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3.2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ESPECIAIS

3.2.3 Eletroeletrônicos

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) abriga cerca de 600 empresas associadas, entre indústrias e integradores de sistemas, divididas em dez áreas setoriais (automação industrial; componentes elétricos e eletrônicos; equipamentos industriais; geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; informática; material elétrico de instalação; serviço de manufatura em eletrônica; equipamentos de segurança eletrônica; telecomunicações e utilidades domésticas portáteis). Essas áreas setoriais, por sua vez, incorporam mais de 1.200 categorias de produtos segundo a Nomenclatura Comum do Mercosul. O setor eletroeletrônico empresa mais de 175 mil trabalhadores diretos, responde por 15%

da produção industrial no Brasil e seu faturamento representa cerca de 4,5% do PIB nacional (JARDIM; YOSHIDA; MACHADO FILHO, 2012).

Nos últimos anos, o país tem assistido a um forte crescimento do seu mercado interno, que fez aquecer as vendas de produtos eletroeletrônicos da linha marrom (televiso tubo; televisor LCD/Plasma; DVD/VHS e produtos de áudio); linha branca (geladeira; fogão; lava roupa e ar-condicionado); linha azul (batedeira.

Liquidificador; ferro elétrico e furadeira), mas, principalmente, da linha verde (desktops; notebooks; impressoras e aparelhos celulares).

Os resíduos eletroeletrônicos (REEs), além de conterem materiais que podem vir a ser reciclados e recuperados, possuem várias substâncias tóxicas e poluentes, tais como os metais pesados. O manuseio e/ou descarte incorreto dos REEs têm o potencial de causar problemas à saúde humana e ao meio ambiente, por meio da contaminação, principalmente, do solo e das águas subterrâneas.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a base instalada de celulares no Brasil era de 264,55 milhões de aparelhos no final de abril de 2013. Em 2005, esse número era de 86,2 milhões (ANATEL, 2013). Dados da Abinee mostram que, só em 2010, foram vendidas 55 milhões de unidades no mercado interno (ABINEE, 2013), enquanto estudo da consultoria IDC (International Data Corporation) aponta a venda de 59,5 milhões de aparelhos durante o ano de 2012 (IDC, 2013).

No caso do mercado de computadores, o crescimento é acelerado desde 2005, com a implementação da Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005). Naquele ano,

foram comercializados 5,6 milhões de unidades. Já em 2012, as vendas registraram a marca de 15,5 milhões (IDC, 2013).]

Diante do cenário de expansão da quantidade de produtos eletroeletrônicos disponíveis no mercado, dos programas de inclusão digital e do incremento do poder aquisitivo das classes C, D e E como reflexo do crescimento econômico do país, ocorre consequentemente aumento de resíduos eletroeletrônicos.

Com a publicação de Lei 12.305/2010, a logística reversa para a ser obrigatória, entre outros, para resíduos eletroeletrônicos. No caso dos eletroeletrônicos, em razão da sofisticação e do elevado custo do processo de coleta e restituição dos resíduos sólidos aos seus geradores, na prática, a logística reversa enfrenta dificuldades para se tornar um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Isso porque há revalorização financeira do resíduo pós-consumo (via reaproveitamento de seus materiais e das economias advindas de sua utilização).

Nesse cenário, a logística reversa destes materiais não tem apresentado a mesma eficiência de outros setores.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e seu Decreto Regulamentador trazem expressamente as responsabilidades administrativas de cada um dos entes envolvidos nessa cadeia. Resta agora confirmar como cada ente conseguirá comprovar que cumpriu sua parte no sistema de logística reversa.

A FEAM (Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais) elaborou, em 2009, um diagnóstico da geração de eletroeletrônicos no Estado de Minas Gerais. Os dados foram extrapolados a nível de país e obtiveram-se as estimativas de geração de 679.000 toneladas ao ano de resíduos no Brasil. Com relação à geração per capita anual, a média estimada encontrada para o período entre 2001 e 2030 é de 3,4 Kg/hab/dia. A partir da soma dos resultados anuais estimados, foi previsto também o acúmulo de resíduos eletroeletrônicos gerados entre 2001 e 2030. A partir destas estimativas, calculou-se que, em 2030, haverá aproximadamente, para disposição, 22,4 milhões de toneladas de REEs (FEAM, 2009).

Vale ressaltar que, no trabalho citado efetuado, foi considerado que cada domicílio possui apenas 1 equipamento eletroeletrônico do mesmo tipo. Deve-se lembrar que esta é uma hipótese conservadora, já que pode-se esperar que em residências existam mais de 1 equipamento do mesmo tipo (exemplo: telefones celulares). Desta forma, deve-se prever que a geração anual e acumulada de REEs

apresentada no estudo é subestimada, e que os números estimados podem ser ainda maiores (FEAM, 2009).

Diante das dificuldades de implementação da logística reversa pelo setor de eletroeletrônicos; da recente preocupação relacionada ao assunto em virtude do aumento expansivo de geração de resíduos ter ocorrido principalmente na última década; e da ausência de formas de fiscalização ou controle da quantidade de resíduos deste setor destinados de forma correta e/ou incorreta, não foram encontrados dados relativos à disposição final e/ou reciclagem de eletroeletrônicos no Brasil.

Embora a logística reversa seja obrigatória a partir da publicação da PNRS, é evidente que ainda há a necessidade de acordos setoriais e legislações específicas, ou seja, sabe-se que haverá um longo caminho a percorrer para que a logística reversa seja incorporada aos resíduos eletroeletrônicos, fazendo com que os seus componentes individuais possam retornar para a cadeia produtiva.

Ações isoladas de logística reversa no setor podem ser observadas pela colocação de pontos de coleta em supermercados ou lojas de comercialização de eletroeletrônicos, porém ainda insuficientes e na maioria das vezes restrita a grandes capitais. Também são realizadas ações organizadas pelo poder público municipal ou por associações comerciais na forma de campanhas onde a população pode levar os resíduos em locais e dias específicos. No Brasil já podem ser encontradas empresas especializadas em receber e aplicar a logística reversa de eletroeletrônicos, independentemente dos fabricantes ou importadores.

Especificamente relacionada à destinação de embalagens utilizadas na comercialização dos produtos eletroeletrônicos, a Lei nº 17.232/2012 do estado do Paraná, “estabelece diretrizes para coleta seletiva contínua de resíduos sólidos oriundos de embalagens de produtos que compõe a linha branca no âmbito do território paranaense” (PARANÁ, 2012). Segundo a Lei, as empresas de direito privado que atuam como representantes e revendedoras de eletrodomésticos no estado do Paraná são responsáveis pela coleta dos resíduos sólidos constantes das embalagens dos produtos vendidos aos consumidores no ato da entrega dos mesmos, e após a entrega do produto e feita a coleta, as empresas obrigatoriamente darão destinação final correta dos resíduos sólidos por elas gerados (PARANÁ, 2012).

Além da obrigatoriedade da destinação final adequada, a Lei estabelece que as referidas empresas precisam entregar plano de gestão integrada de resíduos sólidos oriundos das embalagens em até 180 dias após a publicação da Lei citada, portanto até 16 de janeiro de 2014, e 360 dias para o início da coleta seletiva contínua e destinação final correta dos resíduos, portanto até julho de 2014 (PARANÁ, 2012).