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ENCAMINHAMENTOS PARA A PESQUISA E PROBLEMATIZAÇÃO

REALIZAÇÃO DO PROJETO DE APLICAÇÃO

1.4 ENCAMINHAMENTOS PARA A PESQUISA E PROBLEMATIZAÇÃO

A solução fácil e imediata para alguém de passagem por este cenário seria a formação continuada de professores. Porém, se a formação não vier para superar este paradigma dominante não se poderá avançar. Professores continuarão com suas aulas fechadas a quatro paredes, alunos continuarão sentados enfileirados estudando apenas para tirar boas notas e passar de ano e a escola continuará presa no modelo que fez sucesso na revolução industrial do século XIX.

Uma das alternativas que acreditamos ser útil para a formação de professores para o uso de dispositivos móveis no ensino formal é a utilização de atividades baseadas na teoria do Mobile Learning. O uso da conectividade e mobilidade, a possibilidade de se aprender em qualquer lugar e momento e a conversação entre múltiplos contextos de aprendizagem são características da ideia que podem transformar as relações dentro da escola e, sobretudo, na sala de aula.

Não podemos pautar as formações para uso de tecnologias digitais na educação em modelos de cursos padrões, aligeirados e massivos, deixando de lado a participação e a necessidade real dos professores. Também não podemos basear nossa prática formativa na ideia de que o professor é

despreparado ou descapacitado e que uma capacitação iria lhe proporcionar a habilidade que, teoricamente, lhe faltaria (VOSGERAU; BRITO; CAMAS, 2016). Neste trabalho de pesquisa realizamos uma pesquisa-ação26 por meio

de um curso de formação continuada para professores de matemática do ensino fundamental. Este curso se baseou na teoria do m-learning e tivemos como objetivo proporcionar o acesso ao conhecimento teórico e prático da utilização de TMSF27 (tecnologias móveis sem fio) em atividades de ensino de

matemática baseadas na teoria do mobile learning. A formação teve como objetivo possibilitar que os professores participantes se tornem capazes de criar e aplicar um projeto de ensino baseado nesta teoria, transformando sua ação pedagógica em sala de aula.

A pesquisa-ação baseia-se na transformação de uma determinada realidade por meio de ações conjuntas entre os pesquisadores e a comunidade envolvida (THIOLENT, 2011; IBIAPINA, 2016). Entendemos que toda pesquisa- ação é também participativa, ou seja, participamos: pesquisadores e professores, colaborativa e ativamente da construção de novos conhecimentos e da transformação de uma realidade pedagógica.

A fase inicial da pesquisa-ação é o desvelamento da realidade primeira dos sujeitos da pesquisa de modo a identificar possíveis situações onde há o desejo de mudança. Como já relatamos no início deste texto, já tínhamos um conhecimento prévio da realidade no uso dos tablets na rede municipal de Joinville e em outras redes de ensino28. De maneira geral os professores não

possuem um conhecimento aprofundado do uso das tecnologias móveis sem fio como os tablets e, desta forma, apresentam dificuldades em fazer uso delas pedagogicamente em sala de aula. Garcia e Schimdt (2010) nos dão suporte neste sentido quando afirmam que:

Uma das grandes questões apresentadas hoje nos debates em torno da problemática do ensino, relaciona-se com as dificuldades dos professores para concretizar, em sala de aula, as renovações de conteúdo e as inovações pedagógicas que são produzidas em

26 Autores como Thiollent (2009), Ibiapina (2016), Teixeira e Neto (2018), Dionne (2007) e

Franco (2005) apresentam a pesquisa-ação como uma metodologia de pesquisa largamente e eficazmente utilizada em pesquisa educacional.

27 Tecnologias móveis sem fi o como tablets e smartphones.

28 Isso se dá pela experiência de seis anos acompanhando alunos em estágios

supervisionados em escolas públicas (rede municipais e estadual) e particulares na região do norte catarinense.

diferentes instâncias dos sistemas educativos. (GARCIA E SCHIMDT, 2010, p. 53)

De qualquer modo, esta realidade foi analisada por meio de um questionário de pesquisa e de outras atividades para efetivamente constatarmos estas informações. Como hipótese inicial de nosso trabalho de pesquisa temos a suposição de que há carência e necessidade de formação continuada para o uso de tecnologias móveis sem fio em atividades pedagógicas para o ensino de matemática29.

Nossa pesquisa se encontra dentro do contexto da educação matemática, da cibercultura e uso de tecnologias digitais em sala de aula e suas relações com as demandas educacionais de nosso país. O PNE (2014- 2024) – Plano Nacional de Educação – traz na meta 7.2 o objetivo de relacionar o uso de tecnologias e práticas pedagógicas inovadoras como forma de garantir uma educação de qualidade no nível de escolarização básico. No tópico 2.4 elaboramos um levantamento teórico sobre os conceitos ou características que uma ação ou prática pedagógica necessita ter para ser considerada inovadora.

Dentro deste contexto, propomos a seguinte questão de pesquisa: Quais aspectos de uma ação pedagógica inovadora podem surgir ou se desenvolver por meio da capacitação para a criação e aplicação de projetos de ensino de conceitos matemáticos baseadas na teoria do mobile learning?

Acreditamos que o professor que não utilizava dispositivos móveis sem fio em suas atividades pedagógicas (ou os utilizava superficialmente) de ensino por não ter conhecimento teórico e prático, e que depois do desenvolvimento das atividades do curso poderá se qualificar teórica e tecnicamente para aplicar juntos aos seus alunos atividades de ensino utilizando dispositivos móveis sem fio.

Poderemos, ao final da análise de nossos dados de pesquisa, verificar se nosso curso foi ou não eficaz em modificar a situação inicial dos professores participantes. Se conseguirmos por meio das ações planejadas no curso transformar a prática dos professores de matemática, teremos uma resposta positiva à nossa proposta de curso de formação continuada, ou seja,

29 Delimitamos nosso estudo e esta hipótese em nosso campo de pesquisa que é o de escolas

comprovaremos que nossa proposta de curso foi eficaz em proporcionar conhecimentos teóricos e práticos para uma nova atitude pedagógica por parte dos professores ao considerarem as tecnologias digitais móveis sem fio como possibilidades técnico metodológicas para o ensino de conceitos matemáticos.

Defendemos aqui a Tese de que o estudo e aplicação da teoria do Mobile Learning em atividades pedagógicas para o ensino de Matemática, quando aplicada em seu nível mais avançado30, possibilita uma transformação

da ação pedagógica do professor que passa a ter características de uma ação pedagógica inovadora.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar as características de uma ação pedagógica inovadora que possivelmente podem surgir ou se desenvolver no momento em que o professor passa a ser capaz de criar e aplicar projetos de ensino baseadas na teoria do mobile learning. Para podermos alcançar este objetivo tivemos como objetivos específicos:

OE1: Identificar as características iniciais das ações pedagógicas dos professores participantes do curso de formação no início da sua participação na pesquisa.

OE2: Observar e analisar a aplicação de projetos de ensino dos professores participantes do curso logo após o término do mesmo.

OE3: Analisar as características da ação pedagógica dos professores nas aplicações dos projetos de ensino baseadas na teoria do mobile learning.

OE4: Comparar as características das ações pedagógicas dos professores antes e depois de sua participação no curso de formação. OE5: Analisar se a ação pedagógica do professor, que após a conclusão do curso de formação aplicou um projeto de ensino baseada na teoria do mobile learning, possui características de uma ação pedagógica inovadora.

Para alcançarmos estes objetivos realizamos ações de pesquisa que nos permitiram acesso à dados qualitativos (alguns quantitativos) que foram

utilizados para as análises necessárias para alcançarmos os objetivos pré- estabelecidos. A tabela 3 nos apresenta estas ações e suas respectivas formas de analise dados.

TABELA 3 – RELAÇÃO ENTRE OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA PESQUISA, AÇÕES E FORMAS DE ANÁLISE Objetivo específico Ações de pesquisa/fonte de dados Forma de análise

OE1 • Questionário inicial

• Participações em fóruns de discussão online

• Entrevistas • Grupo focal

• Dinâmicas de grupo

Análise qualitativa por meio de codificação e uso de recursos do software AtlasTi

OE2 • Observação participante • entrevistas

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OE3 • Observação participante • Projetos de ensino • Relatórios do projeto • Imagens

• Vídeos

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OE4 • Observação participante • Projetos de ensino • Relatórios do projeto • Imagens

• Vídeos • Entrevistas

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OE5 • Observação participante • Projetos de ensino • Relatórios do projeto • Imagens

• Vídeos • Entrevistas

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