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O Ensino Superior nasceu na Antiguidade Clássica, no Ocidente, principalmente na Grécia e em Roma, por volta do século V. No final da idade média surgiram as primeiras universidades: Bolonha (1088); Paris (1150); Oxford/Cambridge (séc. XII); Pádua (1222); Nápoles (1224); Toulouse (1229); Orleans/Praga (séc. XIII); Pisa (1343); Cracóvia (1364); Viena (1365); Heidelberg (1385); Efurt (1397); Colônia (1388) (JANOTTI, 1992; D‟IRSAY, 1993; VERGER, 1990).

No século XIX, com a industrialização, a Universidade Medieval dá lugar a novas concepções de universidade:

Universidade Francesa – ensino profissional uniforme, confiado a um corpo organizado, tendo como finalidade a estabilidade política do Estado. Napoleão foi seu autor principal;

Universidade Alemã – unidade da pesquisa e do ensino no centro do universo das ciências, tendo como finalidade a aspiração da humanidade à verdade. Seu idealizador foi K. Jaspers;

Universidade Inglesa – educação geral e liberal no meio do saber universal. A finalidade desse modelo é a aspiração do indivíduo ao saber. J. H. Newman foi seu autor principal. O modelo inglês é a terceira concepção de universidade, considerando a ordem de surgimento. Este modelo, idealizado por Newman, concebe a universidade como meio de educação para uma elite. Newman defendia nas conferências de que participava, que a universidade é um lugar de ensino do saber universal. Isto implica que seu objetivo é mais do que o seu avanço, antes de tudo, a difusão e a extensão do saber. A finalidade da universidade é a aspiração do indivíduo ao saber. Os princípios de organização são: uma pedagogia de desenvolvimento intelectual e internato e “tutors”;

Universidade Americana – simbiose da pesquisa e do ensino a serviço da imaginação criadora, tendo como finalidade a aspiração da sociedade ao progresso;

Universidade Soviética – um instrumento funcional de formação profissional e política. A finalidade desse modelo era a edificação da sociedade comunista (JANNE, 1981, p. 29-40).

De acordo com Trindade (2000), destacam-se quatro períodos no desenvolvimento da instituição universitária:

a) Primeiro período – Surgem as universidades de Toulouse (França), Oxford e Cambridge (Inglaterra), Siena, Nápoles e Pavia (Itália), Salamanca, Valência e Valladolid (Espanha) – a primeira a ter uma legislação elaborada por um Estado – e Coimbra (Portugal). A concepção da universidade medieval possui três elementos básicos: voltada para uma formação teológico-jurídica que responde às necessidades de uma sociedade cuja cosmovisão é católica; organização corporativa que detém seu significado medieval original; e preservação da autonomia diante do poder político e da Igreja;

b) Segundo período – Inicia-se no século XV, quando a universidade renascentista sente o impacto das transformações comerciais do capitalismo e do humanismo literário e artístico, além dos efeitos da Reforma e da Contra-reforma. A Renascença tem seu epicentro na Itália, destacando-se as universidades (Roma, Nápoles, Florença). Bolonha, Paris, Oxford e Montpelier (séc. XII). Surgiram ainda (séc. XIII) de forma espontânea as universidades de Vicenza, Arezzo, Pádua, Vercelli, Siena (Itália), Orléans e Angers (França), Cambridge (Inglaterra) e Valladolid (Espanha). O autor destaca aquelas que foram criadas por meio de bula papal, imperial ou real (ex-privilegio), que são “o resultado dos desejos pessoais submetidos às exigências da política” (TRINDADE, 2000, p. 109): de Nápoles (fundação imperial em 1224); da Cúria Romana e Piacenza (fundação papal, em 1244 e 1248); de Toulouse (fundação papal em 1229); das universidades espanholas (fundações reais); de Palência (1212-1214); Salamanca (antes de 1230) e Sevilha (1254); e da universidade de Lisboa-Coimbra (fundação real em 1290). Fim da hegemonia teológica e para o advento do Humanismo antropocêntrico. O Humanismo atinge a Europa de forma heterogênea. A universidade de Louvain, situada entre a civilização francesa e a alemã, realiza a transição para o humanismo sem romper a tradição medieval, tornando-se um importante centro do renascimento literário da Europa, influindo especialmente nas universidades inglesas;

c) Terceiro período – Abrange os séculos XVII e XVIII, épocas marcadas por descobertas científicas em vários campos do saber, pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial inglesa. Neste período, a universidade começa a institucionalizar a ciência, marcando a transição para os modelos que irão se desenvolver no século XIX. Na transição entre aqueles séculos, são fundadas as primeiras cátedras científicas e surgem os primeiros observatórios, jardins botânicos, museus e laboratórios científicos, em função do desenvolvimento e descobertas no campo da Física, Astronomia, Matemática (século XVII), Química e Ciências Naturais (século XVIII). Também se intensifica a profissionalização das ciências, com a criação das academias científicas, o que vai permitir sua inserção nas universidades a partir da pesquisa; e

d) Quarto período – Institui a universidade moderna, começando no século XIX e estendendo-se aos dias de hoje, período em que se introduz uma nova relação entre Estado e universidade. Esta não segue um modelo único e a sua história, a partir do século XVII, confunde-se com as vicissitudes das relações entre a universidade, a ciência e o Estado. Há uma tendência para a estatização e abolição do monopólio corporativo dos professores. Inicia-se o que se chama de “papel social das universidades”, com o desenvolvimento de três novas profissões: engenheiro, economista e diplomata. Após a Revolução Francesa, a universidade napoleônica rompe com a tradição medieval e renascentista, e organiza-se subordinada ao Estado, que nomeia os professores e é assessorada por um conselho, com o objetivo de garantir que a doutrina acadêmica esteja imune às febres da moda, expandindo-se pelos Países Baixos e Itália. Em função das guerras napoleônicas e revolucionárias, a Alemanha realiza uma profunda mudança em suas instituições, inclusive as universitárias. É sob o impulso do Estado que a concepção de universidade, fundada sobre o princípio das pesquisas e no trabalho científico, amadurece. O marco pode ser considerado a nomeação de Humboldt, em 1809, para assumir o Departamento de Cultos e Instrução Pública do Ministério do Interior. Esta, a Universidade de Berlim, torna-se o centro da luta pela hegemonia intelectual e moral na Alemanha, sendo seu primeiro reitor o filósofo Fichte. A característica central desta universidade é a integração das faculdades – ao contrário das faculdades isoladas napoleônicas –, em que o sincretismo religioso predominou sobre o confessionalismo protestante ou católico (TRINDADE, 2000).

Desde meados do século XX, o mundo questiona e discute a universidade como, talvez, nunca o tenha feito antes. São vários os aspectos questionados e discutidos. Mas, nos últimos anos, certos enfoques se tornaram cada vez mais severos, chegando-se mesmo a questionar até a própria pertinência das universidades no mundo atual. Os questionamentos ganham ainda mais força quando se fala em custos e gastos públicos, já que as finanças públicas se tornaram cada vez mais limitadas, complexas e problemáticas (DIAS, 2003).

As instituições que compõem os sistemas de educação em todo mundo são muito numerosas e apresentam características muito diversas. Esses sistemas incluem as universidades, e outras instituições de ensino, mas são, de fato, as universidades e os seus sistemas que lideram, direta ou indiretamente, as atividades dos grandes Sistemas de Educação. Têm então as universidades, a tarefa se planejar, de se renovar sempre e também de ajudar os outros sistemas, as próprias nações e Estados, a encontrarem os melhores caminhos. Pode-se dizer que ainda não se tem um levantamento completo sobre todas as instituições que compõem esses sistemas, apesar dos esforços da UNESCO e de outras instituições que concentram estudos sobre o assunto, como a Associação Internacional das Universidades (AIU) (DIAS, 2003).