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Enélio Lima Peírovich

No documento Revista do IHGRN 1989-1990-1991 (páginas 108-111)

(Sócio Efetivo)

Na euforia deste fim de tarde tropical e natalense, reummo-nos, mais uma vez, para valorizar a inteligência, o saber e o civismo, suportes máximos da nacionalidade.

Esta Casa, quase secular, primeiro centro de irradiação cultural do Estado (amanhã comemoraremos 87 anos), é o guardião maior da história potiguar e sejam quais forem os obstáculos, mesmo no torvelinho atual dos problemas sócio-econômicos de muita gravidade, vem assumindo, sem tergiversações, sem recuos, o sério compromisso de preservar a memória norte-no-grandense.

E neste instante, quando se realiza o lançamento do livro “O que segura este país", com a presença honrosa de seu próprio autor, o Almirante Maximi- mano Fonseca, de novo aflora ao nosso espírito a mensagem do poeta lusitano Fernando Pessoa - ‘‘tudo vale a pena se a alma não é pequena”.

Sob a égide, pois, desse entendimento lógico, vamos encontrar nos livros as fontes essenciais e básicas do progresso de qualquer povo, desde que explicitem temas capazes de dirimir controvérsias e equívocos, apontando soluções con­ vincentes, pelo bem estar coletivo, e pondo, acima de tudo, o homem - a cria­ tura humana - como polo convergente de decisões, na expectativa de um futu­ ro promissor.

E como assim é certo raciocinar e agir, estamos cumprindo mais uma tare­ fa, jubilosamente

Cabendo-nos saudar o Almirante Maximiniano Fonseca, nesta vetusta ins­ tituição, reafirmamos o nosso aplauso à iniciativa

É bem verdade, já proclamou o mestre Câmara Cascudo, genial e humilde, benemérito deste templo:

“Esta foi a Casa da Justiça. Hoje é a Casa da Memória. Não teve senão os elementos mais altos da dignidade cultural do mundo

Os clarins contemporâneos vibram o toque de reunir, porque solitários e dispersos seremos inutilizados pelos monstros do Desespero e da Angústia espirituais.

Amanhã - permitam a imagem humaníssima - desapareceremos todos. Mas o nosso sangue e de nossos descendentes estarão ouvindo a história de nossa geração. Preciso pensar o que é contingente e passageiro e quais são as perma­ nentes de nossa própria dignidade"

À luz desse prisma, portanto, devemos pautar a nossa existência fugaz Daí, com esta promoção, concorrermos, sem dúvida, para o desenvolvimento

nacional, evidenciando a efetiva participação de cada um de nós.

Decerto, “O que segura este país”, o mais recente livro do Almirante M axi- mimano Fonseca, de uma leitura acessível e objetiva, estuda, com profundida­ de de conhecimentos, a problemática da educação, saúde, competência admi­ nistrativa, ciência e tecnologia, a missão da justiça, os hábitos políticos. Aborda também, de forma analítica, a grande responsabilidade dos políticos, na con­ juntura presente, indicando várias perspectivas. Relata ainda o episódio de

sua exoneração de Ministro da Marinha, em março de 1984, final do Governo Figueiredo.

Como se observa, o livro representa uma valiosa contribuição de quem, patriota e corajoso, mostra o caminho para as soluções dos graves problemas que atormentam o nosso país, no âmbito da estrutura desenvolvimentista.

Aliás, válido se nos afigura este trecho do prefácio escrito pelo Ministro Clóvis Ramalhete, com quem mantemos um forte laço de amizade pessoal:

"Em "O que segura este país”, o Almirante Maximimano Fonseca alinha certas anotações de observador experimentado. Aponta erros e acertos na con­ duta da administração pública, nas instituições militares e civis, e na organi­ zação nacional

Bem sabemos que nosso Brasil padece de males novos e de males antigos" (omissis).

"Dos males mais antigos temos exemplo no latifúndio, agora até em mãos de grandes empresas, e que provêm daquele \elho regime de doação de enor­ mes Sesmarias, que viu o Brasil nascer, na era colonial. Dos males novos perdura, por exemplo, a impumdade dos atuais senhores do poder, - continua­ ção natural do mandomsmo dos antigos Barões e “coronéis” rurais, também de total impunidade, nas suas terras.

Nos dias presentes, o Brasil outra vez passa por um desses instantes histó­ ricos, abertos às transformações.

Em tais momentos de procura do seu rumo, a nação demonstra que pára. Mas quando parece decidir-se, avança apenas um pouco, se tanto É que sem­ pre surgem hábeis compromissos de cúpula, que produzem conciliações mo­ deradas Tem sido assim

Agora, tal como é próprio das épocas de transformação, renova-se a gran­ diosa indagação coletiva, elevada aos céus a cada vmte anos de nossa Histó­ ria:

- Para onde vai o Brasil?

Por isso, o livro contém proposta de um diagnóstico, as reservas e esperan­ ças de um chefe experiente Apresenta algo a merecer reflexão Desdobra-se em páginas de sinceridade e alerta, de confiança e de lástima.”

Eis, autondades e consócios, participantes deste encontro de cultura, a nos­ sa palavra para este instante.

E cremos nós, nada mais se deve acrescentar. A lição está neste livro. Pers­ pectivas de soluções nele vamos encontrar. Lendo-o, emerge a certeza de que nem tudo está perdido, graças a Deus. Há resultados bons para todos os pro­ blemas. Basta encará-los com firmeza e persistência, com honradez e senso de justiça Isso, obviamente, compete somente a nós mesmos. Aos brasileiros autênticos e honestos, e da classe política, embora, em sua maioria, um tanto desacreditada, porque se preocupando apenas com os interesses pessoais, mes­ quinhos e subalternos.

Agora, paira uma indagação. E sobre o autor, Almirante Maximimano Fon­ seca?

Diremos que são dispensados maiores comentários Todos nós já o conhe­ cemos, pela trajetória de sua vida. Detentor que é de justas condecorações, do país e do estrangeiro, ocupando cargos dos mais altos e dignos; integrando comissões internacionais. Quando Ministro da Marinha, marcou a sua passa­ gem com a Expedição à Antártida Foi o criador da Sociedade dos Amigos da Marinha - Soamar, da qual participamos Atualmente é Diretor da Petrobrás, na área de Transporte Marítimo.

Mas, além dessa moldura biográfica do Almirante Maximmiano Fonseca, sem o apego à letra fria dos registros das funções que exerceu e das tarefas cumpridas, nos setores militares, públicos e privados, sobreleva o testemunho, evocativo e singular, de um de seus velhos amigos - amigo na expressão do termo - nosso confrade, aqui presente.

Assim qujs se pronunciar Israel de Oliveira, ao saber que o autor de “O que segura este país” vinha à cidade do Natal, como bem dizia o mestre Cascudo - o Historiador da cidade, título conferido pelo então Prefeito Silvio Piza Pedroza, também para nossa alegria prestigiando esta solenidade:

“Servíamos na Comissão de Fiscalização de Construção de Navios no Ja ­ pão, sob a chefia do nosso conterrâneo e confrade, Ernesto de Mello Baptista, então capitão de Mar e Guerra, e mais tarde Ministro da Marinha, quando no dia 10 de agosto de 1957 a ela se apresentou o capitão de corveta Maximinia- no Eduardo da Silva Fonseca.

Essa pesada tarefa nos proporcionou um convívio íntimo e diário, de 6 longos meses de intenso e gratificante trabalho. O Max, ou o Comandante Max, como era chamado por todos, comprovou, desde o primeiro momento de sua chegada até o dia de sua partida, a fama que já conquistara na Marinha, de Oficial competente e figura humana invulgar

Simples, calmo, metódico, infatigável, pertinaz, o Comandante Max, na­ quela comissão, tão distante do Brasil, foi merecidamente incluído na minha pequena galeria de grandes companheiros e chefes que tive na nossa Mannha

Sua capacidade de chefia e liderança e suas qualidades morais o credenciaram

para ocupar o alto posto de Ministro da Marinha, cargo no qual encerrou sua brilhante carreira, consagrado pelo respeito e admiração da família naval e da sadia opinião pública nacional, por força de suas atitudes corajosas e de suas smceras e francas palavras, em defesa do regime democrático neste país”.

Almirante Maximmiano Fonseca:

Demais ilustres convidados do bem-querer:

Esta a nossa saudação, espontânea, emocional e telúrica.

O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte - a mais antiga instituição cultural do Estado, sente-se feliz e honrado em recebê-los para o lançamento do livro “0 que segura este país”, do Almirante Maximiniano Fonseca, valorizando e aplaudindo a cultura brasileira, a necessitar tanto de mais apoio e estímulo dos poderes públicos.

Enfim, em quaisquer circunstâncias, com otimismo, amor e obstinação, vamos todos acreditar, sempre, na eternidade cristã e cultural do Brasil, aben­ çoado por Deus.

Salão Nobre do IHG/RN

No documento Revista do IHGRN 1989-1990-1991 (páginas 108-111)