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O uso de informações através de dados na sociedade atual fez com que os PCN incorporassem, desde 1997, esse tema como um bloco de conteúdo e, entre os assuntos tratados nesse bloco está a abordagem de elementos da Estatística no currículo de Matemática (BRASIL, 1997).

As informações obtidas pelos meios de comunicação influenciam as decisões na vida das pessoas e, sendo essas informações expressas em forma de dados, é importante, para compreender o mundo, saber ler e interpretar essas informações.

Estar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar dados apresentados de maneira organizada e construir representações, para formular e resolver problemas que impliquem o recolhimento de dados e a análise de informações. (BRASIL, 1997, p. 84)

Sob essa perspectiva, Monteiro (1998, 1999) sugere que os gráficos, podem ser concebidos como instrumento cultural de sistematização de informações além de sua interpretação representar uma complexa atividade cognitiva. Em sua pesquisa, o autor retoma também as ideias de Curcio (1987 apud MONTEIRO, 1999), quando se refere aos gráficos como um tipo de texto. A leitura de gráficos, segundo Curcio, pode ser de três tipos: leitura dos dados, leitura entre os dados ou leitura além dos dados. Quando se refere à leitura além dos dados o autor considera que o leitor realiza interpretações a partir de informações que não estejam explícitas no gráfico.

O ensino de gráficos na Matemática tem sido recomendado no trabalho com as crianças desde os anos iniciais, pois conforme apontam os PCN (BRASIL, 1997), a Matemática é componente importante na construção da cidadania, na medida em que a sociedade se utiliza, cada vez mais, de conhecimentos científicos e recursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se apropriar. Ponte, Brocardo e Oliveira (2006, p.91) defendem que

[...] este tema matemático desempenha um papel essencial na educação para a cidadania. Na verdade, a Estatística constitui uma importante ferramenta para a realização de projetos e investigações em numerosos domínios, sendo usada no planejamento, na recolha e análise de dados e na realização de inferências para tomar decisões. A sua linguagem e conceitos são utilizados em cada passo do dia-a-dia para apoiar afirmações em domínios como a saúde, o desporto, a educação, a ciência, a economia e a política.

Este pensamento é reforçado por Carvalho (2001, p.18), quando ela afirma que ―ter conhecimentos de Estatística tornou-se uma inevitabilidade para exercer uma cidadania crítica, reflexiva e participativa.

Santos e Gitirana (1999), em estudos com estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública, informam que esses estudantes apresentavam dificuldades quanto ao trabalho de interpretação de gráficos de barras. Os resultados mostraram que dos estudantes participantes da pesquisa apenas um

realizou a interpretação considerando todo o gráfico. Os demais associaram suas interpretações aos pontos mais altos do gráfico. As autoras justificam o fato devido ao enunciado da questão apresentar a frase ―aumentou mais‖ o que os levou a considerar os pontos mais altos.

Guimarães, Gitirana e Roazzi (2001), investigando nessa mesma área, realizaram um estudo com 107 crianças de 3ª série numa escola da rede privada, em Pernambuco, sobre a construção e interpretação de gráficos. Eles consideram que as mesmas não apresentam dificuldades na localização dos pontos extremos, porém a compreensão de variação se observa com maior dificuldade, bem como o trabalho com escala.

Em se tratando do ensino de Estatística, algumas dificuldades se mostram presentes, pois ―construir, compreender e analisar dados organizados em tabelas e gráficos não é uma tarefa simples, e tanto crianças como adultos têm demonstrado dificuldades nesse sentido‖ (SANTOS; MAGINA, 2008). Estes autores, porém, observam que tanto o adulto quanto a criança não apresentam dificuldades em realizar leitura de pontos em um gráfico.

Ainley, Pratt e Nardi (2001) discutem uma alternativa de explicação para os baixos desempenhos de estudantes vinculados à aprendizagem de gráficos. Esses autores afirmam que numa perspectiva tradicional do ensino, a produção de gráficos é frequentemente vista como o ponto final, como sendo de fato o objetivo central e atribuindo pouca atenção para os processos de interpretação, muito menos abordando as situações de ensino como um processo de resolução de problemas.

Os mesmos autores sugerem que a construção e a interpretação de gráficos demandam três habilidades:

a) habilidades práticas requeridas para a produção manual dos gráficos; b) conhecimento de convenções e aspectos técnicos dos gráficos (tais

como o uso de escala); e

c) a compreensão de como interpretar e usar gráficos.

Para esses autores, numa situação de sala de aula convencional, fica difícil separar as demandas físicas e intelectuais de construção de gráficos daquelas exigências intelectuais de interpretação dos mesmos. Nessa perspectiva tradicional,

as demandas das convenções e tecnicismos das aprendizagens são muito fortes, o que fundamenta a afirmação de que a experiência de desenhar gráficos e o saber sobre as convenções são necessariamente pré-requisitos para saber interpretá-los.

Para desenvolver o trabalho relacionado às noções de Estatísticas com estudantes do Ensino Fundamental, como propõem os PCN, os professores precisam estar preparados para propor atividades que promovam a construção do conhecimento nessa área específica.

Sob essa perspectiva, Asseker e Monteiro (2008) contribuem com os estudos, considerando, a partir de suas pesquisas junto a professoras do Ensino Fundamental em escola da zona rural do Agreste de Pernambuco, que apesar das noções de Estatísticas serem reconhecidas como conteúdos a serem inseridos no currículo de Matemática desde as séries iniciais (BRASIL, 1997; 1998) os professores não demonstram estar preparados para o trabalho nessa área.

Com o estudo da Estatística pretende-se que os estudantes desenvolvam capacidade para coletar, organizar e interpretar informações através de dados, fazendo uso de tabelas e gráficos que favoreçam à compreensão de questões que dependem de leitura e interpretação de informações complexas muitas vezes veiculadas em forma de gráficos pelos meios de comunicação. Para exercer a cidadania, o indivíduo precisa estar preparado para realizar cálculos e medidas, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente etc (BRASIL, 1998).

3 O TRABALHO COM GRÁFICOS USANDO O COMPUTADOR

O trabalho com gráficos usando o computador tem sido motivo de pesquisas por parte de estudiosos dessa área. Essas pesquisas envolvem tanto professores como estudantes. Aqui serão expostas algumas considerações sobre essas pesquisas.