• Nenhum resultado encontrado

Localização e Condicionantes Geológico −Geotécnicos da Área

3.3 DEPÓSITO DE REJEITOS MURICI

3.3.2 Localização e Condicionantes Geológico −Geotécnicos da Área

O depósito Murici foi implantado a aproximadamente 3,5 Km da unidade industrial VMZ, no município de Três Marias/MG, às margens da Rodovia BR 040 e do Rio São Francisco, abrangendo uma área de aproximadamente 98 ha (Figura 3.3).

UNIDADE INDUSTRIAL TRÊS MARIAS VOTORANTIM METAIS

TRÊS MARIAS

BR 040

RIO SÃO FRANCISCO

LOCAL DE INSERÇÃO DO DEPÓSITO MURICI

Figura 3.3 – Localização do Depósito de Rejeitos Murici

A área do Depósito Murici está localizada a nordeste da Fábrica, em face dos condicionantes do meio físico local e da infraestrutura existente (rio São Francisco a Norte e NW, a barragem de Três Marias ao Sul e a cidade e a rodovia BR-040 ao Sul e SE) (Geoconsultoria, 2007). O relevo da região é relativamente plano, com algumas áreas dissecadas por processos morfoclimáticos associados ao condicionamento geológico. A vegetação nativa da região é constituída predominantemente pelo cerrado, incluindo gramíneas, arbustos e árvores de médio porte, com ocorrências de veredas. Na zona de domínio do empreendimento, foram estudadas cinco áreas distintas, optando-se, finalmente, pela locação do depósito de contenção de rejeitos em uma área de encosta de grande extensão, apresentando baixa declividade e com capacidade para garantir a estocagem dos rejeitos para a vida útil de 17 anos prevista para a planta.

33

A escolha em relação às demais alternativas é devidamente justificada por atender os seguintes critérios:

 depósito de encosta, sem interferências com drenagens locais;

 locação a uma distância mínima de 200m de cursos d’ água ou de quaisquer coleções hídricas;

 possibilidade de execução em etapas;

 capacidade de armazenamento dos rejeitos por um longo período (admitido como sendo de 20 anos no projeto conceitual);

 distâncias a núcleos populacionais superiores a 500m;  condicionantes geológico-geotécnicos favoráveis;  local com declividade inferior a 20%;

 depósito sem canal de cintura;

 facilidade de acesso (mediante realocação da estrada de acesso à Barragem da Lavagem, situada além do empreendimento);

 condições ambientais, operacionais e de fechamento mais favoráveis que as demais alternativas estudadas.

Como desvantagens potenciais, a opção adotada implica a mobilização de grandes quantidades de materiais para a construção do grande volume de aterro para o dique inicial e necessidade de utilização de solos adicionais e externos à área da escavação para revestimento dos taludes da fase final do depósito, além de remanejamento de pequeno trecho de estrada de terra municipal.

A região apresenta um relevo em padrão de ‘cuestas’ (Limiar, 2007), áreas que são formadas pela ação da drenagem do rio São Francisco sobre os grandes planaltos regionais (Figura 3.4), dominados pelas litologias da Formação Três Marias, constituída por uma sequência de arcóseos cinzas, de granulometria predominantemente fina a muito fina, intercalados com siltitos cinza-esverdeados e/ou violáceos. A Formação Três Marias é recoberta discordantemente, de forma erosiva, pela Formação Areado (Cretáceo Inferior) e por depósitos sedimentares cenozóicos indiferenciados (Chiavegatto, 1992).

34

Figura 3.4 – Área de implantação do Depósito de Rejeitos Murici

A investigação geotécnica local compreendeu a realização de sondagens a trado, sondagens a percussão, sondagens mistas e abertura de poços, num total de 143 investigações (Geoconsultoria, 2007). Estas investigações permitiram definir o perfil geotécnico local em termos do contato solo – rocha e horizontes de saprolito, solo residual maduro e depósito superficial de colúvio, bem como a posição do lençol freático à época das investigações (realizadas em janeiro e fevereiro de 2006).

Estes estudos foram complementados por ensaios de permeabilidade in situ e pela coleta de amostras para execução de ensaios de laboratório, para a caracterização geotécnica completa dos materiais presentes. Em função desta abrangência e dos quantitativos executados, a campanha de investigação geotécnica local mostrou-se consistente e subsidiou de forma adequada as premissas e os critérios adotados em projeto.

O perfil geotécnico local é constituído por um horizonte superior de material argiloso a argilo - siltoso, de coloração avermelhada a amarelada, com espessura média de 2,5 m, que se sobrepõe a um solo residual siltoso a silto-arenoso, de cor variegada. O contato solo - rocha é brusco, quase sempre com rocha sã. A investigação geotécnica mostrou que praticamente toda a espessura de solo local é passível de escavação e utilização como material de revestimento dos diques.

35

O nível de água foi acompanhado durante a execução das sondagens, que foram realizadas no período de chuvas, tendo sido definida a posição estabilizada do mesmo. Em quatro sondagens, o NA foi encontrado na zona de rocha, enquanto, em outras cinco sondagens, encontrava-se, quase sempre, na base do horizonte de solo, próximo ao contato com a rocha.

Com base no levantamento dos quantitativos e dos resultados dos ensaios realizados na área, foram quantificados 94 valores de condutividades hidráulicas dos materiais presentes, sendo 11 obtidos no colúvio, 30 no solo residual maduro, 36 no saprolito e outros 17 em rocha.

O projeto conceitual impôs a regularização completa do fundo e dos taludes do depósito, visando a implantação de um sistema de barreiras para controle de fluxo posterior. Para respeitar o topo rochoso identificado nas sondagens e a posição detectada do NA local, impôs-se a necessidade de se prever um fundo do reservatório inclinado, no sentido do Córrego Retiro Velho. Por outro lado, a conformação proposta implicou a necessidade de remoção dos solos mais superficiais para geração de volumes de revestimento condizentes com as dimensões do empreendimento.

No projeto conceitual apresentado, os limites críticos da escavação avançam em relação às camadas mais superficiais até o saprolito (caso geral), preservando-se uma distância mínima de 2,0m em relação ao NA local, tendo sido atendida a espessura mínima de 1,5m de solos não saturados, conforme a especificação b do Item 4.1.2 da Norma NBR 10157.

Nestas condições, a referência hidráulica do subsolo local constitui a camada de saprolito, desconsiderando-se os horizontes mais superficiais do mesmo nas zonas em que o nível de escavação avança além destes limites. Do total dos ensaios (17) realizados nesta camada, inseridos no âmbito dos horizontes de escavação previstos, 76,5% dos valores (ou seja, 13 resultados) enquadram-se tipicamente na faixa de valores da ordem ou inferiores a 5,0 x 10-5 cm/s, compreendendo uma faixa que se estende desde 1,81 x 10-4 cm/s até 2,36 x 10-6 cm/s (Gomes, 2008).

36

Por outro lado, a condutividade hidráulica da rocha local é da ordem de 2,5 x 10-5 cm/s (média de 17 medidas). Neste contexto, o aterro foi executado em uma área com predominância de materiais com coeficientes de permeabilidade inferiores ao valor referenciado como mínimo admissível pela especificação c do Item 4.1.2 da Norma NBR 10157.

Uma vez escolhida a alternativa para a área da disposição dos rejeitos, a geometria e arranjo do depósito foram analisados contemplando três diferentes alternativas, em função das potenciais interferências com terceiros na parte alta da área e com a linha de drenagem do vale, na parte baixa da mesma (Tabela 3.1). Estas alternativas foram, então, comparadas e analisadas em termos das respectivas capacidades de estocagem e das correlações ‘volume do aterro versus volume de armazenamento’ mais adequadas.

Tabela 3.1 – Opções para Arranjo e Geometria do Depósito Murici (Geoconsultoria, 2007)

Para a implantação do depósito, foi escolhida a opção B e os rejeitos de zinco começaram a ser lançados no Depósito Central em 06/2011 e no Depósito Leste em 08/2011. O Depósito Oeste constitui atualmente apenas uma potencial opção de projeto (a empresa desenvolve inclusive um projeto de beneficiamento dos rejeitos para geração de materiais pozolânicos). A Figura 3.5 apresenta uma vista geral do Depósito Murici na operação atual.

37

Figura 3.5 – Depósito de Rejeitos Murici: Módulos Leste e Central

3.4 – SISTEMA DE BARREIRAS DO DEPÓSITO DE REJEITOS