• Nenhum resultado encontrado

2.3 GEOCOMPOSTOS BENTONÍTICOS (GCL)

2.3.2 Emendas

Nos Geocompostos Bentoníticos, a maioria das emendas é efetuada por simples superposição, com comprimentos que variam entre 10 e 30 cm. A Figura 2.10 ilustra as opções comuns de emendas entre estes geossintéticos.

25

Figura 2.10 - Tipos de emendas de geocompostos argilosos (Gomes, 2012) Em geocompostos argilosos (GCLs) produzidos com geotêxteis agulhados, a bentonita é colocada numa proporção da ordem de 0,8 kg/m, na região de superposição, que deve penetrar nos poros do geotêxtil e, quando hidratados, promover a autoligação entre os painéis; para geotêxteis colados, é necessário a colocação de bentonita adicional. No caso de geocompostos argilosos com geomembranas, é utilizada apenas a superposição como emenda; porém, se for imprescindível, uma capa de geomembrana pode ser soldada como uma garantia adicional.

2.3.3 – Instalação

A instalação dos geocompostos bentoníticos é feita de modo similar à instalação das geomembranas. A superfície que onde será aplicado o geocomposto bentonítico deve estar nivelada, seca, limpa e livre de quaisquer materiais soltos ou pontiagudos que possam danificá-lo. O geocomposto deve ser manejado com cuidado para evitar danos e, em taludes, ele deve ser ancorado de forma segura e a abertura do rolo ser adequadamente sequenciada ao longo da superfície a ser coberta.

26

A colocação do geocomposto deve ser normal ao talude e a ancoragem feita em canaletas escavadas na crista do talude, com fixação com sacos de areia contra a ação de ventos. Além disso, o geocomposto não poderá ser aplicado em dias de chuva forte ou em áreas alagadas. A aplicação do geocomposto deve ser feita de tal forma que possa ser envolto pelo solo de cobertura ou pela geomembrana no mesmo dia.

As principais vantagens dos geocompostos bentoníticos são a sua fácil instalação, baixo custo, pequena espessura, boa flexibilidade com os recalques das camadas subjacentes de solo ou resíduos, facilidade de execução de reparos, autocicatrização e sua habilidade de expansão quando em contato com líquidos. Por outro lado, suas principais desvantagens são a limitada espessura desta barreira pode produzir vulnerabilidade a acidentes mecânicos, permeabilidade a gases nos casos de bentonitas levemente úmidas e incompatibilidade com certos efluentes. A Tabela 2.1 apresenta um resumo das principais vantagens e desvantagens um geocomposto bentonítico.

Tabela 2.1 – Vantagens e desvantagens dos geocompostos bentoníticos (Bouazza, 2002)

Vantagens Desvantagens

Rápida instalação, trabalho menos

qualificado e baixo custo Baixa resistência ao cisalhamento da bentonita hidratada (GCL não reforçado) Condutividade hidráulica muito baixa

para água se for instalado corretamente

GCLs podem sofrer punção durante a instalação

Pode resistir a grandes recalques diferenciais

Bentonita com baixa umidade é permeável Excelentes características de

autocicatrização

Potenciais problemas de resistência na interface com outros materiais

Não depende da disponibilidade de solos locais

Pequena capacidade de atenuação de percolados

Facilidade de conserto Possibilidade de menor resistência ao

cisalhamento após o pico Resistência aos efeitos de ciclos de

gelo/degelo

Possibilidade de maior fluxo a longo prazo devido a uma redução na espessura da bentonita sobre uma tensão normal aplicada Maior espaço para armazenamento visto a

pequena espessura

Possibilidade de aumento na condutividade hidráulica devido a problemas de compatibilidade com contaminantes se não pré-hidratado com água inicialmente

Não há necessidade de ensaios e condutividade hidráulica em campo

Alto fluxo difusivo de contaminante se comparado com liners de argila compactada Quando hidratado o GCL é uma barreira

hidráulica eficiente

Tendência de troca de íons (para GCL com bentonita sódica)

Redução de tensões de sobrecargas sobre substratos compressíveis

Tendência de ressecamento para coberturas inadequadas (camada > 0,6 m de solo)

27

CAPÍTULO

3

ESTUDO DE CASO:

DEPÓSITO DE REJEITOS DE ZINCO DA VMZ

EM TRÊS MARIAS/MG 3.1 – INTRODUÇÃO

O zinco é considerado o terceiro metal não ferroso mais consumido no mundo, na sequência do alumínio e do cobre. O zinco se destaca pela sua elevada resistência à corrosão e facilidade de combinação com outros metais. Cerca de 45% do consumo nacional de zinco é empregado na galvanização. As indústrias de construção civil, eletrodomésticos e transportes são os maiores consumidores de produtos galvanizados. As reservas mundiais de zinco estão estimadas em 250 Mt. Os mais importantes depósitos estão distribuídos na Austrália, China, México, Peru, Cazaquistão e Índia, representando nada menos que 73,9% do total. Apenas 1,0% dessas reservas estão localizadas no Brasil. São 2,2 Mt, concentradas no Estado de Minas Gerais. A produção mundial de zinco contido em concentrado atingiu 12,4 Mt em 2011. Os maiores produtores são a China, Austrália e Peru. O Brasil produziu 198 mil t, representando 1,6% da produção mundial (DNPM, 2012).

No Brasil a produção nacional de zinco provém de três minas localizadas em dois estados. Em Minas Gerais, a Votorantim Metais Zinco S/A produz minérios silicatados na mina de Vazante (minas a céu aberto e subterrânea) e sulfetados na mina de Morro Agudo (mina subterrânea). Após beneficiados, estes minérios garantem mais de 80% da necessidade da planta metalúrgica de Três Marias, ao passo que a planta de Juiz de Fora produz zinco utilizando como matéria-prima o concentrado sulfetado importado. No Estado do Mato Grosso, a Prometálica Mineração Ltda limita-se à extração e beneficiamento de minério sulfetado de zinco em sua jazida de Monte Cristo, localizada no município de Rio Branco.

28

A Votorantim Metais Zinco S/A, empresa de capital nacional integrante do Grupo Votorantim, é a principal produtora de zinco no País. Ela dirige seu foco para a mineração e metalurgia de zinco, níquel e aços longos. Hoje, a VM é uma das cinco maiores produtoras mundiais de zinco, maior fabricante de níquel eletrolítico da América Latina, líder brasileira na produção de alumínio primário e segunda maior empresa brasileira na produção de metais não-ferrosos (VOGBR, 2008).

A empresa está presente em toda a cadeia de produção do metal, desde a extração de concentrado até a metalurgia de produtos de zinco (zinco SHG em lingotes, liga de zinco GA, liga de zinco Zamac, óxido de zinco e pó de zinco), sendo que toda a produção de concentrado de zinco destina-se a empresas do mesmo grupo. Por outro lado, a produção de concentrado de zinco da Votorantim Metais é insuficiente para suprir a sua própria demanda, sendo necessário importar aproximadamente 37% do total do concentrado consumido. A unidade industrial de Três Marias possui capacidade produtiva anual de 200 mil toneladas de zinco (2012).

3.2 – HISTÓRICO E CONDICIONANTES DO SISTEMA DE DISPOSIÇÃO DE