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D EFINIÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO

Contexto redes socias/comunidades educativas

3.2. P ROBLEMA , QUESTÕES E OBJETIVOS DE INVESTIGAÇÃO

3.3.2. D EFINIÇÃO DA POPULAÇÃO ALVO

Numa investigação exploratória, a tarefa central reside na determinação dos dados que se pretendem recolher e qual a melhor maneira de o fazer. Antes de qualquer questão ser formulada importa definir quem vai ser inquirido e qual vai ser o formato de recolha de dados, tendo em vista a sua análise. O formato de recolha de dados e a sua posterior análise também influenciam a construção do questionário (Brace, 2004).

Ao nível da operacionalização, primeiro delimitou-se a população alvo do estudo que, de acordo com Bethlehem (2009), pode ser definida como a população que é investigada. Apesar de ser interessante equacionar a possibilidade de aplicar o estudo numa escala nacional, tal desde cedo nos pareceu inviável, mas não negligenciável no futuro, dada a pertinência da temática, desde que integrado num projeto de investigação que permita a mobilização de uma equipa de investigadores e não apenas como um empreendimento de carácter individual, podendo mesmo a presente investigação assumir-se como estudo preliminar para este efeito. Assim, por razões de conveniência, dado tratar-se do concelho onde a investigadora exerce a sua atividade profissional, optou-se por delimitar a população aos professores de ensino básico e secundário das escolas públicas do concelho de Aveiro, de acordo com o definido na rede do Ministério de Educação para 2010-2011, acedida no site da Direção Regional de Educação do Centro (DREC). Assim, após a decisão acerca do público-alvo, com recurso à internet, procedeu-se a uma pesquisa que permitiu a recolha da informação necessária para estabelecer um primeiro contacto com as escolas; mais especificamente, obtiveram-se os contactos das escolas que foram posteriormente usados. Verificou-se que a investigação poderia envolver quatro escolas secundárias e sete escolas/agrupamentos do ensino básico – num total de onze escolas/agrupamentos. Para facilitar a leitura, a partir de agora todas as escolas ou agrupamentos serão referidas como “escolas”. O número de professores a considerar, o número total de professores destas escolas, ou seja, a dimensão da população alvo era ainda uma incógnita, pois não se encontraram dados atualizados após pesquisa online realizada com este objetivo. Para ultrapassar este constrangimento, enviou-se uma mensagem de correio eletrónico aos diretores das escolas (apêndice A) que, para além de corporizar o primeiro contacto que se pretendia realizar, comunicando o estudo que se pretendia desenvolver, apelava ao seu apoio e colaboração, solicitando-lhes informação acerca da dimensão do corpo docente de cada escola. Para efeitos de obtenção de dados que permitissem a caracterização do contexto da investigação, solicitou-se igualmente informação

considerado, desde logo, face à nossa própria experiência no cargo num passado recente, que o Coordenador seria o interlocutor por excelência com as escolas ao longo da aplicação do

survey, ainda que sempre em articulação com as direções das escolas. Todas as direções das

escolas mostraram recetividade à realização da investigação e forneceram os dados solicitados (apêndice B).

A resposta das escolas secundárias foi, regra geral, mais rápida, não apenas pela facilidade do processo adotado, mas pela facilidade na compilação dos dados necessários. No caso dos agrupamentos, a resposta foi mais demorada devido à necessidade de organizar os dados por escola e compilar essa informação. No entanto, o processo adotado revelou-se eficaz, pois permitiu, no espaço de mês e meio (entre Dezembro de 2010 e Janeiro de 2011) obter a informação pretendida. Estas informações permitiram a identificação e delimitação da população alvo que passamos a apresentar (Tabela 8 e Gráfico 1):

Tabela 8 – Distribuição da população alvo de acordo com a escola de origem

Escola/ Agrupamento Nº Professores (Total)

Escola Secundária Homem Cristo 93

Escola Secundária Dr. Mário Sacramento 140

Escola Secundária Dr. Jaime Magalhães Lima 145

Escola Secundária José Estêvão 133

Agrupamento de Aradas 94 Agrupamento de Aveiro 169 Agrupamento de Cacia 86 Agrupamento de Eixo 76 Agrupamento de Esgueira 126 Agrupamento de Oliveirinha 86 Agrupamento S. Bernardo 134 Total 1282

Para além da elaboração do questionário, a qual é referida à frente neste capítulo, foi necessário definir o formato de distribuição, basicamente se seria um questionário em formulário a enviar por correio eletrónico aos respondentes, ou se se optaria pela utilização de um formulário online, uma vez que o recurso ao formato eletrónico já era intenção no projeto inicial, dada a própria temática da investigação. “The choice of the mode of data collection is

not an easy one. It is usually a compromise between quality and costs. […]Collecting survey data can be a complex, costly, and time-consuming process, particularly if high-quality data are required” (Bethlehem, 2009, p.155).

Brace (2004) refere que o questionário pode adotar diversos formatos de recolha de dados, desde a entrevista pessoal, contacto telefónico ou envio de questionário (por exemplo, envio por correio convencional ou distribuição via internet). Ainda de acordo com Brace (2004), diversos estudos referem a aplicação de questionários online como uma alternativa válida face a outros métodos de distribuição. Acrescenta ainda que, regra geral, são mais rápidos de responder e visualmente podem ser mais apelativos; no entanto, pode ser mais difícil conseguir manter os níveis de atenção ao longo do questionário. Brace (2004) refere que as maiores desvantagens estão associadas à dificuldade de esclarecer dúvidas em tempo real. Se, por um lado, a recolha de dados por preenchimento de questionários (autopreenchimento) é uma técnica eficaz e comum, pois minimiza ou anula a indução de resposta e aumenta a autenticidade de resposta, por outro lado pode inviabilizar o esclarecimento de dúvidas e a clarificação de inconsistências de resposta, bem como a garantia de resposta integral. A adoção de procedimentos adequados de validação do questionário é essencial para reduzir a ocorrência destas situações. Fowler (1995) reforça que a validação de um questionário assume uma importância crucial quando se opta pela modalidade de auto preenchimento. Na presente investigação a validação foi feita por peritos (2 investigadores da Universidade de Aveiro) e testada em situação real (10 professores de escolas públicas básicas e secundárias fora do concelho de Aveiro).

A adoção da distribuição online permite ainda ultrapassar algumas dificuldades identificadas por outros autores, nomeadamente Bethlehem (2009) que refere que a recolha de dados através de um survey é um processo complexo, com custos e demorado. Bethlehem (2009) refere que a consciência da necessidade de rentabilização rápida de recursos levou à adoção de formatos facilitados pela utilização da tecnologia, mas alerta que também existem desvantagens. À semelhança do que defende Brace (2004) é importante considerar que, para além das vantagens, existem desvantagens, nomeadamente a questão da “não resposta” que pode ser frequente nos surveys online, pois sendo um questionário de autopreenchimento, tem associado um elevado potencial de “não resposta”. Para além deste fator, podem ocorrer problemas técnicos na utilização da internet pelos respondentes, problemas de ligação ou de

instruções de navegação pouco claras, que podem frustrar os respondentes e conduzir a situações de “não-resposta”.

Em síntese, cada formato de aplicação apresenta as suas próprias vantagens e problemas. Mas a todos se aplicam os princípios de construção e redação de questionários. Num survey online não existem entrevistadores – trata-se de um questionário auto preenchido. Assim, a qualidade da informação recolhida pode ser menor devido a elevadas percentagens de não resposta e erros de resposta. No entanto, este formato permite um acesso mais fácil aos potenciais respondentes, com custos menores, sem limitações espácio-temporais e promove uma sensação de segurança na resposta e, como tal, uma maior fiabilidade na resposta (Bethlehem, 2009).

Atendendo às vantagens que se revelaram evidentes no momento da análise desta questão, sobretudo ao nível da edição de dados e ao facto de existir uma plataforma para este efeito disponibilizada pela Universidade de Aveiro – LimeSurvey, a adoção deste formato afigurou-se apropriada. Esta decisão foi tomada ainda porque, em consonância com Bethlehem (2009), o impacte das tecnologias na sociedade também se faz sentir na forma como se faz investigação, mais concretamente na forma como se pode fazer ou aplicar um survey atualmente. A plataforma LimeSurvey permite a compilação de todos os dados numa folha de cálculo Excel (ou mesmo em ficheiro CSV ou Microsoft Word), facilitando todo o tratamento de dados que se pretenda executar, nomeadamente a importação para SPSS. Em alternativa, possibilita ainda a utilização de ferramentas estatísticas “incorporadas” que fornecem uma visão global dos dados e permitem a recolha de informação útil.

Assim, de acordo com os objetivos perseguidos no âmbito do survey e considerando a dimensão da população, adotou-se como estratégia de recolha de dados a aplicação de um questionário online, partindo do pressuposto de que todos os professores têm acesso à internet, na escola ou em casa, e que possuem endereço de correio eletrónico. Em termos de distribuição, definiu-se o correio eletrónico como formato preferencial; no entanto não se negligenciou a possibilidade de divulgar o questionário nos sites das escolas, redes sociais e redes ou comunidades de professores. Com efeito, na fase inicial, os professores foram convidados por correio eletrónico a aceder ao endereço do questionário e a responder. Esta etapa foi concebida para ser realizada em articulação com os CEPTE e com as direções das escolas, conforme já referido, eventualmente com recurso a listas de distribuição de email da própria escola ou outras e às quais não solicitámos acesso, no sentido de manter o anonimato e confidencialidade do estudo. Igualmente, não se negligenciou a possibilidade de aplicar o questionário em formato tradicional (papel) caso esta necessidade fosse expressa pelos CEPTE face à realidade das suas escolas, bem como a possibilidade de realizar entrevistas, caso os resultados obtidos pela aplicação do questionário assim o exigissem.

Uma vez definidas estas questões de carácter mais operacional, o universo da investigação e o método de recolha de dados, passou-se à construção do questionário que serviu de instrumento de recolha de dados no presente survey. De acordo com Brace (2004), numa investigação do tipo survey o questionário representa uma parte do processo que, no entanto, lhe é vital. Brace (2004) considera que a primeira tarefa na construção de um questionário é a definição dos objetivos a que o estudo procura dar resposta e acrescenta que quando o questionário se enquadra num survey de natureza exploratória, esta missão pode ser complicada. Os objetivos, numa fase de projeto, podem ser vagos e envolver conceitos abstratos e frequentemente assumem o formato de procura de resposta para questões gerais ou genéricas de investigação. Brace (2004) alerta igualmente que todas as decisões devem assegurar a obtenção de respostas às questões gerais, definidas em função dos objetivos do estudo, ou seja, às questões de investigação. Em consonância, Bethlehem (2009) indica que, nesta etapa de conceção do survey, se devem estabelecer, como tarefas a realizar, a conversão das questões de investigação em especificações das características da população a analisar e a consequente definição do conteúdo do questionário que se pretende aplicar. É neste sentido que se apresentam de seguida os procedimentos adotados na definição dos parâmetros ou variáveis em estudo (Bethelem, 2009

)

ou, de acordo com Brace (2004), o desenho do questionário.