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5 ASPECTOS GERAIS DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

5.4 ELEMENTO PESSOAL: SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO

5.4.1 Sujeito Ativo

O sujeito ativo em relação ao imposto de importação é a União, conforme previsto no art. 153, I, da Constituição Federal, bem como nos artigos 19 a 22 do CTN. Devendo observar os princípios gerais do direito tributário, como por exemplo, a irretroatividade, a isonomia, a capacidade contributiva, bem como os tratados internacionais.

Assim, a competência para tributar bens estrangeiros encontra-se outorgada à União, pelo artigo 153, I, da Constituição Federal e exercida principalmente por meio de Decreto-Lei n. 37, de 1966, e suas alterações.

Nesse sentido, cabe ao Ministério da Fazenda (art. 237 da CF/1988) a fiscalização e o controle essencial à defesa dos interesses fazendários nacionais, sendo certo que o imposto de importação só pode ser criado (instituído, alterado e suprimido), pela União, na qualidade de titular da competência tributária impositiva (art. 153, I, da CF/1988).

A estrutura do Comércio Exterior Brasileiro, relativa ao âmbito tributário (importação e exportação), compreende os seguintes órgãos: Câmara de Comércio Exterior (Camex), que tem por objetivo formular, adotam implementar e coordenar políticas e atividades do setor; - Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que constitui órgão licenciador do comércio exterior, incumbido do tratamento administrativo no texto comercial; - Secretaria da Receita Federal (SRFB), que tem por finalidade a administração dos tributos internos e aduaneiros da União. Controla as entradas e saídas de produtos do País, e arrecada os direitos aduaneiros; -

Banco Central do Brasil (Bacen), que estabelece normas sobre movimentação de moedas e operações de câmbio63.

Assim, a titularidade do imposto de importação foi outorgada à União. Portanto, compete a ela (pessoa política de direito público interno), legislar acerca de suas hipóteses de incidência, fato gerador, base de cálculo, alíquota e sujeito passivo.

Como se pode notar, o sujeito ativo é o titular do direito subjetivo de exigir a prestação jurídico-tributária. Para melhor compreendermos o imposto de importação deve ser recolhido pelo contribuinte ou pelo responsável para a pessoa política federal (sujeito ativo da relação jurídica tributária: União).

5.4.2 Sujeito Passivo

O sujeito passivo é a pessoa física ou jurídica de quem se exige o cumprimento da prestação tributária. É contribuinte quando efetiva o fato previsto hipoteticamente na norma de incidência, no caso, importar bens estrangeiros. Se, sem praticar o fato, é selecionado pela lei para recolher o imposto sobre a importação, está se diante da figura do responsável tributário64.

Assim, os artigos 22, 121 e 124 do Código Tributário Nacional veiculam regras de estrutura que devem ser respeitadas pelo legislador federal na seleção dos sujeitos passivos.

5.4.2.1 Contribuintes e Responsáveis

As disposições referentes a contribuintes e responsáveis pelo pagamento de tributos na importação (sujeição passiva da obrigação tributária principal) encontram-se regulamentadas nos artigos 104 a 106 do Regulamento Aduaneiro.

63 MELO, José Eduardo Soares de. Importação e exportação no direito tributário: impostos, taxas e contribuições, 2. Ed. ver., e reforma. Da obra “A importação no direito tributário”. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p.55.

5.4.3 Contribuinte

O artigo 121 do CTN prescreve que o contribuinte há de ter relação pessoal e direta com o fato gerador, e o artigo 22, I e II, determina quem deve ser contribuinte sobre a importação: “I – o importador ou quem a lei a ele equiparar; II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados”.

Interessante notar que, a pessoa que realiza o fato previsto na lei como tributável adquire o status de contribuinte. Nosso Código Tributário, ao dispor sobre a sujeição passiva, conceituou contribuinte como o sujeito da obrigação tributária principal “que tenha relação pessoal com a situação que constitua o respectivo fato gerador”.

Nesse sentido, o Decreto-lei no 37, de 1966, em seu artigo 31, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472, de 1988, dispõe que são contribuintes do imposto de importação (Regulamento Aduaneiro, artigo 104):

a) o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional;

b) o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; c) o adquirente de mercadoria entrepostada65.

O Código Tributário Nacional considera ainda contribuinte do imposto o arrematante, em leilão, de produtos apreendidos. Porém, o legislador ordinário optou por não exigir o imposto de importação sobre tais produtos.

Portanto, o importador é o contribuinte do imposto sobre a importação, ou seja, é a pessoa jurídica ou física, que faz vir produtos do exterior e promove sua entrada no território nacional. No entanto, saliente-se que realizar a conduta constante do antecedente da norma de incidência (importar) não significa necessariamente a atividade física de colher o bem no exterior, transportá-lo e introduzi-lo no território aduaneiro66.

Nesse sentido, André Parmo Folloni entende que a importação pode ser feita por um terceiro, prestador de serviços, que não será o proprietário final do produto importado. São empresas especializadas em realizar importações em nome de terceiros, haja vista ser comum que aquele que pretende importar algum bem não o faça diretamente, em razão da complexidade da operação67.

65

Mercadoria entrepostada é a admitida no regime aduaneiro especial de entreposto aduaneiro, entendido como aquele em que se permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento dos impostos incidentes na importação (RA, artigo 404).

66 MEIRA, Liziane Angelotti. Tributos sobre comércio exterior. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 366. 67 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o Comércio Exterior, São Paulo: Dialética, 2005, p. 122.

Nesse sentido, conforme Instrução Normativa n. 1.059, de 2010, da Receita Federal do Brasil, equipara-se a importador o viajante que traz mercadoria importada em sua bagagem. No entanto, o limite de isenção do imposto de importação para bens diversos trazidos ao País em bagagem acompanhada é de US$ 500 (quinhentos dólares dos Estados Unidos) ou o equivalente em outra moeda, quando o viajante ingressar no Brasil, por via aérea ou marítima; e de US$ 300 (trezentos dólares dos Estados Unidos) ou equivalente em outra moeda, quando o viajante ingressar no Brasil por via terrestre, fluvial ou lacustre.

Quanto ao destinatário de remessa postal internacional, o inciso II do artigo 31 do Decreto-lei n. 37, de 1966, indica três possibilidades: (i) quem promoveu o envio do bem estrangeiro; (ii) quem não promoveu o envio, mas decide receber o bem; (iii) quem não promoveu o envio nem quer o bem.

O destinatário pode promover o envio do bem de duas formas, solicitar a remessa ou estar no exterior e enviá-lo a si mesmo. Em ambos os casos, realizou juridicamente a importação e, portanto, é importador. Mas, mesmo assim, como qualquer importador, pode desistir de promover o desembaraço aduaneiro do bem e, consequentemente, não pagar o imposto sobre a importação.

Se o destinatário não tiver solicitado o envio do bem, mas decidir recebê-lo, a lei o considera também contribuinte do imposto. No entanto, se o destinatário não tiver enviado ou solicitado a remessa, nem queira recebê-la, não pode ser considerado contribuinte, e o bem será reenviado ao exterior ou considerado abandonado68.

Já o adquirente de bem entrepostado, como observou Miguel Hilú Neto, “Neste caso, durante a permanência dos produtos em entreposto aduaneiro (antes, portanto, de seu desembaraço e da consequente nacionalização), há uma cessão de direitos do importador originário ao adquirente, o qual se sub-roga no poder de desembaraça-los para si, assumindo o ônus tributário”69.

Portanto, segundo o art. 103 do Regulamento Aduaneiro, podem ser sujeitos passivos, o importador (assim considerada qualquer pessoa física ou jurídica que promova a entrada de mercadoria estrangeira destinada a permanecer de forma definitiva no território nacional) ou quem a lei a ele equiparar; o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; e o adquirente de mercadoria em entrepostos aduaneiros.

68 MEIRA, Liziane Angelotti. Tributos sobre Comércio Exterior. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 367

69 NETO, Miguel Hilú. Imposto sobre importações e imposto sobre exportações. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 156.

Entendemos, assim, que o contribuinte do imposto de importação é o importador (assim considerada qualquer pessoa física ou jurídica que promova a entrada de mercadoria estrangeira destinada a permanecer de forma definitiva no território nacional) ou a quem a ele equiparar.

5.4.4 Responsável

Segundo o artigo 105 do Regulamento Aduaneiro, são responsáveis pelo imposto de importação:

a) o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno (Decreto-lei no 37, de 1966, artigo 32, I, com a redação dada pelo Decreto-lei o no 2.472, de 1988);

b) o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro (Decreto-lei no 37, de 1966, artigo 32, II, com a redação dada pelo Decreto-lei o no 2.472, de 1988);

c) qualquer outra pessoa que a lei assim designar.

Responsável, segundo o inciso II do parágrafo único do artigo 121 do Código Tributário Nacional, é o sujeito passivo da obrigação tributária principal, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Portanto, o responsável não é o causador do fato gerador, mas há de ter relação com ele70.

Como a operação de importação se inicia no exterior, ficando a mercadoria, a partir do embarque, sob a responsabilidade do transportador, até o momento de sua descarga, no País, quando é transferida ao depositário, conforme o artigo 750 de nosso Novo Código Civil (Lei no 10.406, de 2002), o legislador indicou como responsáveis pelo pagamento do tributo exatamente os responsáveis pela guarda da mercadoria, durante o processo de importação.

A legislação determina que, em caso de extravio (falta) de mercadorias estrangeiras submetidas a depósito ou a operação de transporte, os tributos e direitos correspondentes serão exigidos do responsável mediante lançamento de ofício. Esta determinação, além da definição dos responsáveis, está disciplinada no artigo 60 do Decreto-lei no 37, de 1966, com a redação dada pela Lei no 12.350, de 2010.

5.4.4.1 Responsáveis Solidários

Segundo o artigo 121 do Código Tributário Nacional, responsável solidário, é aquele que tem interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, ou aquele assim designado expressamente por lei.

São responsáveis solidários pelo imposto de importação, conforme artigo 106 do Regulamento Aduaneiro:

a) o adquirente ou o cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto (Decreto-lei no 37, de 1966, artigo 32, parágrafo único, I, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001);

b) o representante, no País, do transportador estrangeiro (Decreto-lei no 37, de 1966, artigo 32, parágrafo único, II, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.158- 35, de 2001);

c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora (Decreto-lei no 37, de 1966, artigo 32, parágrafo único, III, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001);

d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (Decreto-lei no 37, de 1966, art. 32, parágrafo único, alínea “d”, com a redação dada pela Lei no 11.281, de 2006, art. 12);

e) o expedidor, o operador de transporte multimodal ou qualquer subcontratado para a realização do transporte multimodal (Lei no 9.611, de 1998, artigo 28);

f) o beneficiário de regime aduaneiro suspensivo destinado à industrialização para exportação, no caso de admissão de mercadoria no regime por outro beneficiário, mediante sua anuência, com vistas à execução de etapa da cadeia industrial do produto a ser exportado (Lei no 10.833, de 2003, art. 59, caput); e

g) qualquer outra pessoa que a lei assim designar.

Importante assinalar que, no Direito Tributário, a solidariedade não comporta benefício de ordem, conforme estabelece o parágrafo único do artigo 124 do Código Tributário Nacional.

Assim, os responsáveis solidários são pessoas não originalmente indicadas como sujeito passivo, que, em função do interesse no fato jurídico tributário, delas pode ser exigido tributo devido e não pago sem benefício de ordem.

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