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1. INTRODUÇÃO

2.2. EFICIÊNCIA DOS GASTOS PÚBLICOS NO SETOR DE SANEAMENTO

de uma forma geral. Além dos estudos citados na introdução, outros são elencados adiante. Após a descrição dos estudos, é apresentada uma tabela na qual as principais características em relação ao método aplicado estão compiladas.

Sato (2011) analisou e avaliou a eficiência do setor de saneamento no Brasil por meio do DEA tendo como objeto as empresas de saneamento das capitais brasileiras entre os anos 2005 a 2008, possibilitando a sistematização de técnicas de análise e o detalhamento dos procedimentos metodológicos básicos, bem como as possíveis aplicações nas cidades ineficientes. Numa análise mais ampla, observou-se que toda a região Nordeste carece de investimentos em infraestrutura.

Scaratti D., Michelon e Scaratti G. (2013) avaliaram a eficiência da gestão dos serviços municipais de abastecimento de água e esgotamento sanitário utilizando-se da abordagem Data Envelopment Analysis (DEA), possuindo como amostra de estudo 53 municípios com população residente entre 50 a 100 mil habitantes. Desta amostra, apenas 9 serviços de abastecimento de água potável e 3 de esgotamento sanitário obtiveram classificação eficiente, sendo que os demais serviços obtiveram avaliação inferior. Na avaliação agregada da gestão do saneamento básico (abastecimento de água potável e esgotamento sanitário), somente um município obteve classificação eficiente.

Barbosa e Bastos (2014) utilizaram a análise por envoltória de dados (DEA) na mensuração da eficiência de 24 prestadoras de serviços de água e esgotamento sanitário de abrangência regional no ano 2010, com enfoque no desempenho da Companhia de Saneamento do Estado do Pará (COSANPA). Verificaram a existência de 7 prestadores tecnicamente eficientes, destacando-se as companhias com participação do capital privado (SANEPAR-PR e SANEATINS-TO) como principais parceiros de excelência para as unidades ineficientes; sendo que a COSANPA demonstrou desempenho muito inferior à média nacional, além de apresentar ineficiências técnica e de escala.

Hora A. et al. (2015) avaliaram a eficiência dos serviços de saneamento básico nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, verificando as hipóteses sobre a correlação da eficiência com a renda do município, a concentração da população em zona urbana ou rural e a proximidade do município com a capital Rio de Janeiro. Concluíram que vários municípios possuem desempenho pífio por ausência de serviço de esgotamento sanitário, mas os resultados apontam que nem sempre a proximidade com a capital é relevante para a eficiência dos serviços

de água e esgoto. Estatisticamente comprova-se que a população urbana possui melhores serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário do que a população rural e que a renda do município, expressa pelo indicador do PIB per capita, de nenhum modo influencia a eficiência dos serviços avaliados. Para estabelecer a correlação entre a eficiência e as variáveis apontadas nas hipóteses, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, sendo que, para cálculo da eficiência, os autores utilizaram a análise envoltória de dados.

Miranda (2015) avaliou a eficiência dos serviços de saneamento e o impacto na geração de emprego e renda em Minas Gerais, tendo como amostra 264 municípios mineiros que prestaram informações ao SNIS em 2013 e cujos prestadores atendem simultaneamente os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Conclui que os níveis de eficiência tendem a melhorar de acordo com o número de habitantes da região urbana, revelando economias de escala, e pela captação de água em reservatórios subterrâneos, com impacto na redução de despesas de tratamento. Adicionalmente, verificou-se que os municípios com maior capacidade de geração de receitas frente às despesas incorridas na exploração dos serviços obtêm resultados mais satisfatórios em seus escores de eficiência. Os resultados mostram então que o setor apresenta ganhos decorrentes de economias de escala, e a estrutura de subsídio cruzado utilizada entre localidades com prestação regionalizada não gera incentivos à eficiência no setor.

Frazão (2016) verificou a eficiência do saneamento básico na região Centro-Oeste utilizando a metodologia DEA. Analisando-se a eficiência de cada Estado da região Centro- Oeste, observou-se que o Estado do Mato Grosso é eficiente. As companhias estaduais de saneamento básico, de um modo geral, necessitam implantar um modelo de gestão, modernizando e qualificando ainda mais as empresas, atendendo com equilíbrio e competência o interesse público; permitindo, desta forma, a universalização dos serviços a médio e longo prazos.

Siqueira et al. (2016) analisaram a eficiência na alocação de recursos em saneamento básico, verificando-se as correlações existentes com saúde, educação, renda e urbanização nos municípios mineiros. Os resultados apontaram para uma baixa eficiência na alocação de recursos em saneamento básico para a maioria dos municípios analisados. O acesso ao serviço de esgotamento sanitário é o mais crítico entre as variáveis que compõe o estudo. Somente nos municípios com alto nível de eficiência é possível observar uma correlação positiva entre saneamento e desenvolvimento em saúde. Conclui-se, com base nos resultados, pela necessidade de melhorias na gestão dos recursos aplicados em saneamento básico. Além disso, no intuito de melhorar o acesso aos serviços de saneamento básico, são necessárias políticas

intersetoriais, principalmente com saúde e educação, pois conforme foi observado no estudo, municípios eficientes em saneamento básico apresentam maior desenvolvimento municipal na área de saúde. Foi utilizado o método de correlação de Pearson para correlacionar o escore de eficiência encontrado por meio do DEA com variáveis representativas de educação, saúde, renda e urbanização.

Cruz, Motta e Marinho (2017) estudaram a eficiência do setor de saneamento após a Lei 11.445/2007 utilizando o método DEA e o Índice de Malmquist para sua evolução ao longo do tempo. Foram avaliadas 27 prestadoras de serviços de saneamento entre os anos de 2006 e 2013. Os resultados na análise estática indicaram escores de eficiência baixos com grande disparidade entre as regiões do país. Já por meio análise dinâmica observou-se que o período de maior avanço de eficiência ocorreu entre os anos de 2010 e 2013. Para atenuar a desvantagem da abordagem não-paramétrica foi utilizada a técnica bootstrap, para corrigir o viés dos escores e estimar intervalos de confiança.

No Quadro 2, apresenta-se uma compilação das principais características dos estudos anteriores que avaliaram a eficiência dos serviços de saneamento básico.

Quadro 2. Compilação das características dos estudos que avaliaram a eficiência no setor de saneamento básico.

SATO (2011)

Objetivo Analisar e avaliar a eficiência do setor de saneamento no Brasil por meio do DEA

Método(s) DEA, utilizando-se o software DEAP v. 2.1, base MS- DOS

Variáveis utilizadas

Inputs: Receita operacional direta total; Quantidade total de empregados próprios

Outputs: Volume de água tratado em ETA(s); Quantidade de ligações totais de água; Volume de esgoto tratado; Quantidade de ligações ativas de esgoto

Limitações Ausência de dados SNIS na região Norte

SCARATTI D., MICHELON e SCARATTI G.

(2013)

Objetivo

Avaliar a eficiência da gestão dos serviços municipais de abastecimento de água e esgotamento sanitário utilizando-se da abordagem Data Envelopment Analysis

Método(s) DEA

Variáveis utilizadas¹

Foram adotados 33 indicadores nas perspectivas: clientes, mercado, conformidade dos produtos, e econômico-financeira

Limitações

Nem todos os municípios possuem infraestrutura instalada de abastecimento de água potável e esgotamento sanitário e são integrantes da respectiva amostra do SNIS. Com isso, a aplicação restringiu-se a 53 municípios.

Quadro 2. Compilação das características dos estudos que avaliaram a eficiência no setor de saneamento básico. (continuação)

BARBOSA e BASTOS (2014)

Objetivo

Determinar a eficiência relativa de cada uma das prestadoras de serviços de saneamento do conjunto, comparando-a com as demais, e identificando a unidade (ou grupo) que opera mais eficientemente seus recursos

Método(s) DEA com retornos variáveis (BCC) por meio do uso do software SIAD / Orientação a produtos (outputs)

Variáveis utilizadas

Input: Despesas de exploração

Outputs: Quantidade de ligações ativas de água; Quantidade de ligações ativas de esgoto; Extensão da rede de água; Extensão da rede de esgotos; Receita operacional total

Limitações NI

HORA A. et al. (2015)

Objetivo

Avaliação da eficiência dos serviços de saneamento básico nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, verificando as hipóteses sobre a correlação da eficiência com a renda do município, a concentração da população em zona urbana ou rural e a proximidade do município com a capital Rio de Janeiro

Método(s)

DEA: para cálculo da eficiência

Coeficiente de correlação de Pearson: correlação entre a eficiência e as variáveis apontadas nas hipóteses

Variáveis utilizadas

Input: Despesas de exploração;

Outputs: Volume de água consumido; Extensão da rede de água; Quantidade de ligações ativas de água; Quantidade de ligações ativas de esgoto

Variáveis hipóteses (correlação): PIB per capita; População urbana; População rural

Limitações Falta de dados disponibilizados pelo SNIS para alguns municípios

MIRANDA (2015)

Objetivo

Determinar o nível de eficiência das unidades de prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Minas Gerais, verificar a existência de relação entre a adoção de subsídios cruzados entre localidades e indicadores de eficiência nos serviços de saneamento, bem como avaliar a ocorrência de convergência entre os municípios e o impacto econômico da operação eficiente dos serviços na economia mineira

Método(s) DEA com orientação insumo

Variáveis utilizadas

Inputs: Despesa com pessoal próprio; Despesa com serviços de terceiros; Despesa com produtos químicos; Despesa com energia elétrica; e outras despesas de exploração

Outputs: Quantidade de economias ativas de água; Quantidade de economias ativas de esgoto

Limitações NI

Quadro 2. Compilação das características dos estudos que avaliaram a eficiência no setor de saneamento básico. (continuação)

BITTELBRUNN et al. (2016)

Objetivo

Verificar a eficiência dos estados brasileiros com os gastos com saneamento básico, circunstanciados no estudo aos gastos com água e esgoto dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal no período de 2012 a 2014

Método(s)

DEA por meio de duas abordagens: DEA-BCC e DEA-CCR / Quanto à orientação optou-se pelo produto / Utilização do software OSDEA

Variáveis utilizadas

Input: Despesas de exploração

Outputs: Quantidade de ligações ativas de água; Quantidade de ligações ativas de esgoto; Extensão da rede de água; Extensão da rede de esgotos

Limitações

Procedimentos metodológicos e variáveis utilizadas: a inclusão e/ou exclusão de variáveis pode alterar os resultados obtidos;

Aborda somente os serviços de água e esgotamento sanitário e não analisa a qualidade dos serviços prestados, ou seja, um estado considerado eficiente pode prestar serviços de má qualidade;

Também se limita ao período estudado e a eficiência do estado em geral, sem analisar quais municípios e/ou prestadores de serviço são responsáveis pelos resultados.

DINIZ (2016)

Objetivo

Avaliar os serviços brasileiros de abastecimento de água e esgotamento sanitário nos anos de 2002, 2007 e 2012 com base nos princípios e diretrizes da governança pública

Método(s)

DEA com orientação produto: para cálculo da eficiência

Procedimento de Jackstrap: para eliminação dos outliers

Índice de Malmquist: dinâmica de produtividade dos fatores para os intervalos de anos definidos no estudo Variáveis utilizadas

Input: Despesa total com os serviços por m³ faturado Outputs: Índice de atendimento total de água; Índice de atendimento total de esgoto; Indicador de desempenho financeiro

Limitações NI

FRAZÃO (2016)

Objetivo

Verificar a aplicabilidade da metodologia de análise de envoltória de dados (DEA) ao setor de saneamento, avaliando a eficiência nos serviços prestados de água e esgoto nos 3 Estados do Centro-Oeste, mais o Distrito Federal

Método(s) DEA por meio do modelo BCC orientado aos resultados / Utilização do software SIAD

Variáveis utilizadas

Input: Despesas de exploração;

Outputs: Volume de água consumido; Quantidade de ligações ativas de água; Quantidade de ligações ativas de esgoto; Extensão da rede de água; Extensão da rede de esgotos.

Limitações NI

Quadro 2. Compilação das características dos estudos que avaliaram a eficiência no setor de saneamento básico. (continuação)

SIQUEIRA et al. (2016)

Objetivo

Analisar as correlações existentes entre eficiência na alocação de recursos públicos e saúde, educação, renda e taxa de urbanização nos municípios mineiros

Método(s)

DEA modelo CCR: para cálculo do escore de eficiência na alocação dos recursos públicos em saneamento básico / Utilização do software Statistical Package

Coeficiente de correlação de Pearson: correlação entre a eficiência com variáveis representativas de educação, saúde, renda e urbanização

Variáveis utilizadas

Input: Esforço orçamentário em saneamento básico; Outputs: % população em domicílios com banheiro e água encanada; % população atendida com serviço de abastecimento de água; % população atendida com serviço de esgotamento sanitário

Para a análise de correlação de Pearson: variáveis de educação, saúde o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal no respectivo componente de cada área Limitações Falta de disponibilidade dos dados necessários para

todos os municípios mineiros

CRUZ, MOTTA e MARINHO (2017)

Objetivo

Estudar a eficiência do setor de saneamento após a lei 11.445/2007 utilizando o método DEA e o Índice de Malmquist para sua evolução ao longo do tempo

Método(s)

DEA por meio do pacote FEAR (Frontier Efficiency Analysis with R) do programa R

Técnica de bootstrap: corrigir o viés dos escores e estimar intervalos de confiança

Variáveis utilizadas

Input: Despesas com exploração

Outputs: Quantidade de economias ativas de água; Volume de água consumido; Quantidade de economias ativas de esgoto; Volume de esgoto coletado; Volume de esgoto tratado

Limitações NI

PORTELLA, SANTOS e BORBA

(2018)

Objetivo

Verificar quais fatores externos afetam a eficiência dos investimentos em saneamento básico das empresas responsáveis por esse setor nos municípios de Santa Catarina

Método(s)

DEA modelo BCC com orientação output: para medir a eficiência dos investimentos

Modelo de regressão Tobit com dados em painel e outro modelo de regressão com efeitos aleatórios: para correlação da eficiência com as variáveis independentes

Variáveis utilizadas

Input: Investimentos totais realizados pelo prestador de serviço

Outputs: Volume de água produzido; Volume de esgotos coletado; População total atendida com abastecimento de água; População total atendida com esgotamento sanitário; Extensão da rede de água; Extensão da rede esgotos

Quadro 2. Compilação das características dos estudos que avaliaram a eficiência no setor de saneamento básico. (continuação)

PORTELLA, SANTOS e BORBA

(2018)

Variáveis utilizadas Variáveis independentes: PIB, IDHM e Densidade Demográfica

Limitações

Modelo escolhido para a construção da escala de eficiência, por mais que o mesmo já tenha sido validado inúmeras vezes pela literatura;

Tamanho da amostra: nem todos os municípios catarinenses terem apresentados dados suficientes para o cálculo da eficiência pelo modelo proposto

SOUZA (2019)

Objetivo

Classificar a eficiência dinâmica intertemporal das concessionárias brasileiras de saneamento básico em função da corporatização no período de 2012 a 2017

Método(s)

DEA orientado a inputs com retorno variável em seu modelo aditivo em séries temporais denominado de Dynamic Slack Based Model – DSBM / Os dados foram tratados no DEA Solver Professional versão 11.1

Análise de Correspondência combinada com o Teste Qui-quadrado: evidencia a relação existe entre a natureza jurídica das empresas estudadas e seus escores de eficiência

Variáveis utilizadas

Inputs: Despesa com pessoal; Despesa com Produtos Químicos; Despesa com energia elétrica; e Despesa com serviço de terceiros

Outputs: Volume de água faturado; Volume de esgoto faturado

Limitações NI Onde: NI – Não Identificado.

Nota: ¹ Não ficou claro no texto a utilização da abordagem DEA, com inputs e outputs. Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Observa-se a variedade de trabalhos que utilizaram a metodologia de análise envoltória de dados (DEA) para realizar avaliação da eficiência dos serviços de saneamento básico. Para Diniz (2016), é importante destacar a compatibilidade do DEA com a análise de eficiência para o setor em diversas formas possíveis de acordo com os objetivos pretendidos e os inputs e outputs considerados.

Da mesma forma, Oliveira et al. (2012) procuraram descrever as tendências dos estudos quantitativos enfocados em custos e eficiência que vêm sendo aplicados ao setor de saneamento básico, chegando-se à conclusão que 69% dos artigos avaliados (126 estudos publicados em periódicos internacionais de 14 diferentes países) foram publicados a partir do ano 2000 e são, em sua maioria, representados por aplicações nos Estados Unidos e Reino Unido, sendo a Análise Envoltória dos Dados a metodologia encontrada em 32,5% dos artigos.

Diante dos trabalhos dialogados acima e o amplo emprego e importância da metodologia DEA para as análises dos resultados, é que a pesquisa buscou, também, utilizar-se desta mesma

metodologia. Sendo um diferencial deste trabalho em relação aos outros, a aplicação do método para verificar a eficiência dos municípios do Rio Grande do Norte.

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