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ELEMENTOS DE IDENTIDADE TELEVISIVA: OS IDENTIFICADORES CORPORATIVOS

IDENTIDADE CORPORATIVA

2.2.7. IDENTIDADE TELEVISIVA EM 4D

2.2.7.2. ELEMENTOS DE IDENTIDADE TELEVISIVA: OS IDENTIFICADORES CORPORATIVOS

Como referido, as peças que melhor caracterizam a identidade tele- visiva são as vinhetas. Tal ocorre porque, a maior parte das vezes, estão inseridos nas vinhetas todos os elementos que fazem parte da identi- dade televisiva enunciados por Costa (2005) como o nome, logótipo, símbolo, cor, tipografia, juntamente com o som e o movimento. A vi- nheta é considerada um identificador corporativo.

A vinheta televisiva é uma

“Peça de curta-metragem, constituída de algum tipo de signo ou representação, composta de elementos imagéticos, sonoros e men- sagem de expressão verbal, usada com fim informativo, decora- tivo, ilustrativo, de remate, de chamada, de passagem, de iden- tificação institucional e de organização do espaço televisivo, etc.” (Dorneles apud Sens, 2011, p.20).

Segundo Sens (2011) o termo “vinheta” tem origem na palavra francesa vignette, que significa pequena vinha. Surgiu na idade média e a palavra era usada na denominação dos ornamentos das iluminuras, geralmente muito semelhantes às videiras.

Na rádio, o termo “vinheta” começou a ser usado nos eventos sono- ros com características decorativas. Mais tarde, a sua função estendeu- -se à articulação e identificação do conteúdo transmitido, sendo apro- veitado pela televisão.

As vinhetas audiovisuais surgiram nos anos 50 nos filmes dos cine- mas dos Estados Unidos, como já referido, sendo o Saul Bass o pionei- ro. As vinhetas cinematográficas são conhecidas e denominadas por títulos de abertura e encerramento ou genéricos e créditos respecti- vamente. Na televisão o grande impulsionador foi Harry Marks nos anos 60.

Na televisão as vinhetas têm várias modalidades, conforme as fun- ções e posicionamentos que apresentam no fluxo dos canais.

Para Ponte e Niemeyer (2008) as vinhetas podem ser interprogra- mas: transmitidas nos intervalos comerciais e tal como o nome refere, entre os programas.

As vinhetas interprogramas podem ser de:

- Identificação - são aquelas que identificam o canal, comunicando os valores de marca, sem uma função in- formativa da programação. (Ponte e Niemeyer, 2009) Estas vinhetas apre- sentam-se sob a forma de um filme

Figura 29 Vinhetas associadas às iluminuras. Fonte: Sens, A. (2011). O Design Televisual e a Interactividade – Identificando Características e Potenciais (Dissertação de mestrado Design e Expressão Gráfica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis) Figura 30 Vinheta de identificação do canal AXN Fonte: Silveira,R. (2008). Design Televisual: Linguagens e Processos ( Dissertação da Pós- Graduação Strictu Sensu em Design, Mestrado da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo)

animado, combinando a identidade gráfica do canal, como o logóti- po, cores, com som e movimento e outros elementos gráficos. A du- ração delas é variável, dependendo do seu conteúdo. Por vezes serve só como assinatura, pois aparece apenas o logótipo de forma anima- da, noutras assemelha-se a com um anúncio institucional, divulgan- do a imagem, o posicionamento da marca e o conceito do canal.

- Retenção - Coloca o espectador na programação, de forma a reter a sua audiência. Alguns exemplos: “a seguir”, “voltamos já”, “ainda hoje”. Servem como apoio na grelha de programação, pois anunciam e relembram os horários de cada programa. Devem também estar presentes os elementos da identidade visual do canal, para o telespec- tador identificar a emissora a que está a assistir (Ponte e Niemeyer, 2009). Estas podem se dividir nas seguintes subcategorias:

- Alinhamento - Serve para mostrar ao telespectador, tal como o nome indica, o alinhamento da programação, ou seja, a or- dem, a data, as horas do início e os nomes dos programas que vão ser transmitidos (Krasner, 2008).

-Promos - Mostram os personagens dos programas anunciados, partes dos programas, o seu horário e nome, bem como os ele- mentos da identidade visual do canal. O objectivo é fazer com que o telespectador memorize a imagem visual da emissora que passa o programa. Serve como autopromoção do canal e dos seus conteúdos. (Silveira 2008).

-Vinhetas transicionais – Conhecidas como “bumpers”, são breves apresentações que fazem a transição entre o programa e o intervalo co- mercial e vice-versa. Estas podem ser variadas, podendo relembrar o nome do programa e do canal que se está a ver, ou simplesmente o ca- nal (Krasner, 2008). Desta forma, as vinhetas de identificação podem ser consideradas também transicionais, se se encontrar nesta situação.

Para Sens (2011), por norma, os programas têm identidades pró- prias e independentes do canal onde são transmitidos, procurando destacar os atributos que oferece e deseja transmitir, de forma a atrair o público-alvo e o consumo. Em contrapartida, existem excepções em que certos programas estabelecem um vínculo de identidade com o canal onde são transmitidos, como por exemplo os telejornais e tele- novelas, podendo também serem considerados identificadores corpo- rativos.

Nesses casos, para além das vinhetas interprogramas existem tam- bém os títulos de programas, também considerados um tipo de vi- nheta. Estes podem ser:

- Títulos de abertura – Também conhecidos como “genéricos”. Para Silveira (2008) apresentam a temática do programa. São uma sequência de elementos gráficos que começam antes de uma emis- são com a intenção de introduzir, situar o telespectador em rela- ção ao que se vai assistir, indicando-lhe qual o programa. Segundo Krasner (2008), estes devem ter uma linguagem gráfica semelhante à do canal que os transmite, ajudando a promover a identidade do canal e a diferenciá-la da concorrência.

Segundo Silveira (2008) os elementos gráficos dos títulos de aber- tura estão de acordo com certas hierarquias:

a) Logótipo,

b) Nome ou figura do animador/apresentador,

Figura 31

Alinhamento do canal “RTP Memória”

Fonte: Pereira,L. (2009). Estratégias de Produção de Motion Graphics para Mobile TV: o contexto Português (Dissertação de mestrado em Comunicação Multimédia – Ramo Audiovisuais, Universidade de Aveiro) Figura 32 Vinheta transicional do canal AXN Fonte: Pereira,L. (2009). Estratégias de Produção de Motion Graphics para Mobile TV: o contexto Português (Dissertação de mestrado em Comunicação Multimédia – Ramo Audiovisuais, Universidade de Aveiro) Figura 33

Título de abertura “Jornal da Noite” da Sic, 1998 Fonte: Pereira,L. (2009). Estratégias de Produção de Motion Graphics para Mobile TV: o contexto Português (Dissertação de mestrado em Comunicação Multimédia – Ramo Audiovisuais, Universidade de Aveiro)

c) Animador/ apresentador com elementos da identidade televisiva.

d) Apresentação do conteúdo temático da emissão;

e) Outro tipo de elementos gráficos, logótipos e animações, refe- rentes ao conceito institucional da identidade.

Além destas hierarquias existem ainda outras:

a) O conceito que se procura transmitir ao telespectador;

b) As temáticas apresentadas na emissão;

c) Como acontece a interpretação da emissão;

d) A função da personagem ou signo.

Um título de abertura é também conhecido pelo termo genérico, mas este só pode ser chamado dessa forma se for composto por todas estas componentes.

- Encerramento – Estes situam-se no final do programa, indicando que este acabou. Geralmente estes títulos repetem o que foi exibido nos títulos de abertura. Em certos casos podem ser acompanhados pelos créditos que identificam a produção do programa, seus ele-ção do programa, seus ele- seus ele- mentos e respectivas funções. (Sens, 2011)

- Intermédios – Tal como as vinhetas transicionais, grande parte das vezes fazem a transição entre o programa e o intervalo comer- cial e vice-versa. No entanto, estes apenas apresentam a temática do programa, sendo semelhantes aos títulos de abertura, mas mais curtos, com o intuito de que o telespectador perceba que se segue o intervalo ou que o programa vai retomar. Por vezes, estes títulos também podem ser transmitidos a meio do programa, para relem- brar e situar o que se está a ver, aos telespectadores que possam estar a mudar de canal naquele momento.

Para além das vinhetas, existem outros identificadores corporativos: - Anúncios publicitários

- Oráculos

- Grafismos de encaixe - Mosca

Os anúncios publicitários também são transmitidos nos interva- los comerciais, mas nem sempre são elementos de identidade televisi- va. Grande parte das vezes fazem apenas publicidade a produtos que nada tem a ver com a emissora. No entanto existem certos canais que se aproveitam deste elemento para anunciar alguma coisa relacionada com canal, como eventos. Desta forma, podem revelar a sua identi- dade, uma vez que se recorre à mesma linguagem das vinhetas (como tipografia, cor, etc.), podendo apresentar o seu símbolo e logótipo. Só neste contexto é que os anúncios publicitários são considerados iden- tificadores corporativos.

Os oráculos definem-se como: qualquer tipo de informação escrita ou gráfica exibida no ecrã pelo canal. Surgem normalmente na parte inferior do ecrã, durante um programa. De vez em quando, as necessi- dades de disposição da informação obrigam a que estes se encontrem noutros locais. (Krasner, 2008). Há que saber distinguir oráculos das interferências gráficas. Os oráculos estão de acordo com a identidade do canal e são informações dadas pelo próprio canal. As interferências gráficas estão de acordo com os títulos, quer de abertura ou encerra- mento e são informações do próprio programa. Os oráculos podem estar inseridos em programas, mas são iguais entre si e existem inde- pendentemente do programa.

Os grafismos de encaixe, conhecidos como “mortises”, usados normalmente em telejornais, são grafismos que ocupam totalmente o ecrã, utilizados em transmissões directas e que enquadram o vídeo. O vídeo encontra-se dentro de uma janela sobre um fundo que usa a linguagem da identidade gráfica do programa que está a ser emitido. (Krasner, 2008)

A “mosca” é uma designação dada à inserção do logótipo do ca- nal num dos cantos superiores do ecrã. Para Sens (2011) costuma ser encontrada de maneira discreta, pequena e silenciosa. A sua função

Figura 34

Diferentes grafismos em programas. Na esquerda grafismo de encaixe e na direita oráculo. Adaptado de:Sens, A. (2011). O Design Televisual e a Interactividade – Identificando Características e Potenciais (Dissertação de mestrado Design e Expressão Gráfica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis)

é identificar a emissora de uma forma contínua para o espectador, mesmo durante a emissão de um programa ou no zapping, perceba qual é o canal.

Apesar da mosca apresentar algumas vantagens devido à sua cons- tância na programação, em termos cognitivos, é inferior se compara- da com as vinhetas. As vinhetas permitem que o logótipo e o símbolo dos canais ou dos programas tenham maior realce e dinamismo, devi- do à animação, que lhe confere um veículo emocional.

Para Costa (2005) os identificadores corporativos devem estabe- lecer a continuidade, ou seja, todos devem ter a mesma linguagem, a linguagem identitária do canal. Devem também fazer conhecer, reco- nhecer, recordar, identificar e localizar explicitamente o canal.

Sendo assim, os elementos aqui referidos que transmitem a identi- dade, os identificadores corporativos, têm funções específicas na lin- guagem televisiva, segundo Sens (2011):

- Organização:Estruturar e sistematizar o discurso televisivo; - Identificação: divulgar e caracterizar os atributos dos canais e dos seus conteúdos, para que o público perceba que são seus; - Localização: colocar o espectador na programação, para que este perceba qual o programa e o canal que está a observar;

- Diferenciação: distinguir o canal e seus produtos dos seus con- correntes, através do estabelecimento de particularidades;

- Autopromoção: auxiliar na própria divulgação e dos seus conteúdos; - Emoção e Atracção: Tornar os conteúdos e o canal atraente para o consumo, criando estímulos emocionais.