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A educação superior no Brasil iniciou-se em 1808, com a chegada da Corte Portuguesa, quando surgiram as primeiras instituições (SILVEIRA, 1984; SAMPAIO, 1991; COMINI, 1994).

Em 1889, com a proclamação da República, a constituição descentralizou o ensino superior aos governos estaduais, permitindo, a partir de então, a criação de instituições privadas. Com efeito, são criadas no Brasil, entre 1889 e 1918, 56 novas escolas de ensino superior, na sua maioria privadas (SAMPAIO, 1991).

Em 1911, a Reforma Rivadácia Corrêa, que flexibilizou o ensino superior e fundamental, possibilitou o surgimento da Universidade do Paraná, porém, em seguida, o Decreto n° 11.530, de 18 de março de 1915, fez com que essa universidade deixasse de existir, por não se enquadrar na nova legislação. Esse decreto revogou a Reforma Rivadácia e criou a chamada Reforma Carlos Maximiliano. Somente em 1920 foi então, finalmente, criada a primeira universidade brasileira: a Universidade do Rio de Janeiro.

Em 1931 ocorreu a Reforma Francisco Campos, através dos Decretos n.º 19.851 e 19.852. Com essa reforma foi iniciada a concepção de universidade no Brasil, trazendo a autonomia administrativa e didática, embora ainda relativa (RIBEIRO, 1978; SILVEIRA, 1984; SAMPAIO, 1991).

Em 1927 foi criada a Universidade Federal de Minas Gerais e em 1934 foi criada a Universidade de São Paulo.

Assim, embora existam algumas discordâncias por parte de alguns autores em relação a determinadas datas, é possível afirmar que as três primeiras universidades criadas no Brasil foram: a Universidade do Rio de Janeiro; a Universidade Federal de Minas Gerais; e a Universidade de São Paulo (FRAGOSO FILHO, 1984).

No período entre 1940 e 1960 surgiram várias universidades federais. Na década de 50, cerca de 10 universidades estavam implantadas no Brasil, além de diversas instituições isoladas de educação superior. Em 1960 foi criada a Universidade de Brasília (UnB), fundada em 1961, seguindo o modelo norte-americano, baseado em institutos, faculdades e unidades complementares, sendo o departamento, a unidade didática básica, em substituição a cátedra vitalícia (MORHY, 2004).

Também em 1961 é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 4.024, de 20/12/1961, que não traz avanços importantes para a educação superior (MORHY, 2004). Ao contrário, a Lei reforçou o modelo tradicional vigente, mantendo a cátedra vitalícia, as faculdades isoladas, a universidade composta da justaposição de escolas profissionais e a maior preocupação com o ensino, sem focalizar a pesquisa. Além disso, concedeu expressiva autoridade ao Conselho Federal de Educação, que tinha poderes para autorizar e fiscalizar novos cursos e deliberar sobre o currículo mínimo de cada curso, bem como assegurou a representação estudantil nos colegiados, apesar de não especificar em que proporção (OLIVE, 2002).

Em 1968, foi criada a chamada Reforma Universitária, por meio da Lei nº 5.540, de 28/11/68. As principais diretrizes dessa reforma foram: o vestibular classificatório; a criação dos institutos básicos e dos departamentos; a criação de cursos de curta duração; a noção da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; e os regimes de tempo integral e de dedicação exclusiva para os professores, bem como o sistema de créditos e a instituição dos colegiados de cursos (SOUZA, 2008; MACEDO et al., 2005). Foi uma tentativa de modernizar estruturas desatualizadas que operacionalizavam uma organização multifuncional complexa e burocrática nas áreas administrativa e acadêmica (VIEIRA, E.; VIEIRA, M., 2004).

Para Comini (1994), a Reforma Universitária de 1968 se deu em um contexto de mudanças econômicas, políticas e sociais que devem ser consideradas. A elevação do número de vagas era uma das pressões na época. Não faltam, no entanto, críticas à reforma educacional de 1968.

Ao longo dos anos da década de 70, o setor educacional privado se expandiu, em função da demanda crescente por educação superior, impossível de ser atendida pelas universidades públicas ou privadas, cuja expansão era limitada pelos altos custos acarretados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (MACEDO et al., 2005).

No início da década de 80, o país já possuía 43 universidades públicas e 22 privadas. (MORHY, 2004). Nas décadas de 80 e 90 surgiram dois eventos significativos para a educação brasileira: a Constituição de 1988; e a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN - Lei nº 9.394, de 23/12/96). A primeira estabelece aplicação de, no mínimo, 18% da receita anual de impostos federais no desenvolvimento da educação; gratuidade da educação pública; e criação do Regime Jurídico Único e outras medidas. A segunda introduz, dentre outras medidas: os princípios de igualdade, liberdade e pluralismo; as bases legais da educação à distância; a garantia da qualidade; a qualificação docente; a avaliação sistemática; e a dissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para instituições de ensino superior, não universitárias (MORHY, 2004).

A LDBN introduziu, como principais inovações na universidade brasileira, a avaliação sistemática dos cursos de graduação e das próprias instituições, além de estabelecer que, para ser considerada uma universidade e gozar de sua autonomia, a instituição deve possuir pelo menos um terço de seu corpo docente constituído por mestres ou doutores, e um terço do corpo docente em regime integral. De certo modo, a busca da melhoria do corpo docente, aliada às avaliações periódicas e ao credenciamento das instituições e de seus cursos, favoreceu a institucionalização da pesquisa (OLIVE, 2002).

Nesta última década, o governo brasileiro adotou várias estratégias para acelerar os níveis de escolaridades dos brasileiros, destacando-se o acesso à educação superior. O Ministério da Educação (MEC) consolidou e impulsionou uma série de políticas educacionais voltadas para a educação superior. Dentre as principais políticas, programas e projetos educacionais do MEC, de apoio a educação superior destacam-se:

PET – Programa de Educação Tutorial, que objetiva desenvolver atividades

acadêmicas em padrões de qualidade de excelência, mediante grupos de aprendizagem tutorial de natureza coletiva e interdisciplinar;

PMQESU – Programa de Modernização e Qualificação do Ensino Superior,

que objetiva o aprimoramento e desenvolvimento das atividades acadêmicas com ênfase no ensino de graduação;

PRODOCÊNCIA – O Programa de Consolidação das Licenciaturas é uma

importante iniciativa na valorização da Graduação, com ênfase nos Cursos de Licenciaturas e na formação de professores;

PROLIND – Tem como finalidade apoiar projetos desenvolvidos pelas instituições de educação superior públicas em conjunto com as comunidades indígenas, que visem à formação superior de docentes indígenas para o Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries) e Ensino Médio e permanência dos estudantes indígenas em cursos de graduação;

ProUni – O ProUni foi criado pelo governo federal em 2004, e

institucionalizado no ano seguinte. A iniciativa concede bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino. Em contrapartida, os estabelecimentos recebem isenção de alguns tributos. O programa Universidade para Todos é dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais, cuja renda familiar per capita máxima é de três salários mínimos;

UNIAFRO – Tem a finalidade de apoiar propostas desenvolvidas pelos

NEABs e grupos correlatos que visem a articular a produção e difusão de conhecimento sobre a temática étnico-racial e o acesso e permanência da população afro-brasileira no ensino superior;

UAB – A Educação à Distância no Brasil encontra-se em fase de consolidação.

O credenciamento de Educação a Distância está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), (Lei nº 9.394/96), cuja regulamentação pelo poder executivo ocorreu em fevereiro de 1998, através do Decreto nº 2494/98. Assim, cabe ao Ministério da Educação o credenciamento do ensino superior;

REUNI – Parte integrante do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado em 24 de abril de 2007, estabelece ações relevantes para a educação superior, que visa à reestruturação das IFES, compreendendo ampliação de campi nas universidades, criação de novas universidades, criação de novos cursos, com a ampliação do número de vagas embasado no acréscimo do número de professores e servidores técnico-administrativos (MEC, 2009).