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Segundo Geller et al (2004), o atual Governo Federal coloca como prioridade o uso eficiente de energia, através de ações como o Procel e de resoluções da Aneel, mas destaca que até 2010, a demanda de energia poderia ser reduzida em até 12,5% se políticas públicas de conservação de energia, incentivo a fontes alternativas (biomassa, PCH e eólica) e planejamento junto ao setor energético fossem mais bem implementadas.

Já Geller et al (2006) e Goldemberg e Lucon (2007), argumenta que nos países pertencentes a OCDE, se não fossem os programas de conservação de energia, eles utilizariam cerca de 49% de energia a mais a partir do ano de 1998 (figura 3.4).

Figura 3.4 – Consumo de energia real e o uso hipotético sem reduções de consumo das 11 nações da OCDE, após a ações de PEE. (fonte: MME, 2006c, com informações de Geller et al 2006).

Em Almeida et al (2001), são apresentados diferentes cenários para o potencial de conservação de energia elétrica no setor residencial brasileiro para o ano de 2020 (figura 3.5). Baseados em características previamente discutidas, o consumo de iluminação no setor residencial pode variar entre 10% e 39% do total de consumo de energia em uma residência, dependendo das linhas de ações de conservação energética, sendo que no ano de 2005 estava em 24% (MME, 2006a). Outro exemplo discutido deste potencial neste artigo, está no uso de eletrodomésticos mais eficientes, que poderia cortar o consumo global de eletricidade no setor residencial em quase 30%.

Figura 3.5 – Perspectivas de diferentes cenários de conservação de energia para o Brasil até o ano de 2020. (fonte: MME, 2007, com informações de Almeida et al, 2001).

Já no planejamento oficial do Governo Federal, através dos Planos Decenais de Expansão de Energia Elétrica – PDEE para 2006-2015 (MME, 2006b) e 2007-2016 (MME, 2007), o tratamento dado à eficiência no uso da energia estabelece uma dinâmica de aumento de eficiência, denominada “progresso autônomo”. A tendência positiva deste progresso é devida às ações inerentes a cada setor (residencial, comercial/ público e industrial) e conseqüentemente do que se pode chamar de substituição tecnológica, que é motivada por: a) término da vida útil do equipamento; b) por pressões de mercado ou ambientais; c) programas e medidas de conservação energética em vigor.

Outro ponto relevante ao PDEE 2007-2016 é considerar que, a partir de 2012, irá ocorrer uma ampliação da eficiência energética, através da criação de novos programas e ações específicas, orientadas para determinados setores. Estas ações podem refletir políticas públicas, voltadas para o que pode ser chamada de conservação ou eficiência energética induzida (MME, 2007).

Com o objetivo de estabelecer a conservação de energia elétrica obtida pelo chamado progresso autônomo, definido no PDEE, foi utilizado como base a evolução da energia útil e a da energia final em cada setor e por tipo de uso (força motriz, aquecimento e refrigeração, calor de processo e iluminação). Portanto, o resultado de energia economizada pelos PEE do PDEE é um conjunto da conservação correspondente ao

progresso autônomo e da conservação induzida considerada após 2012. Como resultado do planejamento de longo prazo, o Governo Federal espera chegar à um valor total de energia conservada em torno de 15.639 GWh no ano de 2016, cerca de 2,7% do consumo total de eletricidade projetado para o referido ano (figura 3.6). Paralelamente, temos os mesmo valores, mas apresentados com a divisão de energia conservada por setor (figura 3.7). Já na figura 3.8, são apresentados as perspectivas baseados nos cenários de projeção do PDEE para o consumo residencial (MME, 2007).

Figura 3.6 – Perspectivas de energia conservada do PDEE, para os anos de 2011 e 2016. (fonte: MME, 2007).

Figura 3.7 – Perspectivas de energia economizada do PDEE, dividido por setores até o ano de 2016. (fonte: MME, 2007).

Figura 3.8 – Retrospectiva e perspectivas do consumo residencial (kWh.mês-1) do PDEE, até o ano de 2015 considerando cenários com aumento de eficiência energética. (fonte:

MME, 2006b).

Como exemplo de um estudo mais antigo, vale a pena mencionar o trabalho desenvolvido pela Associação Brasileira da Industria de Iluminação (Abilux) em 1995 (ABILUX, 1995). Neste trabalho, foi destacado que, se o Brasil substituísse todas as LI utilizadas na época por LF em todos os setores (residência, comercial/ público e industrial) e se fossem utilizadas lâmpadas de vapor de sódio na rede de IP, a economia de energia seria de 12.000 MWh.ano-1.

Outra visão mais recente sobre as perspectivas de conservação energética no Brasil é apresentada em WWF (2007), onde é proposta a criação de leilões de eficiência energética, ou seja, seria determinada uma certa quantidade de energia a ser conservada (ou energia economizada) e a sua respectiva comercialização. Como apresentado no próprio relatório, esta é uma maneira alternativa de viabilizar, através do próprio mercado, a implementação de medidas que reduzem o consumo de energia. Outro ponto de forte destaque é a Lei de Eficiência Energética, que deve ter sua implementação priorizada, por meio de aprovação acelerada de padrões de desempenho energético para equipamentos com índices mais agressivos de redução de consumo. Já em relação ao Procel e do PBE, o relatório destaca que é necessário manter a continuidade destes programas e a

disseminação de informações atualizadas sobre tecnologias de energia e maneiras mais eficientes de sua utilização.

Ainda em WWF (2007), é apresentado um modelo de substituição de LI para LFC de 20W, já que o fluxo luminoso (lm) é semelhante e equivale a uma LI de 90W a 100W. É demonstrado que neste caso, o retorno do investimento (pay-back) é de curto prazo (menor que seis meses) e o custo para conservar a energia elétrica é muito atraente, pois a substituição para LFC de 20W, o consumidor obterá uma economia de energia considerável em sua residência sem perder a qualidade da iluminação e o conforto visual.

Outro bom exemplo do potencial de eficiência energética no Brasil é o uso do Selo Procel nos equipamentos para refrigeração que atualmente estão entre os maiores consumidores de energia no setor residencial. Desde 1995, o Selo Procel qualifica os melhores produtos (classificação A do PBE) e orienta os consumidores a adquirir refrigeradores e freezers que apresentem as maiores eficiências. Como resultado direto desta ação em refrigeradores, a evolução da eficiência chegou a uma redução de 20% no consumo médio de energia, que passou de 400 para 320 kWh.ano-1 entre 1995 a 2005 (figura 3.9), no caso dos refrigeradores de uma porta (NOGUEIRA, 2007 e NOGUEIRA et al, 2007b; CARDOSO, 2008).

Figura 3.9 – Consumo total de energia elétrica do parque de refrigeradores e freezers no Brasil e o efeito do Selo Procel na economia de energia desde 1995 (fonte: Nogueira,