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A SAÚDE MENTAL DIANTE DAS COSMOVISÕES DE CULTURA E IDENTIDADE

RODA DE CONVERSAS (COMUNICAÇÕES ORAIS)

A SAÚDE MENTAL DIANTE DAS COSMOVISÕES DE CULTURA E IDENTIDADE

Mayara Carneiro Alves Pereira23

Resumo: O presente texto, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), tem como objetivo produzir um estudo teórico-reflexivo a cerca da relação entre as perspectivas de cultura, identidade, saúde mental, gênero e políticas públicas, especificamente as que envolvem o uso abusivo e dependência de substâncias psicoativas. Para tal, faz-se necessário um prévio entendimento de cultura, identidade e gênero, dentre outros conceitos. O primeiro, ou seja, a cultura pode ser entendida como estruturas psicológicas, um modo de vida presente em todas as sociedades e como formas de pensar por meio das quais indivíduos/grupos guiam seus comportamentos, que só podem ser considerados dentro do seu próprio contexto cultural diante de seu caráter dinâmico e em permanente construção. O conceito de identidade está pautado em um princípio complexo que nasce como uma auto-representação de si, sendo uma categoria relacional, não fixa, reinventada de acordo com o contexto, que se desenvolveram de acordo com as necessidades e mudanças sociais, ressaltando que as transformações sociais e políticas influenciam na criação e (re) criação de identidades, tendo como ponto de partida a relação com o outro. E o pensamento sobre gênero pode ser pautado nas questões cotidianas, uma vez que esta categoria alcançou uma dimensão analítica, considerando seu processo subjetivo, histórico, “rizomático” e relacional. Tornando-se um valioso instrumento de análise que permite esclarecer alguns aspectos da vida humana. Para tanto, diante destas concepções, este estudo propõe-se contextualizar e refletir a relação entre as temáticas/categorias expostas, bem como problematizar a importância de se compreender a saúde mental diante de um contexto cultural e de um processo de identidade, a fim de que haja uma perspectiva mais abrangente e

23 Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI); Especialista em Saúde Mental e Docência do Ensino Superior e Residência Multiprofissional em Saúde coletiva. Mestranda no Programa de Pós- Graduação em Políticas Públicas pela UFPI (PPGPP). Contato: mayaracapereira@gmail.com

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maior compreensão da saúde mental das cosmovisões de cultura e identidade frente á perspectiva de políticas públicas.

Palavras-chave: cultura; identidade; saúde mental; gênero; políticas públicas.

Introdução

A proposta da presente escrita, vinculada à linha de pesquisa “Cultura, Identidade e Processos Sociais” ao Programa de Pós Graduação (Mestrado) de Políticas Públicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), é dialogar os conceitos de culturas, identidades frente às questões de saúde mental, especificamente as políticas públicas que envolvem a temática de substâncias psicoativas, a partir das perspectivas teóricas e críticas que tem como interesse discutir o cuidado no campo da saúde mental no que se refere a esta demanda, a exemplo do serviço Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD).

Realçando a necessidade de um olhar para a questão de gênero, uma vez que ela está fortemente presente nas discussões desse campo de estudo e atuação. Destacando também a importância da articulação entre políticas públicas, ações intersetoriais, reconhecimento da cultura patriarcal,

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identidades e desmistificação das práticas tradicionais de saúde. Além de refletir acerca do papel crítico do pesquisador frente a esse contexto de se pensar essas idiossincrasias.

Partindo assim das seguintes inquietações: como tem sido realizado este cuidado? Há uma análise das questões culturais dos usuários que buscam ajuda profissional? Destacando a importância da articulação entre políticas públicas, ações multiprofissionais, reconhecimento da cultura patriarcal mantedora da afirmação da masculinidade, desmistificação da saúde do homem bem como das práticas tradicionais a partir de embasamentos teóricos e técnicos, vivências, possibilidades e implicações ético-políticas (MALTA, MERHY; 2010).

Frente a estas inquietações, esta produção científica parte da escolha metodológica de revisão bibliográfica, uma vez que esta é imprescindível para a obtenção de idéias mais precisas acerca do conhecimento atual destas temáticas, sobre as lacunas e possíveis espaços para contribuição e desenvolvimento de conhecimento. Este processo metodológico consiste em recuperar o conhecimento científico acumulado sobre um problema através de busca, análise e descrição de um

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corpo do conhecimento acerca de uma pergunta específica (MARCONI; LAKATOS, 2010).

Os critérios de inclusão para os estudos foram as que apresentem discussões que proporcionem reflexão no campo das Políticas Públicas, com posicionamentos reflexivos e problematizadores e não mantenedores das concepções tradicionais. Deste modo, foram excluídos estudos que apresentavam concepções tradicionais e que não proporcionavam avanços para tais discussões. Em seguida, com as produções já selecionadas, buscou-se estudar e compreender seus principais conceitos e posicionamentos a fim de colaborar para tal estudo e para o avanço neste campo do conhecimento.

Nessa perspectiva, a presente produção científica está voltada para o estudo e problematização da reflexão da saúde mental através da perspectiva de estudos acerca da disciplina intitulada “Cultura e Identidade”, e tem como objetivo, produzir um estudo teórico-reflexivo a cerca dessas questões nas políticas públicas, em especial as de saúde. Para tanto, o texto foi estruturado em quatro seções, sendo que a primeira refere-se à introdução, a segunda ressalta a questão da cultura, a terceira trata da perspectiva da identidade, a quarta discute os

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aspectos da saúde e saúde mental e, por fim, são apresentadas as considerações finais deste estudo.

Cultura

A cultura é composta de estruturas psicológicas por meio das quais indivíduos/grupos guiam seus comportamentos, que só podem ser considerados dentro do seu próprio contexto cultural diante de seu caráter dinâmico e em permanente construção. Sendo de suma importância a compreensão de cultura (s) como um modo de vida, em todas as sociedades e em todos os modos de pensar. Assim como a discussão da evolução de seu conceito, com base principalmente no campo da linguagem (GEERTZ, 1989; LARAIA, 2001)

Para se refletir acerca dos processos de conceitualização/associações, Hall (1997) defende que não existe uma cultura global e sim sociedades em rede e que algumas mudanças na vida cotidiana ocorreram ao longo dos momentos históricos, como questões de trabalho, arranjos familiares, tradições, dentre outras. Esses acontecimentos estão intimamente relacionados às concepções dos papeis sociais, especificamente os de gênero, ao citar que “algumas mulheres

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podem ter maior capacidade de sobrevivência — mas geralmente a níveis mais baixos de remuneração, treinamento, seguro-emprego e perspectivas — do que a maioria dos homens” (HALL, 1997, p. 05).

Sendo importante compreender como a cultura transforma a percepção, a explicação e os modelos teóricos, podendo resultar em um ciclo a questão dos papéis de gênero no que se refere à saúde e o quanto os profissionais (re) produzem suas práticas no que se refere a seus (pré) conceitos. Deste modo, para compreender e trabalhar com essas questões é de grande importância o reconhecimento das mudanças que aconteceram no cenário mundial, dentre elas a demográfica, a economia e a organização familiar.

Essas mudanças são proporcionadas principalmente pelo avanço do capitalismo que acarretou em alterações sociais, como, a inserção da mulher no mercado de trabalho, ocasionando grandes impactos na tradicional estrutura familiar, que deixou de ser exclusivamente nuclear/patriarcal. Deste modo, os aspectos culturais devem ser percebidos também como um fator de destaque no padrão de saúde e dos riscos, como por exemplo, os determinantes sociais de vulnerabilidade do gênero masculino no que se refere ao uso abusivo de álcool

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e outras drogas, torna-se condição de necessidade para a construção de ações efetivas de prevenção e promoção da saúde mental deste segmento (BRASIL, 2008).

Bourdieu (2009), neste contexto, contribui com sua discussão de produções e valores simbólicos como instrumentos de dominação e de legitimação da hierarquia, importantes para refletir o papel do homem na sociedade e o modo como ele se compreende. Assim, entra em pauta uma valoração no sentido macro, que no caso pode ser associado ao poder do Estado no desenvolvimento de Políticas Públicas, proporcionando as seguintes problematizações: como ocorre o planejamento da agenda da saúde? Quais são os interesses? A quem busca realmente atingir?

Deve-se pensar acerca das questões cotidianas, como as diferenças de gênero, que existem tanto de interação, quanto de dominação do poder simbólico (BOURDIEU, 2009). Podendo comparar o cuidado à saúde ao papel da mulher, sendo parte de uma questão cultural, como pode ser confirmado pelas ações preventivas que são majoritariamente femininas. Esses comportamentos foram aceitos por muito tempo e até mesmo associados aos fatores biológicos masculinos, sem que

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houvesse nenhuma intervenção para o aumento do autocuidado dos homens (MACHIN et al., 2011).

Diante de todas essas reflexões, cabem outros questionamentos: os profissionais consideram o universo cultural dos usuários do serviço de saúde no desenvolvimento de suas práticas? E o papel do pesquisador está considerando essas questões? É preciso então trazer duas grandes contribuições Geertz (1989) que merecem destaque na articulação com esta temática.

A primeira é acentuar o aspecto semiótico trazido pelo autor que compreende a cultura como uma ciência interpretativa à procura de significados e não em busca de leis universais. Remetendo assim à reflexão de que é fundamental a concepção das várias formas de expressão e o afastamento do ideal de neutralidade, generalização e quantificação. Pois não existe verdade científica, existem sim evidências empíricas sobre “resultados prováveis”. Compreendendo assim que a escolha desta temática perpassa por inúmeras questões pessoais e, inclusive, profissionais.

A outra importante reflexão diz sobre o impacto do conceito de cultura acerca do conceito de homem, uma vez que as culturas e linguagens constituem os seres humanos e aquelas

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são formadas por metáforas que agem como evolução, função, código, estrutura, por meio das quais inventasse e reinventasse a própria cultura. Refletindo-se assim acerca das tradições, seus efeitos e importância do conceito de cultura, como trouxe Geertz (1989).

Identidade

Agier (2000) fornece elementos para pensar identidade como um conceito complexo que nasce como uma auto- representação de si e que teve maior destaque nos últimos anos, passando a ser amplamente discutida nas ciências sociais e humanas. Bauman (2005) coloca a identidade no mundo moderno como um conceito-chave para o entendimento da vida social na era “moderna líquida”, estando na crista da onda as discussões sobre essa temática frente ao cenário: Trabalho – Estado – Atores. Esta tríade é também muito presente nos estudos acerca da saúde do homem, Schraiber (2012) expressa que os homens justificam não terem tempo para cuidar da saúde, reclamando da constante ausência dos membros da equipe, das longas filas de espera, da falta de medicamentos, devido principalmente ao trabalho.

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Frente a esse pensar, alguns autores defendem a identidade como algo relacional, não fixo, reinventado de acordo com o contexto, semelhante ao processo das Políticas Sociais, que se desenvolveram de acordo com as necessidades e mudanças sociais, como os arranjos familiares, as relações de trabalho, condições de vida da população. Agier (2000) tece informações sobre a criação de novos contextos, espaços e situações de reinvenção identitária, buscando entender como as transformações sociais e políticas influenciam na criação e (re) criação de identidades, tendo como ponto de partida a relação com o outro.

Hall (1997) defende esse processo de mudança, inclusive no que se refere às culturas de classe, gênero, sexualidade e etnia, havendo necessidade de se pensar o lugar do sujeito no mundo social/cultural. E compreendendo a ideia de identidade a partir do “pertencimento” a culturas étnicas, raciais, religiosa, linguística e nacionais. Em consonância a esse pertencimento, pode-se mencionar a tradicional concepção, reforçada socialmente, de que os homens são incapazes de se cuidaram sozinhos, fato que por muito tempo foi associado aos fatores biológicos masculinos, sem que

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houvesse nenhuma intervenção para o aumento do autocuidado deles (GOMES ET AL., 2010).

Essas mudanças são também notadas nos movimentos sociais que causaram grandes progressos, como o feminismo e as lutas negras. A própria discussão de gênero só teve notoriedade com as lutas e conquistas do movimento feminista. Essas reflexões foram aos poucos ganhando novos espaços e discussões a partir da reflexão sobre o questionamento acerca da dominação masculina. Possibilitando a organização da cultura em conceitos ou categorias, tais como: masculino/feminino, privado/público, minoria/maioria. Deste modo, a categoria gênero alcançou uma dimensão analítica, considerando seu processo subjetivo, histórico, “rizomático” e relacional. Tornando-se um valioso instrumento de análise que permite esclarecer alguns aspectos da vida humana (RAGO, 2012).

Outro autor na defesa dessas identidades em

movimento é Bauman (2005), que fornece elementos para pensar sobre a identidade como um retrato na vida contemporânea a partir de categorias como “pertencimento”, “comunidade”, “reconhecimento”, deste modo, pode-se refletir acerca das masculinidades que modificam e são modificadas

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frente aos movimentos. Corroborando para o princípio de que não se devem enquadrar os homens em um conceito de identidade fixa/limitada sem a perspectiva de mudança/fluidez.

Calabre (2007) reflete acerca dos desafios das Políticas brasileiras, no caso as Culturais e as de Saúde, onde ambas devem reconhecer a diversidade de públicos; reverter o processo de exclusão; promover a universalidade; responsabilizar o Estado e outros. Uma dessas dificuldades diz respeito aos limites das Políticas Públicas no que tange à Identidade, que muitas vezes não dão conta de lidar com as diversidades culturais.

Saúde/saúde mental

A busca por saúde, no Brasil, é permeada por um processo de lutas e conquistas materializadas a partir de 1988 com os princípios e diretrizes do SUS, como o cuidado em todos os níveis de atenção (promoção, prevenção e reabilitação), humanização, reconhecimento e respeito à ética e aos direitos dos homens, universalidade, equidade, integralidade, qualidade, intersetorialidade, informação e orientação à população. Enfatiza as determinações sociais,

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capacitação técnica de profissionais, disponibilidade de insumos e equipamentos, monitoramento e avaliação de serviços (BRASIL, 2008).

Mesmo diante das conquistas, ainda há muito que avançar, a exemplo da compreensão do processo saúde-doença, que deve perpassar por muitas questões que vão além da ausência de doenças, envolvendo questões territoriais, epidemiológicas, sociais, culturais, psicológicas e de gênero. O SUS requer uma discussão contínua voltada para os aspectos sociais, políticos e culturais de pactuação e negociação entre profissionais, usuários e comunidade. Assim como a produção e consolidação de novos saberes e práticas assentados em uma nova e abrangente concepção de saúde. Representando um âmbito de ações capazes de lidar com a diversidade das necessidades de saúde (SCHRAIBER, 2012).

Dentro desse contexto da ampla concepção de saúde e de seus agravos para diversos segmentos, deve haver uma forte reflexão sobre a saúde mental, a partir da proposta da Reforma Psiquiátrica e suas novas formas de atenção psicossocial24 para

24Em oposição existe o modelo asilar, que é centrado no saber exclusivamente médico e na concepção da loucura como doença tratada por meio do isolamento, em que o sujeito é destituído de voz e ação frente à

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o sujeito, familiares, comunidade e o contexto sociocultural, de acordo com os princípios proposto pelo paradigma biopsicossocial, em que as ações são construídas pelo entrelaçamento de saberes e profissões que devem (co) produzir ações de cuidado e promoção de saúde distantes da lógica de restituição de uma sanidade mental (AMARANTE, TORRE; 2010).

A Reforma Psiquiátrica está implicada em uma nova forma de conceber e agir frente à loucura, caracterizada como uma transição paradigmática e um processo em contraposição à visão asilar e voltada para o fortalecimento do paradigma psicossocial. A partir desta Reforma, tem-se aumentado as discussões sobre modelos substitutivos aos cuidados tradicionais, para além de ações curativas, com possibilidades de utilização no campo da saúde mental. A atenção psicossocial é uma estratégia que vem sendo cada vez mais utilizada nos cuidados ao sofrimento psíquico, buscando a inserção sociocultural, política e econômicas dos sujeitos (COSTA- ROSA, 2006).

transformação de sua realidade, subjugado a um poder que disciplina (AMARANTE, TORRE; 2010).

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Nesse sentido, é importante que os serviços de saúde tracem um perfil sociodemográfico de seus usuários, identificando: os diferentes cursos de vida a partir das faixas etárias, dimensões étnico-raciais, matrizes religiosas e orientação sexual na produção das linhas de cuidado a partir dos perfis de cada usuário e das necessidades específicas em saúde nos territórios. Com o intuito de explorar as possibilidades frente às linhas de cuidado, que buscam garantir a integralidade e otimizar/organizar a distribuição e fluxo dos serviços e processos de trabalho e dos recursos, de forma eficiente e eficaz. Como forma de atuação, busca-se a participação das equipes e gestores como forma de articulação com os demais níveis de assistência, bem como a participação dos usuários, com suas experiências, práticas, potencialidades e saberes (MALTA; MERHY, 2010).

Uma dessas propostas diz respeito aos usuários de álcool e outras drogas e para esse público foi pensado a proposta de CAPS AD, que de acordo com o Ministério da Saúde (2012), deve atuar como um serviço aberto, com base comunitária, funcionando de acordo com a lógica territorial, fornecendo atenção contínua aos indivíduos com necessidades relacionadas ao uso de álcool, crack e outras drogas, sendo

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referência de proteção e cuidado para familiares e usuários em situações de crise.

Este serviço deve ter disponibilidade de acolher casos novos e os já vinculados, sem qualquer barreira de acesso, deve promover a inserção, suporte de grupo e proteção aos seus usuários, organizar o processo de trabalho com a equipe multiprofissional, estabelecer profissionais de referência, adequar a oferta de serviço às necessidades, ofertar cuidados aos familiares e proporcionar a compreensão das Políticas Públicas junto aos usuários e famílias. Deve existir também orientações de acordo com os princípios da Redução de Danos25, além da co-responsabilização pelo cuidado e manejo

de situações de comorbidade psiquiátrica ou clínica, dentro de suas dependências ou em parceria com outros serviços da rede de atenção em saúde, bem como produzir juntamente com usuário e familiares, um Projeto Terapêutico Singular (PTS) e regular o acesso aos leitos com base em critérios clínicos e/ou psicossociais (BRASIL, 2011).

25A política considera a urgência de diminuir os índices da infecção dos vírus HIV e Hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis, determinando ações que visem à redução de danos sociais e à saúde, decorrentes do uso de produtos, substâncias ou drogas que causem dependência, disponibilizando informações, educação, aconselhamento, assistência social e saúde (BRASIL, 2005).

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Segundo a Lei nº 10.216, de 06 de abril de 2011, o cuidado aos usuários é baseado na ausência de qualquer discriminação, seja ela de raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e outras. Tendo direitos como o acesso ao melhor tratamento de saúde e receber o maior número de informações sobre sua doença e seu tratamento. É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde, apresentando destaque à participação principalmente da família. Complementarmente, a Lei 11.343/2006 advoga os direitos dos consumidores de substâncias psicoativas e ações pautadas na prevenção (BRASIL, 2011).

Considerações finais

Por meio das considerações, feitas neste estudo, foi