nunca mais esqueci nossa várzea do Assu. ”
Senhores, agora coloquemos em evidência, pelo grato transcurso do seu centenário de nascimento, a singular figura do Senador Georgino Avelino, subordmando-nos ao tema: o homem e a sua dimensão política.
Do DICIONÁRIO BIOGRÁ FICO BR A SIL E IR O , que peremza, pelo alto merecimento, as pessoas com as circunstâncias que as envolveram, extraem- se relevos das estações da vida de José Georgino Alves de Souza Avelino:
José Georgino Alves de Souza Avelino nasceu em São José de Angicos no dia 31 de julho de 1888, filho do jornalista Pedro Avelmo, fundador dos jornais A Gazeta do Comércio e Diário da Tarde, e de Maria das Neves Alves de Souza Avelino
Fez os estudos primários na Escola Modejo de Natal. Seguiu o curso de humanidades no Atheneu norte-no-grandense, prestando alguns exames finais no Liceu Paraibano. Em 1911, diplomou-se como bacharel em ciências jurídi cas e sociais pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro. Em 1912, exerceu as funções de adido consular na cidade de Gênova. Em 1924, elegeu- se deputado federal pelo Rio Grande do Norte (12a legislatura federal) até 1926. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, lutou ao lado dos paulistas Após a derrota das forças paulistas, veio para o Rio, onde retomou a atividade jornalística, escrevendo editoriais para diversos jornais da capital federal. Em 1937-1941, foi secretário-geral da Universidade do Distrito Fede ral e diretor de Turismo e Propaganda da Prefeitura do Distrito Federal. Foi nomeado interventor federal do Rio Grande do Norte, em agosto de 1945. Elegeu-se Senador à Assembléia Nacional Constituinte pelo PSD. Empossado em fevereiro de 1946, ocupou o cargo de primeiro-secretário da Constituinte. Com a promulgação da nova Carta (18/09/46) e a transformação da Constitu inte em Congresso ordinário, exerceu seu mandato até janeiro de 1955. Foi primeiro-secretário do Senado em 1948 e em 1950, tendo chefiado por três anos a comissão de Relações Exteriores, e foi líder do Governo no Senado Integrou por duas vezes - 1952 e 1954, a delegação brasileira aos trabalhos da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Foi reeleito senador pelo PSD em outubro de 1954, iniciando o seu segundo mandato em fevereiro de 1955. Fundou e dingiu o Rio Jornal com Inácio Azevedo e João do Rio, colaborando com a Gazeta de Notícias e o Diário Carioca. Fundou a Rádio Cabugí e foi redator-chefe de O País. Foi ainda presidente do Banco Industrial Brasileiro e escrivão do Io Ofício da 2a Vara da Fazenda Pública. Além da obra intitulada Caxias para a juventude, publicou palestras e conferências. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 02 de abril de 1959. Foi casado com Maria Giovana Margherita Astengo Avelino, de nacionalida de italiana. Deixou cinco filhos.”
Há cem anos, como seria a terra ou o chão a que se denominou de São José de Angicos?
Tem-se essa imagem, projetada pela ótica do escritor Aluízio Alves, in ob. A PRIM EIRA CAMPANHA POPULAR NO RIO GRANDE DO N ORTE, à pág. 10:
“A posse de terra para criação de gado adquirida nos idos de 1700 por Antônio Lopes Viegas, o arruado pequeno e triste em tomo da capela católica, uma pequena população lutando para fazer progredir a vila humilde, era, em
1875, a hoje cidade de Angicos”.
Sob o sol do sertão profundo, entre a harmonia das águas correndo nos amplos lajedos e o alongar-se feliz do olhar do gado sobre a vastidão do verde, nasceu o futuro constituinte de 1946, o Senador da República.
E, de certo, cresceu ouvindo a bela história do seu povo, nas lutas pela reconquista da condição de Vila de Angicos - em 1836, até o definitivo tremu lar da bandeira da sua emancipação, conquistada em 1850.
Repergunto-me: a terra, o chão onde se nasce, teria influência no dimensionamento da inteligência humana? E a terra não seria o coração da vida, posto que
“o coração estremece por formas invísveis
”, na conceituação genial de Tobias Barreto?Angicos, induvidosamente, floresceu na doação de inteligências poderosas. E são angicanos:
- AFONSO BEZERRA . Desaparecido aos 22 anos de idade, à semelhança de estrela que correu, rapidamente, nos céus da noite, edificando, antes, ensai os e contos definitivos e constituia-se na mais bela esperança de alto defensor do verbo de Deus.
- Capitão JO S É DA PENHA (tio do Senador). Impetuoso e valente, trazia, no braço, a inexpugnável resistência do cacto, no coração, a sonoridade domi-
nante dos campos, na cabeça, o vigor das novas idéias, e, na voz, o esplendor do Cabugi sob relâmpagos.
Queria, com a argúcia penetrante, a força dos punhos indomáveis e o mag netismo da eloquência, mudar o curso da geografia política do Estado, bus cando consolidar o império da compostura pública e impor o regime da serie dade dos superiores princípios de que se devem nutrir os governos. Morreu lutando pelo ideal em que cria, apaixonadamente.
- PEDRO AVELINO. O notável jornalista. Onde estivesse, fundava jornal, mstrumentando-o com a exata informação e a perfectibilidade dos conceitos. Portador de invejável estilo, primava pela propriedade certa e rica da palavra. Combativo, vibrante, exímio espadachim da pena, enfrentou, no Estado, o ódio e os desmandos de uma oligarquia repulsiva. Fez jornalismo no sul do País e nivelou-se às maiores expressões da grande imprensa brasileira.
- EM ÍDIO AVELINO (irmão de Pedro). Altamente dotado de inteligência, herdando do pai, o amor à ciência do Direito, e autodidata como ele, não lhe foi impossível, pelo pertmaz estudo, o seu relativo domínio, visto que não lhe faleciam, também, obstinação, esforço, luta e fé.
Era um vocacionado para o árduo embate forense, e, irresistivelmente, pre destinado à liderança política maior.
Os seus mandatos de Deputado Estadual obedeceram à seguinte cronolo gia:
5a Legislatura (1904-1906); 6a Legislatura (1907-1909); 8a Legislatura (1913-1915); e
11a Legislatura (1921-1923).
- ALUÍZIO ALVES. Ex-Deputado Federal e ex-governador do Estado. Atualmente, Ministro de Estado. Jornalista, escritor, corajoso. Magnífico ora dor - arquiteto do verbo incandescente junto às esperanças do povo. Depois do Capitão José da Penha, ninguém o suplantou, até agora, no conduzimento das multidões em delírio cívico. Lúcido e irremovível vocação de homem público.
Voltemos a Georgmo Avelino.
Além
“da seiva produzida na bravura orgânica
", como diría, mais tarde, o saber de Dioclécio Dantas Duarte, cresceu também, debruçando-se sobre a fecundidade das várzeas ou sobre a aridez dos vastos ariscos, na soberana visão trazendo a luminosidade do sol da sua terra.Após o tenaz combate à oligarquia dominante no Estado, ele emigrou, acom panhado do seu pai, o jornalista Pedro Avelino.
A oligarquia Maranhão fechou-lhes o espaço no Rio Grande do Norte. Eis o canto de protesto e em homenagem, construído pelo poeta Edinor, ao seu tio Pedro Avelino, cujo jornal fora arrebentado pelas botas dos esbirros policiais da época: