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6.1 POLÍTICA NACIONAL DE RESIDUOS SÓLIDOS

6.1.1 Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos

6.1.1.1 Resíduos sólidos urbanos

O art. 7, Inciso II da Lei nº 12.305/10, estabelece como um dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos a “não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL, 2010b), o que deve ser aplicado aos resíduos sólidos urbanos, diante da necessidade de aproveitamento dos resíduos e da adequada disposição final.

A mesma Lei estabelece, em seu art. 3, inciso VII, a definição de destinação final ambientalmente adequada:

[...]destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010b).

O art. 19, que apresenta o conteúdo mínimo dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos, no Inciso XIV estabelece que os Planos devem apresentar “metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada” (BRASIL, 2010b).

Para poder solicitar à União recursos a serem investidos no sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, a existência dos Planos Municipais é condicionante (BRASIL, 2010b). Portanto, as ações podem ser planejadas a longo prazo com previsão de recursos advindos da União.

Outra diretriz da Lei nº 12.305/10 relacionada aos resíduos sólidos urbanos é com relação a um dos objetivos da PNRS: “integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (Art. 7º, Inciso XII) (BRASIL, 2010b), já que muitos materiais presentes nos resíduos sólidos urbanos podem ser coletados, separados e comercializados por catadores de materiais.

Novamente com relação aos recursos da União a serem disponibilizados aos municípios, desta vez relacionados aos catadores, a mesma Lei estabelece, no seu art. 18, § 1º, Inciso II, que serão priorizados no acesso a esses recursos os

municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. E ainda, estabelece no seu art. 19, Inciso XI, que o conteúdo mínimo dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos deverá contemplar “programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda” (BRASIL, 2010b).

Outras diretrizes que merecem destaque com relação aos resíduos sólidos urbanos estão explícitas no art. 36, que estabelece que, no âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:

I - adotar procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;

II - estabelecer sistema de coleta seletiva;

III - articular com os agentes econômicos e sociais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;

IV - realizar as atividades definidas por acordo setorial ou termo de compromisso na forma do § 7o do art. 33, mediante a devida remuneração pelo setor empresarial;

V - implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do composto produzido;

VI - dar disposição final ambientalmente adequada aos resíduos e rejeitos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. (art. 36) (BRASIL, 2010b).

O § 1º do art. 36 estabelece que, para o cumprimento do disposto nos incisos I a VI do caput, citados acima, o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos priorizará a organização e o funcionamento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais prioritária. A Política reconhece a posição já ocupada pelos catadores nos sistemas

existentes e busca a sua inclusão ampliada, em bases sustentáveis, nas ações decorrentes das obrigações impostas aos Estados e municípios pelo novo marco regulatório.

O auxílio à criação e formalização da cooperativa de catadores com o objetivo de inserir estes trabalhadores no programa de reciclagem está disposto no art. 8, inciso IV da Lei nº 12.305/10, que estabelece como um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos “o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis” (BRASIL, 2010b).

Ainda com relação à inserção dos catadores de materiais recicláveis no processo de gestão de resíduos sólidos urbanos, o art. 19 da referida Lei, que estabelece o conteúdo mínimo dos Planos Municipais de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, estabelece, entre seus itens, em seu Inciso XI, o seguinte:

“programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda” (BRASIL, 2010b).

A aquisição de equipamentos e/ou veículos para o desenvolvimento das atividades relacionadas à gestão de resíduos sólidos urbanos, tanto pelo Poder Público Municipal como por cooperativas de catadores, está previsto na Lei 12.302/10 sem seu art. 42, Inciso III, que estabelece que o Poder Público poderá instituir medidas de indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de “implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda”

(BRASIL, 2010b).

Como forma de incentivar os municípios a implantarem sistemas de coleta seletiva com a participação de associações ou cooperativas de catadores, a Lei nº 12.305/10, que em seu art. 18, § 1º, estabelece que serão priorizados no acesso aos recursos da União os municípios que “implantarem coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis ou recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda”

(BRASIL, 2010b).

Para aumentar a reciclagem e diminuir a disposição de resíduos em aterros, objetivos fundamentais da PNRS, a coleta seletiva é um dos principais instrumentos.

Conforme pode ser verificado no conteúdo mínimo dos Planos Municipais, programas de coleta seletiva devem sempre ser previstos, independentemente do seu âmbito de atuação.

Como base para atingir os objetivos da PNRS, a Lei nº 12.305/10 estabelece, como um dos itens do conteúdo mínimo dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, em seu art. 19, inciso X: “programas de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização e a reciclagem dos resíduos sólidos” (BRASIL, 2010b), ou seja, os municípios terão que articular-se para implantar programas de educação ambiental voltados à gestão adequada dos resíduos, principalmente voltados à colaboração da população com os sistemas de coleta seletiva.