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Capítulo II – O modelo de Kouzes e Posner

1. As cinco práticas de liderança

1.5. Encorajar a vontade

Segundo esta última prática de liderança, o líder deve empenhar-se na promoção do mérito e da excelência organizacionais, destacando esforços que foram encetados por indivíduos e que se tornaram feitos excecionais. Estes sucessos servirão de modelo para comportamentos futuros. De facto, encorajar a vontade, revela que o líder se preocupa e “significa acrescentar vitalidade e proporcionar uma sensação de apreço no local de trabalho” (Kouzes & Posner, 2009, p. 362). O trabalho de um líder passa, também, pelo reconhecimento profissional dos seus constituintes, mostrando gratidão e celebrando os valores e as vitórias alcançados.

Mandamento 9 – Reconhecer contributos mostrando gratidão pela excelência individual

O desempenho de excelência deve ser reconhecido pelos líderes e dele dever-se-á dar a visibilidade necessária, de modo a funcionar como um reforço positivo pelos bons resultados alcançados a partir dos contributos individuais. Para encorajar a vontade, o líder deverá estimular e motivar a determinação dos seus constituintes, não se descurando. Todavia, os líderes exemplares reconhecem os contributos, esperando o melhor para, então, existir um reconhecimento personalizado (Kouzes & Posner, 2009).

O reconhecimento individual pelos feitos conseguidos, quer seja em privado ou em público, é uma forma de encorajar a vontade nos seus constituintes. Para Kouzes e Posner (2009), é fundamental a criação de um ambiente que permita conhecer os bons contributos a par de um merecido agradecimento, pois ambos os factos contribuem para o sucesso da organização. Os líderes, ao adotarem uma atitude de reconhecimento das boas práticas organizacionais e ao recompensar os seus visados, fazem com que estes se sintam mais competentes e tentados a fazer melhor ainda, ao mesmo tempo que tal pode despertar nos outros um interesse por seguirem um modelo de boas práticas em que todos saem a ganhar.

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Os autores mencionam os objetivos e os valores organizacionais como referenciais importantes que determinam o que é esperado e que poderão servir para concentrar esforços. Enquanto os objetivos remetem para um entendimento de mais curto prazo, os valores assumem uma significação mais prolongada no tempo e poderão ser entendidos como parâmetros de excelência organizacional. Kouzes e Posner (2009) defendem que os valores ou princípios “definem a arena onde os objectivos e os resultados são alcançados. Os valores medeiam o caminho da acção. Os objectivos libertam energia” (p. 317). A chave para se alcançar o sucesso está, assim, na relação existente entre os objetivos e os valores organizacionais porque são eles que permitem contextualizar o que se faz. Vão ser corporizados pelos indivíduos que fizeram algo extraordinário e por isso mesmo têm de ser reconhecidos pelos seus feitos. O líder tem de certificar-se da existência destes valores individuais, porque estas pessoas detêm uma visão organizacional, mantendo-as no bom caminho.

Os autores admitem que há que criar condições para o sucesso e, “quando os líderes esperam o melhor dos outros, conseguem o melhor desempenho dos outros” (Kouzes & Posner, 2009, p. 320). Os gestores que adotem comportamentos demasiado “controladores, que envolvem a inspecção, a correcção e a análise, mostram falta de confiança” (Kouzes & Posner, 2009, p. 321) e, como já constatámos anteriormente, a confiança é um fator importante para a credibilidade, advindo, da sua falta, uma diminuição da credibilidade, logo, as condições para alcançar o sucesso não estão criadas.

Colmatando eventuais lacunas, os líderes deverão conhecer bem os seus constituintes e, para isso, deverão relacionar-se com eles, demonstrando confiança, aproximando-se e encorajando-os a correr riscos. Esta aproximação ajuda o líder a estabelecer uma ligação entre a recompensa e o desempenho, de uma forma mais direta, clara e precisa. Como resultado do seu trabalho investigativo, os autores consideram que “uma das vantagens mais importantes de se ser líder é que se está a observar de perto as pessoas a fazerem algo bem e depois pode-se recompensá-las, ou de imediato, ou mais tarde, em público” (Kouzes & Posner, 2009, p. 329). Por vezes, são os reconhecimentos que se traduzem em gestos simples e personalizados e em ambientes menos formais, aqueles que se tornam mais representativos. De facto, ser atencioso ou agradecer, habitualmente, são

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abordagens a um reconhecimento personalizado e que até poderão trazer um impacto positivo, basta para isso que os líderes sejam genuínos, espontâneos e criativos.

Mandamento 10 – Celebrar os valores e as vitórias criando um espírito de comunidade

A celebração e o reconhecimento dos valores, pela prestação de um serviço exemplar ou até por um contributo espontâneo, deverão assumir um papel relevante na organização. Um líder exemplar reconhece que uma cultura de celebração é primordial para garantir a motivação no trabalho. Kouzes e Posner (2009) constataram, nos seus estudos sobre as práticas de liderança, que “o desempenho melhora quando os líderes juntam as pessoas para celebrar as conquistas e para reforçar os princípios partilhados” (p. 341). Ao partilharem casos de sucesso aquando de celebrações, criando um espírito de comunidade, as pessoas, tendem a envolver-se mais e os líderes revelam estar a encorajar os outros para também conseguirem feitos extraordinários.

Ao celebrarem-se as conquistas de um indivíduo ou de uma equipa em público, os líderes estão, ao mesmo tempo, a criar uma comunidade e a fomentar um espírito de equipa. Estas celebrações têm como objetivo reforçar as ações e os comportamentos exemplares para se atingirem os valores e os objetivos estratégicos da organização. Os autores reforçam esta ideia quando referem que,

para que os valores da organização tenham impacto, os líderes têm de estabelecer ligações explícitas entre os valores partilhados e as acções que exemplificam esses valores. Estas ocasiões são oportunidades magníficas para os líderes ligarem inequivocamente princípios e práticas, de uma forma que seja memorável, motivadora e moralizadora.

(Kouzes & Posner, 2009, p. 344) Assim, as celebrações ao sucesso fazem com que as pessoas se tornem empenhadas, pois as suas ações ficam visíveis perante os seus pares e, assim, constroem-se modelos de referência a seguir no seio da organização – “ao tornarem as conquistas públicas, os líderes estão a criar uma cultura onde as pessoas sabem que o que fazem não é um dado adquirido e sentem que os seus esforços são apreciados e aplaudidos” (Kouzes & Posner, 2009, p. 351). A celebração em conjunto vem, de igual forma, reforçar a ideia de que, aliado ao desempenho extraordinário se encontra o esforço de muitas pessoas.

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Para além disso, ao envolverem-se pessoalmente na celebração e no reconhecimento, os líderes estão a dar o exemplo, evidenciando que ao encorajar da vontade acresce uma vitalidade organizacional e consideração pelo local de trabalho:

As celebrações também são uma oportunidade para mostrar credibilidade em relação ao fazer o que se diz. Se pede aos outros que atinjam um certo nível de desempenho, então, quando eles o atingirem, vai ter de lhes mostrar que sabe disso e que está honestamente agradecido por isso.

(Kouzes & Posner, 2009, p. 364) Segundo os autores, o líder exemplar deverá envolver-se com genuinidade, mostrando- se empenhado, entusiasmado e tendo consideração pelos seus constituintes, para, entretanto, conseguir bons resultados a longo prazo. Desta forma, poderá, sem se aperceber, estar a criar uma cultura em torno de valores sólidos, tão necessários às organizações.

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