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A crescente preocupação e movimentação em torno das causas ambientais a nível mundial dão ensejo ao surgimento de vários encontros internacionais com o objetivo de se discutir, propor soluções e firmar acordos que busquem soluções para os problemas ambientais. O tema água foi tocado de forma transversa ou direta em diversos deles e essas menções fazem parte do caminho trilhado pela água até ser reconhecido pleno enquanto direito humano fundamental (caminho que ainda não chegou ao fim). Busca-se aqui destacar alguns dos mais significativos encontros internacionais, que são pilares do histórico do direito a água.

A Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo em 1972, é um importante marco para a evolução do direito à água. Embora a água tenha sido tratada no principal documento da Conferência, a Declaração de Estocolmo, de forma pontual e transversa, foi citada expressamente como elemento essencial ao direito ao meio ambiente adequado e ao desenvolvimento econômico. A despeito do não reconhecimento da água enquanto direito autônomo, do pouco avanço prático das discussões entre os países e do caráter antropocêntrico, ligado aos ditames econômicos capitalistas, saiu dessa conferência um Plano de Ação e a criação do PNUMA, órgão subsidiário da Assembleia Geral da ONU (BRZEZINSKI, 2012, p. 123. apud CORTE, 2015, p.330).

Em 1977, na Argentina, ocorre a Conferência das Nações Unidas Sobre a Água de Mar Del Plata, que tratou de forma exclusiva sobre a água, abordando a questão do acesso de toda a humanidade à água potável e ao saneamento de forma expressa, tornando-se, por isso, um marco para a regulamentação do direito humano à água. Saiu também dessa conferência um plano de ação, dentre o que se destaca a proposição de que os anos de 1980-1990 fossem declarados como a “Década Internacional de Abastecimento da Água e Saneamento”, sob a premissa de que todos os povos, qualquer que seja seu estágio de desenvolvimento e suas condições sociais, têm o direito ao acesso à água potável em quantidade e qualidade à altura de suas necessidades básicas. Essa proposta foi inicialmente liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPS) e pelo Banco Mundial, e, subsequentemente, foi adotada pelas Nações Unidas (NAÇÕES UNIDAS, 1977 apud VILLAR, RIBEIRO, p. 6, 2012). A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Rio92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, é uma das mais importantes referências de encontro internacional sobre o meio ambiente. Na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, documento do encontro, não há menção

explícita a água, enquanto a Agenda 21, outro documento de planos de ação do encontro, dedica o capítulo 18 aos recursos hídricos, embora enfatize mais a questão da preservação ambiental. Embora ambos os documentos não possuam força normativa, somente caráter protocolar, é inegável sua importância para o direito ambiental e internacional e consequentemente para a disciplina jurídica e resolução de conflitos em torno do bem ambiental água, dado que muitos princípios do direito ambiental foram firmados e consolidados a partir de então (BRZEZINSKI, 2012, p.131-132 apud CORTE, 2015, p. 333).

A Conferência Internacional sobre a Água e Meio Ambiente de Dublin, em 1992, ocorreu pouco tempo antes da Rio92 e foi um marco mais importante que aquela no que diz respeito ao tema da água. Quatro princípios saíram dessa conferência na chamada “Declaração de Dublin”, que afirma a finitude do recurso natural água, a necessária gestão participativa no que diz respeito ao planejamento e controle sobre o bem água, a centralidade do papel da mulher na proteção e gestão da água e, por último, o reconhecimento da água enquanto bem de valor econômico (Declaração de Dublin, 1992).

Este último princípio repercute e gera ainda hoje ferrenhos debates ambientais, políticos e jurídicos em torno do tema, pois, para muitos estudiosos do tema e movimentos que lutam por justiça hídrica, o reconhecimento da água enquanto bem econômico não é conciliável com os outros princípios e com a própria dignidade da pessoa humana, pois é uma característica que exclui pessoas do uso de um bem essencial à vida (RIBEIRO, 2008, p. 81

apud LIMA, 2014, p. 22). Assim, critica-se esse princípio e considera-se que este é um

paradoxo a limitar a proteção do bem água e o acesso justo à água de todos os seres humanos em quantidade e qualidade, além de se chocar com a própria necessidade que a natureza possui para se manter desse recurso. O reconhecimento da água quanto bem econômico torna- a suscetível a apropriação privada, ao controle privado e, no sistema capitalista, justifica a prevalência dessa visão economicista sobre as demais dimensões da água, dificultando o acesso à água das populações mais pobres, como é o caso concreto da violação em análise nesse trabalho.

Em 1994 ocorre em Noordwijk, nos Países Baixos, a Conferência Ministerial de Água Potável e Saneamento, cujo objetivo era dar concretude a Agenda 21, documento saído da Rio-92, no que concerne aos recursos hídricos. Apesar da participação de muitos países, da discussão em eixos temáticos de relevância (água e população; água, saúde e ambiente; água e instituições; água e mobilização de recursos financeiros; água no mundo), o resultado expresso no documento final limita-se a reafirmar posicionamentos já retirados em encontros anteriores, dentre os quais se destaca a busca pela “harmonização” entre a visão economicista

da água e a garantia de acesso aos mais pobres, sem, no entanto, ser definido nenhuma forma de isenção de pagamento pelo acesso. (RIBEIRO, 2008 apud CORTE, 2015, p. 351).

Outro encontro de relevância em termos de expressividade de participação, mas que não trouxe inovações consideráveis ao direito humano a água, foi a Conferência Internacional da Água e Desenvolvimento Sustentável, promovida pela Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (Unesco), ocorrida em 1998 em Paris. No documento final, há incentivo ao investimento privado na gestão dos recursos hídricos, ao mesmo tempo em que se afirma a essencialidade da água para a vida humana sem, no entanto, falar em um direito humano a água. (RIBEIRO, 2008 apud CORTE, 2015).

A Conferência “Água: Chave para o Desenvolvimento Sustentável” ocorreu em 2001, na cidade de Bonn, Alemanha. Seus objetivos centravam-se em discutir a segurança hídrica e o gerenciamento sustentável, trazendo uma inovação ao não condicionar os empréstimos aos países em desenvolvimento ao tema privatizações da gestão da água.No entanto, nos demais aspectos, reiterou posicionamentos anteriores e deixou diversos aspectos importantes de fora, como a afirmação da água enquanto bem comum (CORTE, 2015, p. 353).

Um encontro que se destaca positivamente no caminhar da afirmação do direito à água enquanto direito humano é a Rio+20, ocorrida em 2012, no Rio de Janeiro. Ele ocorreu dez anos após a Rio+10, ocorrido em 2002 em Johanesburgo, África do Sul e que não avançou muito em relação a Rio-92, terminando por somente reafirmar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, criados pela Declaração do Milênio das Nações Unidas (RIBEIRO, 2008, p. 106 apud CORTE, 2015, p. 336), “incluindo-se neles a meta de "redução pela metade da população sem acesso à água e ao saneamento básico até 2015”. (idem).

O grande destaque da Rio+20 no que concerne ao tema água é para inclusão “pela primeira vez numa conferência internacional ambiental, após as resoluções da Assembleia Geral e do Conselho de Direitos Humanos, ambas da ONU, que assim já tinham feito em 2010 o compromisso dos Estados, progressivamente, implementarem o direito humano ao acesso à água potável e ao saneamento” (CORTE, 2015, p.336). Trata-se de um importante passo dado que ocorreu graças à pressão e mobilização de diversos atores sociais que lutam pelo reconhecimento e implementação do direito humano a água, pois no embate político, à guisa do interesse de países desenvolvidos como Estados Unidos e grandes empresas que lucram com o mercado da água e participaram do evento, esse reconhecimento não vem a calhar, razão pela qual, não fosse a pressão dos movimentos e a atuação de outros membros da sociedade civil, por muito pouco não é publicado no documento final do encontro esse compromisso (FERREIRA, 2012).

Faz-se necessário falar também dos encontros denominados Fórum Mundial da Água, que não são organizados pelas Nações Unidas, mas vem contribuindo – de maneira nem sempre positiva, na perspectiva deste trabalho – nos últimos anos com formulações sobre a água, influenciando legislações e condutas políticas, contando com a ampla participação de empresas e estados nações, estando atualmente na sua VII edição.

Os Fóruns Mundiais da Água (FMA) são encontros organizados pelo Conselho Mundial da Água (CMA) – um organismo de caráter privado que conta com o patrocínio de grandes corporações econômicas, como a Coca-Cola – com o objetivo de se discutir soluções para crise hídrica que já se enfrenta hoje. Embora nesses encontros se busque passar a idéia de legitimidade social de suas formulações a respeito de como deve ser o tratamento dispensado à água no mundo, a realidade é que, de uma forma geral, os Fóruns são mais um espaço de caráter corporativo que um encontro que espelha a amplitude da sociedade civil que se organiza em torno do tema da água, daí se questiona a real capacidade de suas formulações como representação uníssona – como pretendem os organizadores – do que vem se elaborando sobre a água. Assim, os FMA não são espaços onde se discute abertamente conflitos sobre o tema: há o silenciamento e invisibilização de diversos atores sociais (que compõe ou que nem são convidados a comporem o Fórum) e de questões pertinentes a água que avançam em direção ao reconhecimento da água como direito humano, deixando patente prevalência da visão da água como mercadoria, o que atende de pronto ao interesse de grandes corporações. Em outras palavras, trata-se de um espaço que se imbui de uma legítima preocupação acerca do futuro da água, mas propagandeia a privatização dos recursos hídricos – que favorece muitas empresas privadas (que inclusive participam do FMA) – como necessária no processo de controlar o uso da água e dar acesso a população mais pobre, não assumindo em seus documentos finais o direito humano a água.

Destacam-se diversas formulações, reiteradas ao longo dos FMA, que asseguram ser a melhor alternativa para resolver o problema do acesso à água a privatização dos recursos hídricos e sua distribuição financiada aos mais pobres por uma aliança entre Estado e consumidores, ao mesmo tempo em que o Estado garante, financia e dá segurança às empresas para estas investirem nesse campo. Com esse discurso, os Fóruns têm sido apoiados por grandes corporações, pelo Banco Mundial e por países desenvolvidos; seus documentos têm sido acatados pelos países em desenvolvimento – como o Brasil, por exemplo – como estratégia necessária para resolver a crise hídrica – mesmo num contexto mundial de resistência à privatização, com o exemplo de remunicipalização após fiascos da privatização, como o caso de Paris e de Buenos Aires.

É importante citar um fato que ocorreu durante o quinto FMA, em 2009, quando o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas discursou defendendo o posicionamento do direito humano a água, rechaçando a entrega à iniciativa privada como solução para o problema de acesso a água e expondo as tentativas falaciosas do CMA de criar a falsa ideia de consenso enquanto há uma massiva oposição a esses direcionamentos (CORTE, 2015 p. 365). Nesse mesmo sentido, discursou o diretor do Programa de Hidrologia Internacional da Unesco, András Szolli-Nagy, afirmando que os avanços que tinham saído durante as reuniões preparativas para o FMA não estavam incluídas no documento final do 5º encontro. Fortalecidos por esses discursos, 20 países também desafiaram o texto final e lançaram uma contradeclaração, encabeçados pelos países latino-americanos (idem). O Brasil se posicionou de acordo com o texto final oficial do 5º encontro.

Em seu sexto encontro, em 2012, novamente, a Declaração Ministerial, principal documento final do encontro, não traz claramente o direito humano a água, deixando margem para o reconhecimento interno de cada Estado. Esse documento é uma afronta e um retrocesso frente ao reconhecimento do direito humano a água pela ONU em 2010, por meio da Resolução 64/292/A/HCR e RES/15/9 (CORTE, 2015, p. 369), que será analisada no próximo capítulo. Embora a Declaração Ministerial não seja investida da mesma força jurídica que a Resoluções da ONU, termina por se tornar um documento que respalda a escusa de diversos países em não reconhecer o direito humano à água.

A despeito de haver assinado as Resoluções da ONU que reconhecem o direito humano a água, novamente o Brasil assinou a declaração Ministerial do 6º encontro, ignorando os movimentos sociais e ambientais internos que se opõe ao direcionamento do FMA. A escusa para acatar o documento é que o reconhecimento do direito humano à água – já feito anteriormente na resolução da ONU – pode representar um risco à soberania do País, que possui 12% da água doce planeta, o que, ver-se-á adiante, não é uma justificativa plausível.

Em 2015 ocorreu o 7º Fórum Mundial da Água, na Coréia do Sul, o maior até hoje realizado, com cerca de 40.000 participantes, de 168 países, abrangendo nove Chefes de Estado, 80 Ministros e 100 autoridades governamentais. O Brasil teve uma ampla participação, com uma comissão de cerca de 120 pessoas. Foram 400 palestras/discussões e a exposição de 300 stands de países e empresas. Novamente, destaca-se a ampla participação e financiamento de grandes empresas no encontro. Em linhas gerais, não houve avanço nem grandes mudanças em comparação aos outros, destacando-se, novamente, a necessidade de união de esforço entre iniciativas públicas e privadas, com incentivo de parcerias público-

privadas, da mútua colaboração e do monitoramento dos compromissos firmados (PORTAL VIRTUAL HIRIA, 2015). O próximo encontro, em abril de 2018, está previsto para ocorrer no Brasil, na cidade de Brasília.

Embora tenha crescido o número de participantes e a projeção política do FMA, continua sendo um evento homogêneo, opressor em relações aos protestos, conservador acerca da visão privatista e economicista da água segundo ditames do capitalismo liberal, que tem feito um desfavor no processo de afirmação da água enquanto direito humano, razão pela qual se faz importante compreender seu papel político dentro da disputa no direito internacional em torno da força normativa da Resolução nº15/9 da ONU8. Como afirma

Ruscheinky (2004, p. 16):

[...] as forças sociais opostas ao tema em destaque consolidam um conjunto amplo de intelectuais, ora com um discurso bem articulado (...). Na sociedade contemporânea se arraigam redes de controle social, complexos corporativos e organizacionais e fluxos de comunicação que tornam o poder mais obscuro, quase impossível de fixar seus contornos ou difícil de enfrentar, enfim eterizado e insensível. Romper uma muralha de uma cidade ou matar um soberano ou destruir um exército reunido é algo bem mais concreto do que atacar um cartel internacional da água.

Os encontros internacionais são importantes espaços políticos de mobilização nos quais é possível entender um pouco a geopolítica da água e os interesses e jogos de poder que direcionam as forças políticas. Assim, embora possamos afirmar que houve, ao longo de mais de quatro décadas de encontros, um despertar para a questão da crise hídrica e da dificuldade de acesso à água por uma ampla parcela da população, com alguns avanços positivos, ainda há muito sendo discutido e disputado no cenário mundial. Ressalta-se que os documentos assinados nesses encontros, embora significativos e importantes para o direito internacional, possuem caráter de soft Law no direito internacional, não sendo, portanto, normas cogentes, o que dificulta a sua concretização e deixa para a conjuntura, as possibilidades de cada governo e as regras do mercado coordenar o acesso à água, o que, como se verá adiante, não é juridicamente possível com o reconhecimento do direito humano à água (IRIGARAY, 2003).

3 ÁGUA: UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

O segundo capítulo se destina a fazer uma apresentação e uma breve análise das normas jurídicas que tutelam o direito humano fundamental à água, que serviram de base para analisar e refletir acerca da possibilidade de se afirmar que há uma violação do direito humano fundamental à água no estudo de caso deste trabalho.

A partir da compreensão de que a norma jurídica é mais que simplesmente o texto normativo em si, estando inserida em um contexto político, social e econômico e se valendo para sua complementação da doutrina e da jurisprudência, como também da hermenêutica e dos princípios que regem o direito, utiliza-se para a análise em questão os textos normativos, os princípios do direito, o estudo doutrinário (com ênfase na teoria dos direitos humanos fundamentais), o direito comparado, como também outras ciências e teorias necessárias a uma apreensão crítica do direito humano fundamental à água em suas nuances e conteúdo jurídico, político, econômico e social, que, como foi afirmado a partir da perspectiva histórica do capítulo anterior, está em disputa. Analisar-se-á os elementos jurídicos e políticos9a embasar e

justificar os posicionamentos de ambos os lados dessa disputa, reafirmando a água enquanto direito humano fundamental, com as consequências políticas, econômicas e sociais que surgem dessa afirmação.

Assim, no primeiro tópico se faz uma análise do conteúdo político-jurídico do modelo do novo constitucionalismo latino-americano e sua influência determinante sobre o direito humano à água, não só no âmbito da América Latina, mas no próprio direito internacional. O direito à água, contido nos modelos jurídicos das constituições da Bolívia e do Equador, vem sendo amplamente estudado como um exemplo de superação dos limites antropocêntricos do direito, na busca pela construção de uma sociedade sustentável10

.

9É difícil estabelecer a fronteira entre os elementos jurídicos, políticos, sociais e econômicos, dado serem parte

de um todo que compõe a sociedade e se influenciarem mutuamente. No entanto, num esforço de melhor organizar os conteúdos, buscou-se estudar no capítulo anterior a partir da perspectiva histórica o conteúdo sócio- econômico do direito humano fundamental à água, que embasa seu conteúdo jurídico-político, já pincelado no capítulo anterior, e que é objeto deste capitulo. No capítulo seguinte, busca-se analisar como essas esferas do direito à água se influenciam e criam/transformam/agem sobre o acesso à água na realidade da modernização agropecuária periférica do estado do Ceará.

10Utiliza-se a palavra “sustentável” com parcimônia, tendo em vista seu recorrente uso em discursos institucionais

de governos e de empresas para angariar simpatias e vender melhor seus produtos (Ascelered, 2002), passando a ideia de que é possível uma sociedade sustentável a partir de medidas individuais e pontuais, sem uma profunda mudança político econômica. Compreende-se neste trabalho que o exemplo do novo constitucionalismo latino- americano é importante neste momento histórico por açambarcar em seu conteúdo diversos posicionamentos opostos à lógica político-econômica dominante, escancarando contradições do sistema capitalista, na medida em que só será possível a efetivação de tais direitos constitucionais positivados e a construção de uma sociedade sustentável com a superação da lógica econômica de mercado e do sistema político-social-ideológico que a mantém.