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2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, CIDADANIA E DIREITO

2.5 A EJA E O ANALFABETISMO NO BRASIL

Quanto ao analfabetismo no Brasil, segundo dados distribuídos pelo MEC no final de 2002, a taxa de analfabetismo diminuiu de 16,0% (1994) para 13,3% (1999). Graças ao esforço realizado no ensino fundamental a taxa de analfabetismo diminuiu de 7,5% para 4,0% no grupo de 15 a 19 anos e de 8,0% para 5,9% no grupo de 20 a 24 anos, no mesmo período. O que denota um avanço no período, apesar de poucos pontos percentuais de diferença.

Segundo o CENSO 2000, o número de analfabetos (maior ou igual a quinze anos) era de 16.294.889 (13,53%), assim distribuídos: zona urbana: 10.130.682 (10,28%) e zona rural: 6.154.207 (29,79%). Para o PNAD16 1996, os chamados “sem instrução” são 14.018.960 (13,3%). Destes, 5.749.714 (26,8%) são da zona rural e 3.607.057 (23,7%) estão localizados no Nordeste. Mostrando uma grande necessidade de efetivar políticas públicas para erradicação do analfabetismo em nossa região. No período de 1992 a 1999 a taxa de analfabetismo caiu de 17,2% para 13,3%, segundo o Censo de 2000 do IBGE.

O número de pessoas com menos de 4 anos de escolaridade é de 20.644.950 (19,3%); 28.515.093 (33,8%) têm mais de 4 e menos de 8 anos. Portanto, um total de 49.160.043 (53,1%) não completaram o ensino fundamental. Se considerarmos como analfabeto funcional – aquele(a) que não completou 8 anos de escolaridade – em 1996, existiam, no Brasil, 63.179.003 (66.4%) de analfabetos. 8 anos de escolaridade é considerado como patamar mínimo de alfabetismo funcional.

16 PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, desenvolvida pela IBGE – Instituto

Para o PNAD-2001, 69,7 milhões de brasileiros com mais de 15 anos não têm o ensino fundamental (57,64%). Segundo o Censo IBGE-2000, “no grupo de 15 e mais de idade, a taxa passou de 20,1% em 1991 para 13,6% em 2000”, o que mostra que os dados de 1996 não foram alterados substancialmente. Segundo o IBOPE-2000, a pedido do Instituto Paulo Montenegro, existiam em 2000, 9% de analfabetos entre 15 e 64 anos. Os demais 91% distribuíam nos seguintes grupos de letramento:

a) 31% lêem e entendem um pequeno anúncio ou título de um jornal (um bilhete simples);

b) 34% lêem e entendem pequenas matérias de jornal; c) 26% têm domínio da leitura e da escrita.

Em 1999 o MEC, através do INEP, distribuiu números referentes ao atendimento à demanda, incluindo o supletivo: em 1996, atendeu 2.136.508; em 1997, 2.210.325; em 1998, 2.081.750. Da demanda atendida em 1998, 63,2% era atendida pelos Estados, 30,2% pelos Municípios e 6,5% pelo ensino particular. A Alfabetização Solidária divulgou dados (Folha de S. Paulo, 24/11/2002, p.2) de que teria alfabetizado 2,5 milhões de analfabetos entre 1997 e 2001 (curso de 6 meses), contribuindo para a redução da taxa de analfabetismo de 19,8% em 1990 para 12,8% no ano 2000 da população maior de 15 anos.

Sendo assim, o Brasil faz parte do grupo de 09 (nove) países mais populosos do mundo e com os maiores índices de analfabetismo, apesar de possuir o décimo PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, e nos eventos e organizações voltados para a educação, se comprometeu em modificar este cenário, e desde a década de 1990 vem trabalhando em função deste compromisso, ao passo que na V CONFITEA (Hamburgo-1997), citada acima, ratificou estes compromissos, traçando metas para solucionar os números alarmantes de pessoas que não estariam mais na idade adequada ou regular para educação básica, prejudicando imensamente a cidadania destas pessoas.

Falava-se naquela época da “Década Paulo Freire de Alfabetização (FORUM DAKAR, 2000), avaliando os resultados das ações nacionais e apontando novos esforços necessários para universalização da educação, articulando-se o

local com o global, pois, dos 5.000 (cinco mil) municípios brasileiros, 3.000 (três mil) estavam comprometidos no esforço do setor.

Para tanto, em 2003 o governo estabeleceu metas a EJA como prioridade, mas para tornar uma realidade devem-se reunir imensos esforços.

Uma longa caminhada começa por um pequeno passo e esse primeiro passo é acreditar na educação de jovens e adultos. Há muitos que não acreditam, mesmo porque, nos últimos anos, assimilaram uma visão necrófila de EJA, sustentada por uma política governamental que desprezava a educação de adultos, esperando que o analfabetismo seria extinto no dia em que os adultos analfabetos morressem. (GADOTTY, 2000, p.6).

O autor supracitado fala do descrédito que o então presidente da república, Fernando Henrique Cardoso se dirigia a esta modalidade de educação apesar de ter como seus eleitores, em 1994, 66,4% ou eram analfabetos ou não haviam concluído o ensino fundamental. (Dados do TES – Tribunal Superior Eleitoral).

A educação de jovens e adultos se faz importante não somente para ampliação do capital cultural17 dos sujeitos urbanos ou rurais, mas minimizam problemas de saúde pública, pois as mães analfabetas são as causas dos índices de desnutrição infantil atingir níveis preocupantes, pesquisa do Banco Mundial afirma que os participantes em programas de alfabetização:

1) têm maior confiança e autonomia no interior de suas família e comunidades; 2) estão mais a vontade que os não alfabetizados quando levam e trazem

seus filhos da escola e monitoram o seu progresso;

3) alterar suas práticas de saúde e de nutrição em benefício de suas famílias; 4) aumentam sua produção e seus ganhos usando informações recebidas

nos programas de alfabetização ou acessando outras informações; 5) participam mais efetivamente na comunidade e na política;

17 Para Bourdieu (1998), a noção de capital cultural surge da necessidade de se compreender as

desigualdades de desempenho escolar dos indivíduos oriundos de diferentes grupos sociais. Sua sociologia da educação se caracteriza, notadamente, pela diminuição do peso do fator econômico, em comparação ao peso do fator cultural, na explicação das desigualdades escolares. No seu entendimento, o capital cultural pode existir sob três formas: no estado incorporado, no estado objetivado e no estado institucionalizado. Todavia, para apropriar-se simbolicamente destes bens é necessário possuir os instrumentos desta apropriação e os códigos necessários para decifrá-los. No estado institucionalizado, o capital cultural materializa-se por meio dos diplomas escolares.

6) mostram melhor compreensão das mensagens disseminadas pelo rádio e pela mídia impressa;

7) desenvolvem novas e produtivas relações sociais através de seus grupos de aprendizagem;

8) guardam suas habilidades de alfabetização e as usam para expandir sua satisfação na vida diária.

Portanto, a EJA denota uma importância política organizacional e uma necessidade para que os cidadãos brasileiros possam vislumbrar suas cidadanias e apoiarem o desenvolvimento do país, sendo, mais participativos da vida política, contribuindo para a instauração da democracia, seja por intermédio do estado ou mesmo da sociedade Civil.

TABELA 1:

Educação do Campo – Pesquisa nacional de educação para reforma agrária – 2004 Nº Assentamentos com organizações sociais existentes

Local Assentamentos Nº famílias

assentadas Nenhuma Assoc. Prod. Rurais Sindicato de trabalhadores Grupos de mulheres Cooperativa de produtores Núcleo de Partidos Políticos Movimentos Sociais Organizados Brasil 5.595 524.868 56 4.658 1.989 875 654 286 1.202 Nordeste 2.546 208.071 11 2.328 926 354 208 112 478 Paraíba 208 12.202 0 196 28 25 11 01 21

Fonte: INEP – Pesquisa Nacional de Educação para Reforma Agrária – 2004

A tabela acima mostra um estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (FIPE), vinculada a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), da Universidade de São Paulo (USP), com convênio INEP nº 28/2004, e traz um comparativo quantitativo da realidade do campo em relação à educação para reforma agrária. No Brasil, do total de assentamentos registrados pelo INCRA, 43,89% estão alocados no Nordeste.

Dos assentamentos registrados em nosso estado pela pesquisa da FIPE sua grande maioria possui associação de Produtores Rurais, mas somente 13,46% possuem sindicatos de trabalhadores rurais e 5,28% dos assentamentos se constituem em cooperativas de trabalho. Quanto a algum tipo de presença de movimentos sociais organizados os dados mostram somente a presença em 10,09%

dos assentamentos paraibanos. O que demonstra a necessidade premente de políticas públicas de educação direcionadas para esta região que venham a fortalecer a consciência crítica e a capacidade organizativa da gente do campo.