i t a fo r ç a . B r u n o c o r t a a s c a mi s e t a s e o s c a s a c o s , mo l d a e p r e n s a o s me s mo s , fa z v i a g e n s d e n e g ó c i o s e t c . H a n n c h e n e s t á s e n t a d a , d e s d e c e d o a t é , a n o i t e , n a má q u i n a d e c o s t u r a s , o q u e é mu i t o c a n s a t i v o p a r a e l a ; N a n n y fi c a e m p é , d e ma n h ã a t é a n o i t e , n a má q u i n a d e t r i c o t a g e m, o n d e e l a é mu i t o e s fo r ç a d a . L i e s c h e n a p r e n d e u o c o r t e e , d e p o i s d e t e r c u i d a r d a r o u p a , e l a c o s t u r a , G r e t c h e n e M a x v ã o d u a s v e z e s à e s c o l a , ma s t a mb é m s ã o o b r i g a d o s a r e a l i z a r p e q u e n o s s e r v i ç o s n a fa b r i c a ç ã o . A g o r a v e j a q u e r i d a A u r e l l e , c a d a q u a l t r a b a l h a d e a c o r d o c o m s u a s fo r ç a s , e n t ã o e u p r e c i s o c u i d a r p a r a q u e a s fo r ç a s d o g r u p o s e j a m r e s t i t u í d a s c o m a l i me n t o s s u b s t a n c i o s o s .

A divisão do trabalho iniciou-se com a especialização das tarefas,

a organização da empresa e a introdução das máquinas.

N e m a h i e r a r q u i a , n e m a d i v i s ã o d e t r a b a l h o n a s c e r a m c o m o c a p i t a l i s mo . A d i v i s ã o s o c i a l d o t r a b a l h o , a e s p e c i a l i z a ç ã o d a s t a r e fa s é u ma c a r a c t e r í s t i c a d e t o d a s a s s o c i e d a d e s c o mp l e x a s e n ã o u m t r a ç o p a r t i c u l a r d a s s o c i e d a d e s i n d u s t r i a l i z a d a s o u e c o n o mi c a me n t e e v o l u í d a s . ( M A R G L I N a p u d G O R Z , 1 9 9 6 , p . 4 3 )

Os conhecimentos técnicos eram adquiridos pelos trabalhadores inicialmente através de um especialista, ou seja, um técnico, que muitas vezes era o próprio dono da empresa, ou alguém contratado, um mestre- artesão, que transmitia o conhecimento no próprio local de trabalho.

Sendo assim, citamos o depoimento do técnico alemão Walter BUECKMANN (HERING, 1987, P.148), que veio para Brusque em 1900, que define a dificuldade de treinar o pessoal nas fábricas:

O a ma c i a me n t o d a s má q u i n a s fo i fe i t o n o r ma l me n t e , ma s d e p o i s . . . me u D e u s ! e n s i n a r g e n t e , e m p a r t e c r i a n ç a s , e q u e n u n c a v i r a m u ma má q u i n a p o r p e q u e n a q u e fo s s e , e m mo v i me n t o . C o l o c a r e s s a g e n t e d i a n t e d a s g r a n d e s fi a n d e i r a s , v e n c e r o me d o e e n s i n a r a s mã o s d u r a s e c a l e j a d a s p e l o t r a b a l h o n a r o ç a a e me n d a r o s fi o s e fa z e r a t i r a g e m e t c . , i s s o fo i d e e r i ç a r o s c a b e l o s , a l i á s , c o mo u s o p e n t e a d o e r i ç a d o , n ã o p r e c i s a v a u s a r e s c o v a . O c l i ma é a d v e r s o , d i a s c o m e x c e s s o d e u mi d a d e , o u t r o s s e c o s d e ma i s , n a s s e ma n a s e me s e s e m q u e s o z i n h o t i v e q u e e n fr e n t a r e s s a s i t u a ç ã o t ã o p r e c á r i a e à s v e z e s t ã o fo r a d o c o mu m me d e u v o n t a d e d e l a r g a r t u d o . C o mo i n v e j o o s c o l o n o s q u e , t r a n q ü i l a me n t e , r a c h a m l e n h a n o fu n d o d o q u i n t a l e a o e s c u r e c e r g u a r d a m o ma c h a d o , s e m p r e o c u p a ç ã o , d e s fr u t a n d o o fi n a l d o d i a , e n q u a n t o q u e me u s o n o é a t o r me n t a d o p o r p r o b l e ma s .

Naquela época, o ensino profissional enfrentou inúmeras dificuldades, pois não havia preparo dos membros da colônia para

atuarem nas indústrias têxteis. Sendo assim, alguns moradores de Blumenau têm a possibilidade de enviar seus filhos à Alemanha, para estudar e receber o preparo para uma profissão adequada. Este fato veio a favorecer o processo de dominação, ou seja, a continuidade do poder da classe dominante. Quanto aos demais, aos excluídos era permitido somente a condição de aprendiz na própria empresa. Isto proporcionava um conhecimento prático e repetitivo, mas os excluíam de conhecimentos que favorecem a condição de cidadão alfabetizado, como conhecimento teórico, matemática etc...

Então, em 1892, houve a implantação do melhor estabelecimento de ensino, tendo sido escolhido como inspetor escolar o pastor H. Faulhaber, que foi designado pelo Conselho Superior Eclesiástico de Berlim para ser pastor da Igreja Evangélica em Blumenau e que veio a contribuir com ensino.

No ano de 1899 havia 124 alunos, que recebiam aulas em quatro classes separadas, com quatros professores. A escola recebia uma subvenção anual de 1.000 marcos do Imperador da Alemanha, além de

cobrar mensalidades de 2, 3, 4, 5 mil réis por aluno. 9

Do governo do Estado de Santa Catarina a escola recebe igualmente uma subvenção de 4 $ 800 mil réis anualmente. Por isto a escola tem a obrigação de ensinar o idioma de português e dar uma certa porcentagem de até 33 % de aulas gratuitas aos alunos.

Quanto à valorização do professor, recebiam 20$000 réis por mês, não eram bem remunerados e eram ajudados pelos colonos com verduras e artigos para sua sobrevivência. O professor era responsável pela educação dos filhos dos imigrantes e a eles eram confiados a transmissão

9 V a l o r d e mi l r é i s : r e a l , p l u r a l r e i s . S e g u n d o P r i n c i p e D o m B e r t r a n d O r l e ã e s e B r a g a n ç a , mi l r e i s é e q u i v a l e n t e a 0 , 9 0 g r d e o u r o . C o n t o d e r e i s s ã o mi l mi l r e i s o u s e j a 9 0 0 g r x R $ 1 8 , 0 0 ( p r e ç o mé d i o d a g r / o u r o ) = R $ 1 6 . 2 0 0 , 0 0

de valores. “Em toda Nação civilizada a casa paterna passa ao professor todos os direitos e obrigações perante a criança durante o tempo das aulas” (FAULHABER, 1990, p. 25). Assim, ao professor era também dado o direito de manter a disciplina na escola. “Para que todos se habituem a obedecer em todas as suas situações da vida, nisto consiste a grande força do caráter alemão” (FAULHABER, 1990, p. 25).

Os valores necessários que os futuros trabalhadores das indústrias recebiam das escolas eram a obediência e o respeito à hierarquia. Era na escola que aprendiam as atitudes comportamentais que deveriam ter na empresa.

Em 1904, houve a implantação da Sociedade de Escolarização de Santa Catarina, que substituiu a Sociedade de Professores e Escolas da Colônia, sugerindo a melhoria de ensino, a seleção de professores, material e distribuição de recursos oriundos da Alemanha.

E r a m d a d a s n o ç õ e s d e l e i t u r a , e s c r i t a e ma t e má t i c a , e p o s t e r i o r me n t e c r i o u - s e “u m e n s i n o d e n í v e l ma i s e l e v a d o , a o l a d o d a s p r i me i r a s l e t r a s e m a l e mã o , l a t i m, p o r t u g u ê s , fr a n c ê s , ma t e má t i c a , g e o g r a fi a e h i s t ó r i a . O t é r mi n o d o c u r r í c u l o d e s t a e s c o l a c o r r e s p o n d i a a o g r a u d o A b i t u r ( e x a me c o n c l u s i v o d o S e g u n d o G r a u ) d a A l e ma n h a e d a v a o d i r e i t o a u m a n o d e s e r v i ç o mi l i t a r n a q u e l e p a í s ” ( H E R I N G , 1 9 9 5 , p . 9 9 ) .

O nome dado primeiramente a escola Dom Pedro II, que funciona até hoje, foi Escola Nova. A religião continuava a ter grande influência sobre a educação dos filhos dos imigrantes e colonos. O trabalho, que era considerado um dever religioso, era um meio de satisfazer às necessidades determinadas pela tradição.

“Não há dúvida de que, ao lado de outros fatores, os estímulos vindos do protestantismo incentivaram as atividades profissionais contribuindo para que a mentalidade econômica se transformasse, aos

poucos, no que hordiernamente se chama de mentalidade capitalista” (WILLEMS, 1980 p. 257)

“É perfeitamente razoável, por exemplo, argumentar que a ética protestante constituiu uma sanção religiosa para um padrão comportamental já estabelecido e, ainda assim, continuar a lhe atribuir uma influência considerável como defensora e propagadora desse padrão diante de sistemas de valores rivais” (LANDES, 1994, p.29).

A religião e a educação tiveram, assim, grande influência para que houvesse o desenvolvimento industrial do município e, conseqüentemente, o aparecimento do capitalismo E alguns estudos realizados na Alemanha revelam que grande parte do capital está na mão dos protestantes. “As principais características do povo alemão, e que ainda são cultivadas, são a organização, a limpeza e a disciplina” (Jornal de Santa Catarina, p. 3, 1996). Este fato pôde ser observado quando foram instaladas as primeiras indústrias têxteis, como verificamos no histórico da imigração.

O ensino profissionalizante continuava sendo ministrado no interior das indústrias, como é o caso da fundição, que hoje é conhecida como Eletro-Aço Altona S.A, servindo de aprendizagem de ofícios a outras fundições da região.

O s u r g i me n t o d e s s e s c e n t r o s d e a p r e n d i z a g e m n o i n t e r i o r d a e mp r e s a , ma s n ã o d e s v i n c u l a d o s d a p r o d u ç ã o , e a d i s s e mi n a ç ã o d a s e s c o l a s i n d u s t r i a i s , o c o r r e m c o mo ma i s u m e l e me n t o d o p r o c e s s o d e i n s t a u r a ç ã o n a s fá b r i c a s d e u m n o v o r e g i me d i s c i p l i n a r . R e g i me q u e a o s p o u c o s v a i i n s t a l a n d o - s e c o mo r e s p o s t a à r e s i s t ê n c i a d o s t r a b a l h a d o r e s a o s me c a n i s mo s t r a d i c i o n a i s d e c o e r ç ã o , a o a u me n t o d a d i me n s ã o d a s u n i d a d e s d e p r o d u ç ã o e d o n ú me r o d e t r a b a l h a d o r e s a s e r e m c o n t r o l a d o s e ma n i p u l a d o s , a o a c r é s c i mo d a p o p u l a ç ã o fl u t u a n t e e à c o mp l e x i d a d e c a d a v e z ma i o r d o a p a r e l h o p r o d u t i v o ( B R Y A N , 1 9 9 3 , p . 2 0 ) .

As escolas de aprendizagem que funcionavam no interior das fábricas procuravam preparar os futuros trabalhadores para executar funções com atitudes profissionais que fossem ao encontro das necessidades dos capitalistas.

N o s t e mp o s d o a r t e s a n a t o o s c o n h e c i me n t o s s o b r e p r o d u t o s e p r o c e s s o s e r a m d o mi n a d o s e i n t e g r a d o s n u ma p e s s o a . O a r t e s ã o c o n h e c i a e s s e s d o i s a s p e c t o s : e l e “p r o j e t a v a " e d e s e n h a v a o s p r o d u t o s q u e i r i a p r o d u z i r , o b t i n h a a s fe r r a me n t a s n e c e s s á r i a s e d e s e mp e n h a v a a s t a r e fa s d e p r o d u ç ã o , g e r a l me n t e c o m o a u x í l i o d e a p r e n d i z e s . À me d i d a q u e e s t e s a p r e n d i a m c o m o me s t r e - a r t e s ã o , g a r a n t i a - s e a c o n t i n u i d a d e d o o fí c i o e d o s c o n h e c i me n t o s e h a b i l i d a d e s a e l e a s s o c i a d o s . ( F L E U R Y , 1 9 9 5 , p . 3 4 )

Com o surgimento das indústrias, o trabalhador cada vez mais passa a não executar as tarefas anteriores; ele deixa de conhecer o todo, executando somente as partes.

Muitos empresários enviavam seus filhos à Alemanha para adquirirem novos conhecimentos que seriam introduzidos em suas empresas. É o caso de Hermann Hering, que “preocupado com o futuro da empresa e de seus filhos - observa COLOMBI(1979, p.27) - “Hermann Hering, além de transmitir-lhes os seus conhecimentos técnicos, procurou enviá-los ao exterior para o aprimoramento técnico e científico, acompanhando a evolução industrial européia.Em 1892, Max, aos 17 anos, foi enviado à Alemanha, onde até 1894 realizou diversos cursos, especializando-se no setor técnico”

C a d a v e z ma i s , s ã o l a n ç a d a s a s b a s e s p a r a a i n t r o d u ç ã o d e i n d ú s t r i a s q u e , ma i s t a r d e , s e t r a n s fo r ma r i a m e m g r a n d e s e mp r e s a s , a t r a v é s d e c o n h e c i me n t o s t é c n i c o s , d i v i s ã o d e t r a b a l h o , e v o l u ç ã o d e t é c n i c a s e i n t r o d u ç ã o d e n o v o s e q u i p a me n t o s . O s o p e r á r i o s e s p e c i a l i z a d o s v i e r a m q u a s e t o d o s d a A l e ma n h a , e n t r e a mã o - d e - o b r a n ã o e s p e c i a l i z a d a h á mu i t a s mu l h e r e s c o m a fu n d a ç ã o d a s fá b r i c a s t ê x t e i s d e u - s e o p r i me i r o p a s s o e m d i r e ç ã o a u ma i n d u s t r i a l i z a ç ã o i mp o r t a n t e .

C o n s e r v o u - s e , n o e n t a n t o , a s e d e n t o r i e d a d e d o s o p e r á r i o s . E s t e s r e s i d e m g e r a l me n t e a c o n s i d e r á v e l d i s t â n c i a d a fá b r i c a e e m t e r r a s p r ó p r i a s . O s e s p e c i a l i s t a s d e c a t e g o r i a ma i s e l e v a d a , o s e mp r e g a d o r e s t r a t a m d e fi x á - l o s n a s i me d i a ç õ e s d a fá b r i c a e m t e r r a s p r ó p r i a s ( W I L L E M S , 1 9 8 0 , p . 2 5 0 ) .

Nesse período já existia uma diferença de classes, favorecendo os especialistas, dando-lhes melhores condições de moradia; os outros residiam em terrenos mais afastados. Mesmo assim, havia, à época, bastante paternalismo por parte do capitalista para com seus empregados. Isso podemos observar na indústria Hering (1880): a Bruno Hering, com seu idealismo, se devem inúmeros empreendimentos na área social, como uma biblioteca para os empregados da empresa e criação de uma caixa agrícola.

De acordo com Neide FIORI,(1991, p.110) no ano de 1906, havia, segundo o relatório do superintendente de Blumenau (abrangia os distritos de Gaspar, Blumenau e Indaial), havia 3.972 alunos, matriculados em seus 112 estabelecimentos de ensino. Quanto ao idioma em que eram lecionadas as diversas disciplinas, 4 escolas faziam-no em português, 5 ministravam suas aulas em português e alemão e, nas restantes escolas, ensinava-se em alemão, italiano ou em polonês.

No ano de 1911 foi realizada, no Estado de Santa Catarina a reforma de ensino, com Vidal Ramos no governo. Nessa reforma, não era exigido que os professores atuantes nas colônias fossem bilíngües. Somente em 1913 foi inaugurado em Blumenau o primeiro grupo escolar, que se chamou de “Luiz Delfino”, pois até então as escolas eram particulares e mantidas pelos imigrantes.

Durante a 1ª Guerra Mundial, em razão do estado de beligerância existente entre o Brasil e a Alemanha, a não-assimilação dos alemães à

vida brasileira transformou-se em grave Por isso, todas as escolas alemãs foram fechadas temporariamente e o Governo Brasileiro estabeleceu uma espécie de escola pública nas regiões por elas abrangidas.

C o e r e n t e c o m e s s e mo d o d e e n t e n d e r , O r e s t e s G u i ma r ã e s10 p r o c u r a v a n o me a r s ó p r o fe s s o r e s e d i r e t o r e s b i l í n g ü e s , p a r a a s e s c o l a s d e r e g i õ e s d e i mi g r a ç ã o , p r i n c i p a l me n t e a s h a b i t a d a s p o r a l e mã e s , t e n d o n e s s a p o l í t i c a d e e n s i n o , ( . . . ) t e v e o b r i l h a n t e a p o i o d e H e n r i q u e d a S i l v a F o n t e s . O s i n s p e t o r e s E s c o l a r e s q u e a t u a v a m n a s z o n a s d e n a c i o n a l i z a ç ã o d e v i a m i g u a l me n t e c o n h e c e r o i d i o ma d a c o mu n i d a d e l o c a l , c o mo fi s c a l i z a d o r e s e o r i e n t a d o r e s d o e n s i n o d a r e g i ã o . ( F I O R I , 1 9 9 1 , p . 1 1 4 ) .

A preocupação do Governo Brasileiro era que o domínio de porções de terras brasileiras por alemães viesse a criar uma nação à parte, com administração própria, dissociada do Estado nacional, apesar de estarem em território brasileiro.

A me n s a g e m g o v e r n a me n t a l a p r e s e n t a d a a o C o n g r e s s o R e p r e s e n t a t i v o , e m 1 9 1 5 , r e c o n h e c e c l a r a me n t e o e s fo r ç o d a p o p u l a ç ã o d a z o n a r u r a l n o q u e s e r e fe r e à i n s t r u ç ã o . M e n c i o n a - s e B l u me n a u p o r s e u s r e s u l t a d o s e d u c a t i v o s , a fi r ma n d o - s e a i n d a q u e , n e s s e mu n i c í p i o , e x i s t e a me n o r t a x a d e a n a l fa b e t i s mo d o p a í s , e s t a n d o a b a i x o d a e n c o n t r a d a n o D i s t r i t o F e d e r a l . A e fi c i e n t e e s c o l a d e a l fa b e t i z a ç ã o a l e mã s e c o mp a r a , e m a l g u n s c a s o s , à d a c o r t e e à s e u r o p é i a s . I n t i ma me n t e l i g a d a a o ‘ e s p í r i t o g e r mâ n i c o ’ , d i s c i p l i n a c r i a h á b i t o s r o t i n e i r o s , mé t o d o , r i t mo , o b e d i ê n c i a , r e s p e i t o a o t r a b a l h o , q u a l i fi c a n d o o s i n d i v í d u o s p a r a o c o n v í v i o s o c i a l . R e p r o d u z o e t n o c e n t r i s mo i n t i ma me n t e i mb r i c a d o a o e t h o s d o t r a b a l h o l i v r e ( F I O D , 1 9 9 5 , p . 1 5 9 - 1 6 0 ) .

10 O Governador Vidal Ramos, foi buscar em São Paulo, Orestes Guimarães, para solucionar os problemas educacionais em Santa Catarina.

Naquela época, portanto, existia dois tipos de estabelecimento de ensino primário em Santa Catarina: a escola que era destinada à zona colonial, habitada pelos imigrantes e seus descendentes, e outra que servia à comunidade brasileira. “No ano de 1915, havia 25.777 alunos nas escolas catarinenses. Os estabelecimentos de ensino particular e os públicos municipais tinham um corpo discente de 16.903 alunos (66%); a responsabilidade do governo do Estado era de dar ensino a apenas 8.874 alunos (34%)” (FIORI,, 1991, p. 118)

Nas colônias alemãs havia a predominância do ensino particular. Neste sentido, na escola de alfabetização se transmite os hábitos alemães. C r i a m- n a p e l a s a t i v i d a d e s e c o n ô mi c a s e s o c i a i s q u e d e s e n v o l v e m, c o mo p o r e x e mp l o , a q u e l a s e s t a b e l e c i d a s e n t r e o v e n d e i r o e o s c o l o n o s , a s q u a i s e x i g e m c o n t a r , l e r e e s c r e v e r . A s r e l a ç õ e s e d u c a t i v a s c o n s u b s t a n c i a d a s n a e s c o l a d e c o n t e ú d o g e r a l r e fl e t e m r e l a ç õ e s h u ma n a s q u e p r i v i l e g i a m a c o mu n i c a ç ã o e s c r i t a e n t r e o s h o me n s , c o mo n a E u r o p a . T o d a v i a , a e s c o l a n ã o s e r e s t r i n g e a o s h á b i t o s i mp r e s c i n d í v e i s , à l e i t u r a e à e s c r i t a . ( F I O D , 1 9 9 5 , p . 1 6 0 )

O orçamento do Governo do Estado de Santa Catarina, para o setor educacional, não comportava um número tão elevado de clientela. Isso ocorreu porque algumas escolas particulares de origem estrangeira, que recebiam auxílio do país de origem, deixaram de funcionar, passando seus alunos a freqüentar os estabelecimentos de ensino público.

A escola pública era vista com certa desconfiança pelos teuto- conservadores. Existia uma competição entre a escola pública e a paroquial ou comunal. Sendo assim, “os professores das escolas particulares foram intimados a prestarem exame de português, geografia, história pátria e educação cívica, matérias cujo ensino passou a ser exigido na língua vernácula” (MOSIMANN, 1934, p. 49).

Por outro lado, “A escola pública era leiga e desafiava os fervores religiosos dos católicos, era usado como instrumento de nacionalização e, por uso, havia de encontrar a resistência das escolas evangélicas”.(WILLEMS, p.290, 1980)

Dessa forma ao ser criado o Ministério de Educação e Saúde Pública é que se vai notar uma maior centralização das decisões e uma unificação da política educacional.

No ano de 1917 havia em Blumenau, “ como escolas estaduais, 1 Grupo Escolar e 9 Escolas isoladas, todas perfazendo uma matrícula total de 574 alunos. Paralelamente, funcionavam 123 outras escolas onde, salvo exceção, não se ensinava o português e cuja matrícula era de 5061 crianças” (FIORI, 1991, p.104-105)

O Município de Blumenau possuía, em 1933, os seguintes

estabelecimentos de ensino:

TABELA 12 : JARDINS DE INFÂNCIA

C O L É G I O S A Q U E E S T Ã O A N E X O S M A T R Í C U L A F R E Q Ü Ê N C I A E s c o l a N o v a A l e mã 3 3 2 9 C o l é g i o S a g r a d a F a mí l i a 5 5 4 8 F O N T E : S I L V A ( 1 9 3 4 , p . 5 0 )

TABELA 13: ENSINO PRIMÁRIO

C O L É G I O M A T R Í C U L A F R E Q Ü Ê N C I A G r u p o E s c o l a r L u i z D e l fi n o 2 9 0 2 3 5 C o l é g i o S a n t o A n t ô n i o ( C u r s o P r i má r i o e M é d i o ) 1 8 5 1 6 0 E s c o l a N o v a A l e mã 1 7 1 1 6 6 C o l é g i o S a g r a d a F a mí l i a 2 2 0 1 8 1 I t o u p a v a S e c a 8 2 8 0 P o n t a A g u d a 6 4 5 3 T o t a l 1 0 1 2 8 7 5 F O N T E : S I L V A ( 1 9 3 4 , p . 5 0 )

TABELA 14: CURSOS COMPLEMENTARES C O L É G I O S A Q U E E S T Ã O A N E X O S M A T R Í C U L A S F R E Q Ü Ê N C I A G r u p o E s c o l a r L u i z D e l fi n o 4 0 3 4 E s c o l a N o v a A l e mã ( N ã o e s t á e q u i p a r a d a ) 5 5 5 0 C o l é g i o . S a g r a d a F a mí l i a ( N ã o e s t á e q u i p a r a d o ) 2 0 1 7 T o t a l 1 1 5 1 0 1 F O N T E : S I L V A ( 1 9 3 4 , p . 5 0 )

TABELA 15 : ENSINO GINASIAL

E S T A B E L E C I M E N T O S M A T R Í C U L A F R E Q Ü Ê N C I A C u r s o G i n a s i a l d o C o l é g i o “S a n t o A n t ô n i o ” 1 4 7 1 3 3 C o l é g i o “S a g r a d a F a mí l i a ” 9 8 T o t a l 1 5 6 1 4 1 F O N T E : S I L V A ( 1 9 3 4 , P . 5 0 )

No estado de Santa Catarina, a política nacionalizadora adotada por Orestes Guimarães (1929) perdura até 1938.

F u n d a d a i n i c i a l me n t e n o q u e e l e d e n o mi n a d e a ç ã o i n d i r e t a , e s s a p o l í t i c a s e c a r a c t e r i z a p e l a c r i a ç ã o d e e s c o l a s p ú b l i c a s n a s r e g i õ e s h a b i t a d a s p o r i mi g r a n t e s e s t r a n g e i r o s . N o s c e n t r o s u r b a n o s , s ã o i mp l a n t a d o s o s G r u p o s E s c o l a r e s . N a s z o n a s r u r a i s , E s c o l a s R e u n i d a s e m s u b s t i t u i ç ã o à e s c o l a d e u m s ó p r o fe s s o r r e s p o n s á v e l p o r t o d a s a s s é r i e s . A s a ç õ e s d i r e t a s r e fe r e m- s e à s o r i e n t a ç õ e s l e g a i s c o n t i d a s n o e s t a t u t o g e r a l d a I n s t r u ç ã o P ú b l i c a d e 1 9 1 4 , o q u a l r e o r g a n i z a o fu n c i o n a me n t o d a s e s c o l a s p a r t i c u l a r e s ( F I O D , 1 9 9 5 , p . 1 8 0 ) .

As escolas implantadas procuravam atender às necessidades da comunidade blumenauense, que cada vez mais precisava de recursos humanos para atuar nas empresas emergentes, permitindo, assim, a estruturação de cursos profissionalizantes.

100, e para a educação era de 5263: 352 $ 000 com percentual de 24, 3 %. As mudanças econômicas e educacionais implantadas no estado, possibilitaram a instalação de novas empresas, como também alterações administrativas em outras.

Surge então nesta época, a empresa Cremer, fundada por Werner Siegfried Cremer e inicialmente instalada em Porto Alegre. Por dificuldades em adquirir matéria-prima naquela região, transferiu-se para Blumenau.

Já a empresa Hering (1928) adotou uma nova forma jurídica de sociedade anônima, enfrentou crises econômicas até 1934, tornando-se posteriormente na maior malharia da América Latina. Com o desenvolvimento industrial em Blumenau, cada vez se fez mais presente a divisão do trabalho. … a d i v i s ã o s o c i a l d o t r a b a l h o e n c o n t r a - s e e m r i t mo a c e l e r a d o e a e s t r u t u r a s o c i a l t o r n a - s e ma i s c o mp l e x a c o m o c r e s c i me n t o d o p r o l e t a r i a d o e d a p e q u e n a b u r g u e s i a . O c o r r e t a mb é m a t r a n s fo r ma ç ã o d e s e t o r e s d a a n t i g a c l a s s e d o mi n a n t e e m e mp r e s á r i o s i n d u s t r i a i s t u d o i s s o c o n t r i b u i n d o p a r a q u e a e s t r u t u r a d e c l a s s e s , a n t e s r e l a t i v a me n t e e s t á v e l e s i mp l e s , s e t o r n e c a d a v e z ma i s c o mp l e x a e i n s t á v e l ( M A C H A D O , 1 9 8 9 , p . 3 2 ) .

Os interesses não são mais os mesmos do período da colonização; muitos deles ficaram antagônicos entre as classes dos empresários e dos trabalhadores. O ensino técnico ou profissionalizante continuava a ser ministrado no próprio local de trabalho, e enviavam os técnicos para outros países para adquirir conhecimentos tecnológicos. O ensino profissionalizante era realizado por iniciativa das próprias indústrias, sem preocupação dos governos municipais e estaduais.

Na década de 30, foi fundada a Escola Agrícola para meninos carentes que recebiam alimentação, escolaridade e instrução

profissionalizante, sob a orientação das irmãs franciscanas. Este fato confirma que desde o início da implantação da colônia as escolas criadas possibilitaram a exclusão dos nativos e de seus filhos.

A situação educacional no Estado apresentava-se da seguinte forma:

TABELA 16 : NÚMERO DE UNIDADES MATRICULA FREQÜÊNCIA

A n o E s t a b e l e c i me n t o s 1 9 3 5 1 9 3 6 1 9 3 7 1 9 3 5 1 9 3 6 19 3 7 1 9 3 5 1 9 3 6 1 9 3 7 E s c o l a s I s o l a d a s E s t . 8 1 8 8 6 6 9 7 1 4 5 6 2 5 0 8 1 4 5 6 1 0 8 3 3 9 5 7 3 6 7 6 0 4 0 7 9 5 E s c o l a s I s o l a d a s M u n . 5 6 4 6 1 1 7 0 6 2 3 1 6 4 2 6 0 3 8 2 9 4 1 7 1 7 3 6 9 1 9 0 1 8 2 1 2 2 6 E s c o l a s P a r t . S u b v e n . 6 1 0 6 3 6 6 6 1 2 5 2 0 0 2 6 3 3 5 2 7 4 9 0 2 9 8 2 4 2 0 8 2 3 2 1 5 7 8 G r u p o s E s c o l a r e s 4 9 5 5 5 6 1 3 0 5 6 1 5 2 7 3 1 6 3 9 0 9 8 8 9 1 1 1 3 9 1 2 0 5 3 N o r ma i s p r i má r i a s 4 1 4 6 5 3 1 7 7 0 2 1 2 7 3 6 1 9 1 4 2 0 1 7 3 0 3 0 3 8 T O T A L 2 0 8 2 2 2 1 4 2 4 4 7 1 0 8 8 1 1 1 2 0 5 8 7 1 3 3 0 3 0 8 3 4 5 9 8 9 4 7 0 9 8 6 9 0 F O N T E : R e l a t ó r i o d e a t i v i d a d e s d o G o v e r n o d o E s t a d o d e S a n t a C a t a r i n a , 1 9 3 8 p . 1 5

Houve uma evolução quantitativa dos sistemas de ensino tanto estaduais como municipais. Já o ensino particular teve um decréscimo no número de matrículas.

Até essa época, o ensino continua a ser dado geralmente em alemão, no currículo escolar. São incluídas algumas disciplinas sobre o Brasil, e o ensino da língua nacional figura apenas como disciplina obrigatória.

Em 1940, “o orçamento do Governo do Estado de Santa Catarina era de 40.212: 673$300, com uma verba de 8.383: 140$000”(Relatório do Governo do Estado de Santa Catarina, 1940, p.7).

Neste mesmo ano foi instalado o Instituto “Sagrada Família” em