• Nenhum resultado encontrado

EMILY DÁ UM MERGULHO

No documento PLL 16. Vicious [Cruéis] - Sara Shepard (páginas 33-36)

Emily estava perfeitamente imóvel sobre o colchão enrugado na cama de casal do hotel. Hanna estava ao seu lado, dormindo de bruços, com uma máscara de cetim sobre seus olhos e fones de ouvido em suas orelhas. Aria e Spencer estavam amontoadas em outra cama de casal, respirando suavemente. O ar condicionado sacudiu no canto e a luz de alerta no celular de alguém piscou na mesa.

O vento começou a uivar, e Emily podia ouvir as ondas quebrando mesmo lá de cima no quarto. Parecia que a tempestade estava se aproximando mais cedo do que o previsto. No ano passado, Emily tinha visto imagens de um furacão como este. Em um vídeo, um homem ficou preso em seu barco a remo no mar. A câmera ficou sobre ele enquanto ele tentava lutar contra a corrente várias vezes, remando sem sucesso. Helicópteros de resgate não tinham sido capazes de alcançá-lo. Nenhum salva-vidas se atreveu a nadar, e nenhum barco de resgate pôde chegar perto. E ainda assim os noticiários mantiveram suas câmeras apontadas para ele de qualquer maneira, até o amargo fim. Emily tinha basicamente assistido um homem morrer na televisão.

Você não gostou disso, não é, Em? Ali riu em sua cabeça.

Emily olhou para o relógio: 05:03. Ela não conseguia parar de pensar em Ali. É

um truque, Spencer tinha dito sobre a baunilha. Mas era? Realmente era?

Emily passou a mão ao longo de sua barriga vazia. Elas compraram sorvete naquela tarde, depois elas pediram peixe frito naquela noite, e até mesmo encontraram um lugar onde o barman serviu margaritas para elas. Mas Emily mal tinha provado algo disso. Parecia que sua cabeça estava nublada com névoa, reagindo tarde demais para o que suas amigas diziam, perdendo completamente as piadas, levando muito tempo até mesmo para piscar. Em, você está bem? suas amigas ficavam perguntando, mas era como se estivessem falando com ela debaixo d’água; ela mal podia ouvi-las. Ela sentia-se assentir, sentia-se tentar sorrir. O peixe e as batatas fritas que ela tinha pedido tinham estado muito quentes, mas quando ela tinha mordido eles, ela mal registrou que ela tinha queimado a língua.

Talvez ela nunca sentisse gostos novamente. Talvez ela nunca sentisse novamente. Mas talvez fosse uma coisa boa para levar para a prisão.

Isso mesmo, Ali concordou.

Emily pensou novamente no cheiro de baunilha. Ali estava naquela casa, ela sabia disso. Talvez ela pediu um Klondike daquele mesmo caminhão de sorvete. Passeasse pela praia, relaxasse na areia, desse um mergulho. Dormisse tranquilamente, acordando todas as manhãs para ler mais notícias ruins sobre Emily, Spencer, Hanna e Aria. Emily só podia imaginar a satisfação que Ali teve ao saber que as quatro logo seriam presas para sempre. Ela provavelmente tinha jogado a cabeça para trás numa gargalhada, excitada por ela finalmente ter ganhado.

Mas Ali só ganharia se Emily fosse obedientemente para a prisão, como ela deveria. Mas havia outro caminho. Outra solução mais obscura, mais assustadora. Outro caminho pelo qual Emily poderia se atrever a caminhar.

Eu deveria? Ela empurrou as cobertas de lado e jogou as pernas para o tapete,

sentindo uma pontada de déjà vu. Ela vestiu seu maiô e short. Fez uma pausa para ouvir o vento que uivava violentamente, sacudindo as janelas, rangendo as paredes. Então ela olhou para suas amigas. Hanna se virou. Spencer chutou em seu sono. Emily sentiu uma pontada de culpa. Ela sabia que isso iria devastá-las, mas era a única opção. Ela apertou a mandíbula, pegou um pedaço de papel do hotel, e anotou as palavras que ela tinha estado compondo mentalmente. Em seguida, ela saiu pela porta, sem se preocupar em pegar uma chave. Com alguma sorte, ela teria sumido antes de suas amigas acordarem.

O corredor cheirava a cerveja. Ela tateou ao longo das paredes até chegar nas escadas ao ar livre, em seguida, cuidadosamente caminhou para baixo. Uma rajada de vento bateu do seu lado, pressionando-a contra a grade. Ela ficou ali por um momento, preparando-se, pensando novamente em suas amigas e na angústia que elas logo sentiriam, antes de ela continuar andando na calçada. Lá, ela caminhou para a praia, o vento empurrando-a para trás a cada passo. O sol estava nascendo, o céu uma mistura entremeada de azuis escuros e rosas. A bandeira vermelha indicando que a natação era estritamente proibida tinha sido colocada em cima do estande de salva-vidas. O vento estava fazendo o trabalho rápido de rasgá-la em pedaços.

Emily lutou para descer para praia e plantou os pés na areia fria. As ondas chicoteavam para lá e para cá sem um padrão discernível. Elas quebravam com raiva, causticamente, com tanto poder que elas iriam com certeza rasgar tudo o que tinha em seu caminho. De repente, ela pensou ter ouvido algo além da ressaca e do vento. Um riso? Alguém respirando? Ela virou de costas, olhando a escada escura, gritante e evidente da praia até que seus olhos começaram a jogar truques sobre ela. Aquilo era uma garota agachada nas dunas, observando? Ali poderia estar aqui?

Emily levantou-se reta, olhando melhor, mas, tanto quanto ela queria ver alguma coisa, não havia nada lá. Ela fechou os olhos e imaginou o que Ali faria se visse ela agora. Será que ela riria? Isso não fazia parte de seu plano, afinal de contas. Talvez ela respeitasse Emily pelo que ela estava prestes a fazer. Talvez ela até tivesse medo dela.

Tal como as outras meninas, Emily tinha uma memória de Ali em Cape May, também — mas ela e Ali não tinha vindo aqui juntas. Sua memória era da quinta série, antes de Emily e Ali serem amigas — então a memória era da Verdadeira Ali, não de Courtney. Ali tinha sentado algumas toalhas longe da família de Emily, parecendo misteriosa em seus grandes óculos de sol, cochichando e rindo com Naomi Zeigler e Riley Wolfe. Emily olhou para ela duramente, sentindo uma sensação dentro dela. Ela não só queria ser Alison DiLaurentis, a garota que todos adoravam. Ela queria estar com ela. Tocá-la. Trançar seu cabelo. Cheirar as roupas dela quando ela saísse delas na hora de dormir. Bebê-la.

Ali tinha olhado e sorrido para Emily. Então ela cutucou Naomi e Riley, e as três riram. Certa de que Ali tinha percebido seus desejos, Emily tinha saltado para cima e correu para a água, em seguida, mergulhou sob as ondas. Ela tinha nadado duro e rápido, para as rebentações vibrantes, ignorando os gritos do salva-vidas de que ela tinha ido longe demais. Esse tipo de garota nunca seria sua amiga, uma voz em sua cabeça latejava. E ela certamente nunca estará a fim de você.

Uma onda a pegou e empurrou-a para baixo. Quando ela emergiu, ela estava cuspindo e sem fôlego. Todo mundo estava olhando para ela, provavelmente sabendo seus pensamentos impuros e ridículos. Quando ela caminhou de volta para a toalha, Ali estava olhando para ela novamente, embora desta vez ela parecia um pouco intimidada. — A água não a assusta, não é? — ela apontou.

A pergunta tinha pegado Emily de surpresa. — Não — ela disse calmamente. Era a verdade. Não era das ondas que ela tinha medo.

E ela não estava com medo delas agora.

Emily virou-se para enfrentar as ondas novamente, sustentando aquela memória de Ali — da Verdadeira Ali, a louca Ali — apertado dentro dela. Mal ela sabia até então que um dia aquela menina linda e horrível seria o centro de sua vida. Mal ela sabia que Ali iria tirar tudo dela.

— Eu não tenho medo — sussurrou Emily, retirando sua blusa. Ela esperou que a Ali em sua cabeça respondesse, mas, surpreendentemente, a voz ficou em silêncio.

As ondas quebraram, levantando espuma branca. Emily compreendia o poder do oceano; ela sabia que ele poderia afogá-la rapidamente, ainda mais rápido do que na quinta série. Nessas condições, ele iria puxá-la para baixo, girá-la como uma pedra. Ela imaginou sua cabeça batendo numa pedra, ou no cais nas proximidades, ou simplesmente afundando para baixo, para baixo, para baixo, até que ela não sentisse nada.

Eu não tenho medo, ela pensou novamente, tirando seu short. E com isso, ela

6

No documento PLL 16. Vicious [Cruéis] - Sara Shepard (páginas 33-36)