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A pesquisa foi realizada conforme orientação qualitativa. Como referem Bogdan e Biklen (1994), ela se caracteriza pelos seguintes elementos:

1) a fonte direta dos dados é o ambiente natural, constituindo o investigador o instrumento principal. A pesquisa supõe o contato direto e duradouro do pesquisador com o ambiente e a situação estudada;

2) a pesquisa é descritiva;

3) o interesse da investigação enfatiza o processo (em relação aos resultados ou produtos). O investigador deseja verificar como o problema de pesquisa se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas;

4) os dados são analisados de forma indutiva;

5) o significado se constitui de importância vital - buscando-se obter a perspectiva dos participantes.

Desse modo, na pesquisa qualitativa, a coleta dos dados ocorre diretamente no espaço investigado, no contato direto da pesquisadora com os fenômenos que se desenvolvem numa situação natural e rica em dados descritivos. À medida que os dados são coletados e agrupados, a pesquisadora elabora as proposições. A pesquisa qualitativa caracteriza-se, portanto, pela “[...] descrição, compreensão e interpretação de fatos e fenômenos.”. (MARTINS, 2008, p. xi).

Os estudiosos que utilizam a abordagem qualitativa questionam os sujeitos da investigação com o intuito de “[...] perceber aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências e o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem.”. (PSATHAS, 1973 apud BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 05).

De acordo com os pressupostos da pesquisa qualitativa, esta investigação intencionou abordar as experiências cotidianas de crianças e professores da EI mediante: i) observação não participante; ii) entrevistas realizadas junto aos professores, com a exposição de opiniões sobre sua prática pedagógica, no que diz respeito às metodologias de ensino e à organização dos espaços; e iii) análise das entrevistas com as crianças sobre o ambiente onde elas estão inseridas, tornando- os como lugares.

Nessa perspectiva, o emprego do método qualitativo de investigação na geração de conhecimento permitiu adotar uma multiplicidade de procedimentos, técnicas e pressupostos. Convém reiterar que essa abordagem constitui uma alternativa apropriada quando se busca identificar e explorar os significados dos fenômenos estudados e a interação que estabelecem, possibilitando assim estimular o desenvolvimento de novas compreensões sobre a variedade e a profundidade dos fenômenos sociais.

O estudo de caso é considerado adequado para os propósitos dessa investigação, pois se propõe a investigar sujeitos com características particulares, inseridos em um contexto socioeducacional específico, uma instituição de EI, com destaque para os processos envolvidos nas relações entre crianças-professoras e descrição da experiência subjetiva das crianças.

Martins (2008, p. 09), acrescenta que o estudo de caso possibilita

Identificar e analisar a multiplicidade de dimensões que envolvam o caso – e, de maneira engenhosa, descrever, discutir e analisar a complexidade de um caso concreto, construindo uma teoria que possa explicá-lo e prevê-lo. Mediante um mergulho profundo e exaustivo em um objeto delimitado, o Estudo de Caso possibilita a penetração em uma realidade social, não conseguida plenamente por um levantamento amostral e avaliação exclusivamente quantitativa.

Diversos autores afirmam que o estudo de caso se distingue de outros tipos de pesquisa dado o fato de que o objeto estudado é singular, a partir de um momento em que representa a realidade de uma maneira subjetiva, multidimensional e historicamente situada, avaliando situações dinâmicas em que o sujeito está presente, mediante um olhar profundo sobre o contexto (BOGDAN; BIKLEN, 1994; CHIZZOTTI, 2006; MENGA; ANDRE, 1986; MARTINS, 2008).

Menga e Andre (1986) esclarecem que a pesquisa qualitativa: i) visa à descoberta; ii) enfatiza a interpretação em contexto; iii) busca retratar a realidade de forma completa e profunda; iv) usa uma variedade de fontes de informação; v) revela experiências vicárias e permite generalizações naturalísticas; vi) procura representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista de uma situação social; e vii) utiliza nos seus relatos uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa.

O estudo de caso visa à descoberta. Mesmo que o pesquisador inicie os

estudos a partir de alguns pressupostos iniciais, é importante se manter constantemente atento a novas informações, respostas ou indagações que possam emergir no desenvolvimento da pesquisa. É, portanto, necessário “[...] levantar, selecionar e julgar criticamente o material”.” (MARTINS, 2008, p. 02).

Enfatiza a interpretação em contexto. Para o êxito de um estudo de caso,

é preciso considerar o contexto em que se encontra determinada realidade. Assim, as ações, percepções, comportamentos e interações sociais dependem muito da “[...] perseverança, criatividade e raciocínio do investigador para construir descrições

e interpretações.”. (MARTINS, 2008, p. 03), os quais precisam estar relacionados à situação específica em que ocorrem ou a problemática a que estão atreladas.

Busca retratar a realidade de forma completa e profunda. O investigador

procura revelar a pluralidade de dimensões apresentadas numa determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo, usando uma variedade de fontes de informação.

O pesquisador recorre a uma diversidade de dados, obtidos em diferentes momentos, em situações variadas e com diferentes tipos de informantes para efetuar o cruzamento das informações e confirmar ou rejeitar hipóteses.

Revela experiências vicárias e permite generalizações naturalísticas. O

investigador procura descrever as suas experiências durante o estudo de maneira que o leitor possa fazer generalizações naturalísticas, ou seja, em função do conhecimento experiencial do sujeito, no momento em que tenta associar dados encontrados no estudo com elementos resultantes das suas vivências pessoais.

Procura representar os diferentes e às vezes conflitantes pontos de vista presentes numa situação social. Quando o objeto ou situação em estudo podem

ocasionar opiniões divergentes, o pesquisador traz para o estudo essa divergência de opiniões.

Os seus relatos utilizam uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa. Os relatos escritos apresentam, geralmente,

um estilo informal e narrativo. Os dados podem ser apresentados numa variedade de formas: possibilita que um mesmo estudo de caso apresente diferentes formas de relato, dependendo do tipo de usuário e a que se destina.

Conforme André (2005), o estudo de caso pode: i) fornecer uma visão profunda e ao mesmo tempo ampla e integrada de uma unidade social complexa, composta de múltiplas variáveis; ii) retratar situações da vida real, sem prejuízo de sua complexidade e da dinâmica natural; e iii) compreender exaustivamente o caso estudado por sua capacidade heurística.

Essa abordagem consiste, portanto, em um recurso para conhecer e entender melhor a situação investigada em suas múltiplas dimensões e complexidades próprias. Oferece, igualmente, elementos preciosos para ampliar a compreensão do seu contexto e relações.

Nesse sentido, o estudo de caso se mostra apropriado para essa investigação, por permitir novas descobertas, apresentar caráter flexível de seu

planejamento, enfatizar a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando- o como um todo, exibir simplicidade nos procedimentos e permitir a análise de uma forma ampla e profunda dos processos e das relações entre si (GIL, 1991).