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Paulo de Albuquerque Maranhão

No documento Revista do IHGRN 1989-1990-1991 (páginas 141-144)

(Sócio correspondente)

Dia 17 de julho de 1991, pela madrugada, partiu Homero Homem de Siqueira Cavalcanti, filho de Canguaretama. Criatura humana das melhores. Poeta, escritor, jornalista.

Com ele sempre estávamos.

E neste velho e maravilhoso Rio, ao lado do emmente amigo e confrade Enélio Lima Petrovich, presidente do nosso Instituto Histórico e Geográfico, era uma visita obrigatória, à sua casa, no bairro do Leblon.

Lembro-me bem que, no dia 11 de dezembro do ano findo, atendendo à convocação da presidência do referido IHG/RN, fizemos a saudação ao insígne consócio, em solenidade realizada no Centro Norte-rio-grandense, aqui no Rio, quando Homero tomava posse na categoria de

Sócio Correspondente.

E com muita honra e alegria a missão fora cumprida.

Assim, quando o nosso querido confrade já se encontra, no Alto, ao lado do Criador, oportuno se nos parece, invocando a sua memória, transcrever as palavras que sobre ele proferimos, naquela sessão solene, que contou com a presença de inúmeros conterrâneos, intelectuais, amigos do homenageado. Pre­ sidiu a magna solenidade o Dr. Amóbio Cabral, presidente do Centro

Eis, portanto, a nossa breve saudação:

“O prof. Homero Homem nasceu em 5 de janeiro de 1921 no Engenho Catu, em Canguaretama, no Rio Grande do Norte. Residiu há muitos anos no Rio de Janeiro, tendo conservado estreitos laços com sua terra natal.

É autor de mais de trinta livros. “Grande nome da poesia brasileira pós Modernismo”, sua obra “alinha também o romance, a crônica, a novela, o conto e o teatro”. Nela, ele “ora se identifica com a vivência nordestina, como em

Cabra das Rocas”,

lançado no Brasil e no exterior e que já ultrapassa meio milhão de exemplares, “ora cria um ambiente de fabulação mágica e alegórica, como

em Menino de Asas,

também sucesso de crítica, adotado des­ de as escolas de ensmo médio às universidades, já com mais de 1 milhão de exemplares de tiragem”, sendo o livro nacional mais lido pela juventude.

Em sua densa obra, contam-se, entre outros trabalhos,

O Agrimensor da

Aurora, O Luar Potiguar, Tempo de Amor, Eu sem Ego.

O prof. Homero Homem tem uma carreira literária louvada pela crítica e valorizada por numerosos prêmios, distinções, diplomas e condecorações.

Recebeu os prêmios:

a) Alphonsus de Guimarães, do IN L-M EC (em 1958).

b) Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. c) Escritor do Mar, do Clube Naval.

d) Luisa Cláudio de Souza, do Pen Clube.

e) Prêmio Nacional de Poesia Falada, do Estado do Rio.

f) Prêmio DNER do Ministério dos Transportes, no concurso de poesia sobre a Estrada Transamazônica.

g) Thomas Mann, da República Federal Alemã.

h) Prêmio Nacional de Literatura, do IN L-M EC, de 1975, pelo conjunto de sua obra poética.

Em 1979, foi contemplado com um prêmio especial de literatura, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, pela idealização e realização da I Semana de Cultura Nordestina em Natal, sob o patrocínio da UFRN.

É sócio fundador da Academia Nacional de Literatura Infantil e Juvenil, tendo sido eleito, por unanimidade, sucessor do poeta Odylo Costa Filho, no Pen Clube do Brasil E sócio fundador ne 1 do Primeiro Sindicato de Escrito­ res do Brasil.

Sobre ele, discorreram múltiplas vozes. Diz Wilson Martins:

“Homero Homem, cuja dicção poética é geralmente de extraordinária bele­ za e força sugestiva, consolida a sua posição entre os nossos grandes poetas modernos. Além do sentimento nacional, ele é também o poeta da condição humana e da vida contemporânea, da mtegração na natureza e da experiência amorosa. Observa-se que, em qualquer desses tópicos, a sua poesia não é discursiva, nem raciocinante, mas metafórica, condição de toda grande poe­ sia”.

Artur Eduardo Benevides escreve:

“Um poeta autêntico, cheio de força criadora, de pureza lírica, de mistério (...) Linguagem liberta de influências, definida, própria, sem vacilações. Um toque personalíssimo na maneira de dizer, de interpretar as coisas, os gestos, os seres Um modo de cantar diferente”.

O Prof. Homero Homem é cantor apaixonado do Rio Grande do Norte e de sua cidade, à qual chama, com o lirismo que lhe é característico, de “doce Pátria de Canguaretama”

Seus ilustres avô e pai ocuparam posição de destaque na Magistratura e na Administração Pública, respectivamente.

Seu avô, o Dr. Joaquim Homem de Siqueira Cavalcanti foi o 10° Juiz de Direito da Comarca de Canguaretama, de 1897 a 1913.

Seu pai, Joaquim Homero de Siqueira Cavalcanti Filho, foi presidente da Intendência (caigo que equivalia ao de Prefeito) do Município de Canguaretama de 1923 a 1924.

O Prof. Homero participou ativamente, em 1989, nas comemorações alusi

vas ao centenário da elevação da Vila de Canguaretama à condição de cidade Compareceu na ocasião a Canguaretama onde foi alvo de várias homenagens É autor do "Hino do Centenáno de Canguaretama", que figura no livro

Canguaretama Centenária,

de José Jácome Barreto, livro onde o Prof. Homero é citado como um dos homens ilustres do Município

Aqui, no Rio de Janeiro, este Centro Norte-rio-grandense e a Casa de Me­ mória Potiguar realizaram sessão Comemorativa desse Centenáno, a que tive­ mos o prazer de comparecer e na qual o Prof. Homero foi o orador

No P ro f Homero, são patentes suas qualidades complementares de apura­ da sensibilidade (o que é típico dos grandes poetas) e personalidade combativa. Com sua devoção a Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Canguaretama (e, aliás, também de Portugal, terra de nossos avoengos mais distantes), e com seus princípios e seu zelo, ele como que se constitui, qual antigo cruzado, em um Cavaleiro da Boa Causa"

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DO IHG/RN

No documento Revista do IHGRN 1989-1990-1991 (páginas 141-144)