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3. A OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA PORTO MARAVILHA

3.2. Empresas Privadas

Para a realização de obras e serviços na Área de Especial Interesse Urbanístico do Porto do Rio, foi realizada uma licitação em setembro de 2010 para a escolha da organização privada que participaria do projeto e a vencedora foi a Concessionária Porto Novo, formada pelas construtoras Odebrecht, OAS e a Carioca Engenharia, que derrotou a empreiteira Queiroz Galvão, pois esta não apresentou a documentação completa requerida pelo Edital da CDURP.

3.2.1. Concessionária Porto Novo S.A.

A Concessionária Porto Novo, formada em novembro de 2010, é uma sociedade anônima composta por três grandes construtoras, a Odebrecht, a OAS e a Carioca Engenharia.

Figura 5 - Estrutura acionária da Concessionária Porto Novo S.A.

Fonte:Disponível em <https://www.portonovosa.com/pt-br/estrutura-acionaria> Acessado em 20.07.2019

Ela foi contratada via licitação pela CDURP por um prazo de quatorze anos (contado a partir da segunda quinzena de junho de 2011, quando a concessionária deu início as suas atividades), com um investimento de oito bilhões de reais para a prestação e manutenção de serviços, como iluminação pública, pavimentação de ruas, controle de tráfego, coleta de lixo, sinalização de trânsito, dentre outros, além da execução de obras na AEIU, que incluem mudanças na infraestrutura de água e esgoto, eletricidade e telecomunicações, mudanças viárias

e empreendimentos urbanos, conforme aponta Martins (2017). Pode-se observar, desta forma, uma transferência de responsabilidades do setor público municipal, que até então era o responsável por realizar tais atividades, para o setor privado, que passa a gerir um espaço público de grandes dimensões. Tanto a CDURP, parte contratante, quanto a Porto Novo, parte contratada, operam com o que chamam de transparência. Por tal princípio disponibilizam canais de comunicação para expor todas as ações do projeto, do cronograma ao orçamento, e receber as contribuições da população (XAVIER, 2012).

3.2.2. Incorporadores Imobiliários

O projeto Porto Maravilha também conta com a presença de grandes empresas voltadas ao setor imobiliário. Uma delas, a Tishman Speyer, empresa transnacional estadunidense com sede em Nova Iorque, é responsável pelo Port Corporate Tower, primeiro edifício privado pelo Porto Maravilha, construído em um terreno de treze mil metros quadrados e uma torre de vinte e dois andares8, localizado no bairro do Caju. O prédio foi vendido no final do ano de 2014 para a empresa Bradesco Seguros.

Figura 6 - Port Corporate Tower em destaque.

Fonte: MARTINS, 2017, p. 149.

A Tishman Speyer também é responsável pela AQWA Corporate, um complexo de escritórios de classe A, construído em cento e quarenta e um metros quadrados, com duas torres e dezenove andares, localizado na Avenida Via Binário do Porto e realizado em um projeto

moderno arquitetônico, de forma a simbolizar a renovação urbana da área portuária e ser parte integrante da paisagem turística de quem visita a área do Porto Maravilha9.

Figura 7 - AQWA Corporate.

Fonte: Disponível em <https://br.tishmanspeyer.com/properties/aqwa-corporate> Acessado em 16.07.2019

Diversos empreendimentos foram anunciados por incorporadoras imobiliárias, porém não chegaram a ser lançadas, conforme aponta Martins (2017) e observa-se, a partir disso, que os investimentos imobiliários não obtiveram o retorno esperado para a área portuária carioca. A Tishman Speyer anunciou o Lumina Rio, um dos projetos imobiliários mais luxuosos do mundo, com quatro torres residenciais e trinta andares de alto padrão, localizado na Avenida Venezuela, contudo, o empreendimento não chegou a ser lançado.

Outro empreendimento anunciado, porém não lançado, foi o Trump Towers Rio, um conjunto de escritórios formado por cinco torres de cento e cinquenta metros de altura e trinta e oito andares, planejado para a avenida Francisco Bicalho, todavia, as obras não avançaram e com a eleição presidencial de Donald Trump, proprietário da marca Trump Tower e pela The Trump Organization, as negociações do projeto foram canceladas para evitar conflitos políticos.

Em meio aos cancelamentos por parte das incorporadoras, há a expectativa do que será realizado na antiga fábrica do Moinho Fluminense. Conforme notícia do jornal O Globo10, ela

9 Informações retiradas do site https://tishmanspeyer.com/properties/aqwa-corporate.

10 https://oglobo.globo.com/rio/moinho-fluminense-vendido-gera-expectativa-sobre-nova-etapa-de-revitalizacao- do-porto-23814612.

foi comprada em junho de 2019 pelo grupo paulista Autonomy Investimentos e Affiliates, que também possui um prédio corporativo na avenida Venezuela, a Vista Guanabara, onde estão instaladas empresas como a seguradora Generali, o banco chinês BBM e a Granado. Anteriormente, a Bunge Brasil, ex-proprietária do Moinho Fluminense, havia anunciado a venda para outras empresas no valor de 150 milhões de reais, que realizariam um projeto envolvendo a construção de um shopping center, um hotel e um centro empresarial, mas que não saiu do papel e deixou a área estagnada até a nova venda. A Autonomy Investimentos e Affiliates não detalhou os propósitos da compra nem o valor dado a Bunge Brasil.

Outra empresa que decidiu investir na área urbana do Porto Maravilha foi a L'Oréal, empresa transnacional de cosméticos francesa, que construiu a nova sede da L'Oréal Brasil na rua Barão de Tefé, esquina com a Avenida Venezuela, em um prédio de noventa metros de altura e vinte e dois andares, com o conceito sustentável em toda a construção, desde a captação de energia solar, o aproveitamento da luz natural por fachadas de vidro, até o aproveitamento e economia de água, indo assim de encontro com a perspectiva inovadora defendida pela OUC Porto Maravilha11.

Figura 8 - Sede da L'Oréal Brasil no Porto Maravilha.

Fonte: Disponível em <https://www.loreal.com.br/imprensa/not%C3%ADcias/2017/aug/nova-casa-da-loreal- brasil-no-porto-maravilha> Acessado em 23.07.2019

11 Informações retiradas do site https://www.loreal.com.br/imprensa/not%C3%ADcias/2017/aug/nova-casa-da- loreal-brasil-no-porto-maravilha.

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