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aprendizagem:

[...] durante o jogo uns objetos passam a significar muito facilmente outros, os substituem, se convertem em signos seus. Sabe-se igualmente que o importante não é a semelhança entre o brinquedo e o objeto que ele significa. O que tem maior importância é sua utilização funcional, a possibilidade de realizar com ajuda dele o gesto representativo. Cremos que só nisso está a chave para a explicação de toda a função simbólica dos jogos infantis. Uma bola de trapos enrolado numa madeira se converte em um bebê durante o jogo, porque permitem fazer os mesmos gestos que representam a nutrição e o cuidado com as crianças pequenas. No próprio movimento da criança, seu próprio gesto, é o que atribui a função de signo ao objeto correspondente, o que lhe confere sentido. (VYGOTSKI, 1982, p. 187-188).

O processo de aprendizagem ocorre mediante diversas linguagens e significantes. A partir deles, a criança constrói significados: “[...] a representação simbólica no brinquedo é, essencialmente, uma forma particular de linguagem num estágio precoce, atividade essa que leva, diretamente, à linguagem escrita.”. (VYGOTSKY, 1991, p. 126). Com essas palavras, o autor deixa claro o papel propulsor da brincadeira sobre o desenvolvimento da criança integral da criança.

Nista-Piccolo e Moreira (2012, p. 17-18) apresentam os seguintes avisos para as professoras da EI:

1) antes de propor atividades é importante que o professor identifique os diferentes perfis de capacidade das crianças no contexto da sala de aula; 2) não devem ficar condicionadas a pensar apenas nas linguagens da fala e da escrita, mas dar importância as outras possibilidades, como o movimento, a brincadeira, o desenho, a dramatização, música, o gesto, a dança;

3) as propostas a serem oferecidas devem visar objetivos de formação integral das crianças e fortalecer as inter-relações pessoais entre elas; 4) o ambiente vivido no dia a dia da criança deve propiciar um diálogo com múltiplas linguagens, promovendo sempre novas experiências com a Educação Física, as Artes Plásticas e Gráficas, a Dança, a Música, o Teatro, a Poesia e a Literatura, além da Fotografia e do Cinema, aproximando a criança de suas possibilidades de criação.

3.5 Educação Matemática e Educação Infantil

Ressalto, inicialmente, que a criança, desde o nascimento, está imersa em um universo do qual os conhecimentos matemáticos são parte integrante no processo de aprendizagem, relacionadas a números, quantidades, espaços e medidas (BARGUIL, 2016b, p. 08). Na Educação Infantil, é necessário que a criança

vivencie experiências de: i) expor as suas ideias e escutar as dos outros; ii) elaborar procedimentos de resolução de problemas e comunicá-los; iii) confrontar, argumentar e validar sua percepção; e iv) antecipar resultados de experiências não realizadas (BRASIL, 1998, p. 207).

Nos últimos anos, gestores e poder público têm atribuído aos profissionais da Educação Infantil, principalmente no Infantil V, a responsabilidade de, já nessa etapa, alfabetizar todas as crianças, o que contraria o disposto na LDBEN/1996:

Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (negrito meu)

[...]

Apesar de refutar o alcance de metas educacionais na EI, é importante que a Educação Matemática faça parte da EI a partir de parâmetros que respeitem a especificidade da Ciência e, principalmente, das crianças! A Matemática pode ser vivenciada em atividades em grupo, não apenas para propiciar a partilha de saberes, mas para favorecer desenvolvimento da sociabilidade, da cooperação e do respeito mútuo entre as crianças.

As noções matemáticas precisam atender, por um lado, às necessidades da própria criança de construir aprendizagens nos variados domínios do pensamento e, por outro, é importante corresponder a uma necessidade de melhor compreender e participar no mundo, mediante conhecimentos e habilidades (SMOLE; DINIZ, CANDIDO, 2003, p.12).

Em se tratando da Educação Matemática, principalmente no âmbito da Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, essa realidade é ainda mais desafiadora. Barguil (2016e, p. 195) apresenta alguns motivos para o fracasso escolar no ensino (e na aprendizagem) nessa área do conhecimento:

[...] i) falta de compreensão docente dos conceitos matemáticos; ii) desconhecimento da História da Matemática, do desenvolvimento dos seus conceitos e da sua aplicabilidade no cotidiano; iii) inadequação das metodologias, que privilegiam a fala do professor e a escuta do estudante; iv) pouca (ou nenhuma) utilização de recursos didáticos ou momento limitado à dimensão mecânica; e v) entendimento docente incipiente sobre a composição humana e as complexas dimensões – motora, afetiva e racional – envolvidas na aprendizagem, que se expressa no distanciamento entre docente e discente.

Conforme estudos recentes (BARGUIL, 2016e; BARRETO, 2009; LORENZATO, 2003, 2006), no contexto dos cursos de Pedagogia, no Brasil, as dificuldades são maiores na área da Matemática, pois essa disciplina é a mais temida do curso, com carga horária reduzida e com graves lacunas nos saberes docentes: conteudístico, pedagógico e existencial.

Tais autores identificam que as falhas na compreensão dos estudantes fazem com eles acreditem que a Matemática é uma disciplina difícil e que não são capazes de aprender. Esses pesquisadores relatam, ainda, que as consequências negativas, cognitivas e afetivas, acompanharam o estudante durante todo o seu percurso escolar. Numa visão holística da criança, é necessário os que diversos aspectos sejam levados em consideração, como: sentimentos, movimentos e pensamentos.

Lorenzato (2006, p. 30) afirma que, para o pleno desenvolvimento da criança, a escola precisa proporcionar situações de exploração do corpo e do espaço, elaboração de hipóteses, expressão de ideias e sentimentos. O professor, como principal mediador, necessitará: 1) auscultar o aluno; 2) analisar a moda; 3) iniciar o processo educativo de onde o aluno está; 4) iniciar sempre pelo concreto; 5) investir em sua carreira docente; e 6) valorizar sua experiência de magistério.

No tocante a esse ponto, a disciplina Educação Matemática e Educação Infantil, ofertada pelo Programa de Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, compreende que:

O Pedagogo que atua na Educação Infantil necessita desenvolver saberes docentes relacionados a Matemática, identificando situações cotidianas que possibilite a criança ampliar seus conhecimentos matemáticos. Os esquemas mentais básicos permitem que a criança desenvolva noções matemáticas em seus diversos campos: Aritmética, Estatística e Probabilidade, Geometria, Grandezas e Medidas. A utilização de várias linguagens – artes, brincadeiras, brinquedos, jogos e literatura infantil (BARGUIL, 2016a, p. 01).

A ementa dessa disciplina é assim composta:

Educação Matemática e a docência na Educação Infantil. Esquemas mentais básicos e a aprendizagem matemática na Educação Infantil. O desenvolvimento dos conceitos matemáticos na Educação Infantil: Aritmética, Geometria e Medidas. As linguagens da criança e a aprendizagem matemática: artes, brincadeiras, brinquedos, jogos e literatura infantil. (BARGUIL, 2016a, p. 01).

É importante que as crianças desenvolvam variadas formas de se expressar e de registrar sua aprendizagem, iniciando pelo seu corpo e, posteriormente, explorando e criando hipóteses sobre o mundo. Desse modo, o trabalho do professor é possibilitar que elas se expressam utilizando diferentes tipos de registro. A ênfase em um tipo de inteligência e de registro inibe a formulação de hipóteses pela criança sobre o mundo e limita o desenvolvimento e a aprendizagem infantil. No próximo capítulo, apresentarei um levantamento e uma análise de trabalhos sobre a temática dessa pesquisa.

4 A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

“O ambiente fala, transmite-nos sensações, evoca recordações, passa-nos segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes.”. (FORNEIRO, 1998, p. 233).

Nesse capitulo, apresento algumas pesquisas acadêmicas sobre a temática: a organização dos espaços na Educação Infantil e entender como são estabelecidas (ou não) as relações no uso desse espaço, tornando-o lugar. Apresento um levantamento de trabalhos científicos coletados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD e no Banco de Teses e Dissertações – CAPES, compreendendo o período de 2010 a 2015, sobre a temática: Arquitetura Escolar, Espaço, Ambiente, e Desenvolvimento Integral, todos relacionados com a Educação Infantil.