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O Encontro da Opção Teórico-Metodológica

Nossa opção teórico-metodológica admite a abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa. Tal opção encontra respaldo nas ideias de Günther, que adverte:

Enquanto participante do processo de construção de conhecimento, idealmente, o pesquisador não deveria escolher entre um método ou outro, mas utilizar as várias abordagens, qualitativas e quantitativas que se adequam à sua questão de pesquisa. (GÜNTHER, 2006, p. 207)

Considerando a balizada advertência do autor supracitado,

compreendemos que a construção do processo investigativo foi agregando essas abordagens como forma de revelar aspectos significativos do objeto em estudo. É importante também ressaltar que nosso estudo tem por finalidade observar,

refletir um processo de formação profissional que envolve sujeitos que estão inseridos em uma realidade social. Entendemos, assim, que se faz necessário uma metodologia de ação que permita uma “radiografia analítica” que responda à leitura e análise desse complexo contexto social.

Comungamos do entendimento de Günther (2006), quando o autor consigna que:

Ao conceber o processo de pesquisa como um mosaico que descreve um fenômeno complexo a ser compreendido é fácil entender, que as peças individuais representem um espectro de métodos e técnicas, que precisam estar abertas a novas idéias, perguntas e dados. Ao mesmo tempo, a diversidade nas peças deste mosaico inclui perguntas fechadas e abertas, implica em passos predeterminados e abertos, utiliza procedimentos qualitativos e quantitativos. (GÜNTHER, 2006, p. 202)

Amparado nesse argumento, nosso processo de pesquisa visa construir

um mosaico, no qual suas peças sejam constituídas com base nos procedimentos qualitativos e quantitativos. No que se refere ao processo da pesquisa qualitativa, esta considera o sujeito de estudo como “pertencente a determinado grupo social ou classe com suas crenças, valores e significados” (MINAYO, 1999, p. 22). Posto isso, procuramos por procedimentos que permitissem olhar o sujeito em seu contexto de trabalho, como forma de “compreender o comportamento e estados subjetivos” (GÜNTHER, 2006, p. 201).

No que tange ao processo de investigação quantitativa, recorremos a aportes estatísticos, como forma de compreender ou explicar as relações complexas presentes em um contexto social, o qual poderá revelar, com base nos dados coletados, o processo de formação profissional e de trabalho do professor de Matemática.

É no contexto dessa rede de significados que se encontra nosso desafio de investigar a construção do processo formativo do professor de Matemática, compreendendo-o como sujeito de possibilidades, que permite um olhar no espaço e no tempo dos sujeitos que participam deste estudo.

Para tanto, fazia-se necessário que os dados do estudo fossem coletados

diretamente “no campo” (...), no local em que o problema ou fenômeno acontece e

aplicação de questionário, teste, entre outros...” (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 106). No caso deste trabalho, optamos pela ficha de cadastro, aplicação de questionário e entrevista. A escolha dessas modalidades de pesquisa faz parte de nosso projeto de trabalho na área da Educação Matemática, bem como do aprofundamento do estudo por nós desenvolvido no Mestrado (CASTRO, 2002).

Outro ponto importante a ser considerado foram os indícios revelados no desenvolvimento de nossa atividade como docente no curso de Licenciatura em Matemática na Ufac e o mundo do trabalho de um grupo de professores-discentes de Matemática e sua prática pedagógica como lugares de estudo. A opção investigativa deste estudo resultou de nosso entendimento de que a experiência desenvolvida na pesquisa do Mestrado nos proporcionou uma ação direta e pessoal com o fenômeno pesquisado. Esse fato favoreceu uma ambiência que envolveu a pesquisadora e os sujeitos da pesquisa, bem como abriu novas possibilidades para acompanhar diretamente os sujeitos da investigação no seu mundo do trabalho – a escola.

Conforme salienta Psathas:

Os investigadores qualitativos em educação estão continuamente a questionar os sujeitos de investigação, com o objetivo de perceber “aquilo que eles experimentam, o modo como eles interpretam as suas experiências e o modo como eles próprios estruturam o mundo social em que vivem”. (PSATHAS apud BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 51)

O delineamento de um trabalho dessa natureza poderá, assim, permitir a construção de uma análise tecida nas ações, interações e relações com a teoria. Teoria essa que vem colaborar com a organização e análise dos dados na busca da compreensão do campo de trabalho da Educação Matemática e dos sujeitos da pesquisa, os quais são partícipes diretos da atividade investigada.

Nessa compreensão, Minayo destaca a importância de definir uma amostra que:

(a) privilegia os sujeitos sociais que detêm os atributos que o investigador pretende conhecer; (b) considera-os em número suficiente para permitir uma certa reincidência das informações, porém não despreza informações ímpares cujo potencial explicativo tem que ser levado em conta; (c) entende que na homogeneidade fundamental relativa aos atributos, o conjunto de informantes possa ser diversificado para possibilitar a apreensão de semelhanças e diferenças; (d) esforça-se para que a escolha do lócus e o grupo de observação e informação contenham o conjunto das experiências e expressões que se pretende objetivar com a pesquisa. (MINAYO, 1993, p. 102)

Considerando as especificidades apontadas pela autora, observamos o fato de, para este estudo, termos adotado uma amostra de conveniência que levou em conta as particularidades de um grupo de professores-discentes composto por “sujeitos sociais que detêm os atributos” (MINAYO, 1993, p. 102) que pretendemos conhecer em sua prática social. Destacamos, também, “a

escolha do lócus e o grupo de observação e informação [que] contenham o

conjunto das experiências e expressões que se pretende objetivar com a pesquisa” (MINAYO, 1993, p. 102), o que nos permite refletir sobre esse grupo em seu local de trabalho.

Este estudo vem sendo desenvolvido, assim, com amparo em uma investigação empírica, cuja atividade nos permite tratar concomitantemente os conceitos-chave do nosso estudo, quais sejam: formação, currículo, trabalho, experiência, desenvolvimento profissional e saberes docentes.

Para tanto, recorreremos aos estudos teóricos da literatura atual que discutem tais conceitos, constituindo-se categorias de análise das fontes empíricas. Não descartamos também o uso de outros referenciais teóricos que possam dar suporte a categorias que possam emergir dos dados empíricos.

Minayo assevera, ainda, que:

As categorias podem ser estabelecidas antes do trabalho de campo, na fase exploratória da pesquisa, ou a partir da coleta de dados. [...] o pesquisador deveria antes do trabalho de campo definir as categorias a serem investigadas. Após a coleta de dados, ele também deveria formulá- las visando à classificação dos dados encontrados em seu trabalho de campo. Em seguida, ele compararia as categorias gerais, estabelecidas antes, com as categorias específicas, formuladas após o trabalho de campo. (MINAYO, 1999, p. 70)

Ancorados nesse argumento, nossa intenção é considerar o presente

estudo na esteira do princípio da abertura10 (MAYRING, apud GÜNTHER, 2002),

o qual vem permitindo um processo de investigação que valorize e/ou valide o construto do sujeito pesquisado em sua formação profissional.