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RODA DE CONVERSAS (COMUNICAÇÕES ORAIS)

EM SÃO LUIZ DO MARANHÃO

Elizandra Dias Brandão7

Iranilda Pereira da Silva8

Rejane da Silva Dornel9 Resumo: Este artigo tem como objetivo relatar as experiências vivenciadas por filhos e netos de afrodescendentes no estado do Maranhão, aqui iremos atentar para a cidade de Pinheiros, onde se reúnem alguns negros para o “tambor de crioula”, estas rodas eram frequentadas por alguns afrodescendentes. Neste local foi possível perceber o descuido das autoridades no que se refere a infraestrutura, pois é possível notar uma região com casarões envelhecidos, que muitas vezes servem apenas como ponto turístico, bem como, a ausência de saneamento básico, pavimentação de ruas e serviços de iluminação pública. A partir de alguns relatos feitos por homens e mulheres de origem africana, vinculados a comunidade negra e as rodas de “crioula”, aqui adotada, e propomos conhecer um pouco de suas histórias, marcada pela dificuldade de assumir-se africanos/as e afrodescendentes. Deste modo, adentramos em investigar seus caminhos, procurando conhecer algumas trajetórias em busca da dignidade e das dificuldades que eles encontram, estabelecendo as sociabilidades, as memórias, as culturas, a arte e a religião. Nossas fontes para este trabalho pautaram-se em gravações, depoimentos e livros.

Palavras-chave: Tambor de Crioula. Comunidade Negra. Regionalismo.

7 Elizandra Dias Brandão - Graduada em letras português - UFPI - Especialista – FAEME e Graduanda de Pedagogia – UESPI - mail:eliclimaco35@hotmail.com

8 Iranilda Pereira da Silva-Graduanda de Pedagogia - UESPI – e mail:iranildapereira81@hotmail.com

9 Rejane da Silva Dornel - Graduanda de Pedagogia – UFPI – e-mail: rejanedornel@hotmail.com

IV CONGEAfro: descolonialidades e cosmovisões – 07 a 10 nov. 2017 - UFPI

A cidade de Pinheiro foi fundada em 1856, nesta época o estado do Maranhão ainda contava com um percentual de escravos na sua população total. Isso deu-se em função de uma maior dinamização da economia do estado e da sua inserção definitiva no contexto agroexportador português, o que fez com que ocorresse, portanto, uma intensificação do tráfico de negros africanos para a região com a finalidade de alimentar de mão-de-obra escrava as lavouras de algodão, arroz, cana-de- açúcar, assim como as demais atividades na Província.

Os estudos relacionados à trajetória do negro livre maranhense pós-abolição ainda são poucas, por isso podemos dizer que este é um campo que ainda oferece grandes possibilidades de pesquisas. Pois alguns ainda tentam esconder suas descendências, suas origens, por preconceitos, ou mesma pela desvalorização da sua cor, religião e cultura, as quais foram trazidas de seus antepassados.

Após o decreto da Lei Áurea, muitos ex-escravos maranhenses de posse de sua liberdade migraram do campo para a cidade de São Luís, onde esperavam encontrar vagas nas empresas fabris, onde imaginavam ser mais bem remunerados” (ABRANCHES, 1993, p. 33).

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Porém, ex-escravos não eram admitidos nas fábricas, tanto pela limitação da capacidade de absorção de mão-de-obra, não dando conta de atender à demanda de trabalhadores disponíveis, como pela própria rejeição ao ex-escravo como força de trabalho assalariada, revelando aí uma das primeiras e principais dificuldades encontradas pelos afros e consequente seus descendentes. Com o fim da escravidão, várias foram as comunidades negras formadas no Maranhão.

No município de pinheiros existem várias comunidades negras rurais, onde se organizam para serem reconhecidas como comunidades quilombolas, levando também em conta as grandes dificuldades de se manterem nas terras que ocupam. Com a posse e a ocupação dos negros nas cidades foram se formando os quilombos. O quilombo conforme afirma Moura (1981, p. 87),

é a unidade básica de resistência do escravo. Pequeno ou grande, estável ou de vida precária, em qualquer região em que existia a escravidão, lá se encontrava ele como elemento de desgaste do regime servil.

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Todos os quilombos lutam por um único conceito, a

resistência a “escravidão” conforme afirma

(NASCIMENTO,1980, p.84):

A abolição foi apenas um ato de natureza jurídica, permanecendo a luta do negro pelo direito à terra de onde retiram quase tudo para sua sobrevivência, ao mesmo tempo em que funciona como espaço de preservação de seus elementos culturais.

O movimento quilombola no Maranhão envolvendo as comunidades negras rurais. Foram formadas a partir do período pós-abolição, cujo objetivo maior é defender a posse dos territórios ocupados.

Segundo dados estatísticos, o estado do Maranhão configura-se entre os estados brasileiros com maior número de comunidades negras rurais reconhecidas ou em iminências de serem reconhecidas como comunidades de quilombo, porém, são poucas as que possuem título de posse dessas terras. O estado também está entre um dos pioneiros no processo de conscientização das comunidades negras rurais, através do Centro de Cultura Negra (CCN), que deu início a esse trabalho desde 1986, e organizou o I Encontro das Comunidades Negras

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Rurais do Maranhão, o qual deu muita repercussão entre a comunidade.

Após consultar alguns documentos e através de relatos de moradores, da localidade alguns citam que as comunidades quilombolas localizadas no município de Pinheiro, e algumas outras cidades adjacentes, podem ter se constituído a partir da chegada de negros fugidos do trabalho escravo e de outros grupos que não tenham sido necessariamente um quilombo. As manifestações culturais afrodescendentes em Pinheiro

O tambor de crioula é uma manifestação afro- brasileira que surgiu exclusivamente no Maranhão, embora tenha muitas semelhanças com outras manifestações folclóricas do Brasil. Ele é formado por uma roda com mulheres dançando, e homens cantando e que tocam tambores, no centro da roda estão às coureiras, mulheres dançando para os tambores, praticando a punga, evidenciando uma relação da percussão tocada com os passos e o jeito dos pés pisarem no chão.

Em visita a estas rodas de “crioulo” que é uma expressão da matriz afro-brasileira que envolve uma dança circular, o canto e a percussão de tambores. É importante

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salientar que elas podem ocorrer tanto ao ar livre, como em praças, no interior de algumas casas os quais chamam de terreiros, ou em eventos associado a algum tipo de manifestação, estas rodas são realizadas sem um local específico ou calendário pré-fixado, geralmente ocorrem nas sextas ou aparte do 2º sábado do mês de agosto, e é praticado especialmente em louvor a São Benedito.

São Benedito, é tido pelos negros como o santo protetor, ou seja, um escravo que foi à mata, cortou um tronco de árvore e ensinou os outros negros a fazer e a tocar o tambor. Apesar de não haver nada comprovado sobre a origem do tambor é através dessa dança e desse instrumento que determinados grupos, conseguem demonstra o que costumamos chamar de cultura popular, pois nessa cultura há espaço para a individualidades e diferenciações.

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Imagem 1: Tambor de Crioulos

https://www.google.com.br/são+benedito+maranhão+tambor de crioula. Esses tambores são afinados na quentura da lenha na fogueira, cada tipo de tambor tem uma afinação própria.

Imagem 2: rodas de crioulos

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Segundo estudos por meados do século XX, havia menos de vinte grupos na cidade. E com o fluxo migratório do campo para a cidade novos grupos foram criados, aumentando assim a quantidade de brincantes e admiradores. Hoje podemos dizer que há mais de sessenta grupos cadastrados nos órgãos de registros da cultura popular na capital maranhense.

Em alguns depoimentos colhidos com alguns participantes das rodas foi possível perceber, que o tambor de crioula apesar de seu ritmo animado, consegue transmitir tranquilidade aos seus frequentadores e aos seus admirados, pois causa uma paz interior, a frequentante Maria Morais de 52 anos, relata que: “mesmo doente e não podendo mais dançar, ao ouvir o som do tambor consigo fazer despertar dentro de mim, o sentimento de que ainda estou viva, e daí eu começo a me torcer toda aqui em minha cadeira, eu já frequentei muito as rodas hoje eu só consigo ir pra ver e ouvir pois esse som pra mim é tudo de bom pra meus ouvidos”.

A culinária do negro-maranhense

A culinária negra tem bastante contribuições aos nossos hábitos alimentares, e faz parte da cultura negra deixada

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para nós, pois foram trazidas pelos escravos no período da colonização. Como não tinha muita opção os escravos não tinham uma alimentação farta, e comiam os restos que os seus senhores lhes destinavam, que eram alimentos cheios de temperos requintados, mas era nas cozinhas das senzalas em seus grandes tachos que se desenvolvia a culinária negra. (RODRIGUES, 1945, p. 200)

Em seus pequenos cultivos eles conseguiam o tempero e o uso de uma grande variedade de pimentas que dava um sabor especial aos seus pratos. O azeite de dendê também é um dos ingredientes dessa culinária, pois o dendezeiro é uma palmeira de origem africana, e de sua polpa se extrai o azeite que dá a cor, o sabor e o aroma de tantas receitas deliciosas como o caruru, o vatapá e o acarajé, típicas de algumas regiões dos estados do brasil.

Não podemos no entanto deixar de mencionar um dos pratos favoritos do nosso país que é a feijoada, que originou-se nas senzalas. Das carnes de porco eram selecionadas apenas as melhores partes, que serviam de alimento para os senhores, enquanto, os escravos ficavam com as sobras: os pés e as orelhas, os quais juntavam a carne seca e a linguiça misturados

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ao feijão originado a feijoada prato tradicional nas tarde de domingos nas mesas dos brasileiros.

Os negros e seu crescimento econômico.

Vamos iniciar com algumas estatísticas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2014, 54% da população brasileira era formada por negros, mas apenas 17,4% dessa população representa a parcela mais rica do país.

“É necessário que haja uma política de inserção no mercado de trabalho para essa população negra, pois é uma população que tem dificuldade de entrar no mercado de trabalho e, quando se insere, tem uma condição mais precária", afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. (CIMAR AZEVEDO, 2016)

A taxa de desemprego das pessoas que se declararam de cor preta ficou em 14,4% no quarto trimestre de 2016, enquanto a taxa entre a população parda foi de 14,1%. Os resultados são maiores que o da média nacional, de 12,0%, e do que o registrado pela população declarada como branca, que teve taxa de desemprego de 9,5% no quarto trimestre de 2016.

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O coordenador do IBGE também aponta problemas estruturais e baixa escolaridade como algumas justificativas para a maior dificuldade enfrentada por negros no mercado de trabalho

A maior parte desses indivíduos negros permanecem e ocupam a base da pirâmide social, sobrevivendo nas condições mais adversas, com poucas chances de realizar seus projetos de ascensão social, escolarização, moradia, trabalho. (OLIVEIRA, 2004).

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Imagem 3

Ceert.gov.com/ brasil-negro_infografia-peq1

As desigualdades entre negros e brancos no período pós-abolicionista são resquícios de uma nova ordem social que se configura numa sociedade competitiva e de classes. Essa corrente influenciou marcadamente o pensamento educacional brasileiro que, ao reconhecer a concentração maciça do alunado negro nas camadas mais pobres da população, tende a identificar as dificuldades interpostas à escolaridade da população negra com os problemas enfrentados pela pobreza, não considerando a especificidade do pertencimento racial.

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Em depoimentos colhidos por uma mãe de aluno negro e possível observar que há uma certa indignidade e insatisfação perante a sociedade pois eles se consideram reconhecidos como “lixo” e por mais que queiram ser incluídos numa sociedade igualitária e notável que isso não acontece.

Depoimento: Mãe Quiboa 65 anos, município de Pinheiros-MA:

“Eu nasci pobre e sei que vou morrer assim, mais eu não queria isso pra meus fie, eu queria que eles fosse doutor, mas hoje tudo grande, não tem nenhum que se formou, tudo trabaia na roça e na pastagem, eles querem que meus netos sejam doutor eu já disse vocês eram pra ser doutor, e tão ai põem os fie de vocês pra trabaia que e a meió coisa que cês pode fazer. Aqui nós não tem valor as autoridade diz que somos todos iguais mais quando meus fie eram pequeno fui bota na escola a professora disse que não ensinava nego.”

Mãe Quiboa foi entrevista na cidade, em ocasião havia a apresentação de uma roda de crioulos, aproveitamos a oportunidade para conversar com ela, a mesma não permitiu que fosse tirado fotos, mas nos concedeu que conversássemos com ela. Uma senhora de 65 anos de aparência de 75 anos, sofrida, pele cansada pelo sol. E olhos abatidos, foi possível

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perceber o sofrimento nos olhos dela e na voz arrastada em seu neto negro de 10 anos o mesmo ainda se quer sabia ler ou escrever apesar de frequentar a escola.

O negro apesar de sua representação e importância histórica e cultural, é um dos únicos grupos raciais, prejudicado pelas relações de escravidão, a população afrodescendente embora unida pelo tratamento diferenciado numa sociedade que atribuía privilégios respaldando-se em valores racistas, se constituía como um grupo bastante diversificado.

Essa diversificação imprimia nas relações sociais maiores ou menores possibilidades de integração social e alimentava, entre o segmento, interesses diferenciados e muitas vezes até contraditórios.

Os negros e a educação

O regulamento de 02 de fevereiro de 1855, (art.41), defere a restrição às possibilidades escolares para negros, as quais tornou-se mais acentuada ao se declarar textualmente, que os escravos não poderiam ser “admitidos à matrícula escolar”.

“Os menores de 5 anos e maiores de 15”,” os que

IV CONGEAfro: descolonialidades e cosmovisões – 07 a 10 nov. 2017 - UFPI vacinados” e “os escravos” fazem parte do grupo definido

pelo Regulamento da Instrução Pública da Província do Maranhão de 1855 como os que “não poderão ser admitidos à matrícula” (grifos nossos).

Segundo o autor (CRUZ, 2009, p.87)

“As políticas públicas no âmbito educacional, mesmo aquelas que visavam a alcançar as camadas populares, foram implementadas com mecanismos de exclusões a camadas negras da população escravizada”.

As interdições à instrução de negros que vigoraram na província maranhense se caracterizam tanto por vetos no plano legislativo, como também por práticas de exclusão de alunos tomando como critério a cor escura acentuada da pele ou a condição escrava.

Mesmo assim, não foi nesse momento que a educação dos negros foi contemplada com políticas específicas. O direito à educação pelos filhos do ventre livre só se constituía como dever do Estado quando da inexistência de associações autorizadas pelo governo voltadas para essa função, (CRUZ, 2009, p. 89).

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A educação escolar do negro no Brasil se destaca historicamente no fato de que não existia nenhuma espécie de educação formal destinada a ele, sua existência social era negada, o argumento geral é de que eles tinham que trabalhar, pois foram trazidos da África para servir a econômica, nada poderiam receber de educação, somente aos que se destinavam a seguir universidade, na maioria das vezes, do outro lado do atlântico.

Existem poucos registros sobre a instrução escolar do negro nesse período, porém ao analisar fontes existentes como dos jornais da “imprensa negra” 2, percebe-se que as camadas negras brasileiras, manifestavam-se contrariamente a afirmações que alegavam sua incapacidade para o bom desempenho escolar. Casos diversos, identificados nesse jornal sobre a história da escravidão no Brasil mostram, nesse período, a existência uma intelectualidade negra que reconhecia na escrita um meio de comunicação e para adentrar espaços sociais, dos quais os brancos pareciam dominar.

Durante todo o tempo em que a imprensa negra circulou, através de jornais de pequena tiragem e duração precária, as atividades da comunidade negra brasileira, principalmente a de São Paulo, ali se refletiam [...]. A preocupação com a

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educação é uma constante. O negro deve educar-se para subir socialmente [...]. Em todas as publicações é visível a preocupação com uma ética puritana capaz de retirar o negro de sua situação de marginalizado (MOURA, 2002, p. 6)

Apesar da escravidão, os negros também eram influenciados por processos educativos que moldavam aspirações de civilidade, integração social e liberdade. As análises estatísticas e os estudos sobre relações educacionais do negro brasileiro demonstram, a cada dia, o quanto o escravismo histórico e discriminatório influenciou na sua atual condição educacional, impondo-lhe que fique à mercê de políticas públicas.

E, apesar de a educação ter funcionado ao longo do tempo como um dos meios de reprodução dessa condição desigual, não se pode negar que existe uma história da educação e da escolarização dos povos afrodescendentes. Os negros e a educação atual

A educação do negro para o século XXI, pode-se perceber que, que em relação aos períodos anteriores esta situação mudou e muito, mesmo havendo o preconceito racial

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de cor de pele, hoje o negro e bem mais aceito na sociedade, Hoje observa-se que, no Maranhão, a educação dos negros não se concretizou apenas no sentido amplo do termo, onde o contexto escravista reproduzia-se pela educação para a submissão.

Apesar da influência que o processo histórico excludente na educação do negro no Brasil, atualmente podemos considerar que houveram grandes avanços, principalmente no que remete ao processo de acesso à educação formal.

Primeiramente, com a promulgação da Carta Magna de 1988, que representou um marco no reconhecimento da diversidade étnica do país; logo em seguida a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96) que mais tarde deu origem aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs, 1997), estabelecendo algumas questões sobre a necessidade do processo de escolarização, contemplando a diversidade étnica, socioeconômica e cultural em nossa sociedade.

A Lei 10.639, aprovada e recentemente implantada pelo o Conselho Nacional de Educação (CNE), em 9 de janeiro de 2003, que altera a LDB 9394/96 estabelecendo as diretrizes

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e bases da educação nacional para incluir no currículo escolar das redes de ensino do país a obrigatoriedade das temáticas História e Cultura Afro-brasileira.

Nesse processo a formulação das Diretrizes Curriculares Nacionais para as Relações Étnicas-Raciais (DCNERER) e para o ensino de História e Cultura afro- brasileira e africana, por meio do parecer CNE/2004 e da resolução CNE/2004 que visa à divulgação e à produção de conhecimentos e de atitudes, posturas e valores dos povos negros reforçou mais ainda, o debate nas academias.

Essas diretrizes Curriculares Nacionais buscam consolidar mudanças na estrutura curricular e o favorecimento de uma prática pedagógica voltada para a diversidade cultural, prevista na Lei 10.639/2003 (CUNHA JUNIOR; GOMES, 2003, p. 43).

Conclusão

Os negros afrodescendentes foram separados de seu universo cultural, religioso, linguístico. Muitos dos negros brasileiros são e estão desenraizados. É preciso voltar ao ponto de origem, reconstituir a trajetória do negro. Os livros didáticos

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de História apenas descrevem a condição do negro, Ao revermos os conceitos, um novo paradigma se estabelece.

No geral, embora já se tenha avançado bastante na esfera educacional, a condição do negro na sociedade brasileira continua indiferente. Por isso, acredita-se que é preciso ainda adentrar muito nessa discussão, sempre arguido de que ainda há muito que se pavimentar e no sentido de que se possa entender o que tornou possível tal indiferença e como chegar a possíveis soluções.

A escola tem um o papel fundamental que é baseia-se em pressupostos democráticos, entendemos que os reflexos da escravidão não foram de todos dissipados. E importante o conhecimento da trajetória do negro e importante o estudo da disciplina história dos negros. A sociedade que queremos é uma sociedade plural onde convivem lado a lado diferentes religiões, orientações sexuais, origens e etnias.

A escola é um espaço privilegiado para discussões, estudos, reflexões e difusão dos princípios da diversidade por meio de atividades extracurriculares, acesso a exposições, reprodução de filmes sobre o tema. Tudo isso pode fazer com