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2.5.1. Desenvolvimento econômico

Segundo dados do Ministério das Minas e Energia (MME, 2006a; MME, 2006b), durante o período de 1970 a 2005, o Produto Interno Bruto – PIB brasileiro cresceu a uma taxa média de 2,5% a.a., onde a Oferta Interna de Energia – OIE cresceu 226,9% para o mesmo período, ou seja, cerca de 2,8% a.a..

Goldemberg e Lucon (2007) destacam que após o forte crescimento da economia nacional ocorrida na década de 1970, houve uma desaceleração nos índices do PIB, da produção de energia primária e do consumo de energia elétrica. Entretanto, no período de 1970-2005, o aumento da produção de energia primária no Brasil tem acompanhado de perto o crescimento do PIB, mas o consumo de eletricidade tem aumentado mais rapidamente, em razão da expansão da rede elétrica no Brasil e da instalação de indústrias com grande consumo de eletricidade.

Na tabela 2.3, é apresentado um resumo da evolução do PIB, da OIE e alguns eventos relevantes que influenciaram a economia brasileira de 1970 a 2005. Em complementação, a figura 2.2 apresenta a evolução para o mesmo período de 35 anos, da OIE em toneladas equivalente de petróleo – TEP.

Tabela 2.3 – Variação do PIB e da oferta de energia de 1970 a 2005. (fonte: elaboração do autor, a partir de MME, 2006a).

Período % PIB

(média a.a.)

% OIE (média a.a.)

Eventos relevantes

1970 – 1980 8,6 n.d. Desenvolvimento da industria de base 1985 – 1993 1,8 1,7 Recessão econômica

1993 – 1997 3,9 4,8 Estabilização e expansão econômica

1997 – 2005 2,0 2,4

- Desvalorização cambial e baixo desempenho da industria

- Problema no abastecimento de eletricidade (“apagão”)

- Crescimento da produção e exportação

Figura 2.2 – Oferta interna de energia, de 1970 a 2005 em Tep. (fonte: MME, 2006a).

Vale destacar que, a partir de 1980, com a recessão da economia brasileira, as taxas de crescimentos reduziram significativamente. Até o ano de 1985, foi marcado por dois eventos significantes para a economia:

i) expansão da indústria com grande consumo de energia (aço, alumínio e ferroligas), de forma de aproveitar o excesso de capacidade instalada de geração elétrica e de amenizar o déficit comercial;

ii) ações para redução do consumo de derivados de petróleo, através do Conpet.

Com a redução dos preços internacionais do petróleo, a partir de 1985, as grandes vantagens competitivas das fontes renováveis de energia no Brasil perderam sua competitividade, enquanto houve um crescimento parcial dos derivados de petróleo (MME, 2006a).

Em 2000, após a desvalorização do Real ocorrida em 1999, a economia demonstrou sinais de recuperação com o crescimento do PIB de 4,4%. Entretanto, o consumo de energia cresceu apenas 0,7%, devido do fraco desempenho de setores industriais. No ano seguinte, é estabelecida a crise de abastecimento de eletricidade, também chamado de “apagão elétrico de 2001” (SAUER et al, 2001). Em razão desta crise, o PIB cresceu 1,4% e a OIE apresentou desempenho de 1,7%.

Segundo Geller et al (2004), a oferta de energia no Brasil cresceu 250% no período de 1975 a 2000, onde houve um grande estímulo para a expansão do setor energético, com

a objetivo de reduzir a dependência externa, principalmente em relação ao petróleo e seu derivados.

Em relação ao consumo final de energia elétrica, em termos percentuais (figura 2.3) é possível verificar as variações e a evolução da participação dos três setores (residencial, comercial/ público e industrial), em relação ao total de energia elétrica no Brasil. Predominantemente, ao longo dos 35 anos, o setor industrial sempre teve uma participação alta, mas ocorreu uma pequena redução de 1970 a 2005, devido ao processo de urbanização das cidades brasileiras.

0 10 20 30 40 50 60 70 1970 1980 1990 2000 2004 2005 Consumo (%)

Residencial Comercial/Público Industrial

Figura 2.3 – Consumo final de energia elétrica (em %) e evolução da participação por setor. (fonte: elaboração do autor, a partir de MME, 2006a).

2.5.2. A crise energética de 2001

O episódio que marcou a história recente do setor energético no Brasil e que ficou conhecido como “apagão elétrico de 2001” (SAUER et al, 2001), criou uma ruptura de paradigma no conceito de eficiência energética, principalmente no setor residencial.

Na época do “apagão”, o uso racional de energia foi o principal ponto de destaque para o controle da demanda de eletricidade. Os resultados obtidos de economia de energia foram uma demonstração clara do potencial existente e do impacto de medidas educativas para a população no sentido de melhorar os hábitos de consumo e aplicar novas tecnologias. O “apagão” teve um fundamental papel pedagógico e muitos consumidores, principalmente no setor residencial, mudaram seu hábito de consumo, substituindo para

equipamentos mais eficientes, como LFC e LFCirc, por exemplo. Naturalmente, este setor foi o que mais contribuiu para o sucesso na economia de energia imposta pelo Governo Federal, através de um racionamento de 20% abaixo do patamar médio de 1 ano de consumo (SAUER et al, 2001; MME, 2006a). O consumo de energia residencial no Brasil apresentou como média nos cinco primeiros meses do ano de 2001, um valor de 7.275 GWh e teve redução no segundo semestre para 5.221 GWh, uma queda de 28,2% (MME, 2006a e 2005).

Já a economia de energia no País durante o “apagão” ficou em 46.794 GWh, ou seja, uma redução de 23,8% em relação a patamares pré-crise. Importante ressaltar que, esta redução e mudança de hábito de consumo de energia elétrica não ficou restrita ao período da crise do “apagão” de 2001, sendo percebida, porém em menor intensidade até meados de 2003 (figura 2.4).

Figura 2.4 – Evolução do consumo final de energia elétrica no Brasil de 1970-2005, divididas por setores (fonte: MME, 2006a).

2.5.3. Oferta e demanda de energia em 2005

Neste trabalho utilizaremos 2005 como ano-base de comparações, portanto será dado um destaque quanto a oferta e demanda de energia para este ano.

Segundo o BEN (MME, 2006a), para o ano de 2005, a geração de energia elétrica no Brasil, atingiu 402,9 TWh (centrais de serviço público e de autoprodutoras), resultando

em 4,0% superior ao de 2004 (tabela 2.4) e o consumo final de eletricidade atingiu 375,2 TWh em 2005, valor 4,2% superior ao de 2004 (tabela 2.5).

Tabela 2.4 – Variação da oferta de energia, por tipo de geração. (fonte: elaboração do autor, a partir de MME, 2006a).

Tipo de geração Oferta (TWh) Variação em relação 2004 (%)

Hidráulica pública 325,1 5,3

Térmica pública 38,2 - 6,7

Autoprodutores 39,8 4,9

Tabela 2.5 – Variação da demanda de energia, por setor. (fonte: elaboração do autor, a partir de MME, 2006a).

Consumo final de energia (setor) Demanda (TWh) Variação em relação 2004 (%)

Industrial 175,4 1,9

Residencial 83,2 5,8

Comercial 53,5 6,8