• Nenhum resultado encontrado

Praticamente todas as atividades desenvolvidas na construção civil são geradoras de resíduos, comumente chamado entulho ou resíduo de construção e demolição (RCD), ou, ainda, como atualmente tem sido denominado, resíduo da construção civil (RCC).

A resolução CONAMA nº 307/02 define os resíduos da construção civil e demolição como:

Materiais provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha(CONAMA, 2002).

Quanto ao potencial de reciclagem, os RCC são classificados, segundo a Resolução do Conama n°307/02, em quatro classes distintas (CONAMA, 2002):

a) classe A, são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

- de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

- de construção, demolição, reformas e reparos de edificações, como componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, etc.), argamassa e concreto;

- de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros de obras;

b) classe B, são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel e papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

c) classe C, são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação, como os produtos oriundos do gesso;

d) classe D, são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, entre eles: tintas, solventes e óleos, ou aqueles contaminados, oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

A NBR 10.0004/2004 classifica os resíduos de construção civil como inertes (classe II-B), definindo-os como (ABNT, 2004):

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.

Segundo Oliveira (2003, citado por BERNARDES, 2006, p. 22), a questão da classificação dos RCC como inertes, conforme alguns estudos, não deve ser considerada isoladamente, pois a deposição indiscriminada destes resíduos, em virtude de seus grandes volumes, funciona como foco para depósitos de outros tipos de resíduos, que podem gerar contaminações devido à lixiviação ou solubilização de certas substâncias nocivas. Outra questão é que os próprios resíduos de construção

e demolição podem conter substâncias de tratamento de superfícies, de pinturas, entre outras, que podem contaminar o solo.

Ou seja, existem algumas exceções a esta classificação que devem ser consideradas para que sejam providenciados o tratamento e a destinação adequados, prevenindo riscos ambientais. Neste caso se enquadram o gesso, considerado um resíduo não inerte, classe II-A, e os resíduos de tintas, solventes e óleos, considerados resíduos perigosos, classe I (BERNARDES, 2006).

A resolução CONAMA 307/02 estabelece que os geradores de resíduos da construção civil “devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma, reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de vegetação e escavação de solos” (CONAMA, 2002), portanto não cabe, ao poder público municipal, a incumbência de coletar os RCD, embora em muitos municípios esta situação seja observada. Mesmo não cabendo, ao município, a responsabilidade pela coleta e destinação dos RCD, o mesmo deve buscar alternativas para que este serviço seja disponibilizado para a população, podendo coletar e dispor os RCD em aterros licenciados e cobrar uma taxa para este serviço, ou terceirizar o mesmo.

As estimativas internacionais sobre a geração per capita dos RCD variam entre 130 e 3.000 kg/hab.ano (AZEVEDO; KIPERSTOK; MORAES, 2006). No caso do Brasil, Pinto (1999) apresenta resultados entre 230 a 730 kg/hab.ano e considera que a massa de RCC gerada nas cidades, muitas vezes, é igual ou maior do que a massa dos resíduos domiciliares - em cidades brasileiras de médio e grande portes, varia entre mais de 45% a 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos (RSU) gerados.

Considerando a dificuldade em encontrar dados relativos aos volumes de resíduos de construção e demolição gerados nos municípios, Pinto e Gonzáles (2005) sugerem o levantamento de informações em diversas fontes, para que o resultado final seja razoavelmente seguro, utilizando três indicadores:

a) quantidade de resíduos provenientes de edificações novas construídas na cidade durante certo período de tempo (dois anos, por exemplo);

b) quantidade de resíduos oriundos de reformas, ampliações e demolições, regularmente removida no mesmo período de tempo;

c) quantidade de resíduos removidos de deposições irregulares pela municipalidade, também no mesmo período.

A aplicação deste método em vários municípios brasileiros tem se mostrado eficiente para diagnosticar as prováveis condições de geração total de RCC, conforme mostrado na Tabela 19.

TABELA19 – CONDIÇÕES DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM DIVERSOS MUNICÍPIOS

FONTE: I&T INFORMAÇÕES TÉCNICAS (CITADO POR PINTO; GONZÁLES, 2005, P.24).

O Panorama dos Resíduos Sólidos 2011 da ABRELPE indica uma estimativa para a coleta de RCD gerados no Brasil, porém a pesquisa foi realizada com dados disponibilizados pelos municípios e, portanto, compreende a parcela de RCD coletadas pelo poder público, e como descrito anteriormente, não é obrigatoriedade do município realizar este serviço. Mesmo não representando o total de RCD gerado pelos municípios, esta parcela é a única que possui registros confiáveis e, portanto, é a que integra a pesquisa municipal realizada anualmente pela ABRELPE. A comparação entre os dados de RCD em 2011 e 2010 resulta na constatação de um aumento de mais de 7% na coleta dos mesmos (ABRELPE, 2012). As tabelas 20 e 21 indicam as quantidades de RCD coletadas no Brasil e na região Sudeste. A pesquisa não apresenta dados relativos a Estados ou municípios do país.

TABELA 20 – QUANTIDADE TOTAL DE RCD COLETADOS PELOS MUNICÍPIOS NO BRASIL

Região

TABELA 21 – COLETA DE RCD NA REGIÃO SUL estabelecimentos de assistência à saúde humana ou animal diversos. Dentre esses estabelecimentos, incluem-se os laboratórios analíticos de produtos para a saúde;

necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamento;

serviços de medicina legal; drogarias e farmácias; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde; centros de controle de zoonoses; importadores e distribuidores de produtos farmacêuticos e de materiais para diagnóstico in vitro;

unidades móveis de atendimento à saúde; sérvios de acupuntura; sérvios de tatuagem; dentre outros similares (BARTHOLOMEU; CAIXETA-FILHO, 2011).

De acordo com o artigo 13º da Lei nº 12.305/2010, caracterizam-se como resíduos do serviço de saúde “os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS”.

Os RSS são classificados em função de suas características e riscos ao meio ambiente e à saúde. Esses resíduos representam um potencial de risco para a saúde daqueles que o manipulam (vinculado principalmente aos acidentes devido às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais perfurocortantes) e também para o meio ambiente, através da contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas (pelo lançamento de RSS em locais inadequados, como valas, lixões ou aterros) e do ar (pela emissão de dioxinas e furanos decorrentes de processos de tratamento descontrolados). Quando possuem características de periculosidade, estes resíduos pertencem à Classe I – Perigosos, conforme NBR 10.004/2004 (BARTHOLOMEU; CAIXETA-FILHO, 2011).